Milton Ribeiro afirmou que crianças com deficiências "atrapalhavam" alunos sem a mesma condição
Por Nathalia Galvani
Uma nova declaração polêmica do ministro da Educação Milton Ribeiro está repercutindo nas redes sociais. Em entrevista ao programa 'Sem Censura', da TV Brasil, na última segunda-feira (9/8), o político disse que crianças com deficiências "atrapalhavam" os demais alunos sem a mesma condição quando colocadas na mesma sala de aula.
“O que é inclusivismo? A criança com deficiência é colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia, ela ‘atrapalhava’ — entre aspas, essa palavra eu falo com muito cuidado – ela atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela, atenção especial”, declarou o ministro.
Outras declarações feitas por Milton Ribeiro na mesma entrevista também causaram irritação em parte da população. Entre elas, o ministro disse que a "universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade".
"Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande", completou.
Além disso, ele também afirmou que reitores das universidades federais não podem ser 'esquerdistas, nem lulistas'. “Alguns optaram por visões de mundo socialistas. Não precisa ser bolsonarista. Mas não pode ser esquerdidas, nem lulista. Reitor tem que cuidar da educação e ponto final. E respeitar todos que pensam diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político, nem direita, muito menos de esquerda”, disse.
Presidente do Senado se manifesta após Bolsonaro afirmar que irá pedir impeachment contra ministros do STF e pede diálogo entre Poderes
Por Daniel Weterman
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), publicou uma mensagem no Twitter defendendo o diálogo entre os Poderes e criticando quem queira dividir o País. A declaração se dá após as ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a pressão do chefe do Planalto para afastar os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes da Corte.
"O diálogo entre os Poderes é fundamental e não podemos abrir mão dele, jamais. Fechar portas, derrubar pontes, exercer arbitrariamente suas próprias razões são um desserviço ao País", afirmou Pacheco. "Portanto, é recomendável, nesse momento de crise, mais do que nunca, a busca de consensos e o respeito às diferenças. Patriotas são aqueles que unem o Brasil, e não os que querem dividi-lo."
No sábado, o chefe do Planalto anunciou que vai apresentar um pedido de impeachment contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes no Senado, a quem cabe decidir sobre esse tipo de procedimento. Senadores descartam qualquer possibilidade de dar andamento a um processo de afastamento dos magistrados.
A crise aumentou após apoiadores de Bolsonaro ameaçarem forçar o Senado a aceitar o impeachment de todos os ministros do tribunal. Um áudio atribuído ao cantor Sérgio Reis convoca uma greve de caminhoneiros para pressionar o Senado e "quebrar tudo e tirar os caras na marra" se não forem atendidos. Lideranças da categoria, porém, negam participar da mobilização.
O presidente do Senado afirmou que o Congresso não permitirá "retrocessos" na democracia. Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também se manifestou no mesmo sentido.
Um dos motivos seria "livrar" os postulantes da sigla ao Congresso de terem que apoiar um dos candidatos dos extremos ao Palácio do Planalto
Por Igor Gadelha
Conhecido por focar apenas em candidaturas competitivas à Câmara dos Deputados em eleições anteriores, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, passou a ressaltar, nos últimos meses, seu desejo de lançar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), ao Palácio do Planalto pelo partido em 2022.
Segundo aliados, a decisão tem dois motivos principais. Um deles seria “livrar” os postulantes da sigla ao Congresso Nacional de terem que apoiar um dos candidatos dos extremos à Presidência da República no primeiro turno, hoje representados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT).
O outro motivo seria puxar o chamado “voto de legenda” aos candidatos do PSD a deputado federal. O voto de legenda acontece quando, em vez de escolher um candidato específico, o eleitor prefere votar no partido, digitando apenas o número da sigla, de dois dígitos, na urna eletrônica.
Até o dia 26, Lula percorre os estados do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia
POR JOÃO PEDRO PITOMBO E JOÃO VALADARES
No momento em que Jair Bolsonaro (sem partido) inicia uma ofensiva sobre o eleitorado mais pobre do Nordeste, turbinando o programa Bolsa Família, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca na região para estreitar as alianças com governadores e traçar estratégias para as eleições de 2022.
O objetivo da viagem é aparar arestas na construção de palanques locais e formar uma base de apoio mais ampla com apoio local de legendas como PSB, MDB, Cidadania, PP e Republicanos. Lula desembarca neste domingo (15) no Recife e fica na região até 26 de agosto, passando por Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.
Entre aliados do ex-presidente, a avaliação é que o apoio sólido dos governadores será crucial para barrar o avanço da máquina federal no Nordeste e atrair localmente apoios fora do campo da esquerda.
