As três principais revistas semanais trazem matérias de capa que mostram o virtual presidente tentando montar uma equipe de governo de ação rápida, o PT aciona seus “exércitos” populares para dificultar a transição e aposta no “quanto pior, melhor”
VEJA – O GOVERNO DE TEMER
Às vésperas da votação do impeachment, o vice arregaça as mangas e toma as primeiras decisões: vai demitir todos os ministros de Dilma, caso não peçam demissão, promete reduzir o número de ministérios, monta um pacote de privatizações e escala Meirelles e Serra para atrair o capital externo
Eram 13 horas da quinta-feira passada quando o vice-presidente da República, Michel Temer, cortou um pedaço do queijo branco sobre a mesa de reuniões da antessala de seu gabinete no Anexo II do Palácio do Planalto. Prestes a se tornar presidente da República, o peemedebista mal tem tempo para se alimentar e já perdeu 2 quilos e meio. Enfrenta uma maratona diária de reuniões com políticos, conselheiros, antigos aliados e candidatos a novos amigos, todos dispostos a ocupar um lugar de destaque em seu governo. A pauta dessa roda-viva é a montagem do ministério, uma equação complicada diante da quantidade de partidos a atender e dos interesses em jogo. Temer não externa angústia nem entusiasmo ao traçar cenários, ainda tem muitas dúvidas e uma ambição certeira. Diz o vice: "Eu quero entrar para a história". Ele acha que conquistará um lugar no panteão da República se encerrar o ciclo de recessão, viabilizar os investimentos privados e estimular a geração de empregos. É a sua grande aposta. É a sua grande largada.
Advogado constitucionalista que escreve poemas, Temer admite conhecer pouco de economia. Por isso, a raposa política com décadas de experiência na vida pública delegará o comando dessa área a um nome testado e aprovado pelos meios políticos, financeiros e empresariais: Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula. Esnobado por Dilma, que se recusou a nomeá-lo para chefiar sua equipe econômica, Meirelles assumirá o Ministério da Fazenda no eventual governo Temer com carta branca para escolher o presidente do Banco Central e ressuscitar o PIB. Na semana passada, o vice fez questão de deixar escapar a preferência por Meirelles para avaliar a receptividade ao nome. Considerou positiva a reação do mercado e deu ao futuro subordinado um dever de casa: analisar um documento entregue por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp. O documento propõe um monumental corte de despesas e a venda de parte das estatais para reforçar o caixa. Temer e Skaf se reuniram no Palácio do Jaburu, no domingo 24. O convidado soou como sinfonia de Bach aos ouvidos do anfitrião.
ÉPOCA: TEMER QUER “ENTRAR PARA A HISTÓRIA”
O vice-presidente prepara mudanças duras na economia, propostas para a área social e um ministério formado na base do fisiologismo, em busca de apoio no Congresso
O mapa do caminho de um governo Temer está pronto. As linhas gerais incluem reduzir o tamanho do Estado, promover o equilíbrio das contas públicas e ampliar investimentos por meio de parcerias público-privadas (PPP). “Mas é preciso ser realista. Não adianta vender terreno na Lua. O mercado não compra mais esse tipo de tese”, diz Jucá. Não adianta esperar muito. Mesmo que o governo Temer aconteça e dê resultados, de forma alguma conseguirá livrar o país do deficit fiscal da ordem de R$ 100 bilhões previsto para este ano.
O governo Temer pode apenas tentar gerar expectativas positivas. As PPPs, as concessões, a redução da política de conteúdo nacional nos diversos setores da economia, a maior eficiência das agências reguladoras e ataques pontuais às ineficiências da Lei de Licitações e à camisa de força da lei trabalhista são medidas geradoras de expectativas, sinais que Temer quer dar ao mercado para gerar a confiança de que será capaz de reverter os rumos da economia.
