Nesta sexta-feira, 26, o candidato a senador Mauro Carlesse (Agir) fez sua primeira grande reunião na Capital. No evento que reuniu uma multidão de apoiadores, o ex-governador Mauro Carlesse demonstrou sua força e potencial político na corrida eleitoral que acontece nos próximos dias
Por Edson Rodrigues
Com potencial de crescimento e fortalecendo parcerias em todos os municípios do Tocantins seria leviano por parte dos seus adversários subestimar a candidatura do ex-governador, que tem demonstrado consistência, organização e planejamento. Vale ressaltar que no processo eleitoral de 2022 a corrida ao senado é por uma única vaga.
Local
Poucos sabem ou se lembram, mas a relação de Mauro Carlesse com o Jardim Taquari iniciou ainda no mandato tampão, quando o então governador priorizou o bairro para receber obras de pavimentação asfáltica, uma demanda antiga da comunidade e de muitas promessas não cumpridas.
O ex-governador lembrou aos tocantinenses alguns dos seus feitos, os desafios enfrentados quando assumiu o mandato e a dificuldade para colocar o Tocantins na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Conquista esta que possibilitou ao Estado conseguir investimentos tendo a União como avalista. Falou dos pagamentos dos servidores públicos em dia, assim como o cumprimento com os fornecedores; das obras de infraestrutura e do início da obra da Ponte de Porto Nacional.
Em seu discurso, Mauro Carlesse foi por várias vezes interrompido pela multidão que o aplaudia. O primeiro suplente na sua chapa, Sebastião Albuquerque, complementou destacando a ampliação de colégios militares e casas populares.
Aliados
Companheira de primeira hora de Mauro Carlesse, a prefeita de Gurupi, Josi Nunes também esteve no evento e fez questão de reforçar as qualidades de Mauro Carlesse enquanto pessoa, um ser humano simples, humilde e do povo, segundo ela. O evento contou também com a participação de alguns caciques de Goiatins, Tocantínia e Lagoa da Confusão, das etnias Krahô, Xerentes e Javaés.
A semana tem sido proveitosa para o candidato a governador Ronaldo Dimas e seu vice Freire Jr, PL/PMDB/PODEMOS. Os prefeitos, Celso Morais de Paraíso, Camila Fernandes de Miracema e Manoel Silvino dê Tocantinia, acompanhados de vereadores, secretários, lideranças políticas e da comunidade, formalizaram o apoio ao Projeto de Ronaldo.
Da Assessoria
O senador Eduardo Gomes acompanhado do prefeito de Lajeado Júnior Bandeira, do vice-prefeito de Palmas André Gomes, acompanhou as reuniões e ouviu palavras de gratidão dos prefeitos, pelo grande volume de recursos destinados por ele a seus municípios. Respondeu afirmando que continuará se empenhando cada vez mais para trazer melhorias da qualidade de vida a todos os tocantinenses.
O candidato Ronaldo Dimas agradeceu o apoio e apresentou os principais pontos de seu projeto de governo, lembrando do êxito de seus dois mandatos de prefeito de Araguaína e prometeu a mesma eficiência e empenho para enfrentar os graves problemas que o Tocantins enfrenta. “Com o indispensável apoio do senador Eduardo Gomes e do presidente Bolsonaro, faremos a revolução do bem em nosso estado”, finalizou Ronaldo.
Os dois candidatos que lideram as pesquisas eleitorais confirmaram neste sábado que estarão presentes no primeiro encontro entre os presidenciáveis na televisão
Pandemia, economia e corrupção: os pontos fracos que Lula e Bolsonaro deverão enfrentar no debate
Leandro Prazeres - Da BBC News Brasil em Brasília
O debate entre candidatos e candidatas à Presidência da República neste domingo (28/8) será a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se enfrentarão em um evento do tipo desde o início da corrida eleitoral deste ano.
