O presidente Jair Bolsonaro indicou na sua live desta quinta-feira, 26, que pode vetar o artigo do Código Eleitoral que prevê quarentena para juízes, militares e polícias se candidatarem a cargos eletivos.
Com Agências
O presidente fez um apelo para que a Câmara não aprove o dispositivo e disse que não “prejudicaria todo mundo” apenas para “tirar Sérgio Moro” da disputa, numa referência ao ex-ministro da Justiça, hoje seu adversário. “Quero mais que o Sérgio Moro dispute e, se ganhar, vou dar boa sorte para ele”, afirmou.
Na avaliação do presidente, a quarentena é “uma tremenda discriminação”. “O policial, o militar e o juíz também têm direito de se candidatar. Para tirar o Sérgio Moro não posso prejudicar todo mundo”, disse. Ex-juiz da Lava Jato, Moro pode tirar votos de Bolsonaro caso aceite participar da corrida, mostram as pesquisas eleitorais.
O presidente ressaltou que, embora o Parlamento faça tudo ao contrário do que ele pede, arriscaria a um novo apelo. “Tudo o que eu peço ao Parlamento eles fazem o contrário. Mas peço que não aprovem. Por que só para essas categorias? Sou contra (o projeto)”, disse.
O texto prevê a exigência de uma quarentena de cinco anos para que militares, policiais, juízes e promotores possam concorrer às eleições. A regra foi incluída no texto da deputada Margarete Coelho (PP-PI), relatora do novo projeto da reforma eleitoral, nesta quarta-feira, 25, e vinha sendo debatida nos bastidores do Congresso.
Nos últimos 15 dias, Bolsonaro sofreu derrotas consecutivas no Congresso. Nesta quarta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), arquivou pedido do mandatário para abertura de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. No início do mês, a Câmara derrubou proposta de retomada do voto impresso no País, a maior bandeira política do presidente.
Lula: "não há candidato com autoridade moral para falar de corrupção do PT". “Eu gostaria que a Rede Globo pedisse desculpas pra mim”, afirmou o expresidente.
Por Marcos Rocha
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a ser notícia no cenário político brasileiro. Em mais um arroubo autoritário, o petista repetiu que, se eleito em 2022, vai ‘regular’ a imprensa no país. A informação é da coluna Radar.
“Todo dia me perguntam: quando é que você vai fazer uma autocrítica? Tenho que fazer uma autocrítica. Nós não tratamos a reforma da comunicação, a regulação [da mídia], como deveria ser tratada. Aprovamos um programa para que a gente pudesse regulamentar os meios de comunicação. Eu não sei por que cargas d’água não foi colocado no Congresso esse projeto”, disparou.
“Eu gostaria que a Rede Globo pedisse desculpas pra mim”, acrescentou.
Após ter sido considerado “ficha limpa” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-condenado parece estar se sentindo cada vez mais solto para ser o velho Lula de sempre. De olho nas eleições do ano que vem, ele nega corrupção na Petrobras e resgata um antigo desejo da cúpula petista em ‘regular’ a mídia brasileira.
“Eu vi como a imprensa na Venezuela destruía o Chávez. Nós vamos ter que ter um compromisso público de que nós vamos ter que fazer um novo marco regulatório dos meios de comunicação e espero que os senadores e deputados entendam que isso é necessário para a democracia. Inclusive discutir com a sociedade uma regulação da internet. Para que a internet se transforme numa coisa do bem”, finalizou Lula.
Lula: "não há candidato com autoridade moral para falar de corrupção do PT"
Petista citou os escândalos que envolvem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o caso das 'rachadinhas', as polêmicas de Fabrício Queiroz e sua rápida evolução patrimonial ao longo da vida política
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista ao jornal Bahia no Ar, na manhã desta quinta-feira (26), e se colocou a disposição de um debate com Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito dos temas que envolvem corrupção do mandatário.
"Quando se tem um presidente que fala em combater a corrupção e não se investiga o Queiroz, não investiga as rachadinhas que envolveram os seus filhos e não investiga o seu próprio patrimônio… Eu estou muito a vontade para esse debate", opinou o petista.
