Mauro Paulino lança algumas hipóteses para explicar as divergências entre os números dos institutos e a votação
Por Jeff Benício
Em clima de ressaca, a 'Central das Eleições' da GloboNews debateu a surpreendente nova onda bolsonarista na eleição.
Ex- diretor do Datafolha e agora comentarista do canal, Mauro Paulino tentou ajudar os colegas de emissora a compreender os equívocos das pesquisas, bem além da margem de erro.
"Temos que relativizar os resultados das pesquisas", disse. "Os institutos precisam rever suas metodologias."
A Globo contrata o Datafolha e o Ipec (comandado por ex-funcionários do Ibope) para realizar levantamentos divulgados em primeira mão em seus telejornais.
"Neste momento, as pesquisas estão na berlinda e os pesquisadores precisam dar respostas", afirmou Paulino.
Ele concluiu que os institutos não conseguiram "captar a força da direita no Brasil" e precisam buscar "outras fontes de informação".
Citou a influência do conteúdo propagado por aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, na definição do voto de muitos brasileiros.
O comentarista acredita que a defasagem dos dados do Censo (o último foi em 2010) pode explicar parte dos erros dos institutos, que tentam atualizar o perfil do País ao escolher quem entrevistar.
Mauro Paulino disse que as pesquisas de 2º turno são historicamente mais precisas, com maior chance de acerto no resultado das urnas.
Esse choque de realidade vai fazer os jornalistas da Globo e GloboNews analisarem a nova etapa da eleição sob um novo aspecto, sem se apegar tanto aos números.
A imprensa precisa se voltar às ruas, ao invés de ficar tão dependente dos dados dos institutos. Ouvir mais o povo. Sob pressão, o jornalismo também precisa dar respostas.
Senado é historicamente visto como a casa dos parlamentares mais experientes
Por Olavo Soares
As eleições deste domingo (2) indicaram os ocupantes de 27 cadeiras do Senado e consagraram o partido do presidente Jair Bolsonaro. O PL fez 6 senadores e agora tem 14 representantes no Senado, a maior bancada da casa.
A vice-liderança fica com o PSD, que ficará com 11 nomes. A terceira posição é do União Brasil, de 10 senadores.
O ambiente pró-Bolsonaro que o Senado passará a ter em 2023 diverge do cenário atual, em que a casa, embora não seja exatamente dominada pela oposição, fez jogo duro para o presidente durante todo o mandato do atual chefe do Executivo.
O Senado, por exemplo, instalou a CPI da Covid, que foi conduzida por adversários de Bolsonaro, e não avançou com pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma demanda do presidente e seus aliados. O presidente do Senado é Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que em muitas vezes divergiu publicamente de Bolsonaro, especialmente em assuntos ligados às urnas eletrônicas e à segurança do processo eleitoral.
O Senado tem 81 membros e faz sua renovação de forma alternada: em uma eleição são selecionados um representante para cada estado e para o Distrito Federal, totalizando 27 parlamentares, e na seguinte são dois para cada unidade da federação, o que resulta em 54 vagas. Os eleitos tomarão posse em fevereiro.
A renovação de 2022 pode ser maior, caso os senadores que disputam as eleições para os governos de seus estados sejam vitoriosos. Estão na disputa do segundo turno os senadores Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Braga (MDB-AM), Rogério Carvalho (PT-SE) e Rodrigo Cunha (UB-AL). Se eles vencerem, seus primeiros suplentes assumem os mandatos.
Como está o Senado hoje
Atualmente, a maior bancada do Senado é a do MDB, que tem 13 representantes. Na relação estão desde parlamentares eleitos em 2014 e 2018 e também suplentes que estão no exercício do mandato, como Ivete da Silveira (SC) e Luiz Pastore (ES).
A segunda colocação é do partido do presidente do Senado, o PSD. Além de Pacheco, a agremiação conta com outros 11 representantes. Três deles buscaram a renovação de seus mandatos neste domingo, Alexandre Silveira (MG), Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM). Alencar e Aziz venceram a eleição e Silveira foi derrotado.