Para além do mercado, a turma de Temer busca agrados de apelo mais popular. A ÉPOCA, um assessor afirma que estuda-se tornar públicos todos os gastos com cartões de crédito corporativo de membros do governo – ainda são sigilosas, por exemplo, as despesas presidenciais. ÉPOCA teve acesso também a um documento do grupo de conselheiros que trata de temas sociais. Temer foi acusado pela presidente Dilma e pelo PT de querer extinguir programas sociais e agradar ao mercado. Por isso, uma equipe apressou-se a elaborar propostas.
Na área de educação, a ideia é garantir maior presença do governo federal na educação básica, com programas de orientação, supervisão e mais recursos às redes estaduais e municipais e foco na proficiência em leitura. O mais contundente, porém, é o que fala em uma reformulação completa do ensino médio, do currículo ao ingresso em cursos de formação profissional, além do pagamento de adicionais a professores que melhorarem sua formação e o desempenho dos alunos. Para a saúde, o documento aborda questões como um incremento nas parcerias público-privadas e uma política de remuneração de unidades de atendimento de acordo com o desempenho daquela unidade.
Para observar corretamente como se move o pêndulo do poder em Brasília, e a plausibilidade dos planos de Temer para a economia ou a área social, basta acompanhar para onde vai o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na quarta-feira, dia 27, Renan tomou café da manhã com Geddel Vieira Lima, futuro secretário de governo de uma possível gestão de Michel Temer, almoçou no Palácio do Jaburu com o vice-presidente e jantou com Moreira Franco, um dos conselheiros mais próximos de Temer e candidato a um cargo de confiança no governo. Nesse intervalo de 24 horas, Renan ainda recebeu uma rápida visita de Temer em sua residência. Renan não disse em nenhum momento que apoiará o impeachment da presidente Dilma no Senado. Não é preciso. O PMDB entende gestos – e Michel Temer, mais do que ninguém, entendeu todos eles.
ISTOÉ: PRONTOS PARA SABOTAR O BRASIL
A tática é velha, surrada e remete a Roma antiga. Tal como o imperador Nero fez com a capital ocidental do Império, para depois atribuir a culpa aos cristãos, o PT pôs em marcha, nos últimos dias, o que internamente chamou de “política de terra arrasada”. Orientados pelo ex-presidente Lula, com o beneplácito da presidente Dilma Rousseff, e inflamado por movimentos bancados pelo governo, o partido resolveu tocar fogo no País – no sentido figurado e literal. A estratégia é tentar inviabilizar qualquer alternativa de poder que venha a emergir na sequência do, cada vez mais próximo, adeus a Dilma.
A ordem é sabotar de todas as maneiras o sucessor da petista, o vice Michel Temer, apostando no quanto pior melhor. Mais uma vez, o PT joga contra os interesses do País. Não importa o colapso da economia, os 11 milhões de desempregados nem se a Saúde, a Educação e serviços essenciais à população, que paga impostos escorchantes, seguem deficientes. A luta que continua, companheiros, é do poder pelo poder. Como Nero fez com os cristãos, a intenção dos petistas é de que a culpa, em caso de eventual fracasso futuro, recaia sobre a gestão do atual ocupante do Palácio do Jaburu. Só assim, acreditam eles, haveria alguma chance de vitória quando o Senado julgar, em cerca de 180 dias, o afastamento definitivo de Dilma.
Coerente com essa tática de guerrilha, a determinação expressa no Planalto é a de deletar arquivos e sonegar informações sobre a administração e programas para, nas palavras de Lula, deixar Temer “à míngua” durante o processo de transição. “Salvem arquivos fora do computador e a apaguem o que tiver na máquina. Em breve, a pasta será ocupada por um inimigo”, disse um auxiliar palaciano à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, fiel aliada de Dilma, na semana passada. Nada mais antidemocrático para um partido que, nos últimos dias, posou como o mais democrata dos democráticos, a bradar contra fantasmas golpistas, que só existem mesmo na narrativa petista. “Vamos infernizar o Temer. Agora é guerra”, conclamou Lula em reunião com Dilma na segunda-feira 25. No PT, tarefa dada é tarefa cumprida, principalmente quando o objetivo é o de promover arruaças e incendiar as ruas.
