Advogado confirmou que viajou aos EUA e comprou item para devolver ao TCU, mas negou ter sido instado por ex-presidente para recuperar joia
Com Site Redação Terra
O advogado de Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, confirmou, em entrevista coletiva nesta terça-feira, 15, em São Paulo, que fez uma viagem aos Estados Unidos e adquiriu um relógio Rolex no dia 14 de março deste ano. Segundo ele, a aquisição foi feita como "um presente ao governo brasileiro".
No entanto, Wassef negou qualquer envolvimento em uma suposta "operação de resgate" da joia a pedido de Bolsonaro. “Não foi Jair Messias Bolsonaro quem me pediu ou solicitou que comprasse o Rolex”, disse.
Em 2019, durante uma viagem oficial à Arábia Saudita e ao Catar, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu um relógio de luxo como presente das autoridades sauditas.
Posteriormente, o relógio foi levado para os Estados Unidos, para onde Bolsonaro também viajou pouco antes de encerrar seu mandato presidencial. Lá, de acordo com informações da Polícia Federal (PF), o relógio teria sido vendido de maneira ilegal pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
No dia 15 de março deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) estabeleceu um prazo de cinco dias úteis para que Bolsonaro fornecesse ao tribunal um conjunto de joias suíças da marca Chopard, feitas em ouro branco, que tinham sido recebidas como presente do governo da Arábia Saudita durante uma viagem oficial realizada em 2019. As joias foram posteriormente devolvidas.
'Usei do meu dinheiro para pagar o relógio'
Durante a entrevista concedida nesta terça-feira, Wassef explicou que sua viagem aos Estados Unidos já estava agendada e tinha propósitos pessoais. Ele também afirmou que a aquisição da joia foi realizada com seu próprio dinheiro.
"Usei do meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo quando comprei o relógio era cumprir a decisão do Tribunal de Contas da União", disse.
Ele também levantou uma incerteza ao dizer que o relógio em questão poderia ser outro, deixando no ar a possibilidade de que não se tratasse do mesmo produto.
"O governo do Brasil me deve R$ 300 mil", declarou Wassef. Em seguida, ele mostrou um recibo de compra no valor de 49 mil doláres, aproxidamente R$ 300 mil.
"A história que assessores me escalaram é falsa", afirmou Wassef, refutando ter uma amizade com Cid e enfatizando que sua ligação com o ex-assessor de Bolsonaro é de natureza estritamente formal.
Em outro momento da entrevista, ele alegou que comprou o relógio em dinheiro para estabelecer uma identificação transparente do comprador - de acordo com a legislação dos Estados Unidos - e para obter um "desconto".
"Consegui US$ 11 mil dólares [de desconto]. No Brasil, compra com cartão de crédito tem 5% de IOF", justificou.
Wassef chamou os jornalistas para uma entrevista coletiva nesta terça-feira, alegando que queria se posicionar "ao vivo" para evitar possíveis "edições cortadas".
A Polícia Federal está examinando os itens de luxo confiscados durante a operação realizada em 11 de agosto, que investiga suspeitas de venda ilegal de presentes entregues ao governo Bolsonaro.
Foi solicitada ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para acessar os registros bancários e fiscais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Entenda o envolvimento de Wassef
O relógio, com um valor estimado em cerca de R$ 300 mil, foi originalmente presenteado em 2019. Posteriormente, em junho de 2022, foi vendido nos Estados Unidos por Cid, de acordo com as informações da PF.
Após a divulgação da existência do Rolex, em março de 2023, a equipe de assessores do ex-presidente entrou em ação para recuperar o relógio. Segundo as investigações, Frederick Wassef viajou aos Estados Unidos com o objetivo de buscar o item.
De acordo com a PF, em 29 de março, Wassef retornou ao Brasil trazendo consigo o Rolex e, em 2 de abril, realizou a entrega do relógio a Mauro Cid em São Paulo. Dois dias após essa entrega, a defesa de Bolsonaro realizou a devolução do item à União.