PP e Podemos, ambos com oito nomes cada, têm as terceiras maiores bancadas. O único nome do Podemos que disputou a reeleição foi Alvaro Dias (PR), que acabou derrotado. Lasier Martins (RS) concorreu a uma vaga de deputado e os demais estão na metade de seus mandatos.
Os partidos de Lula e Bolsonaro, PT e PL, têm sete senadores cada, assim como o União Brasil, da agora ex-presidenciável Soraya Thronicke (MS).
Confira a relação dos eleitos em 2022
AC
Alan Rick (União Brasil)
AL
Renan Filho (MDB)
AP
Davi Alcolumbre (União Brasil)
AM
Omar Aziz (PSD)
BA
Otto Alencar (PSD)
CE
Camilo Santana (PT)
DF
Damares Alves (Republicanos)
ES
Magno Malta (PL)
GO
Wilder Moraes (União Brasil)
MA
Flávio Dino (PSB)
MG
Cleitinho (PSC)
MS
Tereza Cristina (PP)
MT
Wellington Fagundes (PL)
PA
Beto Faro (PT)
PB
Efraim Filho (União Brasil)
PE
Teresa Leitão (PT)
PI
Wellington Dias (PT)
PR
Sérgio Moro (União Brasil)
RJ
Romário (PL)
RN
Rogério Marinho (PL)
RO
Jaime Bagatolli (PL)
RR
Hiran Gonçalves (PP)
RS
General Mourão (Republicanos)
SC
Jorge Seif (PL)
SE
Laércio Oliveira (PP)
SP
Marcos Pontes (PL)
TO
Professora Dorinha (União Brasil)
Com Agência Câmara
No último domingo (2), ficou definida a composição da Câmara dos Deputados para 2023. O PL e PT foram os partidos com as maiores bancadas e, no total, 23 legendas foram eleitas para integrar a casa legislativa.
Veja quais partidos e coligações elegeram deputados e quantos representantes terão:
PL: 99 deputados
PT/PCdoB/PV: 80 deputados (PT com 68, PCdoB com 6 e PV com 6)
União Brasil: 59 deputados
PP: 47 deputados
MDB: 42 deputados
PSD: 42 deputados
Republicanos: 41 deputados
PSDB/Cidadania: 18 deputados
PDT: 17 deputados
Rede/Psol: 14 deputados
PSB: 14 deputados
Podemos: 12 deputados
Avante: 7 deputados
PSC: 6 deputados
Solidariedade: 4 deputados
Patriota: 4 deputados
Novo: 3 deputados
Pros: 3 deputados
PTB: 1 deputado
O grupo da direita, formado por PL, PP, Republicanos, União Brasil, PTB e Novo soma 250 cadeiras na Câmara dos Deputados, cerca de 49% da casa.
Os partidos independentes, sem associação direta com o presidente Jair Bolsonaro atualmente, são PSD, MDB, PSDB/Cidadania, Podemos, Patriota e PSC. Juntos, eles somam 124 deputados.
O bloco mais ligado a Lula e a esquerda tem a coligação PT/PcdoB/PV, PSB, PDT, Psol/Rede, Avante, Solidariedade e Pros. Juntos, os partidos chegam a 139 deputados.
Menor número de partidos
Com os resultados da eleição do último domingo (2), a Câmara dos Deputados terá, a partir de 2023, representantes de 23 partidos. O número é menor do que o de 2018, quando foram eleitos deputados de 30 legendas diferentes.
Há ainda a previsão de que o número caia no início do próximo ano, com migrações de deputados para outros partidos. Sem a cláusula de desempenho, legendas ficarão sem acesso ao Fundo Partidário, o que estimula a mudança entre legendas.
Em 2018, quando foram eleitos deputados de 30 partidos, apenas 21 tinham números para ultrapassar a cláusula de desempenho. Em outubro de 2022, a Câmara tem representantes de 23 legendas, após as migrações.