"A viagem será um momento de retomar contatos, ouvir opiniões e prestigiar os aliados em seus estados. Cada governador é uma liderança importante em seu estado e, no caso do Nordeste, temos muitos governadores do nosso campo", avalia o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Pesquisas apontam que a maioria dos governadores de estados nordestinos têm boa avaliação e está bem posicionada para 2022, seja para concorrer à reeleição, seja para tentar emplacar seus sucessores.
Por outro lado, há uma preocupação com o avanço de aliados de Bolsonaro em suas bases eleitorais, atraindo prefeitos e líderes políticos locais com recursos de emendas parlamentares.
As torneiras abertas têm dado maior musculatura aos partidos do centrão. Nas eleições municipais, por exemplo, PSD e PP se consolidaram entre as siglas com mais prefeitos no Nordeste.
Bolsonaro também tem tentado ampliar sua inserção no eleitorado do Nordeste: tem concedido entrevistas a rádios da região e realizado visitas --na última semana foi a Juazeiro do Norte (CE).
Seu principal trunfo está na criação do Auxílio Brasil, programa que sucederá o Bolsa Família com a ampliação do valor médio pago às famílias de baixa renda. O projeto foi enviado nesta semana para a Câmara dos Deputados.
PT em Pernambuco
Mas o presidente ainda tem um longo caminho para reduzir sua rejeição no Nordeste. Pesquisas apontam Bolsonaro com baixa popularidade, sobretudo nas capitais. Nas análises qualitativas, a gestão da pandemia é apontada como principal problema.
Lula, por sua vez, segue como um dos principais cabos eleitorais nos estados da região e ganhou mais força após voltar a ser elegível. Nas qualitativas, é apontado como um candidato associado à estabilidade, mas enfrenta resistências do eleitor conservador.
Em sua visita a estados do Nordeste, Lula trabalhará para amarrar o apoio de governadores da região e seus respectivos partidos aliados. Para isso, contudo, precisa desatar alguns nós na construção de palanques locais.
O principal deles está no Ceará, onde o governador Camilo Santana (PT) deve concorrer ao Senado e apoiar o PDT para o governo estadual. A manutenção da aliança, contudo, enfrenta resistências diante da estratégia do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que aumentou o tom nas críticas a Lula.
"Querem deixar o PT de joelhos, em uma situação subalterna. Isso é inaceitável", critica o deputado federal José Airton Cirilo (PT-CE), que defende que o partido tenha candidatura própria ao governo.
Em Pernambuco, primeiro ponto de parada do ex-presidente no giro pelo Nordeste, a agenda prioritária é com o PSB.
O partido, considerado por Lula como aliado preferencial na esquerda para 2022, foi decisivo no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 e esteve afastado do PT nas eleições municipais do ano passado.
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), que travou disputa acirrada com a prima Marília Arraes (PT) em 2020 e se elegeu usando o antipetismo como estratégia, vai se encontrar com o ex-presidente.
O convite para um jantar no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, onde Lula será recebido pelo governador Paulo Câmara (PSB), foi feito por interlocutores do ex-presidente.
Até então, Campos e o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB) representam os maiores pontos de resistência no partido à aliança nacional com o PT. Nos bastidores, líderes socialistas avaliam que a relação direta com Lula sempre foi bem mais tranquila do que com o próprio PT.
A ida de Campos ao encontro com o ex-presidente é vista como o primeiro passo para o distensionamento da relação entre os dois partidos, ainda com algumas feridas abertas.
"Essa viagem [de Lula] não vai precipitar uma decisão nossa, mas é um passo importante desta caminhada", avalia o deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE), que estará no encontro.
Existe ainda a possibilidade de o ex-presidente participar, em caráter pessoal, de um jantar com Renata Campos, mãe do prefeito João Campos e viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo em 2014.
Apesar de ter deixado a Prefeitura do Recife desgastado e com baixa aprovação, Geraldo Julio é o nome mais cotado para a sucessão de Câmara. O ex-prefeito, que defende publicamente candidatura própria ou apoio a Ciro Gomes, não foi convidado para o jantar deste domingo.
No Recife, Lula também vai se encontrar com os deputados federais Dudu da Fonte (PP-PE) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Os dois tentam ser "o senador de Lula" na chapa que deve ser encabeçada por Geraldo Julio.
Silvio Costa Filho, que esteve próximo a Bolsonaro no início do mandato por defender a agenda econômica do governo federal, diz não ter constrangimento em se reaproximar de Lula.