Lula ressaltou, porém, que não há candidato com "autoridade moral para falar de corrupção do PT". Para justificar sua fala, o ex-presidente revelou que não tem medo "desse discurso de corrupção, que sempre foi feito no Brasil. Já tivemos presidente que foi eleito com a vassourinha e outro que foi eleito denunciando todo mundo, como o Collor".
Em uma de suas falas finais, o petista afirmou que não enxerga condições para um uma ruptura democrática no país, liderada pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, "a sociedade brasileira sabe que a democracia faz bem. Nós precisamos tomar cuidado, pois eles não agem com normalidade. O golpe dele [Bolsonaro] não seria nem militar e sim de miliciano, pois ele juntou os milicianos que convivem com a família dele."
O Congresso impôs nesta quarta-feira, 25, a segunda derrota política do presidente Jair Bolsonaro em 15 dias
Por Lauriberto Pompeu e Camila Turtelli
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), rejeitou abertura de processo de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo ele, Bolsonaro não apresentou elementos mínimos para justificar a medida. No início do mês, a Câmara já havia barrado outra intenção do presidente: a de retomada do voto impresso.
“O parecer da Advocacia Geral do Senado muito bem fundamentado reconhece que os fatos declarados na petição (assinada por Bolsonaro), não se sobrepõe à Lei 1.079 (que define os crimes de responsabilidade) no rol taxativo de hipóteses que admitem impeachment de ministros do Supremo. Vigora no Brasil o princípio da legalidade. O fato tem que ter uma previsão legal para que se constitua justa causa de um processo. De todos os fatos narrados na petição inicial na denúncia feita pelo Presidente da República nenhum desses fatos tem essa adequação legal da Lei 1.079”, justificou Pacheco. “De modo que, como presidente do Senado, determinei a rejeição da denúncia por de justa causa e por falta de tipicidade”, anunciou.
No diagnóstico do presidente do Senado, o arquivamento também pode ter a consequência política de “restabelecer a relação entre os Poderes”. “Quero crer que essa decisão possa constituir um marco de restabelecimento das relações entre os poderes, pacificação e união nacional”, disse, ao ler sua decisão. Eleito para o comando do Senado com o apoio de Bolsonaro, Pacheco não fez críticas à conduta do presidente de apresentar uma denúncia vazia.
No final de semana, houve uma reação contra o pedido de afastamento do ministro do STF. Dez partidos de centro e esquerda e dez ex-ministros da Justiça divulgaram notas contra o ato de Bolsonaro.
O pedido de impeachment foi assinado pelo próprio presidente, o que é incomum, com firma reconhecida de sua assinatura em cartório. No texto, Bolsonaro argumenta que o Poder Judiciário passou a agir como um ator político. Por isso, deveria tolerar ataques similares aos que ele diz sofrer enquanto presidente. O presidente também questiona decisões tomadas por Moraes em julgamentos do Supremo. Os ministros, contudo, não podem ser condenados pelos votos.
Moraes se tornou um alvo de Bolsonaro por conduzir o inquérito das fake news, que tem como foco a fabricação e o financiamento de informações contra adversários do presidente. No documento em que pede o impeachment do ministro, o presidente justificou que o Moraes desrespeitou as liberdades individuais quando determinou, por exemplo, a prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.
Aliado de Bolsonaro, Jefferson foi preso por integrar o “núcleo político” de uma rede que age para “desestabilizar as instituições republicanas”, no entender de Moraes. Para isto, o deputado utilizaria uma “rede virtual de apoiadores” devotados a espalhar mensagens que pedem a “derrubada da estrutura democrática e o estado de Direito no Brasil”. Bolsonaro não se manifestou sobre a decisão de Pacheco.
No final da noite, Bolsonaro divulgou nas suas redes sociais trecho de uma live que fez no dia 15 de abril. “A gente só ganha guerra pessoal se tiver informações. Se o povo estiver bem informado, estiver consciência do que está acontecendo, a gente ganha essa guerra. Alguns querem que seja imediatista. Eu sei o que tenho que fazer. Dentro das quatro linhas da Constituição. Se o povo, cada vez mais, se inteirar, se informar, cutucar seu vizinho, começar a mostrar para ele qual o futuro do nosso Brasil, a gente ganha essa guerra”, disse no vídeo repostado.
