Defesa de Irajá Filho diz que vídeo contradiz versão da modelo de que estava inconsciente, como alegou. Advogado da jovem reitera que ela foi abusada sexualmente
Por Bruno Tavares, Jornal Nacional — São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo analisa imagens de quatro câmeras de segurança anexadas ao inquérito que investiga a denúncia de estupro que uma modelo de 22 anos fez contra o senador pelo Tocantins Irajá Silvestre Filho (PSD).
O advogado do senador afirma que as imagens deixam claro que ela não estava inconsciente como ela disse à polícia quando chegou ao flat onde o senador estava hospedado na capital paulista e onde o suposto estupro ocorreu. Já o advogado da modelo reiterou que ela foi vítima de crime sexual.
As cenas mostram o momento em que o senador e a modelo estavam juntos na saída da casa noturna, e entregaram as pulseiras que usavam. Em seguida, eles foram até a porta para deixar o local. Neste momento, o relógio marcava 0h29, mas a boate informou à polícia que o equipamento estava uma hora e meia adiantado.
Outra câmera registrou quando os dois caminharam pela calçada. Ele estava com o braço sobre o ombros dela e depois se deram as mãos.
Na recepção do hotel, outra câmera registrou a entrada dos dois. A imagem, que também está anexada ao inquérito, é de uma câmera de segurança do flat onde o senador estava hospedado, a poucos metros da casa noturna.
A cena mostra quando Irajá e a modelo chegaram à recepção. Eles ainda estavam de mãos dadas. Ele, com um copo na mão. O senador falou com a recepcionista e recebeu a chave da suíte. Depois, os dois seguiram juntos em direção ao elevador, no fim do corredor.
O senador abriu a porta, mas eles não entraram de imediato. Irajá colocou uma das mãos na cintura da mulher. Pela câmera do interior do elevador dá para ver que a modelo mexia no celular. Eles ficaram assim, parados, durante cerca de 35 segundos.
Segundo o depoimento da funcionária da recepção do local, ao qual o JN teve acesso, a modelo hesitou antes de entrar no elevador e perguntou ao senador "onde é que estou". Ele respondeu: "você está no meu prédio". Segundo a funcionária, a mulher voltou a perguntar onde estava e, naquele momento, o senador deu a ela o endereço do flat.
A funcionária disse também que chamou um segurança do local, achando que iria precisar de ajudar, acreditando que a moça não iria querer entrar no elevador e subir até o quarto do senador. Quando o funcionário da segurança chegou, a funcionária relatou que havia estranhado que a mulher não queria entrar no elevador e perguntou duas vezes onde estava.
O funcionário disse à polícia que, cerca de 5 minutos depois, que subiu ao andar do senador e não ouviu nada que chamasse a atenção, mas percebeu que a porta estava entreaberta e voltou à recepção.
Pouco mais de duas horas depois, 1h36, policiais militares foram chamados pelo 190.
No boletim de ocorrência, a modelo afirma que bebeu, perdeu a consciência e só acordou com o senador sobre ela, fazendo sexo. No relato, a mulher diz que não resistiu nem tentou tirá-lo de cima porque não o conhecia e temia pela sua segurança.
Ela disse que, depois disso, foi ao banheiro, mandou mensagens para amigos pedindo ajuda e que eles acionaram a polícia.
Depoimento da modelo
A modelo, de 22 anos, prestou depoimento nesta semana. Ela contou que se recorda vagamente da chegada à casa noturna e que, pelo que se recorda, chegou a ingerir bebida alcoólica no local, mas não soube informar o tipo de bebida.
Ela afirmou, ainda, que sua última lembrança foi de quando estava dançando. A partir de então afirmou ter tido um "apagão", um período de amnésia, não se recordando, nem mesmo por flash do que aconteceu.
Ainda de acordo com o depoimento, ela informou à polícia que “começou a recobrar a consciência, já com o senador em cima dela, mantendo, nas palavras delas, conjunção carnal.”
