Asfixiados pelo encolhimento da economia e da arrecadação de impostos, os Estados sofrem mais diretamente que o governo federal o impacto da crise orçamentária.

 

Da Folha de São Paulo

Enquanto a União consegue se endividar no mercado financeiro e postergar as medidas mais amargas de ajuste, os governos estaduais dispõem de poucas opções para equilibrar suas contas –além de elevar tributos e atrasar pagamentos quando falta dinheiro no caixa. Levantamento feito pela Folha aponta que praticamente todos os governadores enfrentam hoje algum tipo de fragilidade fiscal, seja queda de receita, contas no vermelho, endividamento ou gastos com pessoal em excesso. Mesmo quem aparece melhor nas estatísticas enfrenta problemas no cotidiano. No Paraná, por exemplo, o Tribunal de Justiça chegou neste ano a impetrar mandado de segurança contra o governador Beto Richa (PSDB), devido à demora no repasse de recursos para pagar os salários dos servidores. Richa enfrentou desgaste político com aumento de impostos e mudanças na previdência do funcionalismo, mas, ao menos no papel, conseguiu evitar a derrocada dos indicadores do Estado.

 

OS MAIS ENDIVIDADOS Dívida em % da receita anual, em 2015

DRAMA FLUMINENSE

Mais dramática é a situação do Rio de Janeiro, cuja dívida ultrapassou, em abril, o limite máximo fixado na legislação, de 200% da receita anual. Quando esse teto é ultrapassado, o Estado fica proibido de contrair novas dívidas, o que dificulta a expansão dos investimentos em infraestrutura. Até então, só o Rio Grande do Sul estava sujeito a essa restrição. Minas Gerais está muito perto do teto. Os outros Estados com dívidas elevadas, acima de 150% da receita anual, são São Paulo e Alagoas. Mesmo os Estados menos endividados, entretanto, enfrentam dificuldades para obter crédito. Eles não podem vender títulos no mercado, como o governo federal, e em geral são vistos com desconfiança pelos bancos privados. Por isso, a queda generalizada da arrecadação força os governadores a promover ajustas imediatos. Em São Paulo, por exemplo, os investimentos caíram cerca de 40% no ano passado, em valores corrigidos. MANOBRAS Os números seriam ainda piores se boa parte dos governos estaduais não tivesse recorrido a uma manobra heterodoxa: contabilizar como receita, a partir de mudanças na legislação, recursos dos depósitos judiciais. Trata-se de dinheiro em disputa na Justiça, depositado em contas bancárias para assegurar o pagamento de uma causa –um imposto que tenha sido questionado por contribuinte, por exemplo. Só o Rio de Janeiro se valeu de pelo menos R$ 6,7 bilhões dessa fonte no ano passado. Ainda assim, não foi o bastante para evitar os atrasos no pagamento de aposentadorias neste ano. Por abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, o Rio é um dos casos mais críticos entre os Estados que, com estímulo do governo federal, elevaram suas dívidas e despesas com juros para financiar obras. SERVIDORES São os gastos com pessoal, no entanto, a principal mazela enfrentada pela maior parte dos governadores. As despesas estaduais mais importantes –com educação, saúde e segurança– envolvem o quadro de servidores. Ao final de 2015, em cinco Estados as despesas com pessoal do Executivo superavam o teto legal de 49% da receita. Em outros 15 Estados e no Distrito Federal, os desembolsos ultrapassaram o limite de alerta, de 44,1%. Os motivos, além da queda da arrecadação, incluem contratações e reajustes salariais feitos nas administrações anteriores.

