Líder venezuelano foi reeleito com 51% dos votos; oposição também contesta contagem
Por Camila Stucaluc
A reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela está repercutindo entre chefes de Estado e líderes políticos mundiais. O resultado foi anunciado na madrugada desta segunda-feira (29), pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Segundo o órgão, o líder recebeu 51,2% dos votos, ante 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, foi um dos primeiros a se manifestar. Pelas redes sociais, o chefe de Estado afirmou que o resultado é “difícil de acreditar” e que o país não irá reconhecer a vitória de Maduro até que a contagem de votos seja verificada.
O mesmo foi dito por Javier González-Olaechea, ministro das Relações Exteriores do Peru. Ele condenou “em todos os extremos” a soma de irregularidade com intenção de fraude por parte do governo da Venezuela, afirmando que o país não aceitará a violação da vontade do povo venezuelo. Embaixadores foram acionados para acompanhar o caso.
Em comunicado, o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, rejeitou a vitória de Maduro. "Trabalharemos com os países democráticos de todo o continente e organizações internacionais para alcançar o respeito que o povo venezuelano merece", disse ele.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, demonstrou preocupação com o resultado, dizendo que a vitória de Maduro pode não refletir a vontade ou os votos do povo venezuelano. Ele pediu transparência na contagem dos votos. "A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá de acordo."
Miguel Díaz-Canel, presidente da Cuba, foi um dos únicos a comemorar. O líder telefonou a Maduro para transmitir as “calorosas felicitações do partido pela histórica vitória eleitoral alcançada”, bem como reafirmar a solidariedade de Cuba à Venezuela.
O presidente da Argentina, Javier Milei, não divulgou um comentário oficial sobre o resultado do pleito venezuelano. Pelas redes sociais, o chefe de Estado apenas compartilhou uma publicação que havia feito antes da contagem dos votos.
“Os venezuelanos decidiram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados apontam uma vitória acachapante da oposição e o mundo espera o reconhecimento desta derrota. A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular desta vez”, escreveu.
Governo e oposição divergem sobre resultado
O resultado das eleições também está dividindo opiniões na Venezuela. Apesar de o Conselho Eleitoral garantir a vitória de Maduro, com 80% das urnas apuradas, a oposição afirmou que testemunhas da eleição foram impedidas de acompanhar a contagem dos votos e que alguns centros de votação não estavam enviando os resultados.
"Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu aqui", disse Maria Corina, líder da oposição venezuelana. Ela declarou vitória a González, citando as pesquisas de boca de urna que apontavam uma vitória do político por 70%, contra 30% de Maduro.
O presidente do CNE, Elvis Amoroso, rebateu a acusação, dizendo que o sistema havia sofrido um ataque, o que provocou o atraso no envio dos resultados. Segundo ele, o caso será investigado, mas, nas próximas horas, já serão disponibilizados os resultados mesa a mesa, bem como um CD com a contagem de votos às organizações políticas.
Município integra a lista de mais de 40 que receberam recursos do Estado para implementação na infraestrutura, segurança e programação musical das praias
Por Ivan Trindade
Localizada na região do Cantão, a Praia do Sol, já tradicional no município de Caseara, segue a todo vapor durante a temporada de praia 2024 com infraestrutura garantida pelo Governo do Tocantins e segurança reforçada pela Polícia Militar (PMTO). Conhecida no Estado como uma das mais visitadas, a praia recebeu uma média de 60 mil pessoas circulando durante todos os finais de semana de julho, marcando um recorde na cidade.
“Iniciamos o último final de semana da temporada de praias. Realizamos um investimento pensando no melhor conforto possível para os tocantinenses visitantes e, claro, visando também assegurar que todos os envolvidos direta e indiretamente na organização consigam ganhar muito com isso na economia local, sejam do setor hoteleiro, alimentício ou qualquer outro que esteja atuando em nossas belezas naturais, nossas praias”, pontuou o governador Wanderlei Barbosa.
Mais de 40 municípios foram contemplados com recursos, por meio de um aporte de R$ 35 milhões, garantidos pelo Governo do Tocantins para melhorias nas infraestruturas de suas praias.