Com Agência Senado
Os eleitores de 14 estados e do Distrito Federal resolveram a eleição para governador já no primeiro turno. De acordo com a Constituição de 1988, o candidato precisa ter 50% dos votos válidos mais um voto para ser eleito sem a necessidade de uma segunda rodada. Outros 13 estados terão segundo turno. Do ponto de vista proporcional, as votações mais expressivas deste primeiro turno foram a do Pará (Helder Barbalho - MDB), a do Mato Grosso (Mauro Mendes - União) e a do Paraná (Ratinho Júnior - PSD), em que os eleitos conseguiram em torno de 70% dos votos válidos.
Conheça os novos governadores.
ACRE | |
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Gladson Cameli (PP) foi reeleito governador do Acre, com quase 57% dos votos. Nasceu em Cruzeiro do Sul (AC), no dia 26 de março de 1978. Engenheiro e empresario, Cameli já ocupou os cargos de deputado federal e de senador. Ele é sobrinho do ex-governador Orleir Cameli, que morreu em 2013. A vice é a senadora Mailza Gomes, também do Progressistas, de 45 anos. |
AMAPÁ | |
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Clécio (SD) foi eleito governador com quase 53,6% dos votos. Clécio Luís Vilhena Vieira nasceu em Belém (PA), no dia 8 de abril de 1972. Ele já foi vereador de Macapá, em duas oportunidades, eleito em 2004 e 2008. Também foi prefeito da capital, deixando o Executivo Municipal após oito anos, em 2020. Seu vice é Teles Jr. |
CEARÁ | |
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Elmano Freitas (PT) foi eleito governador ao conquistar 54% dos votos. Ele nasceu no dia 12 de abril de 1970, em Baturité (CE). Advogado, o deputado estadual é filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 1989. Atuou na Rede Nacional de Advogados Populares (Renap), bem como na defesa jurídica e política do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Elmano também foi secretário de Educação de Fortaleza (CE). |
DISTRITO FEDERAL | |
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Ibaneis (MDB) foi reeleito depois de conquistar 50,3% dos votos. Ele nasceu no dia 10 de julho de 1971, em Brasília (DF). Ibaneis Rocha Barros Júnior é formado em direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), fez pós-graduação em processo do trabalho e processo civil e é mestrando em gestão e políticas públicas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. |
GOIÁS | |
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Ronaldo Caiado (União) foi reeleito governador de Goiás com 51,8% dos votos. Seu vice é Daniel Vilela. Ronaldo Ramos Caiado nasceu no dia 25 de setembro de 1949, no município de Anápolis (GO). Ele é médico, professor e produtor rural. Iniciou a vida política como deputado federal, cargo que exerceu por quatro mandatos consecutivos: de 1991 a 2015. Também foi senador, entre os anos de 2015 e 2018. |
MARANHÃO | |
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Carlos Brandão (PSB), 64 anos, é o atual governador e nesta eleição obteve mais de 51% dos votos válidos. Ele assumiu o estado em abril devido à desincompatibilização do titular Flávio Dino. É empresário e médico veterinário, formado pela Universidade Estadual do Maranhão. Foi deputado federal (2007-2014) e vice-governador entre 2015 e 2022. O vice-governador na chapa é o professor universitário Felipe Camarão (PT), 40 anos. |
MATO GROSSO | |
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Mauro Mendes (União) conquistou a reeleição com 68,5% dos votos. Otaviano Piveta será o vice-governador. Mauro Mendes Ferreira nasceu em Anápolis (GO), no dia 11 de abril de 1964. Formado em engenharia elétrica, ele foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT) e do sistema Sesi/Senai entre os anos de 2007 e 2010. Mendes também foi prefeito de Cuiabá (MT), de 2013 a 2016. |
MINAS GERAIS | |
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Romeu Zema (Novo) foi reeleito com pouco mais de 56% dos votos no primeiro turno. Seu vice é Mateus Simões de Almeira, conhecido como professor Mateus. Romeu Zema Neto nasceu no dia 28 de outubro de 1964, no município de Araxá (MG). Ele é dono do Grupo Zema, um conglomerado de empresas de diferentes setores. A sua primeira experiência na vida política foi justamente como governador de Minas Gerais, cargo para o qual foi eleito em 2018. |