“Eu sei onde está o câncer do Brasil. Nós temos como ganhar essa guerra. Se esse câncer for curado, o corpo volta a sua normalidade. Estamos entendidos? Se alguém acha que eu tenho que ser mais explícito, lamento”, finalizou.
Petista lamentou 'general brasileiro aceitando ser subcomandante da Quarta Frota americana no Atlântico'
Da coluna Radar - Veja
O ex-presidente Lula está em Natal, no Rio Grande do Norte, nesta terça, para uma série de agendas. Depois de passar pelo Ceará, ele jantou ainda na noite de segunda na casa do senador petista Jean Paul Prates.
O petista espera manter o palanque forte no estado, com a governadora Fátima Bezerra disputando a reeleição e Prates buscando mais um mandato ao Senado. Na conversa, Lula fez um discurso de defesa da soberania nacional. “Precisamos reunir nossas forças para readquirir a nossa soberania, porque não é possível a gente ver hoje acontecendo no Brasil a CIA visitando o presidente da República, a CIA visitando os militares, general brasileiro aceitando ser subcomandante da Quarta Frota americana no Atlântico”, disse Lula.
“Reencontrar Lula é sempre um prazer. Sua disposição de escutar todos os lados antes de tomar decisões e de construir essas decisões com base em consensos é o que está faltando ao Brasil hoje”, diz o senador Jean.
O ex-presidente segue em agenda pela capital nesta terça-feira (24). Às 10h, Lula visita o Complexo Cultural da Rampa. A partir das 16h30, o ex-presidente tem um encontro marcado com movimentos sociais, artistas e políticos no Hollyday Inn Natal.
Encontros concretizam um movimento do ex-presidente em direção a lideranças contra as quais disputou eleições nos últimos anos
Por Daniel Weterman
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na manhã desta segunda-feira, 23, com os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Cid Gomes (PDT-CE) em Fortaleza, em agendas distintas, além do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE). Os encontros concretizam um movimento de Lula em direção a lideranças contra as quais disputou eleições nos últimos anos mirando na sucessão presidencial de 2022, em oposição ao presidente Jair Bolsonaro
Lula viajou ao Ceará e havia pedido, há uma semana, reunião com Tasso. O encontro durou aproximadamente uma hora e ocorreu no escritório particular do tucano. A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT), e o ex-deputado estadual Ilário Marques (PT-CE), acompanharam Lula na agenda.
Após a conversa, o senador afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que a conversa girou em torno do cenário atual da política brasileira, da importância da defesa intransigente da democracia, do fortalecimento das instituições e do compromisso de resistência a qualquer ato ou medida que ponha em risco a democracia no País. De acordo com o tucano, nenhuma aliança eleitoral entrou na pauta.
O encontro entre Lula e Tasso ocorreu após uma reunião do petista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em maio. FHC já admitiu votar em Lula em um segundo turno contra Bolsonaro. Tasso é apontado como um dos pré-candidatos às prévias do PSDB para definição do candidato ao Planalto em 2022, disputa na qual Bolsonaro e Lula protagonizam uma polarização. O senador deve anunciar até setembro se realmente vai concorrer às primárias do partido, marcadas para novembro.
Apesar de estarem em campos opostos, Tasso e Lula mantiveram um nível de diálogo nos últimos anos. Durante a prisão do petista em Curitiba (PR), o senador enviou carta ao ex-presidente em solidariedade após a morte do neto de Lula, em março de 2019. No Ceará, PT e PSDB devem continuar em campos distintos. Os tucanos caminham para uma aliança com o PDT, enquanto a legenda petista fala em candidatura própria.
Após a conversa com o senador do PSDB, Lula se encontrou com o senador Cid Gomes (PDT), irmão do ex-candidato do PDT à Presidência Ciro Gomes, que vem intensificando ataques ao petista, e com o governador Camilo Santana (PT). Além disso, teve uma agenda com o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB).
O ex-presidente Lula tem feito aceno aos partidos de centro e dado sinais que pretende formar uma aliança para além da esquerda em oposição a Bolsonaro no próximo. Um dos partidos mais próximos, de acordo com aliados do ex-presidente, é o PL, legenda "número 2" no bloco formado pelo Centrão e que hoje declara apoio a Bolsonaro.