Na quinta-feira 28, coube aos soldados de Lula a tarefa de começar a colocar o plano em prática. Em pelo menos nove estados, movimentos como o MST e o MTST que, ultimamente, só têm fôlego e alguma capilaridade pelo fato de serem aquinhoados pelas benesses oficiais, puseram fogo em pneus e paralisaram estradas e avenidas, causando transtornos à população. Além do bloqueio de rodovias, os manifestantes planejam invasões de terras e propriedades privadas, onde o apogeu será o 1º de maio.
As ações do PT na tentativa de sabotar o País extrapolam as nossas fronteiras. Nas últimas semanas, o partido usou a máquina pública para tentar disseminar informações falsas a Países e organismos estrangeiros a respeito do processo de impeachment, com o objetivo de deslegitimar o futuro governo. O ponto alto, e mais inacreditável, foi quando Dilma, depois de mencionar a “grave situação”, e contraditoriamente, afirmar ser o Brasil uma democracia vigorosa, em evento na ONU, pediu a expulsão do País do Mercosul, caso seja confirmado o seu afastamento. Em grave atentado contra a soberania nacional, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, formalizaram o pedido em encontro com o secretário-geral da Unasul. Nunca antes na história, um chefe de Estado ou de governo solicitou graves sanções contra o seu próprio País. Mas, no governo do PT, tudo virou possível.
As tentativas de desacreditar o futuro governo Temer começaram antes mesmo da votação do processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, no domingo 17 de abril. Em um discurso duro gravado em vídeo, a presidente Dilma chamou de “traidores da democracia” os defensores do seu afastamento e disse que ficará “gravada na testa” de seus adversários a tentativa de “golpe”. A fala da presidente seria exibida em cadeia nacional na sexta-feira 15, mas o ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União (AGU), recomendou que a peça não fosse veiculada porque poderia caracterizar crime a utilização de recursos federais para que ela fizesse a defesa de seu mandato. O material, no entanto, acabou vazando e repercutiu amplamente nas redes sociais. A permanecer nessa toada, Dilma poderá ser questionada no Supremo por suas investidas. A presidente atenta contra os outros poderes quando diz que o processo é ilegal. E isso, segundo o artigo 4º da Lei 1079, é crime de responsabilidade. É impossível sustentar a tese do golpe como quer o PT. A opinião pública está participando do processo - a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo, manifestou-se pró-impeachment -, os meios de comunicação dão a devida publicidade ao passo a passo do processo, a comissão especial da Câmara que analisou o pedido se reuniu em sessões públicas, o relatório foi ao plenário em sessão aberta. O mesmo ocorre agora no Senado. Deputados já articulam entrar com recursos na Justiça para que a presidente seja impedida de acusar a Câmara de golpista, depois de a Casa votar, ancorada na Constituição, pelo seu afastamento. Não bastassem as tentativas de obstrução de Justiça, atestada em gravações feitas a pedido do juiz Sérgio Moro, impedir ou sabotar a atuação do Legislativo também configura crime de responsabilidade. Numa outra trincheira política, parlamentares ameaçam provocar o STF caso Dilma confirme a intenção de montar uma espécie de bunker, no Palácio da Alvorada, depois de afastada pelo Senado. Como se trata de uma situação inédita no País, a discussão sobre os direitos e deveres de um presidente afastado vai esquentar nos próximos dias. A questão é: poderá, Dilma, abrigada em móveis do governo, e utilizando aviões oficiais para suas viagens políticas, continuar a investir contra poderes constituídos?