Turismo no Cantão
Para garantir a tranquilidade nas praias, a Polícia Militar efetivou um reforço no quantitativo de policiais na cidade;
Integrante da região do Cantão, o município de Caseara realiza a Praia do Sol há mais de 20 anos. A estrutura conta com 10 quiosques, que atuam em uma praça de alimentação, além de estandes de saúde e segurança, com a atuação reforçada da Polícia Militar do Tocantins (PMTO). "O sucesso da nossa praia se deve principalmente ao fato de que procuramos importantes parcerias, buscando trazer ao visitante uma estrutura cada vez melhor. Neste ponto, sou imensamente grata ao Governo do Tocantins, na pessoa do governador Wanderlei Barbosa, que nunca fechou as portas para que aqui, em Caseara, conseguíssemos realizar tudo de forma a garantir que a nossa praia continue sendo uma das maiores e melhores do Estado", destacou a prefeita Ildislene Santana.
De fácil acesso para a população de Caseara e demais visitantes, a Praia do Sol registrou, durante a temporada, o maior público dos últimos anos, bem como o maior volume de vendas. "Conseguimos ultrapassar nossas expectativas de público e de negócios em 2024. Tudo isso se deve ao fato de que reunimos muitas forças para garantir que tudo ocorresse bem. Temos as barracas de apoio, Polícia Militar, Saúde, Bombeiros, salva-vidas e administração, que dão total suporte na praia", comentou o Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Caseara, Fernando Barbosa.
Prefeita Ildislene Santana agradece ao Governo do Tocantins pelas parcerias que garantiram uma estrutura cada vez melhor para a Praia do Sol;
Para garantir a tranquilidade nas praias, a Polícia Militar efetivou um reforço no quantitativo de policiais na cidade, resultando em dias calmos e sem problemas para todos os presentes na Praia do Sol. "A Polícia Militar realiza policiamento ostensivo e preventivo durante toda a temporada de praia, garantindo assim a sensação de segurança para todos os participantes e comerciantes. Até o presente final de semana, não houve nenhum registro de ocorrência", ressaltou o sargento Alves, responsável pela operação de segurança da Polícia Militar em Caseara.
Turista Robson Carlos Braga elogia a organização e segurança da Praia do Sol, destacando sua experiência positiva
Turista de Palmas, Robson Carlos Braga, avaliou a Praia do Sol como uma das mais seguras do Estado. "É a primeira vez que venho a esta praia, e já conseguimos perceber o quanto ela é organizada e segura, porque conseguimos ver os esforços atuando constantemente", pontuou o visitante.
A empresária Silvane Dias, que tem um quiosque próximo ao palco, celebra toda a organização que, segundo ela, culminou em um dos melhores anos para vendas em seu empreendimento. "Esse ano foi 10, eu não tenho do que reclamar. Graças a Deus deu tudo certo. Estou contente com o resultado e a expectativa é que ano que vem seja ainda melhor", salientou a vendedora.
Programação Cultural
No último final de semana, a estrutura contou, na sexta-feira, 26, com shows de Taisa Marques e Flaguim Moral. Já no sábado, 27, houve apresentações de Forrozão Coração do Brasil e Harley Santos. Neste domingo, 28, para finalizar, DJ WX Castilho e Deavele Santos. A banhista Rivani Braga relata que a estrutura de Caseara sempre chama sua atenção. "Tudo aqui é familiar e tranquilo. Acho a praia linda e muito legal. Estou ansiosa para os shows de logo mais e sinto que, mesmo sendo minha primeira vez aqui, definitivamente continuarei voltando à Praia do Sol", destacou a visitante.
Toda a expectativa criada pelo “núcleo duro” de Janad Valcari acerca de um anúncio do governador Wanderlei Barbosa em apoio à sua candidatura a prefeita de Palmas, que chegou a ser “cravada” pela imprensa para este fim de semana acabou sendo frustrada, mesmo com a “romaria” de apoiadores da deputada estadual à chácara do governador em Paranã
Por Edson Rodrigues
Wanderlei Barbosa foi claro ao afirmar que decisão ainda não está formalizada e que precisa ouvir seus companheiros mais próximos para acatar a vontade de todos e que não se pronunciaria até que a opinião de todos se consolidasse.