Ex-secretário de Comunicação e integrante da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten afirmou à BBC News Brasil, na noite deste sábado (28/8), que o presidente participará do debate. Horas antes, Lula já havia confirmado participação por meio de seu perfil no Twitter.
As presenças de Lula e Bolsonaro foram confirmadas às vésperas da realização do debate em parte por conta das avaliações feitas pelos comandos das campanhas de ambos. Confirmada a ida da dupla, a expectativa fica em torno de como Lula e Bolsonaro enfrentarão alguns dos seus principais pontos fracos.
Lula lidera as intenções de voto segundo os principais institutos de pesquisa, com Bolsonaro em segundo lugar. E apesar da presença de outros quatro candidatos, tudo indica que as atenções estarão voltadas para o desempenho dos líderes.
O debate irá ao ar a partir das 21h e será realizado por um conjunto de veículos: Band, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. Pelas regras, haverá dois momentos de debate direto entre os candidatos intercalados por perguntas feitas por jornalistas.
Historicamente, os debates entre candidatos são vistos como momentos-chave das eleições. Segundo a pesquisa do Instituto Datafolha mais recente, Lula aparecia com 47% das intenções de voto contra 32% de Bolsonaro.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliaram que os principais pontos fracos de Bolsonaro serão a gestão da pandemia de covid-19 e a política econômica. Por outro lado, os principais pontos fracos a serem enfrentados por Lula seriam as acusações de corrupção reveladas pela operação Lava Jato.
Jair Bolsonaro
Pesquisas mostram aumento das intenções de voto em Jair Bolsonaro
Pandemia e economia: o que Bolsonaro terá que enfrentar
"O principal ponto fraco de Bolsonaro é a gestão da pandemia. Em especial, o negacionismo em relação às vacinas", avalia o ex-diretor de pesquisas do Datafolha Alessandro Janoni.
"As questões mais dramáticas como o colapso da falta oxigênio em Manaus e as trocas de ministros ao longo da pandemia deverão ser exploradas porque elas são alguns dos principais motores dessas eleições", disse Janoni.
O Brasil foi um dos países mais afetados pela pandemia da covid-19. De acordo com dados coletados pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o Brasil já registrou mais de 682 mil mortes pela doença, o segundo maior número do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Além disso, o Brasil também tem a segunda maior taxa de mortes proporcionalmente à população: 321 mortes por grupo de 100 mil habitantes.
A gestão do governo federal em relação à doença foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que pediu o indiciamento do presidente por crimes nove crimes — entre eles, prevaricação e charlatanismo.
Ao longo da pandemia, Bolsonaro incentivou o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a doença, foi contra algumas das medidas de isolamento social implementadas por estados e municípios e levantou dúvidas sobre a eficácia das vacinas que estavam sendo desenvolvidas contra a covid-19.
O tema, aliás, foi um dos principais tópicos da entrevista concedida por Bolsonaro ao Jornal Nacional, da Rede Globo. Na ocasião, Bolsonaro defendeu sua gestão a frente da pandemia.
"Fizemos a nossa parte. E o grande erro disso tudo foi um trabalho forte da grande mídia, entre eles a Globo, desestimulando os médicos a fazerem o tratamento precoce [...] Fizemos a nossa parte e tratei com muita seriedade essa questão. Agora, não adotei o politicamente correto", disse o presidente.
A professora de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Nara Pavão avalia que Bolsonaro também terá que enfrentar críticas à gestão da área econômica.
"Na parte econômica, Bolsonaro não entregou bons resultados. É verdade que ele governou em um período afetado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, mas ele será questionado pela inflação, pelo desemprego e pelo baixo crescimento do produto interno bruto", afirmou a professora.
Nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, a inflação registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) oscilou entre na casa dos 4%. Em 2021, porém, a inflação foi de 10,06%, muito acima do teto estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que era de 5,25%. Foi a maior taxa de inflação em seis anos.
Neste ano, a taxa acumulada da inflação é de 7,3% até julho. Nas últimas semanas, o Brasil registrou deflação em parte pela redução no preço dos combustíveis resultante da redução de tributos sobre o produto organizada pelo governo federal.