PARÁ | |
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Helder Barbalho (MDB) foi reeleito com 70% dos votos válidos. Sua vice é Hana Ghassan Tuma. Helder Zahluth Barbalho nasceu no dia 18 de maio de 1979, em Belém (PA). Formado em administração, já foi vereador, deputado, prefeito eleito e reeleito em Ananindeua (PA). Também foi presidente da Federação das Associações de Municípios do Estado do Para (Famep) e ministro da Pesca, Portos e Integração Nacional no governo de Michel Temer (MDB). |
PARANÁ | |
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Carlos Roberto Massa Júnior, conhecido como Ratinho Júnior (PSD), foi reeleito governador do Paraná com mais de 69% dos votos. Seu vice é Darci Piana. Ratinho Júnior nasceu em no dia 19 de abril de 1981, em Jandaia do Sul (PR). Ele começou sua carreira política em 2002, quando foi eleito deputado estadual no Paraná. Em seguida, foi deputado federal por dois mandatos consecutivos (2007-2013) e, novamente, eleito deputado estadual em 2014. Em 2018, foi eleito governador do Paraná. |
PIAUÍ | |
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Rafael Fonteles (PT) foi eleito depois de conquistar 57% dos votos. Ele nasceu no dia 6 de maio de 1985, em Teresina (PI). Bacharel em matemática pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), ele tem mestrado em economia matemática (IMPA-RJ). Secretário estadual da Fazenda (2015-22), renunciou para concorrer ao governo. Presidiu por dois mandatos o Conselho Nacional dos Secretários de Fazenda (Confaz). |
RIO DE JANEIRO | |
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Cláudio Castro (PL) foi reeleito com 58,6% dos votos. Cláudio Bomfim de Castro e Silva nasceu no dia 29 de março de 1979, na cidade de Santos (SP). Além de advogado, também é músico, compositor e cantor, autor de dois álbuns de música católica. Como vice-governador, assumiu interinamente o governo do estado em 28 de agosto de 2020 em decorrência do afastamento do titular Wilson Witzel. |
RIO GRANDE DO NORTE | |
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Com 58,3%, Fátima Bezerra (PT) foi reeleita governadora do Rio Grande do Norte. Seu vice é Walter Alves. Maria de Fátima Bezerra nasceu em Nova Palmeira (PB), no dia 19 de maio de 1955. Formada em pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Fátima foi professora da rede de ensino estadual e municipal. Governadora desde 2019, foi senadora (2015-2018), deputada federal (2003-2014) e estadual (1995-2002). |
RORAIMA | |
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Antonio Oliverio Garcia De Almeida, conhecido como Antonio Denarium (PP), foi reeleito governador de Roraima com 56,47% dos votos. Seu vice é Edilson Damião. Antonio Denarium nasceu no município de Anápolis (GO), no dia 3 de março de 1964. Como bancário, migrou para Roraima para implantar uma agência. Depois, criou sua próprias empresas, na área de fomento agrícola e no ramo imobiliário. Foi interventor do estado de Roraima em 2018, ano em que foi eleito para seu primeiro mandato como governador. |
TOCANTINS | |
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Wanderlei Barbosa (Republicanos) foi reeleito governador de Tocantins com 58% dos votos. Seu vice é Laurez Moreira. Wanderlei Barbosa Castro nasceu no município de Porto Nacional (TO), no dia 12 de março de 1964. Ele começou a vida política em sua cidade natal, onde foi eleito vereador. Foi deputado estadual por duas vezes, até se tornar vice-governador e assumir o governo após renúncia de Mauro Carlesse, que tentou o Senado. |
Fonte: Agência Senado
O Observatório Político de O Paralelo 13 fez vários alertas e foi insistente que, em caso de derrota nas eleições de ontem, alguns políticos tocantinenses fariam parte “de corpo presente” de um sepultamento coletivo, caso suas candidaturas não terminassem em vitória. E foi exatamente isso que aconteceu.