Posted On Sábado, 28 Mai 2016 10:40 Escrito por

As conversas foram gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado

Com a Folha de São Paulo

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, afirmou em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma alteração na lei que trata da delação premiada. Renan gostaria que houvesse uma maneira de impedir que um preso se torne delator. Os acordos de delação se tornaram comuns na Operação Lava Jato. A Folha de S. Paulo destaca que Renan também sugeriu que, após enfrentar esse assunto, poderia "negociar" com membros do STF (Supremo Tribunal Federal) "a transição" de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada. A Operação Lava Jato investiga Machado e Renan. Com medo de ser preso, Machado gravou pelo menos duas conversas entre ambos. A reportagem teve acesso aos áudios. Machado está negociando um acordo de delação premiada. O ex-presidente da Transpetro também gravou uma conversa com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), empossado ministro do Planejamento no governo Michel Temer. A divulgação dos áudios levou à exoneração de Jucá. Em conversa com Renan, Machado sugeriu "um pacto", que seria "passar uma borracha no Brasil". Renan responde: "antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação". O peemedebista defende uma alteração que, se fosse efetivada, poderia beneficiar Machado. A Folha destaca que ele procurou Jucá, Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB) porque temia ser preso e virar réu colaborador. "Ele está querendo me seduzir, porra. [...] Mandando recado", contou Machado a Renan em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ainda no diálogo, Renan ataca uma decisão do STF tomada ano passado, de manter uma pessoa presa após a sua segunda condenação. O presidente do Senado cogita negociar a transição com membros do STF, embora o áudio não permita estabelecer com precisão o que ele pretende. Renan considera que os políticos todos "estão com medo" da Lava Jato. "Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", revelou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que fazia citação ao tucano. Os áudios também revelam que Renan disse que uma delação da empreiteira Odebrecht "vai mostrar as contas", em provável referência à campanha eleitoral de Dilma. Machado respondeu que "não escapa ninguém de nenhum partido". "Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum."

OUTRO LADO A assessoria do presidente do Senado informou que os "diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações". Segundo a assessoria, "todas as opiniões do senador foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras foram fartamente veiculadas". "Em relação ao senador Aécio Neves, o senador Renan Calheiros de desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação –e não medo– com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral." Já a assessoria do STF informou que o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, "jamais manteve conversas sobre supostas 'transição' ou 'mudanças na legislação penal' com as pessoas citadas", isto é, Renan Calheiros e Sérgio Machado. A nota divulgada pela Executiva Nacional do PSDB informou que vai "acionar na Justiça" o ex-presidente da Transpetro. A sigla diz ser "inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada". A reportagem não conseguiu contato com Sérgio Machado.

Posted On Quarta, 25 Mai 2016 06:59 Escrito por

Até então um dos favoritos nas pesquisas, Raul Filho se vê, novamente, citado pela Operação Monte Carlo e rejeição dos eleitores a candidatos investigados pulveriza suas chances

 

Por Edson Rodrigues

 

O Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou, no último dia 6, pedido, do ex-prefeito de Palmas Raul Filho (PR), para suspensão de Inquérito Policial instaurado pela Polícia Federal (PF). A investigação apura envolvimento do político em possíveis desvios de recursos federais do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros fatos descritos no relatório de análise de material apreendido na "Operação Monte Carlo".

 No recurso, a defesa do político alegou que Raul Filho está sofrendo “constrangimento ilegal”, pois o ex-prefeito já responde à ação penal, em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO). Para a defesa, o político estaria sendo investigado duas vezes pelo mesmo delito. A persecução do crime corresponde “exatamente ao mesmo fato apontado como delituoso no Inquérito Policial”, afirmou.

Nefi Cordeiro destaca que há indícios de que Raul Filho tenha cometido crime contra a administração pública no âmbito federal. Portanto, se justifica a investigação realizada via PF. “Os fatos mencionados na Portaria (fls. 11) de que se originou o Inquérito cujo trancamento é pretendido evidenciam o cometimento, em tese, de condutas delituosas envolvendo recursos públicos federais, notadamente vinculados ao Sistema Único de Saúde, circunstância que justifica a atuação da autoridade apontada como co-autora”, relatou.

 

FORA DO PÁREO

A decisão do STF e, principalmente, a volta da exposição do nome de Raul Filho na mídia, vinculado a crime de probidade administrativa, tira o ex-prefeito de Palmas  – de vez – do páreo pela sucessão municipal desta ano.

OAB, Ministério Público, entidades classistas e os próprios eleitores de Palmas têm demonstrado que não darão vez a candidatos ficha-suja, pois o sentimento de indignação que tomou conta das ruas nos últimos meses parece que se instalou com mais força entre os cidadãos da capital mais nova do País.  As instituições prometem não dar trégua na caça e exposição dos nomes de candidatos que tenham qualquer tipo de problema com a justiça.  Já os cidadãos, os eleitores, desenvolveram uma verdadeira ojeriza a nomes ligados a casos de corrupção.