Enquanto isso, o ex-presidente Lula critica sem corar a face quem, até pouco tempo, esteve na sua base de sustentação, sendo alguns deles parceiros no escândalo do mensalão. Em recente encontro da Aliança Progressista, Lula disse que “Dilma é vítima de uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e a tal quadrilha legislativa, responsáveis, segundo ele, por uma agenda do caos”. O ex-presidente só se esqueceu de dizer que “a quadrilha legislativa” a qual ele se referiu tinha assento preferencial no hotel de onde ele despacha quando os petistas ainda sonhavam em reverter votos contra o impeachment. Ademais, desqualificar um Congresso que lhe foi tão útil e benevolente nos últimos tempos e que, independentemente de sua qualidade, foi eleito pela via democrática, soa como choro de perdedor.
Como o de Nero.
Em proposta de delação premiada à Lava Jato, José Antunes Sobrinho, da Engevix, diz que entregou ao menos R$ 2,5 milhões a Valdemar Costa Neto, velho conhecido da Justiça
Por Edson Rodrigues
Uma reportagem da revista Época traz revelações exclusivas sobre a proposta de delação premiada de um dos sócios da Engevix, uma das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato. As revelações são bombásticas e envolvem além de velhos conhecidos da Justiça, mais uma vez os nomes do vice-presidente da República Michel Temer e do presidente do Senado Renan Calheiros
O empresário José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, outro empreiteiro que prosperou nos anos de governo petista e sucumbiu a golpes de Lava Jato, está prestes a fechar um acordo de delação premiada com os procuradores da Força Tarefa, em Curitiba, conforme a revista Época revelou. Antunes é o engenheiro que sabe demais. Na proposta, ele implica o senador Renan Calheiros (PMDB), o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo, Edinho Silva, a ex-ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula Erenice Guerra e o ex-marido da presidente Dilma Rousseff, Carlos Araújo. Agora, os repórteresdescobriramque o ex-deputado Valdemar Costa Neto, dono do PR, também está nela. Antunes promete escrever novo capítulo na já extensa biografia criminal de Valdemar, um aliado do PT condenado a dez anos de prisão por sua participação em outro escândalo, o do mensalão, e que não pode sair de perto de um quarto de hotel, em Brasília, porque ainda cumpre pena.
Na proposta de delação a que a reportagem teve acesso com exclusividade, Antunes afirma que Valdemar Costa Neto e o seu PR receberam da Engevix pelo menos R$ 2,5 milhões em propinas. O dinheiro foi pago, segundo ele, entre 2007 e 2011. A viabilidade do esquema surgiu da influência que o PR tinha em Furnas, a empresa de economia mista e capital fechado, que é controlada pela estatal Eletrobrás. Os cinco anos mencionados por Antunes coincidem com o período em que Mario Marcio Rogar comandou a diretoria de engenharia de Furnas. Engenheiro pós-graduado, o curitibano Marcio Rogar ingressou em Furnas em 1975 e ascendeu ao posto máximo na unidade de engenharia em 2006. Subiu ao comando da diretoria por indicação do PR de Valdemar Costa Neto e o PMDB de Eduardo Cunha. Rogar caiu em 2011 porque o PR se afastou de Dilma Rousseff. O PR, segundo Antunes, cobrava 3,5% em propina nos contratos de Furnas.
Valdemar Costa Neto fora mencionado em outras duas ocasiões por delatores da Lava Jato. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro a citar que aliados de Valdemar estavam envolvidos no esquema. Em março de 2015, Paulo Roberto declarou à Justiça que procurou empresas que atuavam nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) para pedir doações para o caixa 2 à campanha de reeleição do governador Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, os dois peemedebistas, em 2010. O total cooptado atingiu R$ 30 milhões. Metade desse valor saiu das empresas Skanska, Alusa e UTC. O representante da Skanska, Cláudio Lima, era próximo de Valdemar, de acordo com Costa.