Por Edson Rodrigues
Ante ao poderio da candidatura do governador Wanderlei Barbosa à reeleição, ao lado da deputada federal Dorinha Seabra ao Senado, alguns dos políticos mais tradicionais – e alguns da nova leva, também – acabaram sucumbindo, tomando decisões errôneas e, a partir de hoje passam a trazer em seus currículos uma derrota acachapante, difícil de ser ignorada pelos eleitores nos próximos pleitos e, principalmente, muito difícil de ser explicada.
Wanderelei Barbos com o pai Fenelon o vice Laurez Moreira e a senadora eleita Professora Dorina Seabra
Wanderlei Barbosa, em uma jogada de mestre, montou uma estrutura de campanha e um grupo político repleto de bons nomes. Juntou-se a Laurez Moreira, seu candidato a vice-governador e à Dorinha Seabra como candidata a senadora. Por trás dessa chapa majoritária, estavam vários bons nomes a deputado federal e estadual, com penetração em todas as regiões do Estado, configurando um aglomerado político muito difícil de ser batido.
O grupo era tão bom, que atraiu a atenção da senadora Kátia Abreu e de seu filho, o também senador Irajá Abreu. Kátia chegou a dar declarações à imprensa elogiando o trabalho de Wanderlei Barbosa, participou de cerimônias e eventos palacianos e, realmente, chegou a ser cogitada pelo grupo político.
MOVIMENTOS ESTRANHOS
Mas, eis que Irajá Abreu, primeiro, resolve apoiar a candidatura do deputado federal Osires Damaso ao governo. Um movimento estranho, que causou um estremecimento no relacionamento de Kátia Abreu com o grupo palaciano.
Kátia Abreu em encontro Político com Osires Damaso
Kátia já não contava com a simpatia unânime dentro do Palácio Araguaia e, quando Irajá Abreu resolveu, em uma convenção partidária realizada em Lavandeira, um dos menores colégios eleitorais do Estado, longe da imprensa e das cúpulas dos partidos, lançar a si próprio como candidato ao governo, deixando Osires Damaso em maus lençóis, Kátia Abreu se viu sem nenhuma “moeda de troca” para barganhar com o grupo palaciano que, de imediato, resolveu apoiar Dorinha Seabra ao Senado.
Os movimentos de Irajá Abreu foram estranhos por dois motivos: primeiro, ele só se elegeu senador por conta do prestígio de sua mãe. Segundo, sem nenhum grupo político definido ou grandes lideranças a apoiá-lo, revelou-se candidato ao governo depois de declarar seu próprio apoio a um candidato.
De uma tacada só, Irajá Abreu prejudicou sua mãe – muitos chamam isso de traição –, praticamente forçou Osires Damaso a desistir de sua candidatura ao governo, e colocou a si próprio em situação delicada, pois claramente não reunia nem experiência política nem um grupo de apoio, com partidos e lideranças políticas, necessários para uma empreitada tão audaciosa.
MAIS MOVIMENTOS ESTRANHOS
Kátia Abreu em fala de apoio a Marcelo Miranda e Dulce Miranda
Depois de ter o caminho de sua derrota política pavimentado pelo seu próprio filho, Kátia Abreu se viu “no mato sem cachorro”, com pouco tempo para mudar suas estratégias e reinventar sua candidatura à reeleição.
Mas, a solução escolhida por ela passava por outro movimento estranho aos eleitores e acabou naufragando, levando junto um dos políticos mais carismáticos do Tocantins e, de lambuja, sua esposa.
A união impensável entre o ex-governador Marcelo Miranda e sua esposa, deputada federal Dulce Miranda com Kátia Abreu surpreendeu a todos no meio político. Primeiro porque Kátia já tinha uma grande rejeição entre os deputados estaduais e, segundo, porque o próprio Marcelo Miranda, por várias e várias vezes, havia afirmado que jamais estaria em um mesmo palanque político que Kátia Abreu.
