TURBULÊNCIAS, PENDÊNCIAS JURÍDICAS, “PLANO B” E NOME SURPRESA: A DECISÃO NAS MÃOS E MENTES DOS ELEITORES

Posted On Segunda, 16 Julho 2018 06:41
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Por Edson Rodrigues

 

O Tocantins, hoje, é um estado com uma imagem altamente negativa na mídia nacional e aos olhos dos cidadãos, com governadores cassados, “recassados”, candidatos com ficha criminal extensa, várias eleições em um mesmo ano e alianças políticas que só Einsten para descrever a fórmula de como foram fechadas.

Essa situação institucional de descalabro e falta de credibilidade tem como culpados uma miríade de ex-gestores, ex-administradores que – com a exceção de Moisés Avelino – fizeram de tudo, dentro e fora da Lei, para permanecer no poder e fazer seus sucessores, concedendo aumentos eleitoreiros aos servidores públicos estaduais, renunciando a receitas federais em detrimento de obras emergenciais, concedendo progressões sem estudos e, agindo dessa forma, sem planejamento, colocaram as finanças do Estado comprometidas em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, deixando uma herança maldita que foi passando de um governo para o outro.

 

CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS
Esse desequilíbrio na economia do Tocantins foi obrigando cada novo gestor a trabalhar sobre o fio da navalha, sem muito espaço para manobras, muito menos para investir em obras realmente importantes, que seriam realmente do interesse dos cidadãos, focando apenas em ações paliativas, que serviam para dar uma satisfação ao povo enquanto cuidavam de suas careias políticas.

Esse tipo de atitude tinha prazo de validade e esse prazo venceu na eleição suplementar de junho passado, quando os votos nulos, em branco e as abstenções venceram todos os nomes que se colocaram à “apreciação” popular.


Os eleitores deram o recado claro aos políticos tocantinenses que não aguentam mais a forma com que o Estado vem sendo tratado por seus políticos e colocaram contra a parede nomes tradicionais, que se achavam acima do bem e do mal e que tinham votos “garantidos” por seu passado, grupo político ou base de apoio.

Todos esses “bolsões” de votos falharam na eleição suplementar, vencendo o candidato que tinha a máquina administrativa na mão – assim como a vida do funcionalismo público estadual – e prevaleceram os votos pela “segurança econômica” dos eleitores que foram às urnas.

 

EFEITO COLATERAL
Essa nova maneira de votar do eleitorado tocantinense teve um efeito colateral imediato, que foi ligar o alerta nos políticos tradicionais sobre a necessidade de recuperar a credibilidade perdida e, pela proximidade entre as eleições, de maneira urgente.

Essa urgência em recuperar um tempo que poderia ter sido gasto com obras, benfeitorias e ações que tivessem como objetivo o bem comum, traz consigo o perigo de se ver obrigado a formar coligações a toque de caixa, que podem soar como mais uma afronta á inteligência dos eleitores, que não estão mais, de forma alguma, dispostos e ter enfiados “goela abaixo”, candidatos ou alianças tidas como impossíveis ou improváveis no passado, feitas, agora, de forma oportunista, apenas para ter alguma chance de eleição, novamente sem levar em conta as demandas do eleitorado.

Essas alianças oportunistas correm o risco de virarem “purgantes” para os eleitores que passaram os últimos dois anos observando ataques mútuos, em que as redes sociais viraram um verdadeiro “esgoto” ante a “qualidade” das publicações virulentas e, agora, todo mundo vira amigo, companheiro e caminha de mãos dadas.


Esse pode ser o pior efeito colateral do passado político recente do Tocantins, contaminando de forma significativa o resultado das urnas, pois a simples menção da possibilidade dessas alianças já provocou celeuma entre os eleitores e enquanto nada se confirma, o povo apenas observa, esperando o que vai sair das convenções, para dar o seu “veredicto”.

 

CARLESSE ENTRE O CÉU E O INFERNO
Com 75% dos votos válidos, o governador do Tocantins, Mauro Carlesse, vive momentos de expectativa, entre o céu e o inferno, pois o resultado das eleições que o colocou no cargo até o dia 31 de dezembro ainda não está efetivamente concretizado.

Duas ações em andamento na Polícia Federal apuram fatos ocorridos na época em que era governador interino e buscava a eleição no pleito suplementar. Foram buscas e apreensões de documentos e computadores e investigações sobre uso de servidores públicos na sua campanha.


Segundo uma de nossas fontes, no mais tardar, até a próxima quinta-feira toda a documentação e conclusão do inquérito estarão prontas para virarem pauta e irem a julgamento.

Vamos evitar aqui, fazer qualquer pré-julgamento ou emitir opiniões que possam soar errôneas ou precipitadas, mas de antemão, apesar dos processos correrem em sigilo de Justiça, os documentos a que tivemos acesso, referentes às investigações, apontam para um processo sucessório de muita turbulência, com grandes possibilidades de ser judicializado, obrigando o eleitorado tocantinense a ter muito equilíbrio e bom senso em suas decisões, pois, até agora, tudo são apenas especulações.

Os líderes não podem, jamais, esquecer que a imposição de alianças ou coligações não podem mais vir “de cima para baixo”, pois as bases não têm mais “estômago” para digerir tanta falta de respeito ás suas demandas e opiniões.

Os líderes, a partir de agora, terão que ouvir efetivamente suas bases antes de decidir por esta ou aquela coligação ou adesão, pois as lideranças locais e regionais não aceitam mais serem colocados de lado na hora das decisões mais importantes e querem ver até onde o “fio do bigode” tem valor para as lideranças.

 

“PLANO B"
Diante do que está exposto acima, fica claro que todos os envolvidos no processo eleitoral têm por obrigação trazer “debaixo do braço”, um “plano B”, caso alguma coisa não saia como o esperado.

