A composição da bancada do futuro partido União Brasil deve mudar após a janela partidária, período que será aberto em março do ano que vem e permite trocas de partidos sem a perda de mandato
Por Lauriberto Pompeu
Dirigentes do PSL já contabilizam uma debandada de pelo menos 25 deputados bolsonaristas da nova legenda. Mas o que deve pesar para a permanência ou a saída de parlamentares do União Brasil são os arranjos regionais.
O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) afirmou que deixará o partido se o diretório estadual do Rio ficar com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (PSL). O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), por sua vez, condicionou sua permanência no União Brasil ao apoio da nova sigla à pré-candidatura do deputado estadual Arthur do Val (Patriota), conhecido como "Mamãe Falei", ao governo de São Paulo. A nova legenda ainda discute se apoia a pré-candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) ou se tenta filiar Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB, para lançá-lo ao governo estadual.
"Tudo depende da conjuntura", afirmou o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), aliado de ACM Neto e responsável por coordenar as articulações regionais da fusão. Ele evitou adiantar qualquer posição para a disputa do ano que vem. "Isso não está posto na mesa por enquanto. 2022 vamos discutir em 2022", afirmou.
Se obtiver o aval da Justiça Eleitoral, o União Brasil terá o maior caixa eleitoral no ano que vem, o que deve valorizar o passe da sigla na hora de negociar apoios. Apenas de Fundo Partidário serão R$ 158 milhões - atualmente, a maior fatia é a do PT, de R$ 94 milhões.
A nova sigla terá também a maior cota do fundo eleitoral, cujo valor ainda deve ser fixado pelo Congresso. Se considerada a soma dos valores de 2020 dos fundos eleitoral e partidário, o União Brasil teria R$ 478,2 milhões, montante maior que o do PT, que ficaria com R$ 295,7 milhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Procurador chefiou a equipe da Procuradoria da República em Curitiba durante a Operação Lava Jato
por Renato Souza
O procurador do MPF (Ministério Público Federal) no Paraná Deltan Dallagnol decidiu renunciar ao cargo em definitivo para seguir carreira política. Dallagnol é um dos nomes mais conhecidos da Lava Jato e, durante a operação, atuou em processos que envolviam políticos. Ele é um dos integrantes mais próximos do ex-juiz Sergio Moro.
Em setembro do ano passado, Dallagnol deixou o cargo de chefe da equipe de investigação em Curitiba para cuidar da filha, que passava por problemas de saúde. Com a saída do cargo, ele deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. O agora ex-procurador da República chegou a sofrer processos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) pela acusação de não ter seguido rigorosamente o devido processo legal durante atuação nos processos de que participou como representante do Ministério Público.
Entre as imputações, estão eventuais combinações sobre diligências e audiências com Moro, reveladas em mensagens publicadas pela imprensa. Moro chegou a ser considerado parcial para julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ação movida no STF (Supremo Tribunal Federal).
Chefe do Executivo prestou depoimento em Brasília no inquérito que apura suposta interferência na Polícia Federal
Por Renato Souza e R7
O presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento na Polícia Federal, em Brasília, na noite de quarta-feira (3). O chefe do Executivo foi ouvido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito que investiga se ele interferiu na corporação.
O R7 teve acesso à íntegra do depoimento. O presidente respondeu a todas as perguntas feitas pela PF. Ele disse que indicou pessoalmente ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro o nome de Alexandre Ramagem para diretor-geral da corporação. De acordo com Bolsonaro, ele recomendou a troca no comando da PF por suspeitar de vazamentos para veículos de imprensa de informações sigilosas de investigações em andamento.
Bolsonaro afirmou que Moro concordou com a troca, mas impôs uma condição. O ex-ministro teria aceitado a promoção de Ramagem ao cargo máximo da corporação desde que ele fosse indicado para uma vaga no STF.
Questionado sobre declarações a respeito de possível interferência na PF do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que tinha preocupações com a integridade de sua família, especialmente com o filho Carlos Bolsonaro, que é vereador na cidade do Rio.
O chefe do Executivo afirmou ainda que sugeriu a Moro a troca de superintendente no Rio porque avaliava que "talvez" o delegado Ricardo Saad não tivesse autonomia suficiente para tomar decisões necessárias. Bolsonaro disse que considera o Rio um estado complicado, que necessitava de maior atenção.
Acusações do ex-ministro
O inquérito foi aberto após declarações do ex-ministro Sergio Moro, que alegou que Bolsonaro teria tentado interferir nos trabalhos da Polícia Federal.
Moro citou uma reunião no Palácio do Planalto em 22 de abril do ano passado. Na ocasião, o que teria chamado a atenção de Moro teria sido a frase "vou interferir", dita pelo presidente. No depoimento, Bolsonaro alegou que em nenhum momento citou interferência nos trabalhos de investigação.
Sobre a frase, o chefe do Executivo disse que estava tratando de sua segurança pessoal e de sua família. O teor da oitiva está com o ministro Alexandre de Moraes. A partir de agora, Moraes pode tomar as decisões finais sobre o caso. O depoimento do presidente era a última diligência prevista.
Em nota, a defesa de Moro disse que "foi surpreendida" com o depoimento do presidente, "sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada oficialmente, com a devida antecedência, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado".
Inquérito para apurar se houve participação de terceiros no atentado cometido por Adélio Bispo havia sido arquivado; Os argumentos da Justiça para liberar reabertura de investigação sobre facada em Bolsonaro
Com Agências
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) autorizou na quarta (3/11) a reabertura de uma investigação sobre as circunstâncias da facada que o presidente Jair Bolsonaro, então candidato, sofreu durante a campanha eleitoral de 2018.