Enquanto o nome de Raul Filho estava associado apenas à questão de crime ambiental, ainda havia uma certa tolerância do eleitorado, pois não se tratava de crime de corrupção ou malversação de recursos público.  Agora, com a lembrança dessa acusação contra o ex-prefeito, suas chances de eleição ficam bem próximas de zero.

RECADO DAS RUAS

A constatação de que os eleitores e as entidades estarão muito mais alertas a partir de agora em relação aos políticos, serve de alerta para os partidos, para que façam uma checagem muito bem feita, um levantamento minucioso da vida pregressa de seus pretensos candidatos, para não serem tragados junto pela indignação em relação à corrupção.

Colocar nomes ficha-suja ou envolvidos em qualquer tipo de crime, seja eleitoral ou não, como candidatos a cargos eletivos, será a deixa para os eleitores identificarem de imediato quais são os partidos sérios e quais são aqueles que só se interessam por si próprios.

Se a imagem dos partidos já está bastante deteriorada ante o eleitorado, não saber escolher seus candidatos nas eleições de outubro próximo pode representar a pá de cal para muitas legendas.

No Tocantins, agora, são dois os políticos que preferem seus nomes longe dos holofotes:  Marcelo Lélis e Raul Filho, cada um com seus próprios problemas com a Justiça.

 

OPERAÇÃO MONTE CARLO

 Um vídeo encontrado pela Polícia Federal no dia da Operação Monte Carlo, na casa do ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira, mostra o então prefeito de Palmas, Raul Filho (PT) negociando com o grupo de Cachoeira.

 O vídeo é de 2004 e foi gravado durante a campanha que elegeu, pela primeira vez, o atual prefeito de Palmas, Raul Filho. Cachoeira e Raul entram na sala com assessores para uma reunião. Cachoeira está de camisa branca, de costas para a câmera. Raul Filho, por sua vez, está do lado direito do sofá, em frente à Cachoeira.

Raul Filho diz: "Viu Carlinhos, o que a gente busca é o seguinte. Nós temos um projeto político, um projeto de poder no Tocantins. Palmas é um estágio".

E Carlinhos Cachoeira, que parece interessado em participar do projeto, pergunta: "Mas Raul, o que você está precisando lá hein?". Depois, Cachoeira oferece ajuda para a campanha: "Você acha que um grande show seria bom pra você lá na reta final?". E ouve a resposta de Raul Filho: "Ah, com certeza".

 Raul Filho e Cachoeira conversam por quase uma hora e o futuro prefeito fala sobre as oportunidades que poderiam ser exploradas pelo grupo de Cachoeira. Raul Filho diz: "Lá é tudo na base mesmo da (...)". Uma pessoa não identificada completa a resposta: "truculência".

 Em seguida, o futuro prefeito afirma: "Do arranjo sabe. Palmas tem uma série de oportunidades a serem exploradas, no campo imobiliário, transporte. Lá tem uma questão que nós vamos rever ela mesma, a concessão da água".

 Ao final da reunião, Carlinhos Cachoeira deixa claro como vai ajudar e o que espera em troca. "Eu posso falar que dou uma posição para você no show. E tem como disponibilizar uma verba aí. Aí você vê com o Alexandre aí. Qual o nicho que a gente pode participar posteriormente".

 Segundo a Polícia Federal, semanas depois, às vésperas da eleição, Cachoeira se reúne novamente com um suposto assessor de Raul Filho, identificado pelos investigadores como Silvio ou Ciro. E, desta vez, eles citam valores. Falam até em conseguir uma aposentadoria para o futuro prefeito.

 "Comprometer esses 150 e o show com coisas palpáveis. Vai acontecer o seguinte, nós vamos tentar fazer isso, certo? Mas é o seguinte. Porque? Se eu puder ter uma aposentadoria e o Raul ter uma, tudo bem", diz o suposto assessor de Raul Filho.

 A partir daí, a conversa passa a ser como levar os R$ 150 mil para Tocantins.

 Cachoeira: "Você trabalha com cheque?".

