O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na noite deste domingo (26) de jantar em agradecimento a doações feitas ao PT. Segundo organizadores, o total arrecadado é de cerca de R$ 3 milhões.
POR CATIA SEABRA
A lista de convidados tem 208 nomes, entre juristas e empresários. Nem todos os doadores participaram do evento.
A previsão é que aconteçam ao menos mais três como esse: um no Rio de Janeiro , um em Minas e um no Nordeste.
Líder nas pesquisas para o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem, na terça-feira (28), mais um jantar com empresários.
Oferecido pelos advogados Sérgio Renault, Marco Aurélio Carvalho e Pierpaolo Cruz Bottini, o jantar tem na lista de convidados os empresários João Camargo, fundador do grupo Esfera, e Carlos Sanchez (EMS). Há previsão de presença de representantes de empresa do setor aéreo.
Além de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e dirigentes do PT participaram de jantar em agradecimento a doações destinadas ao PT.
O jantar serviu de teste para campanha de arrecadação que o partido pretende lançar em julho.
Tesoureira do PT, Gleide Andrade afirma que essa é uma nova etapa de uma campanha de arrecadação. Desta vez com o uso do Pix.
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Será divulgado um vídeo com pedido de colaboração para a campanha do ex-presidente. O teto de gastos deverá ser fixado em R$ 131 milhões.
Já os deputados federais, dirigentes do PT e puxadores de voto reivindicam uma cota individual de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral.
A direção partidária tenta negociar a redução desse valor, que deve chegar a R$ 2 milhões.
A intenção do PT é realizar jantar em Minas, Rio de Janeiro e no Nordeste para atingir o teto fixado para a campanha de Lula, sem comprometer o orçamento dos candidatos a deputado federal.
Desde a apresentação das diretrizes programáticas de sua campanha, Lula tem participado de uma série de jantares com representantes do empresariado e do setor financeiro.
Na noite de sexta-feira (24), o anfitrião foi o dono da operadora Qsaúde, José Seripieri Junior.
Na terça-feira (21), no lançamento dessas diretrizes programáticas, Lula contou ter participado na véspera de um jantar oferecido pelo fundador do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), o engenheiro e economista Cláudio Haddad.
Entre os convidados, o presidente do conselho da administração do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, o presidente da Natura, Fábio Barbosa, e o presidente da rede Magazine Luiza, Frederico Trajano.
Além de Lula e de seu vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, participou do encontro.
"E eu, com muita falta de humildade, eu dizia [no encontro]: quem nesse país tem mais autoridade de recuperar esse país do que o Alckmin e eu?", relatou Lula.
Falando dele e de Alckmin, o petista acrescentou: "Ninguém nesse país tem os partidos e movimentos sociais apoiando nem a experiência gerencial que nós temos para cuidar da coisa pública. Nós não precisamos de tempo para aprender".
Interlocutores de Simone Tebet dizem não haver dúvidas sobre qual será a escolha da emedebista numa eventual disputa entre Lula e Bolsonaro
Por Edoardo Ghirotto
Nada será dito publicamente antes do primeiro turno da eleição. Mas, se a pré-candidatura de Simone Tebet não decolar, o voto da senadora do MDB em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro será no petista.
Interlocutores da emedebista dizem não haver dúvidas sobre qual seria a posição de Tebet diante do enfrentamento entre os dois candidatos favoritos. Como é de praxe na política, no entanto, declarações de apoio só serão feitas após as negociações que antecedem o segundo turno.
Em jantar recente com o senador Renan Calheiros, em Alagoas, Lula afirmou que espera contar com o apoio de pelo menos 14 diretórios estaduais do MDB no primeiro turno. O petista acredita que a adesão poderá ser maior se a candidatura de Tebet não decolar.
A emedebista apareceu com 1% das intenções de voto no Datafolha divulgado nesta semana.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) receberam com alívio o resultado da pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira (23), que mostrou estabilidade do mandatário
POR MARIANNA HOLANDA, RENATO MACHADO, DANIELLE BRANT, MATHEUS TEIXEIRA E JULIA CHAIB
Na avaliação de integrantes da campanha, os números poderiam ter vindo piores diante do novo aumento no preço dos combustíveis e da prisão de um ex-ministro do governo. O resultado, segundo esses aliados, mostra que Bolsonaro pode ter chegado a um piso no primeiro turno e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a um teto.
O Datafolha mostra o petista com 19 pontos de vantagem sobre o presidente, marcando 47% das intenções de voto no primeiro turno, contra 28% de Bolsonaro.
Os números se assemelham ao da pesquisa passada, divulgada no final de maio. Na ocasião, o ex-presidente tinha 21 pontos de vantagem.
A maior preocupação do entorno do chefe do Executivo tem sido a crise econômica e a alta dos preços da gasolina e do diesel. Mas, como a Folha de S.Paulo mostrou, o governo deve mudar o pacote de combustíveis que havia proposto para dar um incremento direto nos benefícios do Auxílio Brasil.
A avaliação é de que a situação econômica chegou a um momento tão complicado que tudo que há de ruim é atribuído ao presidente. A pesquisa reforçou que a única variável que importa neste momento é o bolso, na avaliação do Planalto.
