Contra fatos, não há argumentos. Existem, sim, empecilhos jurídicos a serem esclarecidos e resolvidos até o fim de agosto, com prazos pré-determinados, queiram ou não queiram
Por Edson Rodrigues
Mauro Carlesse, eleito com 75% dos votos válidos tem , pesando contra si, a denúncia de ter praticado crimes eleitorais em série durante as campanhas do primeiro e do segundo turnos.
Esses empecilhos têm que ser julgados pelo pleno do TRE. Caso Mauro Carlesse seja considerado culpado, seu diploma de governador será automaticamente cassado e, se houver um, seu “plano B” tem que ser posto imediatamente em ação, pois, em caso de condenação, tanto Carlesse quanto seu vice, Wanderlei Barbosa ficam inelegíveis por, no mínimo, 4 anos.
Os bastidores dão conta de dois nomes para esse “plano B”, retirado do conglomerado de partidos que fazem parte da base de sustentação. O primeiro é Carlos Gaguim, ex-governador e atual deputado federal, com trânsito livre entre todos os partidos e considerado um homem de palavra e um dos empresários mais bem sucedidos do Estado.
O outro nome seria o da deputada estadual Luana Ribeiro, presidente da Assembleia Legislativa, que, por sinal, tem mostrado muito equilíbrio nas ações que desempenha de forma discreta. Seria Luana, inclusive, quem assumiria o governo de forma imediata em caso de cassação de Carlesse.
O problema é que, caso assuma o governo, Luana torna-se inelegível para qualquer cargo nos Legislativo Estadual ou Federal. A saída seria Luana declinar do cargo, deixando a substituição do cargo de governador para o presidente do Tribunal de Justiça.
No caso de absolvição de Carlesse e Wanderlei, seu grupo político se fortifica e cria musculatura suficiente para um segundo turno tranqüilo.
CÉU, INFERNO E PURGATÓRIO
O processo de cassação de Marcelo Miranda (foto), engavetado pelo ministro do STF Luiz Fux por dois meses e dez dias, quando havia a possibilidade de revisão, foi colocado em pauta e o relator é o ministro Gilmar Mendes, que pode decidir monocraticamente em favor de Marcelo Miranda, restituindo-o o cargo de governador, até que o recurso seja votado pelo Pleno do STF.
Vale lembrar que a pauta do STF está fechada até o dia 30 de setembro, o que deixa uma pergunta sem resposta:como ficam os 75% dos votos válidos recebidos por Mauro carlesse?
Enquanto todo esse imbróglio se desenrola, outras forças políticas se articulam. O ex-prefeito de Palmas e terceiro colocado nas eleições suplementares, Carlos Amastha, é uma delas que vem tentando reforçar seu grupo político, ante o desgaste trazido pelo seu afastamento da prefeitura, onde sua substituta vem dando demonstrações de que tem firmeza na conduta e personalidade suficiente par não fazer o papel de marionete.
O maior exemplo disso foi a eleição por unanimidade do vereador Marilon Barbosa, como presidente da Câmara Municipal de Palmas. Marilon é filho do ex-prefeito Fenelon Barbosa e da saudosa Dona Maria Rosa, a “mãe dos humildes” e irmão do vice de Carlesse, Wanderlei Barbosa.
O vereador Milton Neris (PP), (foto) que sempre fez oposição ao ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), não poupou elogios ao papel que a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) desempenhou para o desfecho da eleição da mesa diretora da Câmara na manhã desta quinta-feira, 28. “Sem a prefeita não teríamos conseguido o consenso”, avaliou Neris.
Vereador Milton Neris
Segundo ele, Cinthia “foi fundamental” para o entendimento entre os dois grupos — o que fazia oposição e o que era situação de Amastha — e que resultou na retirada da candidatura do vereador Etinho Nordeste (PTB) e na eleição de Marilon Barbosa (PSB) para a presidência do Legislativo.