Em relação ao desemprego, ainda segundo o IBGE, o Brasil registrou 14,9% de taxa de desemprego no trimestre entre julho, agosto e setembro de 2021, a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. Desde então, a taxa caiu e hoje está em 9,3%.
Questionado sobre o assunto durante a entrevista ao Jornal Nacional, Bolsonaro deu a tônica de como sua campanha deverá lidar com as críticas sobre sua condução da economia.
"As promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme que tivemos no ano passado e também pelo conflito da Ucrânia com a Rússia [...] Você vê também que a taxa de desemprego tem caído no Brasil. Os números da economia são fantásticos levando-se em conta o resto do mundo", disse.
Lula coça a cabeça
Após ter sido condenado, Lula vem obtendo vitórias jurídicas que o colocaram novamente no páreo eleitoral
Lula e a corrupção
Na avaliação dos especialistas, o principal ponto a ser enfrentado por Lula no debate serão as acusações de corrupção que foram feitas contra ele e integrantes do PT pela operação Lava Jato.
"No caso de Lula, o seu principal calcanhar de Aquiles será a corrupção. Não há dúvidas disso", disse a atual diretora de pesquisas do Instituto Datafolha Luciana Chong.
A Operação Lava Jato revelou um esquema de corrupção envolvendo empreiteiras, políticos e empresas estatais. Em junho de 2021, a Petrobras havia recebido de volta R$ 6 bilhões em recursos que haviam sido desviados da empresa.
Lula chegou a ser apontado como o principal responsável por uma organização criminosa montada para desviar recursos de empresas públicas. Ele foi condenado em dois processos por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente foi preso em 2018 e ficou 580 dias detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Ao longo de todo o processo, Lula alegou ser inocente. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações contra Lula sob o argumento de que a 13ª Vara Federal de Curitiba não era a correta para julgá-lo.
Depois disso, o ex-juiz federal Sergio Moro, que condenou Lula em um dos processos, foi considerado suspeito (não imparcial) para conduzir o julgamento de Lula. Com a anulação das condenações, o ex-presidente recuperou o direito de se candidatar a cargos eletivos novamente.
Sergio Moro
Processos contra o ex-presidente foram encerrados por falta de provas ou por parcialidade de Moro
"Lula terá que enfrentar as questões relacionadas à corrupção nos governos do PT e a todo o processo do qual ele foi alvo. Esse é o ponto mais sensível dele no momento", afirmou a professora.
Nara Pavão diz, no entanto, que o passar do tempo fez com que a questão da corrupção seja mais fácil de contornar agora do que foi no passado.
"Ele está em uma situação mais confortável do que antes. A Lava Jato saiu muito enfraquecida e nem existe mais. Só existe hoje em termos simbólicos", explica a professora.
Na entrevista concedida por Lula ao Jornal Nacional na semana passada, o tema foi explorado.
Questionado sobre o que faria para que os escândalos de corrupção que ocorreram durante os governos do PT não se repetissem, Lula disse ter fortalecido os órgãos de investigação durante suas gestões e que iria manter essa política em um eventual terceiro mandato.
"Nós vamos continuar criando mecanismos para investigar qualquer delito que aconteça na máquina pública brasileira", disse o ex-presidente.
Da Assessoria
Líderes evangélicos das regiões Norte e Centro-Norte do Estado se reuniram no final da tarde dessa quinta-feira, 25, em Araguaína, e reforçaram o apoio à candidatura de Professora Dorinha (UB/TO) ao Senado. O evento reuniu pastores de várias cidades, como Araguaína, Colinas, Guaraí e de toda a região Norte e Centro-Norte do Estado.
“É uma grande satisfação para mim ver que meu trabalho tem feito a diferença na vida das pessoas e tem motivado a população a estar comigo nesta caminhada ao Senado. Deus sempre conduziu todas as minhas ações e receber o apoio de líderes tão importantes da Igreja Evangélica mostra que esse trabalho tem dado resultado para os tocantinenses”, afirmou Dorinha.