Por isso, aliados esperam que, diante do pacote reformulado de R$ 1.000 de ajuda aos caminhoneiros, do aumento no vale-gás e de um Auxílio Brasil de R$ 600, Bolsonaro poderá voltar a subir nos levantamentos eleitorais. Eles lembram que o melhor momento de popularidade do presidente foi quando o governo pagou R$ 600 do auxílio emergencial, durante o momento mais agudo da pandemia.
O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (PL-TO), afirma que a população tem cada vez mais a percepção que a questão dos preços dos combustíveis está ligada ao contexto externo e que as medidas do governo nesse sentido serão sentidas em breve.
"Muita coisa sobre o governo pode melhorar daqui para a frente e assim vai melhorar, com certeza, a situação do presidente Bolsonaro", disse Gomes, que aposta na reeleição do mandatário.
O Planalto também credita a estabilidade de Bolsonaro diante do reajuste dos combustíveis à estratégia de comunicação do governo que, no caso, conseguiu transferir a responsabilidade e, de certa forma, vilanizar os executivos da Petrobras.
A campanha de Bolsonaro tem um instituto de pesquisa próprio contratado, mas seus integrantes costumam também se orientar por uma média dos principais levantamentos.
Ainda assim, há aliados que desacreditam as pesquisas publicamente. Coordenador-geral da campanha do pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou o levantamento de "torcida contra o Bolsonaro".
"Quer dizer que o Lula defende o aborto em rede nacional e a pesquisa mostra que ele não cai entre os evangélicos? Isso não é pesquisa, é torcida contra Bolsonaro", afirmou, em nota.
Na campanha petista, a avaliação é de que o Datafolha reflete o atual cenário econômico negativo, o que breca possibilidades de crescimento de Bolsonaro.
A aposta no PT é que as próximas semanas serão decisivas para avaliar o desempenho do presidente, quando ele colocar na rua novo pacote de medidas econômicas.
Se as medidas não surtirem efeito, líderes petistas avaliam que Bolsonaro poderá desidratar e chegar ao piso de seu eleitorado, que, dizem, fica entre 20% a 25% da população.
Se as propostas tiverem apelo popular, Bolsonaro conseguiria manter a polarização para tentar levar a disputa a um segundo turno.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), considera que o cenário de estabilidade mostra a consolidação dos votos em Lula e Bolsonaro.
"Tem um resultado consolidado, tanto pro lado de Lula como do Bolsonaro. A terceira via não se mexeu", diz.
A presidente tem dúvidas sobre o efeito eleitoral que a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro terá na popularidade de Bolsonaro por avaliar que o mandatário tem uma base muito fiel. Ela opina, porém, que o caso desmonta o discurso anticorrupção do mandatário.
Se Bolsonaro conseguir botar o novo pacote econômico-social de pé, o PT deve adotar o discurso de que as propostas são meramente eleitoreiras e têm data para acabar, em dezembro deste ano.
O ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) afirmou, por sua vez, que a população "está querendo definir [as eleições] no primeiro turno". "Com a liderança absoluta de Lula e a polarização consolidadas, a tendência que está emergindo é que o povo está querendo definir no primeiro turno. Quanto mais o povo compara Lula e Bolsonaro, mais a nossa vitória está assegurada", disse, em nota.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse não ser impossível Ciro Gomes desbancar Bolsonaro e enfrentar Lula no segundo turno.
Para ele, a prisão de Milton Ribeiro ainda não se refletiu na pesquisa. "Esse negócio que aconteceu ontem [prisão] ainda não deu repercussão eleitoral para o Bolsonaro. Não deu tempo. Acho que ainda vai dar consequência porque não vai ficar só nisso", afirmou.
A pesquisa também mostrou que a grande aposta da terceira via, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), não decolou até o momento, um mês após ter sido confirmada por MDB, PSDB e Cidadania como o nome do bloco.
O levantamento mostrou a senadora com 1% das intenções de voto.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, minimizou o resultado. Afirmou que ainda estão em "início de campanha".
"Pesquisa a gente sabe que apenas está representando o momento. Seguimos em frente acreditando que o Brasil vai romper essa polarização entre Lula e Bolsonaro. Estamos em início de campanha", afirmou.
Do site Poder360
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou nesta 4ª feira (22.jun.2022) um vídeo para criticar a afirmação de que a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro revela haver corrupção no governo Bolsonaro. A ideia foi aventada por opositores depois de um mandado de prisão preventiva ser expedido no caso sobre a atuação de pastores no MEC.
“Esqueça que o juiz que mandou prender o ex-ministro Milton Ribeiro é o mesmo que quis obrigar o presidente Jair Bolsonaro a usar máscara. Hoje eu quero falar sobre corrupção. Não é esse assunto do dia?”, indaga o congressista, antes de listar investigações de corrupção no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No video, Eduardo cita casos envolvendo os ex-ministros Geddel Vieira Lima, Antonio Palocci e José Dirceu, além da ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, há uma diferença de “um oceano” entre o governo Bolsonaro e os governos do PT. “Sobre matérias de corrupção, não dá nem pra começar a discutir”, declara o filho 03 do presidente.