O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi o primeiro a trazer o nome de Valdemar diretamente para o radar da Lava Jato, em julho. Aos investigadores, Pessoa apresentou documentos que atestavam o pagamento de R$ 16,6 milhões em doações e propinas a políticos compadres, entre 2006 e 2014. Tudo com verba desviada da Petrobras. "Por fora", como disse Pessoa, cerca de R$ 200 mil abasteceram diretamente Valdemar. Por dentro, R$ 300 mil alimentaram o PR por meio de doações legais na campanha de 2010. Segundo Ricardo Pessoa, era fundamental distribuir as vantagens ilícitas a Valdemar e o PR. Tudo para manter as portas abertas - leia-se as possibilidades de garantir os contratos - da empreiteira Engevix com o ministério dos Transportes. O ministério era controlado pelo PR de Valdemar. Agora, sabe-se que outro empreiteiro, numa outra estatal e novamente com dinheiro ilícito promete atingir o mesmo Valdemar e o mesmo PR no mesmíssimo esquema de desvios investigados pela Lava Jato.
Os segredos de Antunes poderão abrir novas frentes de investigação sobre as relações da Envegix com as estatais envolvidas no petrolão, e estas com Valdemar Costa Neto e o PR. Durante a campanha presidencial de 2014, o PR foi patrocinado pela Engevix. A empreiteira doou R$ 300 mil ao partido no caixa 1 – aquele que consta da lista oficial de doadores da Justiça Eleitoral. Outros R$ 2 milhões foram obtidos da Ecovix-Engevix, uma subsidiária da empreiteira. Dentre as doações das construtoras ao PR - as mais generosas nessas ocasiões - as realizadas pela Engevix só não superaram as da OAS (R$ 3 milhões) e da UTC de Ricardo Pessoa (R$ 2,5 milhões).
Marcelo Bessa, advogado do ex-deputado Valdemar Costa Neto, disse que não comentaria a proposta de delação. Em nota, o PR afirma que o partido e o ex-deputado não comentam afirmações originadas nas delações premiadas e que não comentam iniciativas da justiça. O partido diz que as doações em dinheiro recebidas foram registradas na Justiça Eleitoral. Procurado, o ex-diretor de engenharia de Furnas Mario Marcio Rogar limitou-se a afirmar que foi indicado ao posto por Aloísio Vasconcelos, até 2007 presidente da Eletrobrás, que controla Furnas. O dono da Gradual Turismo, Jorge José Netto, afirmou por meio de uma funcionária da empresa que desconhece as informações contidas na delação de Antunes. Sobre Nurimar, a funcionária limitou-se a informar que ele trabalha ali. Ela não confirmou quando Nurimar começou a trabalhar na empresa nem seu sobrenome.
Peemedebistas acreditam que diretório do PT está blefando e que dificilmente entregará cargos que ocupa no primeiro e segundo escalões do governo
Por Edson Rodrigues
O PT do Tocantins, quinto partido em número de filiações, com pouco mais de 12.700 membros, conta com três deputados estaduais, com a ressalva que nenhum deles foi eleito, pois entraram pelo voto de legenda, até hoje nunca conseguiu eleger um deputado federal e sua única participação no Congresso Nacional, hoje, é o suplente de senador, Donizete Nogueira, quem deve votar contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff, poisocupa a vaga da senadora Kátia Abreu, do PMDB, licenciada para ser ministra da Agricultura,
Esse mesmo PT do Tocantins estará reunido neste sábado para decidir por sua permanência – ou não – no governo Marcelo Miranda. Essa reunião terá como motivação o posicionamento das duas deputadas federais tocantinenses, Dulce Miranda Josi Nunes, do PMDB, que votaram pela continuidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, do PT.
Após o resultado da votação, o PT do Tocantins emitiu uma nota, assinada pelo presidente estadual da legenda, Júlio César Brasil, em que se dirigiu às deputadas federais tocantinenses usando palavras como fascistas e traidoras, criando um clima nada favorável à convivência dos dois partidos no Estado.
Segundo um cacique do PMDB, a nota é apenas “uma satisfação” do PT estadual para a cúpula nacional do partido.
CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA
“Impeachment/Golpe: Nota do Partido dos Trabalhadores do Tocantins à imprensa
O Partido dos Trabalhadores do Tocantins vê com tristeza e preocupação, o avanço do golpe. O dia 17 de abril de 2016 está marcado como o dia em que corruptos tentaram manchar a história de uma presidenta honesta, credenciada por 54 milhões de brasileiros, para dar continuidade a um projeto de governo que se difere pelo respeito a todos e todas.
Os fascistas, conservadores e hipócritas utilizaram o nome de Deus e de suas famílias para cravar um punhal e ferir de morte a democracia brasileira. Ironicamente, diziam “Tchau Querida”, se referindo a democracia, a liberdade, a ética e a vontade do povo, demonstrada nas urnas.
Porém convém relembrar que a luta e a caminhada não acabaram. Agora, mais do que nunca, haverá mais luta e resistência ao avanço do conservadorismo e da Direita Fascista. A Batalha agora será no Senado e no STF.
Ser militante em um momento difícil como este não é fácil, pois somos colocados a prova a cada minuto. Mas sabemos que a Luta nunca foi mais fácil para os companheiros do passado, e eles a fizeram e escreveram capítulos de muita honra e muito orgulho. Cabe a nós e a nossa geração fazer a resistência e o enfrentamento do agora. Resistir, enfrentar e avançar. Este será o nosso mantra. Ontem o mal saiu vencedor, mas não prevalecerá. Agora, mais do que antes, é preciso estarmos unidos e mobilizados, pois a Luta Continua!
Estamos igualmente entristecidos e decepcionados pela maneira como o PMDB do Tocantins se portou ontem na Câmara: Como verdadeiro oportunista e aproveitador. Nós do Partido dos Trabalhadores do Tocantins, nos sentimos traídos pelos votos das deputadas Dulce Miranda e Josi Nunes, que preferiram abraçar o golpe, ao invés de ficar do lado do povo e da democracia.
Reafirmamos que o PT do Tocantins participa do governo do Estado, porque ajudou a elegê-lo. Sem nós, Marcelo Miranda não teria ganhado as eleições. Não estamos neste governo de favor.
Ressaltamos também, o apoio integral que a bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado deu ao Governo até aqui. Porém, iniciamos ainda hoje um debate com nosso partido para discutir a nossa permanência ou não, neste governo.
A luta continua. Vamos lutar até depois do fim. Pois, lutamos “pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo” (Olga Benário Prestes).
Júlio César Brasil
Presidente Estadual do PT-TO”
Baseado nesses fatos, Júlio César Brasil, juntamente com a cúpula estadual do partido e a bancada na Assembleia Legislativa, decidiu convocar essa reunião para definir a entrega dos cargos que o PT mantém no governo Marcelo Miranda.
ANÁLISE CAULTELOSA
Dois membros do alto escalão do governo Marcelo Miranda nos fizeram uma análise, no mínimo, cautelosa das ações empreendidas até então pelo PT tocantinense: “o governo não respondeu à nota nem irá responder. Achamos que foi uma atitude precipitada do presidente do Partido dos Trabalhadores, em expor e detratar nossas duas deputadas federais, sem levar em consideração que uma delas é a primeira-dama do estado e outra, uma das políticas mais atuantes e combatentes pela causa do povo tocantinense.
Além de pejorativo nos termos, o PT foi afoito e vemos essa nota mais como uma bravata, um blefe, pois a conta é muito simples: o PT tem, nada menos que, 373 cargos temporários, mais de 150 cargos de comissionados, sem contar com os cargos de confiança, que incluem o secretário estadual da Educação, que gere o maior orçamento dentre todas as pastas do governo. Isso sem falar em diretores de colégios estaduais espalhados por todo o Estado.
Seria muito simples, mas nada fácil o PT abrir mão de todos esses cargos ir para a oposição e ficar sem essa representatividade ante os cidadãos e eleitores tocantinenses.