A investigação, que apura se o autor da facada, Adélio Bispo, teve algum tipo de apoio ou financiamento, estava parada desde 2019 por causa de uma liminar (decisão provisória) concedida pelo próprio TRF-1 a pedido da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) nacional e da OAB de Minas Gerais.
As entidades haviam entrado com um mandado de segurança contra uma decisão da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora que autorizou, no âmbito da investigação, a quebra do sigilo bancário do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, defensor de Adélio, além de busca e apreensão de documentos do advogado, como livros-caixa, recibos, comprovantes de pagamentos de honorários e seu telefone celular.
A OAB defende que a quebra do sigilo violava a prerrogativa de sigilo profissional da advocacia, ou seja, o sigilo necessário para o advogado exercer sua profissão. A entidade afirma também que "foi pega de surpresa" pela quebra de sigilo e que deveria ter sido "previamente comunicada para acompanhar a diligência".
A liminar (decisão provisória) do TRF-1 de 2019 acatou o pedido. No entanto, na quarta, dois anos depois, o julgamento do mandado de segurança pela 2ª seção do tribunal derrubou a liminar por 3 votos a 1 e autorizou a continuação das investigações. Entenda os argumentos da decisão.
Advogado e cliente
O TFR-1 entendeu que a quebra de sigilo do advogado não fere a prerrogativa de sigilo profissional porque a investigação não é sobre a relação entre Oliveira Junior e Adélio, ou seja, entre o advogado e seu cliente.
Os desembargadores afirmam que o que está sendo investigado é se existe alguma relação com supostos patrocinadores.
Ou seja, os desembargadores entenderam que o que a investigação quer descobrir é se houve algum financiamento da tentativa de homicídio, e não uma devassa na relação entre o advogado e seu cliente - essa sim protegida pelo sigilo profissional.
O desembargador Ney Bello ressaltou que a proteção entre cliente e advogado não pode de nenhuma maneira" ser escrutinada porque se trata "da garantia fundamental" do direito de defesa. Ele lembrou que essa prerrogativa é protegida inclusive por jurisprudência do STF.
"Mas a questão que se discute aqui não é a relação entre o réu Adélio e o advogado que foi contratado. É a relação porventura existente entre uma terceira pessoa e aquele que também atuou como advogado", disse Bello no julgamento.
O desembargador Saulo José Casali Bahia concordou com esse entendimento e afirmou que a relação de Oliveira Junior com terceiros que tenham eventualmente pago a defesa de Adélio não é protegida por sigilo.
"Não se pode falar entre proteção de sigilo profissional quando a relação entre advogado e financiador não envolve prática de advocacia, mas mero pagamento de serviço advocatício em favor de outro", disse Casali Bahia.
A desembargadora Maria do Carmo Cardoso também votou pela continuação da investigação, formando maioria.
O voto contra foi do relator do caso, o desembargador Néviton Guedes, que entendeu que a investigação fere sim a prerrogativa da advocacia.
Ele já havia concedido liminar em favor da OAB com o argumento de que era incorreta a premissa de que a investigação não tem ligação com a relação entre advogado e cliente. Guedes defendeu também que há outros caminhos para se fazer a investigação sem violar o sigilo do advogado.
O Conselho Federal da OAB afirma que " atua em defesa das prerrogativas do advogado, do sigilo garantido, pela Constituição, entre advogado e cliente".
Um eventual recurso no caso, diz a entidade, "será oportunamente analisado após a disponibilização da decisão".
Suspeito de participar de fraudes de R$ 45 milhões, Mauro Carlesse (PSL) contratou três advogados badalados de Brasília para rever decisão na Corte Especial
Com Revista Veja
O governador afastado do Tocantins,Mauro Carlesse (PSL), não está medindo esforços para tentar voltar ao cargo, do qual foi afastado no último dia 20 de outubro, na esteira de uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes no setor de saúde que chegam a 45 milhões de reais.
O seu afastamento foi determinado pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para tentar reverter a decisão na Corte Especial do tribunal, que reúne os quinze ministros mais antigos, Carlesse contratou três dos principais defensores que atuam em Brasília: Nabor Bulhões, que defendeu clientes como o ex-presidente Fernando Colllor e o empresário Marcelo Odebrecht; o ex-presidente nacional da OAB Marcos Vinícius Coêlho; e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos principais advogados criminalistas do país, com uma extensa ficha de clientes alvos da Lava Jato.
Como funcionava o esquema
Segundo a Polícia Federal, funcionava da seguinte maneira: empresas usadas no esquema emitiam notas de produtos hospitalares nos valores da propina. Eram produtos que não existiam. Os hospitais e clínicas extorquidos pagavam esses valores, e então a nota era cancelada.
Ainda segundo a investigação, os valores da propina eram negociados pelo secretário especial de Parcerias e Investimentos, Claudinei Aparecido Quaresemin, sobrinho do governador e que também foi afastado do cargo. Segundo Luciano, dois parentes que administram o hospital da família estiveram com Claudinei em junho de 2019, para cobrar as dívidas do Plansaúde, o plano de assistência médica dos servidores públicos do Tocantins.
Um dos supostos pagamentos de propina foi registrado em vídeo, dois meses depois dessa reunião. No dia 20 de outubro, o Superior Tribunal de Justiça determinou o afastamento de Mauro Carlesse para ser investigado por uma extensa lista de crimes.
As informação são da Coluna Maquiavel da revista VEJA