Depoimento do senador
O senador Irajá também prestou depoimento e disse que conheceu a modelo num almoço num restaurante, no domingo (22), e que a conversa evoluiu para uma paquera. Depois do almoço, segundo o senador, a modelo o convidou para uma festa na casa de uma amiga, onde e beijaram e trocaram carícias recíprocas.
O senador acrescentou que, por volta das 20h, foram para a casa noturna. Segundo o depoimento dele, na balada, eles instigaram um ao outro sexualmente e foram a pé para o flat. O senador Irajá confirmou que os dois tinham bebido, mas disse que nenhum dos dois estava inconsciente.
Ainda segundo o senador, eles mantiveram relações sexuais de forma consensual. E em nenhum momento a modelo demonstrou resistência ou falou que queria ir embora.
O senador afirma que, depois disso, ela se demorou no banheiro até que ele recebeu mensagem de uma amiga da modelo dizendo que a jovem estava pedindo ajuda.
E que, ao sair do banheiro, a modelo tentou agredi-lo. O exame de corpo de delito do senador deu negativo, o que para a defesa demonstra que não houve luta corporal entre eles.
Em nota, o advogado do senador disse que todas as imagens requisitadas, de todos os locais em que estiveram naquela data, revelam justamente o contrário do que afirmou a modelo. Ou seja, segue o advogado, as imagens revelam que eles chegaram de mãos dadas, caminhando tranquilamente e, mais que isso, mostraram que ela manuseara seu celular, conduta incompatível com alguém que estaria alegadamente sem a capacidade e discernimento de seus atos.
A defesa diz ainda que ao final das apurações, a verdade prevalecerá, e a inocência do senador será comprovada.
Na próxima semana os investigadores devem ouvir mais pessoas que estiveram com o senador e a modelo novamente.
A polícia também aguarda a chegada do exame toxicológico, que vai indicar se os dois consumiram álcool ou drogas. E vai analisar as mensagens do celular da modelo, em busca de pistas que ajudem a esclarecer o que aconteceu dentro do flat.
Os crimes apurados no inquérito policial são os de invasão de dispositivo informático e de associação criminosa, ambos previstos no Código Penal; além de outros previstos no Código Eleitoral e na Lei das Eleições.
Com Agências
Foi preso neste sábado em Portugal, numa operação da Polícia Federal com auxílio da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária Portuguesa, o hacker suspeito de invasão aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com a PF foram cumpridos, em São Paulo e em Minas Gerais, três mandados de busca e apreensão e três medidas cautelares de proibição de contato entre investigados e, em Portugal, um mandado de prisão e um mandado de busca e apreensão.
Os crimes apurados consistem em invasão de dispositivo informático e de associação criminosa.
A operação da PF foi batizada de "Exploit", definido pela PF como "uma parte de software, um pedaço de dados ou uma sequência de comandos que tomam vantagem de um defeito a fim de causar um comportamento acidental ou imprevisto no software ou hardware de um computador ou em algum dispositivo eletrônico".
Ainda de acordo com a PF, o ataque foi bem maior do que se imaginava.
O TSE havia informado que haviam sido colhidas no ataque informações do período compreendido entre 2001 e 2010.
A PF já identificou que esse ataque também invadiu dados de 2020.
Goiás e Rondônia não divulgaram dados; casos confirmados chegam a 6,2 milhões
Com G1 e MS
O consórcio de veículos de imprensa divulgou novo levantamento da situação da pandemia de coronavírus no Brasil a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h desta sexta-feira (27).
O país registrou 501 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 171.998 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 477. A variação foi de -2% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de estabilidade nas mortes por Covid, quando não há aumento ou queda significativos.
Já o Ministério da Saúde, o número de óbitos relacionados à pandemia do novo coronavírus chegou hoje (27) a 171.971. Entre ontem e hoje, foram registradas 511 novas mortes. Ontem, o sistema do Ministério da Saúde indicava 171.460 mortes por covid-19 desde o primeiro caso. Ainda há 2.177 óbitos em investigação.
Com 6.238.093 casos registrados no Brasil desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde aponta que a taxa de recuperação está em 88,8%, com 5.536.355 pessoas consideradas recuperadas da doença. Nas últimas 24 horas, foram registrados 33.873 diagnósticos positivos para covid-19.