"Uma coisa é a viagem que fiz para os EUA. Outra coisa é me acusar de organização criminosa e esquema de joia. É uma armação", completou.
Operação Lucas 12:2
Frederick Wassef foi um dos alvos da operação da Polícia Federal Lucas 12:2, na última sexta-feira, 11.
Os policiais investigam um esquema que se utilizava da estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial que eram entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais e revendidos ilegalmente no exterior.
Os agentes cumpriram quatro mandados de busca e apreensão, em endereços ligados ao general do Exército Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que está preso desde maio.
Segundo nota da PF, "os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores". São investigados os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Prefeitos tocantinenses estão em Brasília para participar da Mobilização Municipalista. Em debate estão a crise na arrecada dos municípios brasileiros e as premissas municipalistas para a Reforma Tributária.
Com Assessoria
A Confederação Nacional dos Municípios - CNM, promoveu em Brasília a “Mobilização Municipalista”, com a presença de prefeitos de todo o Brasil.
Uma comitiva do Tocantins, liderada pelo presidente da ATM - Associação Tocantinense dos Municípios, marcou presença no evento. Prestigiando o evento, o senador Eduardo Gomes reuniu-se com os prefeitos do estado, recebeu convites para inauguração de várias obras executadas com emendas de sua autoria e firmou compromisso de atender novas demandas.
“Estamos em um período de concretização e entrega à população, de muitas obras em todo o estado e já anunciando uma nova leva de recursos para atender pleitos recebidos em nosso gabinete. E continuaremos sempre trabalhando para melhorar a qualidade de vida do povo tocantinense”, finalizou o senador Eduardo Gomes.
A pedido dos líderes partidários da Câmara, o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), cancelou a reunião que faria nesta segunda (14), às 19h, com o deputado Claudio Cajado (PP-BA) para discutir o arcabouço fiscal.
POR IDIANA TOMAZELLI
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse, em entrevista divulgada nesta segunda-feira (14), que a Câmara dos Deputados "está com um poder muito grande", declaração que criou ruído na relação com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), azedou o clima político e obrigou o ministro a dar explicações.
"A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo", disse Haddad em entrevista ao programa Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde. A gravação foi realizada na noite de sexta-feira (11), mas divulgada somente no início da tarde desta segunda.
Cerca de cinco horas após a declaração vir a público, Haddad desceu à portaria do Ministério da Fazenda para tentar pôr panos quentes na situação, dado o elevado risco de repercussão na agenda econômica. Uma reunião de lideranças da Câmara, marcada para tentar destravar a votação do novo arcabouço fiscal, foi cancelada diante do clima desfavorável.
"As minhas declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos, até os dois primeiros governos Lula, um presidencialismo de coalizão. E isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável", afirmou o ministro.
"Longe de mim querer criticar a atual legislatura. Era uma reflexão justamente para que a gente estabelecesse regras mais estáveis e duráveis, pensando no futuro da relação entre Executivo, Senado e Câmara Federal", acrescentou.
Haddad disse que fez questão de ligar para Lira para desfazer qualquer mal-entendido. Segundo o ministro, o presidente da Câmara foi quem sugeriu que ele fizesse um esclarecimento público. Os jornalistas foram chamados pela assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda para a declaração do ministro.
"Foi excelente [a ligação]. Ele [Lira] falou 'Haddad, talvez caiba um esclarecimento, porque as pessoas estão achando que foi uma crítica pessoal e, à luz de toda a relação que foi estabelecida entre nós, eu gostaria que você esclarecesse'", disse Haddad.
Deputados afirmam ter 111 assinaturas e previsão de chegar a 130 até sexta; são necessárias 171, no mínimo, para instalar comissão
Por Bruna Lima
O avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre o suposto esquema de venda ilegal de joias presenteadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem fortalecido na Câmara dos Deputados o movimento pela abertura de uma CPI para apurar o tema. Até esta segunda-feira (14), pelo menos 111 deputados já tinham assinado o pedido de instalação. A expectativa dos autores é encerrar a semana com 130 assinaturas, número que leva como base a sinalização já feita verbalmente por parlamentares.