Parte do conglomerado de partidos e lideranças de várias vertentes que apóiam a candidatura à reeleição de Mauro Carlesse deve começar a trazer à tona o seu “plano B” a partir do momento em que for findando o prazo do segredo de Justiça dos processos contra o governador, uma vez que as oitivas devem finalizar na próxima quarta-feira ou quinta-feira.

O resultado das investigações pode por fim a uma grande possível encrenca ou não, dependendo das provas colhidas pela Polícia Federal, entre elas extratos bancários das contas do governo junto ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, documentos da secretaria da Fazenda, o rastreamento da aplicação dos recursos.

A absolvição de Carlesse nas duas ações o coloca em um patamar quase de invencibilidade no pleito de outubro. Mas, caso seja indiciado e paire a mínima sombra de dúvida sobre sua atuação e seus métodos, o Tocantins estará mais uma vez envolvido em um turbilhão de notícias negativas na mídia nacional e, mesmo que tente recorrer às instâncias superiores, o sangramento será inevitável, com o Estado, novamente, com governador e vice, Wanderlei Barbosa cassados pela Justiça e inelegíveis.


É essa hipótese que traz à tona o “plano B” do grupo político do governador Mauro Carlesse, que teria que, em meio ao conglomerado de partidos que o compõem, escolher um nome que, ao que tudo indica, deve ser o do ex-governador e atual deputado federal Carlos Gaguim.

O nome de Gaguim (foto) surge pelo fato de ter o melhor relacionamento com os 18 deputados estaduais com os quatro deputados federais, prefeitos e lideranças do interior e da Capital e, principalmente, por ter a fama de político que cumpre com a palavra.

 

O FATOR MÁRLON REIS
Um nome novo que surgiu no primeiro turno das eleições complementares e teve uma votação expressiva – tanto por ser a primeira vez quanto pela abstenção recorde – Márlon Reis, ex-juiz federal e autor da Lei da Ficha Limpa, que marcou uma nova era na política brasileira, vem fazendo um trabalho de formiguinha, construindo uma nova candidatura para as eleições ordinárias, com equipe enxuta, orçamento baixo e planejamento, pode se transformar na nova e grata surpresa na política tocantinense.


A incerteza sobre o cenário final, a definição das peças que estarão aptas a disputar as eleições em outubro, podem acabar por garantir a Márlon Reis uma das vagas no segundo turno.
Os analistas mais atentos jê prevêem esse cenário, hipotético, no segundo turno. Quem ainda não vislumbrou essa possibilidade, ou é cego ou não quer ver.

 

NOSOTROS
O outro personagem que vem ganhando as atenções nestes momentos finais que antecedem as convenções, principalmente pelas últimas movimentações em busca de aliados, é o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha que, recentemente procurou o ex-governador Marcelo Miranda, seu “desafeto de infância”, para reforçar seu time, deixando estupefatos os mais céticos dos analistas políticos.

O processo investigativo em que a Polícia Federal indiciou Amastha, que se encontrava no STJ, retornou à primeira instância assim que houve a renúncia à prefeitura de Palmas, coloca sua situação também em suspense.


Amastha está indiciado, mas ainda não é réu e está com seus direitos políticos intactos. O processo terá seu trâmite em Palmas e, por estar com suas revelações e reviravoltas mais próximas dos eleitores, torna o desgaste inevitável, caso notícias negativas surjam em seu decorrer, principalmente se, de indiciado, o ex-prefeito de Palmas passar a réu, sem direitos políticos.

Amastha é acusado por excesso de exação (crime do funcionário público contra a administração pública), corrupção e associação criminosa na Operação Nosotros. A investigação mira fraude em processo de licitação para construção do sistema de transporte BRT da capital do Tocantins no valor aproximado de R$ 260 milhões.

A PF investigou o suposto repasse de informações privilegiadas da Prefeitura de Palmas a empresas que participaram da concorrência. A implantação do sistema BRT iria valorizar os imóveis que o grupo tivesse posse após a obra.

A Nosotros mirou grandes imobiliárias da região e agentes públicos que teriam pressionado proprietários para que cedessem, a título gratuito, parte de suas terras para pessoas ligadas ao esquema criminoso. Uma das formas de coação seria a cobrança de altos valores de IPTU desses proprietários.

 

APOIOS
Na tarde desta segunda-feira o senador Vicentinho Alves reúne os prefeitos que o apoiarão em sua candidatura à reeleição. A reunião vai servir para mostrar o potencial de suas forças no interior do Estado, que não são pequenas, e o quanto restará de trabalho para solidificar de vez o seu trabalho.


Assim como Vicentinho muitos outros políticos, com e sem mandato estarão realizando encontros para avaliar o cenário que encontrarão em outubro próximo e a quantidade de apoios que terão que buscar na reta final de suas campanhas.

 

O ELEITOR
Por enquanto, o cenário é esse. As peças que estão no tabuleiro sucessório serão as acima expostas até o próximo dia cinco de agosto, quando todas as convenções estiverem realizadas e as decisões judiciais tomadas.
Aí, sim, conheceremos cada coligação e cada nome liberado para a disputa.

Até lá, lances que “até Deus duvida” podem acontecer e, assim como nós os eleitores têm o dever de estar atentos a cada nuance que essa movimentação representa. Se serão feitas em benefício de um governo planejado ou de um plano de poder.

A decisão final, como todos sabem, está nas mãos dos cidadãos e nenhum dos nomes que se capacitarão para se colocar na disputa é maior, vale mais ou tem mais credibilidade que o grande condutor de uma eleição: o ELEITOR!

Até o próximo capítulo!