Afinal, anunciar apoio à candidatura de Janad Valcari significa obrigação de vitória em Palmas para Wanderlei Barbosa, colégio eleitoral em que ele e nenhum outro membro da sua família jamais perdeu uma eleição. E, apesar de Janad estar bem colocada nas pesquisas, seus adversários vêm crescendo substancialmente e um segundo turno fica cada vez mais cristalino com o passar dos dias.
RADIOGRAFIA PANORÂMICA
Nosso Observatório Político vem acompanhando os movimentos do Palácio Araguaia e da Assembleia Legislativa, e os “sons” que ecoam de cada um dos poderes que representam. Até agora, o som emitido pelos parlamentares tem se sobressaído em comparação com o ritmo tocado pelo grupo palaciano, sob a regência do governador Wanderlei Barbosa, de forma mais evidente nos principais colégios eleitorais do Estado.
Em um primeiro momento, pode-se avaliar que o governador não queira “aumentar o volume”, afinal, para isso há o Diário Oficial e o poder da caneta e Wanderlei Barbosa vem fazendo de tudo para deixar a orquestra afinada, sem “atravessar o samba” da Assembleia, deixando que todos demonstrem seus gostos e preferências, mas parece que essa permissividade está acarretando problemas ao “maestro”.
Cidades como Araguaína, Porto Nacional, Paraíso e, por incrível que pareça, Almas – onde o candidato do governador Wanderlei Barbosa, Goianyr Barbosa, é cunhado e considerado irmão pelo governador – estão funcionando em um ritmo diferente ao orquestrado pelo grupo palaciano, e o som dos parlamentares – inclusive federais – está ecoando muito mais alto, somado ao som do prefeito local, declaradamente de oposição ao governador, e tirando as possibilidades do ritmo palaciano se estabelecer entre os “ouvintes”.
Ainda assim, Wanderlei Barbosa tem se mantido sereno, aceitando, tolerando, “congelando” e absorvendo ao limite máximo essa disputa “sonora”.
Mas, em Palmas as bandas tocam diferente. Ao assumir um posicionamento pró Janad, Wanderlei estaria atrelando seu futuro, em um momento em que é o maior líder político do Tocantins – e do grupo palaciano – a uma vitória da deputada estadual para a prefeitura de Palmas.
EXEMPLO HISTÓRICO
Marcelo Lelis quando em campnaha para a prefeitura de de Palmas em 2012
A candidatura de Janad Valcari, embora venha liderando todas as pesquisas de intenção de voto, não pode ser considerada imbatível, muito menos servir de desculpa para uma união desajustada de partidos, que acabe colocando a opinião pública com a pulga atrás da orelha.
A própria sucessão da Capital Tocantinense tem um exemplo claro de como um somatório exagerado de forças acabou por fazer naufragar, literalmente, uma candidatura favorita até a 20 dias das eleições.
Sim, estamos falando de Marcelo Lelis, então candidato a prefeito pela União do Tocantins que, de tão forte e robustamente estava na liderança, resolveu, aos 45 minutos do segundo tempo, mostrar à oposição o quanto podia mais, convocando para o cargo de vice-prefeita Cirlene Pugliese, vereadora, até então, com reeleição garantida, e membro do principal partido de oposição, PMDB.
Acabou que a soberba e a magnitude da chapa da União do Tocantins, formada, nada menos, por 13 partidos – PV, PTB, DEM, PHS, PSL, PTC, PDT, PRB PSD, PMN, PSC, PSDB e, a partir de então, PMDB – se transformaram em um Titanic difícil de “flutuar” junto à opinião pública e ao eleitorado palmense, que preferiu a “pureza” e o discurso mais “honesto” ideologicamente, de Carlos Amastha, então no PP, que acabou eleito.
PALMAS: IGNORAR ADVERSÁRIO É CEGUEIRA POLÍTICA
Eventuais candidatos a prefeitura da Capital
O principal adversário de Janad Valcari é o ex-deputado estadual Eduardo Siqueira Campos, filho do saudoso ex-governador José Wilson Siqueira Campos, idealizador e construtor da Capital do Tocantins e da melhor primeira-dama que o Estado já teve, Dona Aureny Siqueira Campos, e primeiro prefeito eleito de Palmas.