Os deputados federais governistas Túlio Gadêlha (Rede-PE) e Rogério Correia (PT-MG) lideram a coleta de assinaturas. "Fomos procurados inclusive por lideranças depois que saiu a deflagração da PF. Pelo caminhar das coisas, acredito que haverá adesão suficiente para abrir a CPI. Cada dia, um novo escândalo, novos indícios, o que revela a necessidade de investigar pessoas ligadas ao esquema e como ele funcionou", afirmou Gadêlha ao R7.
Para instalar uma CPI na Câmara, é necessária a adesão de, pelo menos, 171 deputados, o que significa um terço dos representantes da Casa. Na avaliação de Gadêlha, ainda que as apurações estejam evoluindo no campo judicial, um movimento por parte do Legislativo não deixa de ser importante.
"Se existem implicações no cenário político, também precisa ser discutido no âmbito político. O que foi feito com os valores, os políticos e as autoridades envolvidos, são elementos de interesse público que justificam a apuração parlamentar. Uma coisa não impede a outra. E a CPI deve realizar um trabalho construído de forma cooperativa", justificou o governista.
Operação da PF
Na sexta-feira (11), a PF realizou quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de governos estrangeiros. Os alvos foram o general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid, o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef.
Os investigados são suspeitos de vender joias e presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente. De acordo com a PF, eles teriam utilizado "a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior".
Os relatórios da PF que embasam a liberação dos mandados por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, revelam a venda de kits de joias nos Estados Unidos e a tentativa de leiloar outros bens. Pela primeira vez, o ex-presidente Bolsonaro aparece em primeiro plano no suposto esquema, a partir de mensagens que revelam articulação para a entrega de dinheiro em espécie a Bolsonaro e pelo uso do avião presidencial para transportar ilegalmente as joias.
Os investigadores também pediram as quebras de sigilo bancário e fiscal do ex-chefe do Executivo e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes vê "determinação" de Bolsonaro para o esquema. A defesa do ex-presidente afirmou que ele "jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos". Em nota, a defesa diz também que Bolsonaro entregou joias "voluntariamente e sem que houvesse sido instado" ao Tribunal de Contas da União (TCU), episódio que ocorreu em março deste ano. Entre os itens de luxo devolvidos estão abotoaduras, um anel, um relógio, uma caneta e uma masbaha, objeto religioso.
Deputados devem analisar 15 emendas e definir data de votação
Por Daniella Almeida
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), informou que, nesta segunda-feira (14), os líderes partidários vão se reunir com técnicos da casa para debater as alterações do Senado no texto do novo arcabouço fiscal (PLP 93/23), que substitui o atual teto de gastos. O relator da matéria, deputado Claudio Cajado (PP-BA), também deverá participar da reunião para decidir o encaminhamento do projeto, ainda sem previsão de votação.
A Câmara precisa analisar 15 emendas do Senado ao texto do novo regime fiscal. Entre elas está a exclusão do limite de despesas do Poder Executivo dos gastos com o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) e com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Conforme acordo com os líderes, a Câmara poderá votar também, nesta semana, o Projeto de Lei (PL) 2.370/19, sobre direitos autorais. O texto estabelece regras para a publicação na internet, sem autorização, de obras protegidas por direitos autorais.
Sobre o PL 334/23, que trata da desoneração da folha de pagamento, Lira garantiu que a proposta não entrará na pauta. O PL prorroga até 31 de dezembro de 2027 a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia. O texto altera a Lei 12.546/11, que prevê o benefício somente até o fim do ano. “Esse tema está com a deputada Any Ortiz [Cidadania-RS], na Comissão [de Desenvolvimento Econômico]”, afirmou Arthur Lira.