Na nossa opinião, o PT deveria estar agindo de uma maneira totalmente contrária ao que vem fazendo até agora, após a votação no Congresso. Eles deveriam estar tratando o governador Marcelo Miranda com toda a pompa e cerimônia possíveis, pois é esse o tratamento que recebe do governo do Estado, que sempre os considerou bons companheiros de batalha, pois é consciente do papel que o PT exerceu na corrida eleitoral, mas nem por isso vamos deixar que faltem com o respeito em relação aos nossos quadros, seja quem quer que seja, muito menos aceitaremos qualquer insinuação de chantagem por parte de um partido do qual o povo brasileiro tem nojo, um partido que levou o país para a pior crise econômica da sua história. Não cogitamos simplesmente abandonar o PT. Vamos agir com parcimônia, diplomacia, e de forma democrática.
Eles estão blefando e jogando a política suja. Isso é inadmissível”, sentenciaram nossas fontes.
Por Edson Rodrigues
O vice-líder do governo Dilma, senador Wellington Fagundes, anunciou na última sexta-feira que o PR fechou questão em favor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, orientado aos senadores do partido a votar dessa forma e impedindo qualquer ação em sentido contrário.
Caso o processo passe, também no Senado, Dilma será afastada por 180 dias, período regimental em que a Casa terá para analisar, investigar e decidir ou não pelo impeachment, definindo o afastamento definitivo da presidente e colocando um ponto final da Era PT no poder.
São senadores do PR o próprio Wellington Fagundes, Magno Malta, Blairo Borges Maggi e o tocantinense Vicentinho Alves
A cúpula do PR já está em conversações com o vice-presidente Michel Temer, colocando à mesa de negociações o tamanho de sua bancada, a presidência e a participação em diversas comissões da Câmara Federal, pois sabe que o governo transitório de Temer terá que ter um bom relacionamento com partidos de grande representação e participação.
Temer buscará um governo de coalizão, com ações pontuais, como extinção de ministérios e cargos, mas terá que construir uma base forte se quiser realizar grandes mudanças, como as reformas política e previdenciária, que precisam passar pelos plenários da Câmara e do Senado.
OPOSIÇÃO RAIVOSA
Outro desafio de Temer será dar respostas rápidas ao clamor das ruas, sem espaços para amadorismos, aumento de impostos ou perda de tempo. Outro ponto crucial para Temer será a o apoio total à Operação Lava Jato, que não poderá sofrer nenhum tipo de intervenção do governo.
Temer tem que se lembrar o tempo todo que agora ele passa a ser a vidraça, o alvo em que todos os oposicionistas irão mirar sem dó nem piedade. Espera-se a oposição mais ferina de toda a história política brasileira. PT, PC do B, PDT e outros que afundarem abraçados ao PT, irão inflamar os movimentos sociais que ficarão sem a “mortadela nossa de cada dia”.
A base de Temer na Câmara e no Senado terá que ser forte o suficiente para dar uma resposta rápida ao empresariado, aos investidores internacionais e à sociedade, tudo ao mesmo tempo.
É por isso que a conquista do PR, com sua base de 34 deputados federais e quatro senadores, entre eles o primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, Vicentinho Alves, é tão importante para Temer.
A conquista do PR significa, não só uma base maior de apoio, mas uma perda enorme nas pretensões do PT em manter o partido sob suas asas.
Temer, sem dúvida, marcou um importante território nessa batalha que está apenas começando....
O afastamento da presidente Dilma por 180 dias e o seu virtual impeachment já são considerados inevitáveis pelos maiores especialistas políticos e jurídicos do país.
Por Edson Rodrigues
Paralelamente ao andamento do processo de impeachment no Senado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acelera o processo investigativo contra os detentores de mandatos de deputado federal, senador e governador, com foro privilegiado, que tiveram seus nomes citados nas delações premiadas da Operação Lava Jato. Apenas a planilha da Odebrecht que o ministro Teori Zavascki mandou investigar, traz nada menos que 300 nomes de políticos de 24 partidos, que receberam valores da maior empreiteira do Brasil.