Eduardo Siqueira e o pai Siqueira Campos vem crescendo nas pesquisas
De início, Eduardo Siqueira Campos já tem um imenso apelo popular apenas pelo seu histórico familiar e político, somando-se à sua experiência política e às visitas, casa por casa, família por família, na zona urbana e na zona rural de Palmas, tanto de Eduardo quanto de sua esposa, Poliana, humilde, simpática e prestativa, o resultado foi o crescimento apresentado nas pesquisas, que já virou até tema de matéria da CNN nacional, de 15% para 29%.
Carlos Amastha ainda não decidiu se será candidato a prefeito ou não, mas soma outros 12%, e Júnior Geo segue em crescente, após a confirmação, por parte da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro Mantoan, de que ele é o candidato do grupo político do Paço Municipal. Os dois, somados a Eduardo Siqueira Campos já configuram uma margem de votos suficientes para um segundo turno na Capital, o que transforma o apoio de Wanderlei Barbosa e do grupo palaciano, fundamental para uma possível vitória de Janad.
Embalado pelas pesquisas, o grupo político pessoal de Janad Valcari vinha ignorando a possibilidade de crescimento de seus adversários, e o que as pesquisas apontam, agora, é uma Janad estagnada em seu favoritismo e os demais em crescente constante, o que pode ter feito Wanderlei Barbosa repensar sua decisão e ponderar com seus companheiros de grupo político.
Afinal, ignorar adversários é um ato de cegueira política. Quase suicida.
O COPO DE CREOLINA
O apoio do governador Wanderlei Barbosa tem peso fundamental na eleição de Palmas
Mesmo que Janad já “tenha” 17 dos 24 deputados estaduais, muitos dos congressistas tocantinenses e lidere as pesquisas e seja a favorita, em nenhum momento Wanderlei Barbosa convocou essa peregrinação à sua chácara em Paranã, nem, muito menos, declarou que iria anunciar apoio. Tudo o que envolve essa situação veio da expectativa do grupo de Janad, e a imprensa “embarcou” nessa possibilidade, inclusive o Observatório Político de O Paralelo 13.
Se havia algum acerto político e a expectativa quanto ao anúncio, é porque o grupo político de Janad sabe que, hoje, o apoio de Wanderlei Barbosa é crucial para sua eleição. E se estava tão certo esse anúncio, ao ponto de todos se deslocarem para Paranã, e a situação foi outra, é porque, certamente, um copo de creolina foi jogado no leite que representaria a união de forças em busca da prefeitura da Capital.
O certo é que o posicionamento de Wanderlei Barbosa em relação à sucessão municipal em Palmas permanece uma incógnita, e o “fim de semana dos sonhos” acabou virando um pesadelo. E os candidatos oposicionistas à Janad, continuam crescendo nas pesquisas.
Nada como um dia após o outro...
Da Assessoria
O descerramento da placa de inauguração está previsto para as 19h da próxima segunda-feira, 29, e será feito pelo presidente da entidade, economista Luso Guimarães, que estará acompanhado do presidente do Conselho Federal de Economia (Confecon) Paulo Dantas, da conselheira federal Socorro Herculano e convidados.
A nova sede do Conselho Regional de Economia do Tocantins (Corecon-TO) em Palmas leva o nome do economista Dorival Roriz, ex-secretário estadual da Fazenda já falecido, e está localizada na Avenida Teotônio Segurado, Edifício Amazônia Center, 7º andar. Além da estrutura administrativa, o espaço conta também com sala de apoio ao economista e foi mobiliado especialmente para garantir conforto a funcionários e visitantes.
Para Luso Guimarães, a conquista da sede própria representa não apenas a concretização de um sonho antigo, mas também a valorização e o fortalecimento da categoria.
“Teremos um espaço adequado para promover o desenvolvimento profissional dos economistas do nosso estado, além de proporcionar um ambiente mais acolhedor e funcional para todos”,
destaca, acrescentando que a nova sede será um ponto de encontro para debates, capacitações e iniciativas que visam o crescimento e a inovação na área econômica.