Regime de urgência
Projetos de lei que tiveram regime de urgência aprovado na semana passada podem ser votados nesta semana no plenário da Câmara. Entre eles estão o PL 254/20, que muda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para prever o atendimento educacional diferenciado a gestantes e lactantes. A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) destaca que é importante garantir o cumprimento dos direitos de mães e crianças. “Esse PL é fundamental porque garante à estudante o direito de exercer tanto o seu processo de amamentar, e que é direito do bebê também, quanto o direito a uma gestação segura, sem perder o processo de ensino-aprendizagem”.
Outro projeto que teve pedido de urgência aprovado e pode ir a votação é o que muda o Estatuto da Advocacia para permitir sustentação oral do advogado no agravo regimento do recurso especial.
O PL 3.126/23, que altera o Estatuto da Pessoa com Deficiência para tutelar os interesses deportadores de sequelas de queimaduras, está pronto para ser votado.
Outro texto que pode ser votado é o do PL 2.597/19, que determina que os recursos recuperados em acordos de leniência, quando devolvidos aos cofres da União, devem ser destinados a obras de infraestrutura em escolas públicas ou à aquisição de veículos de transporte escolar. A deputada Érika Kokay (PT-DF) comenta que apenas uma parte dos recursos recuperados, após crimes contra a administração pública, será destinada à educação. “A política que foi prejudicada por um ato ilícito, que originou o acordo de leniência, receberá parte dos recursos que foram adquiridos, a partir das multas e do acordo de leniência. A outra parte será destinada à educação, porque nós temos as políticas públicas enganchadas umas nas outras”.
Sobre a proposta que cria a Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para a população em situação de rua, a autora da proposta, deputada Érica Hilton (PSOL-SP) detalha que os objetivos são a qualificação, autonomia e inclusão social e econômica desse público.
“Este é um projeto que visa ao respeito, à empatia, inclusão e autonomia dos nossos irmãos vivendo em situação de rua que, muitas vezes, são tratados pela perspectiva do ódio, do estigma, do preconceito, quando são famílias, crianças, idosos, mulheres, mães que perderam seus empregos e as oportunidades, que vivem nas ruas e precisam de um olhar responsável, empático e de qualidade”.
Ainda na área de educação, podem ser apreciados no plenário o PL 1.050/2021, que institui programa de aulas complementares aos alunos do último ano do ensino médio de escolas públicas estaduais para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e o PL 1.580/2019, que inclui a oferta opcional da disciplina de língua espanhola a partir do sexto ano do ensino fundamental;
Podem ser apreciados ainda o Projeto de Lei 3.035/2020, que cria a Política para Educação Especial e Inclusiva, e o PL 3.148/2023, que concede autonomia a comunidades indígenas, quilombolas e do campo para nomearem os prédios de escolas localizadas em seus territórios, conforme sua história e tradições.
Também pode ser votado o PL 2.725/2022, que estabelece um conjunto de regras mínimas de transparência pública e controle social em questões vinculadas à educação. A líder do Partido Novo, deputada Adriana Ventura, de São Paulo, reforça a necessidade de acesso a informações de interesse público, apesar de algumas ferramentas já disponibilizadas, com a Lei de Acesso à Informação. “A gente precisa tornar transparente toda a parte de formulação, gestão e execução de políticas públicas na área de educação, porque na legislação vigente há poucas disposições expressas sobre esse tema”.
Prazo de medidas provisórias
Algumas medidas provisórias (MP) podem perder a validade neste mês se não forem aprovadas. A mais urgente é a MP 1171/2023, que aumenta em 9% a remuneração de servidores e empregados públicos do Poder Executivo Federal e que vencerá em 25 de agosto.
Até 27 de agosto, precisa ser votada, para não perder a validade, a MP 1.171/2023 que altera a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física. A medida torna isento o cidadão que recebe até R$ 2.112 por mês e passa a taxar aplicações financeiras no exterior feitas por brasileiros residentes no país.
*Com Agência Câmara de Notícias e TV Câmara