A planilha foi apreendida em fevereiro, durante a Operação Acarajé, um desdobramento da Lava Jato, na residência do empresário Benedito Barbosa Jr. e traz nomes e valores de forma bem clara, detalhada e datada, pagos como propina e usados como caixa 2 ou para enriquecimento ilícito, já que em vários casos os valores são maiores que os declarados pelos recebedores.
LULA
Os investigadores da Operação Lava Jato consideram ter elementos mais que suficientes para levar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ao banco dos réus, acusado de envolvimento com a organização criminosa que corrompeu e lavou dinheiro desviado da Petrobras e pelo caso do sítio em Atibaia, SP, em que Lula diz não ser o proprietário.
EMPRÉSTIMOS DO BNDES
O pagamento de propina para a liberação de empréstimos do BNDES para obras no exterior, como revelado pela empreiteira Andrade Gutierrez para a construção de uma siderúrgica na Venezuela, foi cobrado, também, de outras empreiteiras que tinham obras financiadas pelo banco em outros países.
LULA X SÉRGIO MORO X POLÍCIA FEDERAL
Uma fonte próxima, em Brasília, nos informou que é mais fácil que um elefante passe pelo buraco de uma agulha que o ex-presidente Lula escapar das mãos da Justiça, por meio das ações do juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Segundo essa fonte, a matéria publicada recentemente pela revista Veja, dando conta de que Lula prepara um pedido de asilo político ao governo italiano é mais que assertiva e o PT vem fazendo o máximo para esconder essa manobra.
CUNHA E LULA: “OS INTOCÁVEIS”
O próximo “peixe grande” a cair nas malhas da Justiça é o presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha, que vem sendo citado por vário e vários delatores e, segundo nossa fonte, não há mais como os dois, Lula e Cunha, escaparem de punições.
Os dois são acusados de se beneficiar de dinheiro público desviado e de propinas e os documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram isso de maneira bem clara. Junto com eles, 279 políticos, cujos nomes aparecem na planilha da Odebrecht, entram agora na mira da Suprema Corte, que deve agir de forma célere e urgente, de acordo com o clamor das ruas.
TOCANTINS: FICHAS SUJAS SERÃO BARRADOS
Com o andar das investigações da Justiça, será quilométrica a lista de políticos tocantinenses enquadrados na Lei da Ficha Limpa. Eles são, na grande maioria, ex-prefeitos, ex-vereadores, ex-presidentes de Câmaras Municipais, ex-ordenadores de despesas, ex-secretários de estado e ex-secretários municipais.
Tirando por alto, uns 12% desses que aparecerão na lista dos fichas-sujas, só estarão nela por pura falta de conhecimento técnico e da legislação específica das licitações.
Já os ex-prefeitos, 90% deles estão quebrados, mendigando cargos nos gabinetes dos deputados e senadores, pagando pelo pecado de não terem escolhido pessoas capacitadas para seus quadros de auxiliares. Dessa atitude surgiram irregularidades em licitações, prestações de contas erradas e outras mancadas, todas rejeitadas pelo Tribunal de Contas.
Como a Justiça é cega, todos os que cometeram infrações, seja por desconhecimento, seja por más intenções, são considerados fichas-sujas por igual. Ou seja, “pau que dá em Chico, dá em Francisco”!
O problema é que a situação se agrava a cada dia que passa, com o bloqueio de bens, confisco de contas bancárias, quebras de sigilo telefônico e bancário e todo e qualquer tipo de obtenção de provas que a Justiça pode utilizar.
O brasil, finalmente, parece estar trabalhando pelo fim da impunidade e muitos ficarão surpresos ao tentar registrar seus nomes como candidatos nas próximas eleições. Desta vez não haverá mais o velho jeitinho nem as liminares que garantiam a participação nas eleições, pois os processos estão andando rápido. Engana-se quem acha que pode escapar das mãos da Justiça como acontecia antigamente.
Finalmente é chegada a hora de dizer adeus aos corruptos!