Atingidos acionaram Corte no Reino Unido por rompimento de barragem
Por Léo Rodrigues
A mineradora anglo-australiana BHP Billiton, uma das acionistas da Samarco, assinou um acordo no Reino Unido se comprometendo a não apoiar ou financiar uma ação movida no Supremo Tribunal Federal (STF), em que o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) pede que a possibilidade de municípios promoverem litígios judiciais no exterior seja considerada inconstitucional.
É mais um capítulo da nova batalha judicial que teve início no mês passado e envolve o rompimento da barragem em Mariana (MG) ocorrida em novembro de 2015, que causou 19 mortes gerou danos às populações de dezenas de comunidades mineiras e capixabas ao longo da bacia do Rio Doce. Desde então, os envolvidos trocam uma série de acusações.
Insatisfeitos com o processo reparatório no Brasil, cerca de 700 mil atingidos e 46 municípios, além de empresas e instituições religiosas acionaram as cortes britânicas visando responsabilizar a BHP Billiton, que tem sede em Londres. O caso tramita desde 2018. Audiências marcadas para outubro deste ano irão avaliar a responsabilidade da mineradora.
Mais recentemente, milhares de atingidos pela tragédia e sete municípios também levaram o caso aos tribunais na Holanda. Nesse caso, o alvo são subsidiárias holandesas da Vale e da Samarco. A ação foi aceita pelo Judiciário do país europeu em março deste ano. Há duas semanas, a Vale e a BHP Billiton, as duas acionistas da Samarco, entraram em acordo para arcar com valores iguais caso ocorram uma condenação pela Justiça de qualquer um dos países.
A nova batalha judicial teve início quando o Ibram, que representa as maiores mineradoras do país, moveu uma ação no STF onde busca impedir que municípios brasileiros ingressem com ações em tribunais estrangeiros. A entidade alega ser inconstitucional que entes federativos se envolvam em litígios no exterior. O ministro Flávio Dino, nomeado relator, já negou pedidos de liminar e considerou que o caso deve ser analisado no plenário.
Dois dias depois da movimentação do Ibram, o Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (Coridoce) solicitou para ingressar no processo. Ele é composto pelos prefeitos dos municípios envolvidos em um processo judicial em tramitação no Reino Unido. A ação também gerou reação do escritório Pogust Goodhead, que representa os atingidos e municípios nas ações movidas no Reino Unido e na Holanda. A questão foi levada aos tribunais britânicos.
Os advogados do escritório apresentaram documentos que comprovariam que a ação do Ibram foi movida a pedido da BHP Billiton. Eles alegaram que a tentativa de bloquear o acesso aos tribunais britânicos seria uma violação ao direito dos municípios. Foi pedida uma liminar para proibir a BHP de adotar qualquer medida que impedisse a resolução final do processo no Reino Unido. Também acusaram a mineradora de mentir inicialmente ao negar envolvimento na movimentação. Afirmam que, ao ser contestada com provas, ela acabou admitindo que financiou a ação com um aporte de R$ 6 milhões.
Ata do conselho do Ibram, datada de 23 de maio, registra o pedido da BHP Billiton para que o STF fosse acionado com o objetivo de “contestar a possibilidade de municípios brasileiros litigarem ações judiciais no exterior sobre casos ocorridos no Brasil, especialmente no caso do colapso da barragem do Fundão". Na avaliação do escritório Pogust Goodhead, a mineradora ficou sem saída e assinou o acordo para não ser penalizada. Os advogados dos atingidos entendem que a mineradora também terá que solicitar ao Ibram para que desista da ação no STF.
Essa não é a interpretação da BHP Billiton. Procurada pela Agência Brasil, a mineradora informou que se comprometeu no acordo a não fazer novos aportes ao Ibram e que espera que a ação no STF siga seu curso normal.
"A BHP nega os pedidos formulados no caso da Inglaterra em sua totalidade, e considera a ação desnecessária, uma vez que duplica questões já cobertas pelas ações existentes e em andamento no Brasil, sob a supervisão dos tribunais brasileiros", registra nota divulgada pela mineradora. O acordo já foi homologado no tribunal britânico e há inclusive previsão de sanções em caso de descumprimento, desde multa até apreensão de bens e prisão.