 Suposto assessor: "Cheque. Dinheiro não".

 Cachoeira: "Você não pode passar com esse dinheiro... no raio-X, você vai de avião né?".

 Suposto assessor: "Eu não mexo com dinheiro de jeito nenhum".

 Cachoeira: "É pra pagar quem? É um só?".

 Suposto assessor: "Lá é o seguinte. Sabe o que fazer: Eu passo pro Alexandre amanhã um fax assim de umas cinco contas pulverizadas, que não têm nada a ver com a campanha e pulveriza assim pequenininho. De pessoas que não têm nada a ver com campanha".

 

Posted On Terça, 24 Mai 2016 07:30 Escrito por

Denunciados são acusados da prática de cartel, de corrupção, de lavagem de dinheiro e de crimes de licitação

Assessória do MPF

O Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) ofereceu na última quarta-feira, 11 de maio, a primeira denúncia contra envolvidos na chamada operação “O Recebedor”, deflagrada no dia 26 de fevereiro deste ano (ver notícia). A operação, que é um desdobramento de fatos apurados na Operação Lava Jato, decorreu de acordo de leniência e colaboração premiada fechados com o MPF/GO pela empreiteira Camargo Corrêa. A empresa confessou a prática de cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de licitação referentes às obras de construção dos trechos das ferrovias Norte-Sul e Interligação Oeste-Leste em Goiás. As licitações foram realizadas pela empresa pública Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Foram denunciados o então diretor-presidente e o diretor de engenharia da Valec, José Francisco das Neves (mais conhecido como Juquinha) e Ulisses Assad, respectivamente. Além deles, foram denunciados João Ricardo Auler (diretor da Camargo Corrêa); José Ivanildo Santos Lopes (superintendente da Queiroz Galvão); Rafael Mundim Rezende (sócio-administrador da Evolução Engenharia); Heli Lopes Dourado (sócio-administrador de Heli Dourado Advogados Associados); Juarez José Lopes de Macedo (proprietário e administrador da Elccom Engenharia) e Josias Gonzaga Cardoso (ex-assessor do presidente da Valec) (clique aqui e confira os crimes imputados a cada um dos denunciados). De acordo com o procurador da República Helio Telho Corrêa Filho, autor da denúncia, o esquema criminoso teve início quando executivos das principais empreiteiras do país formaram cartel para, mediante acordo de divisão de lotes, combinação de preços e oferecimento de propostas não competitivas (de cobertura, apenas para simular a competição), eliminar a concorrência no mercado de construção ferroviária, frustrando o caráter competitivo das licitações realizadas pela Valec para a construção das ferrovias Norte-Sul e Integração Oeste-Leste no estado de Goiás. Com isso, dominaram o mercado e, combinando, manipulando e elevando arbitrariamente os preços (sobrepreço), maximizaram, assim, seus lucros em prejuízo da Administração Pública. O cartel teve início ainda no ano 2000 e se manteve após as últimas licitações realizadas no ano de 2011. Parte dos recursos decorrentes dos próprios contratos com a Valec, obtidos com os crimes de cartel, ajuste e fraude de licitação e participação em peculato, foi submetida a operações de ocultação e dissimulação (lavagem de dinheiro) e utilizada para o pagamento de propina a dirigentes da empresa pública, em especial a Juquinha, seja para prevenir interferências no funcionamento do cartel, seja para obter deles o apoio necessário ao desenvolvimento de suas atividades criminosas. Superfaturamento – O sobrepreço nos contratos decorreu da conjugação de quatro causas: exigências injustificadas de qualificação técnica do edital e a proibição de consórcios, que restringiram a concorrência e permitiram a formação do cartel; a cartelização das únicas empresas participantes que tinham condições de atender às exigências editalícias, que combinaram preços, eliminando a concorrência; o sobrepreço já no orçamento do edital, que elevou indevidamente o patamar referencial de preços que a Valec estimou, e o beneplácito da comissão de licitação que aceitou, sem questionamentos ou justificativas, as propostas vencedoras com preços em percentuais superiores ao orçamento de referência. Os denunciados Juquinha e Ulisses Assad consentiram e endossaram o