"O pernambucano só se curva para agradecer. Tenho muita gratidão a Lula por tudo que fez por Pernambuco. Foi o melhor presidente para nosso estado", afirma.
No Maranhão, Lula tem outro nó para desatar. Aliado de primeira hora, o governador Flávio Dino (PSB) trabalha o nome do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) para sua sucessão.
A candidatura, contudo, enfrenta resistências dentro do PT, que teria dificuldade em apoiar um tucano para o governo maranhense. Parte da cúpula do partido prefere que o candidato seja o senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Na Bahia, está previsto um jantar com o governador Rui Costa (PT), contando com a participação de líderes como o senador Otto Alencar (PSD-BA) e o vice-governador João Leão (PP). A ideia é sacramentar a aliança local com apoio a Lula no momento em que o PP aproxima-se nacionalmente de Bolsonaro.
Lula ainda deve fazer uma segunda viagem a estados do Nordeste para visitar Paraíba, Alagoas e Sergipe. Na Paraíba, vai se reunir com grupos antagônicos que se enfrentarão na disputa pelo governo do estado.
É grande a possibilidade de palanque duplo. O governador João Azevêdo (Cidadania) já declarou que tem o aval do presidente do partido, Roberto Freire, para apoiar o petista no estado.
O senador Vital do Rêgo (MDB-PB) também pode disputar o governo com o apoio de Lula e encontrou-se com o ex-presidente na última semana. Nesta eventual chapa, o ex-governador Ricardo Coutinho, que deve migrar do PSB para o PT, tenta emplacar a vaga de candidato ao Senado.
Presidente do PTB transitou pela defesa intransigente de Collor até a denúncia e condenação pelo mensalão, nos anos do PT. Jefferson foi preso nesta sexta (13)
Por Giovanna Galvani, da CNN, em São Paulo
A prisão do ex-deputado federal e presidente do PTB Roberto Jefferson, autorizada após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, apontar indícios que o envolvem no inquérito das milícias digitais, joga luz sobre um dos políticos centrais em escândalos recentes da história brasileira, como o mensalão e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992.
O PTB diz que a prisão do ex-deputado infringe sua liberdade de expressão e representa censura. "O Diretório Nacional do Partido Trabalhista Brasileiro vem a público manifestar a sua incredulidade com a prisão de seu Presidente Nacional, Roberto Jefferson. O PTB foi surpreendido com mais uma medida arbitrária orquestrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes."
No governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Jefferson fazia barulho como um aliado contundente das políticas defendidas pelo presidente. Apesar do histórico de envolvimentos com escândalos de corrupção, Jefferson teve alinhamento ideológico com o Bolsonaro ao longo dos últimos anos.
Em 2005, Jefferson chegou a ter mandato parlamentar cassado por denunciar sem provas o escândalo do mensalaão.
Recentemente, Jefferson vinha na toada de publicar fotos com armas e textos com ataques a ministros do STF, o que já tinha feito com que fosse alvo de mandatos de busca em apreensão em março de 2020, no então inquérito das fake news – que foi aglutinado ao então inquérito dos atos antidemocráticos para formar o atual processo relatado por Moraes.
De acordo com a decisão de Moraes, obtida pelo analista política da CNN Gustavo Uribe, Jefferson foi preso por integrar o "núcleo político" uma suposta milícia digital que profere ataques às instituições democráticas.
Da TV ao Congresso
Antes de ingressar na vida pública, Roberto Jefferson Monteiro Francisco – fluminense nascido em Petrópolis em 14 de junho de 1953 – teve destaque em um programa policialesco chamado "Aqui e agora", exibido na extinta emissora TVS, atual SBT.
Com a popularidade em alta, candidatou-se a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro em 1982. Já filiado ao PTB, onde construiria a principal e maior parte de sua carreira política entre algumas idas e vindas, Jefferson obteve 84 mil votos e foi o deputado federal mais votado do partido.
Apesar de algumas desavenças com o partido, conseguiu ser reeleito em 1986 a tempo de participar da Assembleia Nacional Constituinte como suplente em uma subcomissão de Orçamento e Fiscalização Financeira. Na votação da Constituição de 1988, posicionou-se mais alinhado ao grupo conservador.
Foi candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 1988, mas foi derrotado pelo candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Marcelo Alencar. Voltou ao seu posto de deputado federal, onde iria exercer forte papel na defesa do ex-presidente Fernando Collor de Mello, eleito em 1989.