“Eu poderia aqui certamente ficar falando muito e muito mais sobre os escândalos no tempo do PT. O que eles querem é dizer: ‘está vendo? O governo Bolsonaro também comete escândalos de corrupção. É tudo farinha do mesmo saco.’ Meus caros, não dá nem para começar a comparar. O ministro Milton está sendo investigado, foi preso preventivamente. Ainda tem um processo que vai correr, onde ele terá a chance de se defender com direito ao contraditório e ampla defesa e um devido processo legal. Se isso acontecer dentro das quatro linhas, né?”, diz Eduardo.
Assista (3min2s):
Mais cedo, o pastor evangélico Silas Malafaia também criticou as comparações de uma suposta corrupção no governo de Bolsonaro com os governos petistas. Segundo o evangélico, isso é um esforço da imprensa “esquerdopata”.
A equipe de campanha de Bolsonaro entrou em modo de “contenção de danos” com a repercussão da prisão de Ribeiro. Apesar de o caso fragilizar o discurso anticorrupção do governo, a avaliação de assessores é que o tema da corrupção continuará como um dos principais contra Lula.
Da coluna Notas&Informações do Estadão
O primeiro rascunho do plano de governo do PT deu o que falar. Para quem se arvora em líder de uma formidável coalizão em defesa da democracia e contra o autoritarismo, Lula da Silva constrangeu até líderes de partidos aliados ao impor sua agenda na elaboração do documento. Os eleitores moderados, grupo que o petista precisa conquistar, necessariamente, para se eleger presidente pela terceira vez, viram naquelas diretrizes programáticas o velho PT que há alguns anos vinham rejeitando. Algo precisava mudar.
Pois o PT, para evitar “novos atritos” com partidos coligados e com esses potenciais eleitores mais ao centro do espectro político, propôs uma nova versão das tais diretrizes. Substituindo um adjetivo aqui e um verbo acolá, às vezes nem isso, é tudo mais do mesmo. O documento vendido aos incautos como “recuo” não passa de mais uma lorota petista.
Tome-se, por exemplo, um dos temas que mais repercutiram negativamente quando da divulgação da primeira versão dessa espécie de pré-programa de governo: a reforma trabalhista. O termo “revogação” foi suprimido da nova versão. Mas isso não quer dizer, em absoluto, que os avanços para o mercado de trabalho trazidos pela aprovação da reforma durante o governo do presidente Michel Temer não estejam ameaçados caso Lula seja eleito em outubro. A equipe que coordena a pré-campanha do petista fala agora em propor “uma extensa proteção social”, com atenção especial a autônomos e trabalhadores que usam aplicativos, “revogando os marcos regressivos da atual legislação trabalhista, agravados pela última reforma e restabelecendo o acesso gratuito à Justiça do Trabalho”, diz novo trecho do documento.
Qualquer pessoa alfabetizada lê o que vai acima e entende que, sim, o partido proporá mudanças na legislação trabalhista de modo a restaurar, no todo ou em parte, o arcaico arcabouço legal vigente até a sanção da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017. Afinal, não se sabe, e o documento não diz, o que o PT considera como “marcos regressivos” da reforma trabalhista – mas intui-se, a julgar pelos raivosos discursos lulopetistas, que sobraria pouca coisa da modernização das relações de trabalho.
A revogação do teto de gastos é outro ponto sensível para o País que foi mantido nas diretrizes programáticas do PT. O partido tem o direito de defender a agenda que bem entender, até rematados retrocessos, como o fim do teto de gastos sem indicar uma nova âncora fiscal, e submetê-la a escrutínio público. Só não é honesto dizer que recuou ou moderou seu discurso quando, a bem da verdade, o que houve foi uma manipulação de meia dúzia de palavras.
Em que pese a inclusão de um tópico no documento condenando ataques à imprensa e a jornalistas – a rigor, uma obviedade para qualquer um que se apresente como democrata –, a pauta da “regulação dos meios de comunicação”, um eufemismo para o controle estatal do jornalismo profissional e independente, segue entre as diretrizes programáticas do PT. Mas, agora, singelamente chamada de “democratização dos meios de comunicação”.
Permanece também o plano de “abrasileirar” os preços dos combustíveis, o que é uma forma adocicada de defender a intervenção do governo na política de preços da Petrobras. Aqui, Lula e o presidente Jair Bolsonaro andam de braços dados.
Assim, com alterações mais ou menos acentuadas no que concerne à linguagem, mas não ao espírito, o plano petista para governar o Brasil segue repleto de propostas perigosas, como o alto intervencionismo estatal na economia, o descontrole dos gastos públicos e a revogação da reforma trabalhista. Se aplicada, essa plataforma eleitoral não só não tem o condão de apresentar soluções duradouras para os atuais problemas do País, como pode criar outros, tão graves que nem sequer podem ser mensurados neste momento.
Mas pode vir coisa ainda pior por aí, caso Lula seja eleito. Afinal, para o chefão petista, “é melhor colocar menos propostas no papel e executar mais”. Conhecendo o histórico do PT, isso soa menos como promessa e mais como ameaça.