Não se sabe o quanto a ausência do saudoso Dr. Brito Miranda, que jamais perdeu uma eleição no Tocantins, teve reflexos nos caminhos escolhidos por Marcelo Miranda, mas, certamente, faltou orientação e coerência, e o resultado não poderia ser outra: Kátia Abreu, Marcelo Miranda e Dulce Miranda não se elegeram, e vãos e juntar à “família” Dimas, Ronaldo Dimas, ex-prefeito de Araguaína e candidato a governador, e Tiago Dimas, candidato à reeleição como deputado federal, que também sofreram derrotas desmoralizantes.
Tudo dentro do que foi previsto pelo nosso Observatório Político.
PROFESSOR DE DEUS
Ex-prefeito Ronaldo Dimas o derrotado
Ronaldo Dimas, aliás, é um caso exemplar de “murro em ponta de faca”. Considerado um dos melhores prefeitos da história de Araguaína, com administrações que trouxeram desenvolvimento e melhores condições de vida à população da cidade – tanto que conseguiu eleger seu sucessor e boa parte da Câmara de Vereadores – Dimas parece que deixou o sucesso subir à cabeça.
Essa é a única explicação plausível para que ele tenha imposto sua candidatura para o governo ao seu grupo político, mesmo que isso significasse contrariar prefeitos dos 11 maiores colégios eleitorais do Tocantins, que queriam o senador Eduardo Gomes como candidato.
Dimas “bateu o pé” e Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, para evitar um “racha’ no grupo político, resolveu não só apoiar, mas coordenar a campanha do ex-prefeito de Araguaína.
Senador Eduardo Gomes com o presidente Jair Bolsonaro
Eduardo Gomes trabalhou ininterruptamente para tentar transferir seu prestígio a Ronaldo Dimas, tanto que conseguiu apoio dos prefeitos de Gurupi, Josi Nunes, e de Paraíso do Tocantins, Celsim Morais, além de colocar uma ótima infraestrutura de campanha à disposição do seu candidato, trazendo, também, diversos bons nomes para as chapas proporcionais e, em um último esforço, o presidente Jair Bolsonaro, que esticou uma motociata do estado do Maranhão até a região do Bico do Papagaio, onde pediu votos para Dimas.
Mas a arrogância de Ronaldo Dimas e seu jeito de “professor de Deus”, não foram bem recebidos nem em seu grupo político nem no eleitorado tocantinense.
Na verdade, a candidatura de Dimas nunca chegou a decolar, ficando presa ao solo pelo peso do seu ego, que acabou tendo reflexos na vida política do seu filho, Tiago Dimas, que não conseguiu se reeleger deputado federal.
ELEITORADO DEU A SENTENÇA
Por fim, como em toda eleição, coube aos eleitores julgar o comportamento, as propostas e as atitudes dos candidatos que concorreram à uma vaga de governador, uma de senador, oito de deputado federal e 24 de deputado estadual.
E a sentença foi dura. Ficou que o povo julgou estar trabalhando direito, entrou que os eleitores acharam que mereciam uma chance e ficaram de fora os que provocaram dúvidas, trouxeram incertezas e demonstraram comportamentos incertos ou estranhos aos seus olhos.
Kátia e Irajá Abreu, Ronaldo Dimas, Tiago Dimas, Marcelo e Dulce Miranda são apenas os nomes mais conhecidos dos derrotados, mas, sabemos, muitos outros nomes tradicionais da política tocantinense também ficaram de fora, engrossando a fila do “sepultamento político coletivo”.
Irajá Abreu e Kátia Abreu mãe e filho - Marcelo Miranda e Dulce Miranda, marido e esposa
Foram derrotas duras e amargas, difíceis de serem digeridas e revertidas, mas todos os que possuem históricos de serviços prestados ao Tocantins, apesar deste sepultamento político, ainda têm condições de se repaginar, se reinventar e recomeçar suas carreiras. Mas, antes disso, precisam calçar as “sandálias da humildade”, repensar suas atitudes e fazer uma profunda reflexão, em busca das respostas sobre o que fizeram ou estão fazendo de errado, que os levou a serem rejeitados pelos eleitores.
Como dizia o saudoso Tancredo Neves, “fazer política tem a ver com amor e servir ao povo, não a si próprio”.
Fica a dica!