A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suspeita de corrupção é uma demonstração de que o governo de Jair Bolsonaro (PL) não controla o aparato do estado nem o aparelho policial
POR MÔNICA BERGAMO
A opinião é do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que comandou a pasta no governo de Dilma Rousseff, entre 2011 e 2016, e viu, naquela época, diversos dirigentes do PT serem presos pela Polícia Federal.
"Em um governo republicano, como era o nosso, sem tentativas de controle da PF, fatos como esse fazem parte da vida, seriam encarados como normais. Mas, num governo autoritário como o de Jair Bolsonaro, mostra uma contradição", diz ele.
"Ao contrário do que Bolsonaro pretende, ele não está controlando o aparato do estado nem o aparelho policial como gostaria. Felizmente", afirma.
Segundo Cardozo, a prisão mostra que a tentativa de controle de Bolsonaro sobre a PF se mostrou inviável. "A polícia não é homogênea e, por mais que a cúpula tente, não existe controle hegemônico sobre a instituição".
Em abril de 2020, Sergio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça acusando Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo disse na época, o presidente "queria alguém que ele pudesse ligar, colher informações, relatório de inteligência. Seja o diretor, seja o superintendente. E, realmente, não é o papel da Polícia Federal se prestar a esse tipo de função".
Moro disse ainda que Bolsonaro, além de tentar trocar o diretor-geral da Polícia Federal, queria alterar os comandos das superintendências do órgão em alguns estados.
"Eu falei para o presidente que isso seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo", revelou o ex-juiz quando renunciou ao comando do ministério. "É algo que eu não posso concordar", disse na ocasião.
As evidências de que Bolsonaro tentava controlar a PF surgiram também nos vídeos de uma reunião ministerial divulgados por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Neles, o presidente aparece dizendo que queria trocar chefes da PF. "Se não puder, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira", disse o mandatário à sua equipe.
A Polícia Federal realizou na manhã desta quarta-feira (22) uma operação contra o ex-ministro e pastores suspeitos de operar um balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Ribeiro e ao menos um dos pastores, Gilmar Santos, já foram presos, como revelado pela Folha.
A PF também cumpre mandados de busca e apreensão em endereços de Ribeiro, de Gilmar e do pastor Arilton Moura esses dois últimos são ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontados como lobistas que atuavam no MEC. Agentes federais estiveram ainda na sede da pasta, em Brasília.
A ação desta quarta-feira foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de "tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos" do FNDE.
Com base em documentos, depoimentos e um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) foi possível mapear indícios de crimes na liberação de verbas do fundo. Ao todo, são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisões em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.
No mandado de prisão de Ribeiro, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal em Brasília, lista os crimes investigados e que podem ter sido cometidos pelo ex-ministro. São eles: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Para o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), autor do requerimento, o Judiciário "precisa dar satisfações quanto às suas ações"
Com Estadão Conteúdo
O Senado aprovou nesta terça-feira, 21, a realização de uma audiência pública para debater a prática de ativismo judicial e o princípio da separação dos poderes da República. O requerimento, apresentado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), funciona como um recado para o Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de críticas por condenações a parlamentares. Os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso e os ex-ministros Marco Aurélio Mello e Francisco Rezek foram convidados.
A oitiva ocorrerá no âmbito da Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC), presidida pelo senador Reguffe (Podemos-DF), e a presença dos magistrados não será obrigatória. Também foram chamados advogados, juristas e o ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Como revelou o Estadão, integrantes de partidos do Centrão alegaram ativismo judicial na Corte para justificar a preparação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitisse ao Congresso reverter decisões não unânimes do Supremo. O STF virou alvo de aliados do governo após expedir condenações a bolsonaristas, como o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).
Os magistrados convidados para a audiência, Moraes e Barroso, são dois dos alvos preferenciais do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao criticar a Corte.
Autor do pedido, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) argumentou que o Judiciário precisa se explicar sobre uma suposta "invasão de competências" contra os outros Poderes. "Sabemos que os ministros só vão comparecer se quiserem, é um convite, mas estamos dando a oportunidade para que eles tenham a humildade e a elegância de virem ao Senado", afirmou.
A discussão envolvendo ativismo judicial e a PEC do Centrão têm provocado um duelo de forças entre o Congresso e o Judiciário. Por um lado, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e manifestou preocupação com a proposta. Por outro, políticos do Centrão ameaçam resgatar medidas que mexem no funcionamento da Corte, como a que prevê mandato para os ministros, caso o tribunal atue para barrar o andamento da PEC.