Os novos dados sobre a pandemia estão na atualização diária do Ministério da Saúde, divulgada em entrevista coletiva nesta sexta-feira (27). O órgão divulga a cada dia um balanço a partir de informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde.
Em geral, os casos são menores aos domingos e segundas-feiras em função da dificuldade de alimentação pelas secretarias estaduais de saúde. Já às terças-feiras, eles podem subir mais em função do acúmulo de registros atualizado.
Estados
Os estados com mais mortes pela covid-19 são:
» São Paulo (41.902)
» Rio de Janeiro (22.448)
» Minas Gerais (9.948)
» Ceará (9.568)
» Pernambuco (8.999)
As Unidades da Federação com menos óbitos pela doença são:
» Acre (722)
» Roraima (724)
» Amapá (802) - dado relativo ao dia 25
» Tocantins (1.157)
» Rondônia (1.535) - dado relativo ao dia 25
O fundador da Qualicorp, José Seripieri Filho, assinou na quinta-feira (26) um acordo de delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República (PGR)
Com Agências
O ex-diretor-presidente de um dos braços da Qualicorp no setor de planos de saúde, Elon Gomes de Almeida, fechou um acordo de delação premiada com a Justiça Eleitoral de São Paulo e admitiu o pagamento de aproximadamente R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha do tucano José Serra ao Senado em 2014. É a primeira delação premiada que envolve o setor de planos de saúde.
A delação de Elon foi a base para a operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira que, com autorização da Justiça Eleitoral, realiza busca e apreensão em endereços ligados a Serra e prendeu o ex-presidente do grupo Qualicorp, José Seripieri Filho.
Fundador da empresa Aliança, controlada pela Qualicorp, Elon era pessoa de extrema confiança de Seripieri Filho e responsável por operacionalizar os repasses a políticos.
Elon afirmou em sua delação premiada que o repasse de caixa dois para Serra foi acertado por Seripieri, responsável no grupo Qualicorp por manter relações com políticos. O ex-diretor disse que, após o acerto feito por Seripieri, coube a ele realizar o repasse, por meio de contratos fictícios com empresas que posteriormente abasteceriam a campanha de Serra.
Em seu depoimento, Elon disse que não houve acerto de contrapartida a ser dada por Serra ao grupo empresarial. Segundo Elon, o caso seria estritamente de caixa dois, sem nenhum benefício prometido pelo tucano durante seu mandato.
De acordo com investigadores, o conjunto de provas entregue por Elon incluiu os comprovantes das transferências de recursos e contratos fictícios, sem prestação de serviços.
Seripieri sempre teve relações próximas com políticos. Em 2014, recebeu em seu casamento, em Bragança Paulista (SP) recebeu nomes como o então governador Geraldo Alckmin, José Serra e Gilberto Kassab, além da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Elon Gomes de Almeida havia sido alvo da Operação Acrônimo, deflagrada em dezembro de 2015 e que investigou o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT). No curso das investigações, ele cenfessou ter pago caixa dois a uma das campanhas eleitorais de Pimentel. Com isso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu o reconhecimento de sua confissão e a redução de sua pena.
Depois disso, o empresário procurou a Justiça Eleitoral de São Paulo e fechou um acordo envolvendo o caixa dois para José Serra.
Elon fundou a empresa Aliança Administradora de Benefícios de Saúde, que era controlada pela Qualicorp. Em 2017, a Qualicorp comprou o restante da participação societária na Aliança e passou a deter 100% da companhia. Na ocasião, Elon deixou o cargo de diretor-presidente da Aliança.
A Qualicorp também havia sido citado na delação premiada do ex-ministro petista Antonio Palocci. No seu acordo fechado com a PF, Palocci afirmou que a Qualicorp fez pagamentos a uma empresa de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em troca de obter benefícios na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Réus na Justiça Eleitoral
No último dia 4, o senador José Serra e os empresários José Seripieri Filho, da Qualicorp, Mino Mattos Mazzamati e Arthur Azevedo Filho se tornaram réus na Justiça Eleitoral em São Paulo. Eles são acusados de caixa dois, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O caso tramita em sigilo até o próximo domingo (28), quando acontece o segundo turno das eleições municipais, para que as informações não sejam usadas nas campanhas.