O pastor Paulo Martins lembrou de todo o trabalho realizado, por meio da Convenção Interestadual das Assembleias de Deus do SETA no Estado do Tocantins (CIADSETA) e disse que terá na Dorinha uma representante da Convenção no Senado.
"A senhora tem todo o nosso apoio, pois precisamos desta representatividade no Senado", disse o pastor Paulo Martins. Dorinha reafirmou o compromisso: “Contem comigo para ser a representante de todos vocês no Senado”.
Pela primeira vez em cinco anos, o ex-presidente Lula (PT) pode enfim dizer, ao vivo e em rede nacional, o que pensa sobre dois dos assuntos mais embaraçosos para sua campanha em busca de um terceiro mandato: corrupção e a crise econômica dos anos Dilma.
Por Matheus Pichonelli
Quem acompanha os pronunciamentos do candidato petista não viu na entrevista ao Jornal Nacional nada de diferente do que já vem pregando. A novidade era a plateia, parte dela resiliente em dar a ele uma nova oportunidade de governar o país.
Justamente porque estão frescas na memória as ações policiais na esteira da Lava Jato e a queda da atividade econômica na virada dos anos 2014 e 2015.
Lula respondeu sem responder à primeira pergunta de William Bonner. Repetiu a cantilena de que só se apurou desvios nas gestões petistas porque se deixou apurar.
Poderia ter dito que alguns dos medalhões pegos com a boca na botija hoje estão aninhados no colo do bolsonarismo, como o PL de Valdemar Costa Neto e o PP de Arthur Lira, partido com mais investigados nos tempos da Lava Jato.
Não o fez por motivos óbvios: para não legitimar a força-tarefa, que acusou de ter o objetivo apenas de prendê-lo com base em mentiras, e não contratar para o futuro uma briga com possíveis aliados num eventual governo.
O ex-presidente bateu bumbo sobre a criação de mecanismos como Portal da Transparência e o status de ministério da Controladoria Geral da União, além do fortalecimento do Cade e da Lei de Acesso a Informações, uma contraposição a decretos de sigilo que envolvem o entorno do atual presidente.
Disse que, em seu tempo, o Ministério Público e a Polícia Federal atuavam de forma independente, uma das muitas estocadas oferecidas a Jair Bolsonaro, que ele acusou de mexer em delegados quando se sente acuado e por ter escolhido um engavetador como Procurador-Geral da República. “Não quero um procurador leal a mim. Ele tem que ser leal ao povo brasileiro”, disse.
Só não se comprometeu a escolher o próximo PGR sem furar a lista tríplice do MPF, como fez Bolsonaro.
Lula também atacou as consequências econômicas do que chamou de abusos da Lava Jato, que, segundo ele, resultaram em prejuízos em investimentos, emprego e arrecadação. Tudo isso ele já vem dizendo em livros de circulação restrita e discursos para militância.
O entrevistado levou 14 minutos para colocar o nome de Bolsonaro na roda. Foi quando acusou o mandatário de trocar qualquer diretor da PF a hora que quiser.
E 15 minutos para citar o candidato a vice em sua chapa, Geraldo Alckmin (PSB), a quem passou o resto da entrevista rasgando elogios.
Era uma vacina para a pergunta que fatalmente viria (e veio): e a Dilma?
Lula disse que a antecessora errou ao segurar os preços dos combustíveis no período eleitoral, em 2014, e também em sua política de desoneração e isenção para empresas. Jogou para Bonner os números da gestão petista até 2010, quando passou a faixa presidencial para sua ex-ministra da Casa Civil. Desde então tudo o que Dilma decidiu foi por sua conta e risco, assegurou.
Como se não tivesse convencido o entrevistador, Lula vaticinou: quando Bonner deixasse a bancada do JN, descobriria por si o ditado segundo o qual rei posto é rei deposto.