Neris contou que Cinthia ainda foi à Câmara pessoalmente acompanhar a eleição da mesa na manhã desta quinta-feira. “O outro [Amastha] ia lá para confrontar os vereadores e a prefeita foi para abraçar”, comparou o progressista.
Para Neris, pela postura que teve em todo o processo, “Cinthia hoje conta com o apoio dos 19 vereadores”. “Vamos fazer nossa parte e ajudá-la no que for possível porque a situação que ela herdou é muito complicada”, alertou o parlamentar.
Isso mostra que Amastha perde terreno em seu maior colégio eleitoral e, sem cargo político, seu indiciamento pela Polícia Federal, após as operações de busca e apreensão em suas residências, gabinetes e de seus auxiliares pode se transformar em um problema bem maior, haja visto que também foi detectado um rombo nas contas da prefeitura durante sua gestão.
Néris confirmou o que já tinha dito o vereador Lúcio Campelo (PR), segundo o qual o ex-prefeito Carlos Amastha “pedalou” despesas de 2017, que foram reconhecidas no início deste ano e pagas, consumindo o orçamento de 2018. “O relatório do quadrimestre fala em déficit de R$ 36 milhões, mas o ‘rombo’ que ele [Amastha] deixou é muito maior, mas muito maior mesmo”, reforçou Neris.
Conforme o vereador, Amastha deixou contratos contínuos sem pagar, bem como empenhos cancelados no início do ano e despesas diversas. “Só do lixo são quase R$ 20 milhões que não foram pagos”, exemplificou.
Neris disse que o resultado é que Cinthia está tendo que liquidar as contas do mês e ainda passivos do ano passado. “Foi uma irresponsabilidade”, criticou o vereador.
Ressalte-se que Amastha acusou um membro do Ministério Público de ter forjado provas contra sua pessoa e exigiu pedido público de desculpas por parte da Polícia Federal e do Ministério Público.
Ex-prefeito Carlos Amastha e secretários indiciados
Superando esses “obstáculos”, pode até ser que Amastha consiga colocar sua candidatura em campo.
MÁRLON REIS
O jurista Márlon Reis pode ser a grande surpresa das urnas, já no primeiro turno das eleições ordinárias. Para tal, ele precisa construir uma coligação que lhe garanta um tempo digno de Rádio e TV no horário eleitoral gratuito.
Dom seu passado ilibado e fama de grande Jurista, Márlon pode herdar boa parte dos 64% de abstenções das eleições suplementares, pois esse eleitorado tende a apostar em novos nomes, principalmente para o cargo de governador. É aí que Márlon Reis pode aparecer bem.
VICENTINHO ALVES
O senador Vicentinho Alves encontra-se em Brasília fazendo gestão junto aos ministros para a liberação de recursos de suas emendas, ao mesmo tempo em quem como faz parte da cúpula nacional do PR, discute a composição da legenda em possível apoio à candidatura de Jair Bolsonaro à presidência, em tratativas que darão ao PR a prerrogativa da indicação do candidato à vice-presidente, que ficaria com o também senador Magno Malta.
Vicentinho deve disputar a reeleição para o Senado e está articulando uma coligação que garanta sua reeleição.
EDUARDO GOMES
Vice-presidente nacional do Solidariedade, o ex-deputado federal Eduardo Gomes já se declarou candidatíssimo a uma das duas vagas ao Senado pelo Tocantins. Grande articulador político, foi peça fundamental na campanha de Vicentinho Alves nas eleições suplementares.
Gomes tem ótimo relacionamento com o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas e trânsito livre com a classe política nas bases municipais e na Assembleia Legislativa.
O Solidariedade tem quatro deputados estaduais e deve seguir unido para as eleições ordinárias de outubro, após tomar decisão colegiada para conquistar suas reeleições e colocar Eduardo Gomes no Senado.
Gomes, que passou esta semana em Brasília participando de reuniões e discutindo a sucessão presidencial e a movimentação política que fervilha nos bastidores da Capital Federal, deve retornar ao Tocantins neste sábado para se reunir com suas lideranças e correligionários para o acabamento da pavimentação dos caminhos do seu futuro político.