A deputada Bia Kicis (PL-DF), por exemplo, apresentou projeto de lei que amplia a possibilidade de recursos contra decisões monocráticas, permitindo a concessão de habeas corpus a tais decisões. A mudança beneficiaria parlamentares investigados pelo Supremo, como Daniel Silveira.
Licitação da obra seguirá concorrência do tipo menor preço e está prevista para ser realizada no dia 25 de julho, com valor disponível estimado em R$ 6,2 milhões
Por Kaio Costa
O Governo do Tocantins anunciou a construção de uma unidade escolar no distrito de Buritirana, a cerca de 50 km de Palmas, na tarde desta quarta-feira, 22, em solenidade que reuniu lideranças políticas das esferas estadual e municipal. Pleiteada em 2007 e com terreno doado ao Estado desde 2010, a população de Buritirana aguardava o anúncio da construção dessa Escola há 15 anos e, hoje, o Governo do Estado faz história ao assegurar essa unidade educacional com Ensino Médio ao distrito.
"A população de Buritirana e região, que envolve mais quatro assentamentos, espera há décadas a construção dessa escola e nós vamos entregá-la prontinha com previsão de no máximo um ano, para que os nossos estudantes não precisem mais sair daqui para assistir aula em Taquaruçu ou em Santa Tereza", salientou o governador Wanderlei Barbosa.
Escola Estadual Padrão
A escola seguirá formato padrão do Estado, com seis salas de aula, bloco de refeitório, quadra poliesportiva coberta, unidades de combate a incêndio e pânico, além de auxiliar na urbanização de Buritirana. De acordo com a Secretaria de Educação (Seduc), a licitação desta obra seguirá concorrência do tipo menor preço e está prevista para ser realizada no dia 25 de julho, com valor disponível estimado em R$ 6.229.684,65.
A pasta adianta, ainda, que estão sendo concluídos todos os trâmites licitatórios legais para início da construção e o prazo para entrega da unidade escolar será de um ano. Os assentamentos da região que também serão atendidos com a construção desta escola são: Veredão, Entre Rios, PA Sítio e PA Três Penas.
O secretário da educação, Fábio Vaz, menciona que a obra de uma escola estadual em Buritirana estava prevista no passado, mas que não avançava; (Esequias Araújo/Governo do Tocantins)
Atualmente Buritirana conta apenas com uma unidade de ensino municipal no distrito. A Escola Municipal Luiz Nunes atende crianças do pré 1 ao 9° ano e quando os alunos passam para o Ensino Médio, a saída é descer a serra até Taquaruçu, ir para Santa Tereza ou Palmas. "As crianças precisam acordar muito cedo e isso prejudica o rendimento escolar delas. Essa escola vai trazer benefícios porque vai diminuir a distância desses estudantes à sala de aula, consequentemente o transporte e o cansaço, melhorando seu aprendizado", comentou Ademir Bandeira, diretor da Escola Municipal Luiz Nunes.
Luta antiga
A luta por essa unidade escolar é antiga. A liderança política Gilberto Gomes, conhecido como Betinho de Buritirana, destacou que a comunidade busca essa construção há 20 anos. "Só o Estado poderia promover a obra desse colégio e trazer essa demanda. Com ela, a gente ganha tempo, o custo fica menor para a comunidade e traz vários benefícios aos moradores de Buritirana", disse. Betinho relatou ainda que grande parte da juventude do distrito trabalha com a agricultura e é desmotivado ter de se deslocar para outro local a fim de estudar. "E é perigoso descer e subir a serra de Taquaruçu todos os dias, às vezes até de madrugada. Eles vivem correndo risco de tragédias. Essa escola vai minar isso também", projetou.
As crianças precisam acordar muito cedo e isso prejudica o rendimento escolar delas. Essa escola vai trazer benefícios porque vai diminuir a distância desses estudantes à sala de aula, consequentemente o transporte e o cansaço, melhorando seu aprendizado", comentou Ademir Bandeira, diretor da Escola Municipal Luiz Nunes. (Esequias Araújo/Governo do Tocantins)
A certeza de que os alunos estudarão perto de casa é uma satisfação que entusiasma a professora Marizan Barros, que também é mãe de uma estudante do 3° ano do Ensino Médio que acorda diariamente às 4 da manhã para assistir aula em Taquaruçu. "Essa escola representa o sonho das mães que ficam aflitas todo dia, quando seus filhos pegam o ônibus para descer a serra de Taquaruçu. O sonho de vê-los estudando aqui, de tê-los por perto", comemorou.