"Tropa de choque" de Collor
Após revelações de que o presidente Fernando Collor estaria envolvido em um esquema de tráfico de influência com seu ex-tesoureiro de campanha presidencial, Paulo César Farias (conhecido como PC Farias), o presidente foi alvo de uma CPI que visou apurar sua responsabilidade no esquema de corrupção dentro do governo.
Roberto Jefferson posicionou-se como um dos poucos parlamentares que sustentou a defesa ao presidente até sua renúncia.
A argumentação principal da nomeada "tropa de choque" de Fernando Collor era que nenhum presidente conseguiria governar sem apoio na Câmara, e que o líder do Executivo sofria "perseguições" da imprensa e dos candidatos derrotados em 1989. A forma de defesa enfática e midiática apelidou a composição dos defensores de Collor e deu maior visibilidade a Jefferson.
Na sessão da Câmara de 29 de setembro de 1992, Jefferson foi um dos 38 parlamentares que se opuseram à abertura do processo de impeachment. Não foi o suficiente para salvar a degradada imagem do "caçado de marajás". Já afastado após admissão do impeachment pela Câmara, Collor renunciaria à Presidência em 29 de dezembro do mesmo ano, horas antes de ser cassado no Senado.
Mensalão
Entre reeleições e novas alianças políticas desde os anos Collor até os primeiros anos de governo do PT, já na presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Jefferson manteve-se "dentro da máquina pública", uma característica que, para o cientista político Josué Medeiros, da UFRJ, o sustentou próximo ao poder por tantos anos.
A proximidade foi tanta que, em maio de 2005, Roberto Jefferson participou como acusador e acusado do escândalo do mensalão, revelado por ele em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. O deputado narrou a prática de um suposto esquema de mesadas dentro do governo federal, na qual parlamentares da base aliada, como o Progressistas e o Partido Liberal, recebiam pagamentos para aprovarem projetos interessantes ao governo Lula.
As acusações atingiram o governo em cheio e derrubaram rapidamente o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. No entanto, a intensa troca de acusações que se seguiu na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre o mensalão também expôs benefícios financeiros recebidos pelo seu partido no esquema.
O processo trouxe como consequência futura a cassação do mandato de Roberto Jefferson, em 2005. Com isso, ele teve os direitos políticos cassados por oito anos. Em 2014, o julgamento do mensalão no STF condenaria Jefferson a mais de 7 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ele cumpriu parte da pena em regime fechado, mas em 2015 foi para a prisão domiciliar. Em 2016, foi considerado apto a receber o indulto presidencial de 2015, assinado por Dilma Rousseff, pelo ministro Luís Roberto Barroso. Na época, foram perdoados os sentenciados a até oito anos de prisão, sem reincidência, que já tinham cumprido um terço da pena até 25 de dezembro.
Apoio a Bolsonaro e futuro
Na análise de Josué Medeiros, que é coordenador do Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (NUDEB) da UFRJ e pesquisador do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada, vinculado também à universidade, Jefferson não é um político que se abandone no meio do caminho por manter amplo controle sobre um partido com uma bancada não irrelevante na Câmara.
"O Roberto Jefferson, assim como o [ex-deputado e ex-presidente da Câmara] Eduardo Cunha (MDB-RJ), é um personagem que me interessa muito pela capacidade um indivíduo de fazer tanto estrago", analisa Medeiros.
Para o cientista político, o fato de Jefferson exercer poder no PTB desde os anos 80, sua influência enquanto um financiador de campanhas dentro do próprio partido e sua afinidade ideológica com o governo de Jair Bolsonaro devem fazer com que o nome do ex-deputado não seja facilmente esquecido no momento.
"Também tem uma questão de afinidade ideológica muito forte. O Roberto Jefferson concorda com essas pautas de extrema-direita que o Bolsonaro impulsiona desde a trajetória dele como apresentador de TV. E o Bolsonaro vem disso: ele era do baixo clero, era esse tipo de parlamentar", opina Medeiros.
Apesar de Bolsonaro ainda não ter se manifestado oficialmente, a analista Renata Agostini, da CNN, apurou que o presidente irritou-se com a prisão do presidente do PTB, uma possibilidade partidária para ele em 2022.
Josué Medeiros avalia que Bolsonaro deverá se manifestar em similaridade com reações da sua bancada, que acusaram o Supremo de cercear a "liberdade de expressão".
No entanto, segundo apurações da analista Basília Rodrigues, da CNN, até os próprios deputados do PTB não estranharam a prisão do parlamentar devido ao forte tom de seus ataques nos últimos tempos, e alguns devem buscar dissociar a própria imagem do principal nome do partido em um momento que o Supremo não parece disposto a recuar.
*Com informações do CPDOC-FGV