cartel, as fraudes e o superfaturamento, autorizando e celebrando termos aditivos, permitindo, assim, que fossem pagos os valores com sobrepreço. A atuação de ambos foi consciente, concertada e com unidade de propósitos, seja por terem direcionado os subsequentes editais de licitação em benefício das empresas do cartel, seja por terem atuado diretamente para evitar que o cartel se desestabilizasse ou se desmanchasse, seja solicitando e recebendo propina. Perícia criminal apurou que a atuação do cartel resultou na celebração de contratos com sobrepreço de mais de R$ 230 milhões, em valores não atualizados. Lavagem de dinheiro – De acordo com a denúncia, ficou apurado que Juquinha, que assumiu o papel de maior relevância atuando como garante do esquema criminoso,  solicitou e recebeu mais de R$ 2,24 milhões em propina. Em 2011, o Consórcio Ferrosul (composto pela Camargo Corrêa e pela Queiroz Galvão) celebrou contratos simulados com o escritório de advocacia do denunciado Heli Lopes Dourado para ocultar a origem e a destinação dos recursos provenientes dos crimes de cartel e de peculato e para pagar propina a Juquinha. Heli Dourado teria recebido R$ 360 mil, em três parcelas, por meio de contrato simulado de consultoria com o Consórcio Ferrosul, para o qual nunca prestou serviços, emitindo três notas fiscais “frias”. Na verdade, o beneficiário dos serviços jurídicos foi Juquinha, sua mulher e filhos. Em outra ocasião, novamente Juquinha recebeu da Camargo Corrêa quase R$ 900 mil em propina. O dinheiro teria sido pago em quatro parcelas ao longo de 2010 e 2011. Para ocultar a origem do dinheiro, Juquinha indicou a empresa Evolução Engenharia, de propriedade do denunciado Rafael Mundim, que simulou contrato de prestação de serviço à Camargo Corrêa para a roçada de área verde, jamais executado. Para tanto, a Evolução emitiu quatro notas fiscais “frias”. Por fim, Juquinha, por meio do denunciado Josias Gonzaga Cardoso, solicitou e recebeu quase R$ 1 milhão em propina vinculada à execução do contrato referente ao lote 03S, da Concorrência 04/2010, a cargo do consórcio Ferrosul. Josias Gonzaga indicou a empresa Elccom Engenharia, de propriedade do denunciado Juarez Macedo, que celebrou contrato e aditivos simulados de prestação de serviços com o Consórcio Ferrosul, emitindo, da mesma forma, notas fiscais “frias”. Balanço – As investigações referentes às irregularidades nas obras da Ferrovia Norte-Sul tiveram início no âmbito do MPF/GO no ano de 2009. Até o momento, já resultaram na instauração de 10 ações judiciais, entre cíveis e criminais, e o processamento de 37 envolvidos, entre eles 8 empreiteiras (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Constran S/A, Aterpa, Ebate, Ecoplan e STE), além dos principais integrantes da diretoria da Valec. Com a atuação do MPF/GO, foi possível apurar, até o estágio atual das investigações, prejuízos aos cofres públicos da ordem de mais de R$ 600 milhões apenas no trecho da ferrovia que corta Goiás. Esse valor é o montante que o MPF/GO busca na Justiça para ressarcimento pelos envolvidos. Judicialmente já estão bloqueados quase R$140 milhões em bens e dinheiro. Recentemente, a Camargo Corrêa concordou em devolver outros R$ 75 milhões por meio de acordo de leniência. Para mais informações sobre o funcionamento do esquema criminoso e a participação de cada denunciado, clique aqui e leia a íntegra da denúncia. O MPF/GO esclarece que a não inclusão, nesta primeira denúncia, de outros envolvidos ou fatos não implica pedido de arquivamento implícito, reservando-se a prerrogativa de, eventualmente, no decorrer das investigações ainda em curso, aditar ou oferecer nova denúncia.

Posted On Sexta, 20 Mai 2016 10:28 Escrito por

Após um processo sangrento, Senado afasta a presidente Dilma Rousseff por 180 dias e Brasil ganha chance de se reerguer

 

Por Edson Rodrigues

A posse do vice-presidente Michel Temer como presidente interino da República nesta quinta-feira, 12 de maio de 2016 marcou o fim de um processo sangrento de embate político, institucional, e até mesmo físico, entre a tropa de apoio ä presidente afastada, Dilma Rousseff e os apoiadores do processo de impeachment.