Em outra estocada em Bolsonaro, esta indireta, disse que seu governo será baseado nas palavras credibilidade, previsibilidade e estabilidade. “As pessoas precisam acreditar no que você fala”, disse Lula, trazendo Alckmin de novo para o baile como um atestado de credibilidade “interna e externa”.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em julho, 52% dos entrevistados diziam nunca confiar no que diz o presidente Bolsonaro.
Para não deixar a antecessora ferida na estrada, o petista lembrou que ela foi vítima de uma dupla dinâmica formada por Eduardo Cunha (então do PMDB), então presidente da Câmara, e Aécio Neves (PSDB), líder da oposição.
Tudo para dizer mais à frente que bons eram os tempos em que a polarização no Brasil era entre PT e PSDB, com quem disse se dar bem.
Lula questionou, a certa altura, se a apresentadora Renata Vasconcellos considerava mais grave o mensalão ou o atual orçamento secreto. Foi quando ela quis saber como o presidente governaria sem o apoio do "centrão" e dos parlamentares empoderados pelo mecanismo de distribuição de recursos.
O petista admitiu que vai precisar sentar e conversar com as legendas e governadores, mas lembrou que o "centrão" não é partido político.
Disse que o orçamento secreto não é moeda de troca, e sim usurpação do poder. Chegou a aliviar para Bolsonaro ao dizer que ele é refém do Congresso e mal cuida da gestão orçamentária. Afirmou também que nunca antes um ministro precisava ligar para o presidente da Câmara para discutir orçamento. “Bolsonaro parece um bobo da corte”, disse.
Lula aproveitou a exposição para dizer que o Auxílio Brasil de R$ 600 tem hora para acabar, ao fim da eleição, e que não está previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano apresentada pelo atual governo. Lembrou também que Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200 de auxílio durante a pandemia, mas precisou aumentar o valor por pressão da oposição.
Da metade da entrevista para o fim, Bonner encarnou o tio do Zap ao perguntar sobre a agressividade da militância petista, que não teria concordado com a composição da chapa com um ex-tucano.
Lula questionou em que mundo o jornalista vivia, já que Alckmin, segundo ele, tem sido tão paparicado pelos apoiadores que deixou o titular da chapa com ciúmes.
Bonner cobrou Lula também por ter, durante anos, estimulado o que chamou de “nós contra eles”, e ouviu de volta que a polarização faz parte do jogo, inclusive nos estádios. E onde não tem polarização? Nos países de partido único, como Cuba e China.
Ele citou Paulo Freire, segundo quem às vezes era preciso se unir aos divergentes para se vencer os antagônicos, e disse jamais ter tratado adversários como inimigo.
Lula atribuiu o ranço de parte do agronegócio contra a chapa petista à sua defesa da preservação do meio ambiente. Questionado por Vasconcellos, se corrigiu dizendo que nem todo fazendeiro era um predador. “Os empresários sérios que exportam não querem desmatar. Querem preservar os rios e a nossa fauna. Mas tem um monte que quer”, disse, atribuindo o apoio da parte reacionária do setor a Bolsonaro à liberação de armas.
O ex-presidente afirmou também que o MST já não é o movimento sem terra de 30 anos atrás e hoje se tornou o maior produtor de arroz orgânico do Brasil.
Perguntado sobre apoio a governos autoritários de esquerda, Lula voltou a usar o conceito de autodeterminação dos povos para dizer que nenhum país deve se meter nas questões internas de outro. Em seguida, se saiu dizendo que ninguém é imprescindível e que ele se negou a mudar a lei para disputar um terceiro mandato em 2010. “Se não começa a virar ditador”, disse.
Ao falar de política externa, ele garantiu aos apresentadores que, caso seja eleito, “uma enxurrada” de amigos do Brasil que andam sumidos vão reaparecer. Era outra cutucada no adversário que botou à frente do Ministério das Relações Exteriores um ministro orgulhoso da nova condição brasileira no tabuleiro diplomático: o de de pária internacional.