Os municípios vinculados ao Coridoce consideram que o Ibram quer obrigar os municípios a concordarem com acordos reparatórios nos quais não são ouvidos. No Brasil, o processo reparatório gira em torno do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) - firmado entre as três mineradoras, a União e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo. Com base nele, foi criada a Fundação Renova. Ela assumiu a gestão de mais de 40 programas, cabendo às mineradoras o custeio de todas as medidas.
Porém, passados mais de oito anos, a atuação da entidade é alvo de diversos questionamentos judiciais e desde 2022 há uma tentativa de repactuação do processo reparatório, capaz de apontar solução para mais de 85 mil processos que tramitam sobre a tragédia. Os municípios novamente não participam das tratativas, que atualmente registram um impasse porque os valores propostos pelas mineradoras ainda não atenderam às expectativas da União e dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Arguição
De acordo com o Ibram, a ação levada ao STF é uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que tem o objetivo central de resguardar a soberania brasileira. A entidade alega que, sem passar pelo crivo da Justiça brasileira, a transparência das ações movidas no exterior fica comprometida. Além disso, sustenta que a participação do Ministério Público nos processos envolvendo entes federativos é obrigatória, o que ficaria inviabilizado em casos que tramitam fora do país.
Nesta quarta-feira (24), durante apresentação dos dados semestrais do setor mineral, o diretor-presidente do Ibram defendeu a movimentação. "Apoiamos as empresas nacionais e as mineradoras nacionais contra essa iniciativa absolutamente contrária à Constituição, à soberania e ao próprio Brasil. Não estamos mais no tempo do Brasil Colônia, quando cortes estrangeiras, inclusive da Inglaterra, aqui exigiam a extraterritorialidade e que os nacionais fossem julgados pela Justiça de lá. Isso não faz nenhum sentido".
Após o acordo no Reino Unido se tornar público, o Ibram já havia divulgado nota repudiando a reação da defesa dos atingidos e afirmou agir de acordo com os interesses dos seus associados. A entidade avalia que reparação da tragédia tem sido custeada pelas empresas no Brasil, sob acompanhamento do Judiciário brasileiro. Além disso, afirma que a ação dos atingidos no Reino Unido é financiada por um fundo abutre, que busca lucrar com a tragédia.
"Ocorre que uma banca de advocacia estrangeira sediada em Londres, Inglaterra, e um fundo abutre, ambos amplamente identificados como membros da indústria da tragédia, ou seja, como defensores de causas alheias em proveito e ganhos próprios, agiram para instaurar causa similar em Corte de Londres e na Holanda, em flagrante desrespeito ao sistema de justiça brasileiro, à nossa Constituição e à soberania nacional. Em caso de vitória, eles ficariam com a parte do leão das indenizações propostas aos municípios e a mais de 700 mil pessoas, aos quais concederiam as sobras, nada mais do que migalhas, usando as vítimas como marionetes para objetivos inconfessáveis", registra o texto.
A acusação foi rebatida pelo escritório. "Os honorários recebidos seguem as práticas de mercado e variam de acordo com o tipo de cliente, sendo a média 22,5% – pois parte dos clientes são atendidos de forma pro bono [sem cobrança], como indígenas e quilombolas. As vítimas não pagam nada pelo atendimento jurídico e o Pogust Goodhead apenas receberá honorários em caso de vitória. O escritório, portanto, recebe financiamento de fundos para cobrir as despesas processuais – que já somam R$ 150 milhões ao longo dos 6 anos de processo", informou.
De acordo com os advogados da defesa dos atingidos, esse modelo viabiliza o acesso à justiça para as vítimas que, em muitos casos, não teriam os meios para enfrentar judicialmente corporações bilionárias como a BHP. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) apoia essa captação de recursos.
"É extremamente legítimo que o escritório busque financiamento para garantir que essa ação seja bem feita e bem subsidiada tecnicamente para que tenhamos sucesso. Quem tem ganhado dinheiro com a tragédia são os criminosos defendidos pelo Ibram. As ações de propaganda e de enganação que as empresas criminosas têm feito torna o crime um negócio que compensa em nosso país. E esse é o motivo de uma ação internacional, porque infelizmente até hoje o poder das empresas em nosso país fez com que a Justiça ainda não tenha sido alcançada", disse Joceli Andrioli, integrante da coordenação do MAB.