Portanto, foi uma pose sem festa, sem comemorações e sem bravatas.  Foi num momento de reafirmação constitucional do País, que remete a uma reflexão profunda dos cidadãos, das famílias, das instituições e, principalmente, da classe política brasileira.

Em seu discurso de posse, Michel Temer foi enfático ao afirmar que vai governar como veio, ou seja, pelo caminho da Constituição e em garantir a continuidade dos programas sociais e a independência do Banco Central.

Isso demonstra que Temer está ciente dos desafios que terá pela frente ao assumir um governo com um rombo de mais de 116 bilhões de reais, tendo que, em meio a isso, discutir as reformas tributária e previdenciária e as dívidas dos Estados para com a União.

O presidente interino foi extremamente feliz ao não criticar a presidente afastada, Dilma Rousseff e ao afirmar que o diálogo constante entre todas as esferas da sociedade e dos Poderes será crucial para que se transforme a “crise” em desenvolvimento e progresso.

Temer também foi feliz ao afirmar que as palavras de ordem do seu governo serão “trabalho, trabalho e trabalho”, como forma de buscar uma governabilidade estável junto com a sociedade, o empresariado e a classe política, prometendo, também, agir de forma republicana, mantando sempre uma boa convivência com o Legislativo e com o Judiciário.

A se cumprirem as palavras de Michel Temer, podemos estar presenciando o surgimento de um novo Brasil.

 

UM NOVO TEMPO PARA O TOCANTINS

Uma coisa é bem nítida ao fim desse ciclo de governo de Dilma Rousseff.  A presidente afastada foi muito boa para o Tocantins, desde asfaltamento à construção de UPAs, passando por incentivos ao Projeto Rio Formoso e maquinário agrícola para assentamentos e prefeituras, ampliação da Universidade Federal em Palmas e Porto Nacional, criação de cursos de medicina e engenharia e, principalmente os avanços nas obras da ferrovia Norte-Sul.  Fica claro, que o povo tocantinense não pode reclamar de Dilma Rousseff (não estamos falando do PT, mas da pessoa da presidente), em relação a tudo o que proporcionou para o Estado enquanto presidente.

Mas há um fato que não pode ser esquecido.  Durante o governo Dilma, dada a sua proximidade com a senadora Kátia Abreu, o governador Marcelo Miranda foi tratado como desafeto pela presidente, perdeu prestígio e credibilidade junto ao Governo Federal e o Tocantins foi posto de lado, com suas deputadas federais Josi Nunes e Dulce Miranda sendo ignoradas tanto por Dilma quanto por Eduardo Cunha, tendo como único interlocutor em Brasília, o homem que assume a presidência interina da República, Michel Temer.

Além de vice-presidente da República e, hoje, presidente interino, Temer é o presidente nacional do PMDB e é caminho natural que dê mais atenção aos parlamentares do seu partido, e é notório o apreço de Temer por Marcelo Miranda.

Antes de tomar posse, inclusive, Temer convidou Marcelo Miranda, na última quarta-feira, ä uma visita ao Palácio do Jaburu, onde trataram da nova composição do governo e do relacionamento da União para com o Tocantins.

 

VICENTINHO ALVES

Outro tocantinense que ficou em evidência nos últimos dias foi o senador Vicentinho Alves, primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, imbuído de  notificar Dilma Rousseff do seu afastamento e de comunicar Michel Temer da sua condução ä presidência interina.

Antes disso, Vicentinho participou de três encontros com Temer no Palácio do Jaburu e foi encarregado de estreitar o relacionamento entre Temer e a Mesa Diretora do Senado.

Esse reconhecimento de Temer para com os parlamentares tocantinenses e para com o governador Marcelo Miranda mostra claramente que o governo federal abre novas portas para o Tocantins.

Mas, voltamos a lembrar que o momento não é de festa, mas de trabalho, trabalho e trabalho.

Que assim seja!

 

Posted On Sexta, 13 Mai 2016 07:49 Escrito por
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