O secretário da educação, Fábio Vaz, contou que esta obra estava prevista no passado, mas que não avançava. "A Gestão Estadual determinou que viéssemos fazer esse reconhecimento e entrega à população de Buritirana. Nós temos parceria inclusive com a Unitins e um prédio desse nível pode ofertar qualificação profissional e tecnológico", mencionou Fábio.
Estiveram presentes no evento de lançamento do edital o governador do estado do Tocantins, Wanderlei Barbosa, os deputados estaduais Léo Barbosa, Cleyton Cardoso e Vanda Monteiro, o prefeito de Santa Tereza, Antônio Campos, o vereador de Palmas, Marilon Barbosa, o secretário da educação, Fábio Vaz, os comandantes da Polícia Militar, Coronel Barbosa, e do Corpo de Bombeiros, Coronel Farias, além de lideranças políticas e empresariais da região.
Ex-ministro de Bolsonaro foi preso nesta quarta-feira
Com Estadão
Preso preventivamente pela Polícia Federal nesta quarta-feira (22), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro teria cometido pelo menos quatro crimes. O mandado de prisão, expedido pelo juiz federal Renato Borelli, aponta os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
A operação Acesso Pago deteve Ribeiro em sua casa em Santos, no litoral paulista. Também foi detido o pastor Gilmar Santos, ligado ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles são acusados de instaurar um balcão de negócios no MEC (Ministério da Educação) utilizando verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), ligado à pasta.
Os crimes dos quais o ex-ministro é acusado tem relação com um esquema de corrupção orquestrado por pastores evangélicos, a partir da distribuição de recursos do FNDE durante sua gestão.
Na mesma decisão, o juiz determinou que Ribeiro seja transferido para a Superintendência da PF em Brasília. O ex-ministro deve participar de uma audiência de custódia nesta quinta-feira (23), às 14h, na sede da 15ª Vara Federal.
Além de Ribeiro e Gilmar Santos, o pastor Arilton Moura também foi alvo da operação.
Dois ex-desembargadores receberam R$547 mil e R$432 mil de uma só vez
Com Diário do Poder
Apenas nos 6 primeiros meses deste ano, ao menos 353 juízes receberam mais de R$ 100 mil, segundo dados levantados pelo jornal Folha de S. Paulo, com base em informações que estão em site com os pagamentos feitos aos 17,9 mil juízes, desembargadores e ministros de Cortes superiores do Judiciário, mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O número pode ser ainda maior porque nem todos os tribunais enviam informações ao CNJ.
De acordo com o levantamento, os três juízes que receberam os maiores contracheques embolsaram, de uma única vez, valores que vão de R$ 432 mil a mais de R$ 700 mil”. Enquanto outros 350 receberam, em pelo menos um mês, valores entre R$ 100,04 mil e R$ 279 mil.
Os juízes estão entre os servidores públicos com os maiores salários no funcionalismo, uma vez que a remuneração é vinculada ao vencimento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje em R$ 39,2 mil — teto da administração pública.
No entanto, é bastante comum magistrados receberem acima desse limite, já que há uma série de valores não considerados no cálculo do teto, como férias e gratificações, remuneração por participação em conselhos, entre outras.
Segundo os dados do CNJ, o magistrado que mais recebeu de uma vez só, neste ano, foi a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que era do TRT da 9ª Região (Paraná), Morgana de Almeida Richa: quase R$ 733 mil no contracheque referente ao mês de abril.
Segundo a assessoria de imprensa do TST, Morgana foi exonerada do TRT-PR para assumir o cargo de ministra do TST, em dezembro de 2021, somado a vários períodos de férias que não foram usufruídos.
Com o segundo maior contracheque em 2022 está o ex-desembargador Francisco Ermel, que deixou o TRT da 9ª Região em março e recebeu R$ 547 mil em “verbas correspondentes a seu desligamento definitivo, conforme determina a lei”.
A terceira na lista nacional é a ex-desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Sandra de Santis, com R$ 432 mil recebidos de uma vez só, “por ocasião da aposentadoria”, segundo assessoria.