A defesa do senador José Serra afirmou em nota que "repudia com veemência a denúncia oferecida contra ele pelo Ministério Público Eleitoral na noite desta quarta-feira (4), formulada com base em uma investigação vazia, sobre a qual ele nunca teve nem mesmo a oportunidade de ser ouvido".
"A acusação, oferecida às pressas e sem fundamento, constrói uma narrativa fantasiosa, que será devidamente desmentida pelos fatos. O episódio reforça o caráter espetaculoso de mais esta ação contra o senador, cuja reputação e carreira são destacadamente incompatíveis com as práticas que lhe foram atribuídas. José Serra reitera sua confiança na Justiça", disse a nota dos advogados Flávia Rahal e Sepúlveda Pertence.
Procurado, o empresário José Seripieri Filho, da Qualicorp, disse também por meio de nota que "o Ministério Público Eleitoral apresentou uma denúncia repleta de ilegalidades", onde "permanece ainda o ambiente de excessos, apesar das correções já feitas pelo Supremo Tribunal Federal".
"Ao apurarem uma doação eleitoral, os denunciantes conseguiram transmutar essa ação em crime típico de funcionário público, mas atribuído a uma pessoa de atividade privada, o que é vedado pela lei. E, ao que parece, levou a contradições inerentes à própria delação colhida anteriormente, que pode ter sido ou esquecida ou confundida. Difícil saber pela peça do MPE. Diante de tão frágil alegação e do pouco nexo probatório, a denúncia deve ter vida breve nos tribunais. Sim", disse Seripieri Filho.
Alíquota zero acabaria apenas no fim de dezembro
Por Wellton Máximo
O retorno da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de crédito renderá cerca de R$ 2 bilhões em um mês, disse hoje (26) o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal. A alíquota zero, que acabaria no fim de dezembro, acabou ontem (25) por meio de uma medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Com a MP, quem pegou dinheiro emprestado numa operação de crédito voltará a pagar 3% ao ano (empresas) e 6% ao ano (pessoas físicas) sobre o valor contratado, mais uma alíquota fixa de 0,38% por operação. Zerada para baratear a concessão de crédito durante a pandemia do novo coronavírus, a cobrança de IOF foi retomada para custear a isenção da tarifa de energia aos consumidores atingidos pelo apagão de três semanas no Amapá.
Segundo Funchal, a antecipação da medida em um mês não estava planejada e ocorreu por uma contingência, porque o IOF, por tratar-se de um imposto regulatório, tem efeito imediato sobre a arrecadação quando é reajustado. “É claro que o ideal é você ter algo planejado, mas teve uma eventualidade que foi a questão do Amapá e, para as ações de novas despesas poderem ser feitas, pela LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal] era necessária uma compensação", disse.
Também ontem, o governo editou medida provisória com crédito de R$ 80 milhões ao Ministério de Minas e Energia (MME). Funchal, no entanto, não explicou a divergência de valores entre os R$ 2 bilhões de arrecadação com o IOF e o valor repassado ao MME. Apenas disse que o governo agiu de forma conservadora, para evitar desrespeitar a LRF.
Inflação
Sobre o impacto da inflação sobre a gestão da dívida pública, Funchal disse que a recente alta no preço dos alimentos é transitória e não preocupa. “A gente tem confiança no time do Banco Central. Isso aí está bem controlado e claramente foi uma situação dessa inflação momentânea por conta de mudanças de padrão de consumo durante a pandemia”, declarou.
Segundo o relatório de dívida pública, divulgado ontem, cerca de 25% da Dívida Pública Federal é corrigida pela inflação. Essa é a proporção de títulos corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na dívida total.
Em relação aos elevados volumes de vencimentos da dívida pública em 2021, o secretário do Tesouro afirmou estar preparado. Ele reiterou que o órgão está recompondo o colchão da dívida pública, reserva financeira para pagar vencimentos caso as condições de mercado se agravem.