Em seu primeiro pronunciamento após a derrota, presidente pediu fim de manifestações violentas
Por: Rafaela Vivas
Em seu primeiro pronunciamento após as eleições -- feito na tarde desta 3ª feira (1º.nov), quase dois dias após a proclamação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) --, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que continuará "cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição".
Em uma fala rápida, de menos de 2 minutos, ainda agradeceu os 58 milhões de votos e defendeu as mobilizações de caminhoneiros que fecham rodovias em todo o país. "Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça". Bolsonaro pediu, contudo, que as manifestações sejam pacíficas e disse que atos violentos são "da esquerda".
"As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", afirmou, sem citar o nome do presidente eleito, Lula.
O presidente ressaltou que a direita ganha força no Brasil e que acredita que ela veio pra ficar. "A direita sirgiu de verdade no nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra força dos nossos valores: Deus, pátria, famíla e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca, somos pela Ordem e pelo Progresso. Mesmo enfrentando todo o sitema superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra", disse Bolsonaro.
Ele repetiu que, "apesar de ser rotulado como antidemocrático, sempre joguei nas quatro linhas da Constituição". Disse que nunca falou em regulação ou controle de mídia ou redes sociais e que enquanto for presidente vai continuar cumprindo as regras da Lei Maior do País e "todos os mandamentos da Constituição".
Bolsonaro afirmou que é uma honra "ser o líder de milhões de brasileiros que defendem a liberdade econômica, liberdade religiosa, liberade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da bandeira".
O pronunciamento foi no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, em Brasília. Foi a primeira manifestação pública de Bolsonaro desde o resultado das eleições presidenciais no domingo (30.out), quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi declarado presidente eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tradicionalmente, candidatos derrotados fazem declaração pública após divulgação do resultado e telefonam para o eleito.
Apagão no Planalto
O mandatário estava acompanhado de ministros palacianos, aliados e ex-ministros de seu governo. Ele falou ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), do filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do deputado federal Helio Lopes (PL-RJ), que já foi conhecido por Hélio Negão e é amigo de longa data do presidente, e do candidato à vice na chapa à reeleição, general Braga Netto (PL).
Bolsonaro entrou sorrindo, ao lado de assessores e se mostrava tranquilo. Ele começou a falar às 16h38, quase duas horas depois de a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República ter enviado uma comunicação aos jornalistas avisando que o presidente faria um pronunciamento "em instantes" no Palácio da Alvorada.
Minutos antes do mandatário dar início ao pronunciamento, o tempo fechou na capital do país. Um apagão atingiu a área central de Brasília e o Alvorada ficou às escuras por pelo menos 20 minutos. A queda de energia também atingiu várias cidades do Distrito Federal.
Alexandre de Moraes determinou que PRF e PMs deverão cumprir a decisão
Por Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou hoje (31) o total desbloqueio das rodovias federais que registraram paralisações de caminhoneiros.
Pela decisão, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as policias militares estaduais deverão cumprir a decisão e garantir total trafegabilidade do trânsito de veículos.
Para Moraes, as paralisações “desvirtuam o direito constitucional de reunião”.
“O quadro fático revela com nitidez um cenário em que o abuso e desvirtuamento ilícito e criminoso no exercício do direito constitucional de reunião vem acarretando efeito desproporcional e intolerável sobre todo o restante da sociedade, que depende do pleno funcionamento das cadeias de distribuição de produtos e serviços para a manutenção dos aspectos mais essenciais e básicos da vida social”, afirmou o ministro.
Ontem (30), após o anúncio da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República em segundo turno, grupos de caminhoneiros iniciaram bloqueios em diversos pontos do país.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo aconselhado por ministros e militares a reconhecer o quanto antes o resultado da eleição presidencial e evitar o acirramento do clima de conflito no País
Por André Borges e Daniel Weterman
Interlocutores dizem que Bolsonaro se sente injustiçado, mas indicou que irá aceitar a derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo apurou o Estadão, Bolsonaro disse ter consciência de que um movimento dele em contrário pode deflagrar uma reação incontrolável por parte de seus apoiadores mais radicais. O presidente segue em silêncio 24 horas após ser derrotado na eleição.
O discurso com a manifestação presidencial vem sendo redigido pelo próprio Bolsonaro. A demora em falar publicamente sobre a eleição está ligada a dificuldade de Bolsonaro de assimilar a derrota. O presidente não conseguiu dormir à noite e hoje dava sinais de cansaço.
Bolsonaro estaria atuando pessoalmente junto ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Bruno Bianco, para buscar uma solução para os protestos dos caminhoneiros que bloquearam pelo menos 70 pontos de rodovias pelo País. A AGU indicou que a Polícia Rodoviária Federal pode atuar para desobstrução das estradas sem necessidade de autorização judicial.
O efeito de um discurso do presidente reconhecendo a derrota pode arrefecer o movimento dos caminhoneiros. Mas Bolsonaro afirmou a interlocutores que não tem como assegurar que será sua manifestação terá o mesmo efeito entre os mais radicais. Esse grupo, contudo, é bem menor.
O silêncio de Bolsonaro incomodou aliados, incluindo representantes do agronegócio, bancada ruralista e governadores eleitos. A falta de uma declaração reconhecendo o resultado é vista como um sinal de autorização para manifestações de rua e bloqueios em rodovias. Esse grupo avalia que é preciso seguir em frente e fazer a transição de governo de forma pragmática. O governador eleito em Santa Catarina, senador Jorginho Mello, um dos aliados mais próximos de Bolsonaro no Congresso, criticou as manifestações de eleitores do atual presidente no Estado. “Quebradeira não constrói nada”, disse o governador eleito, que não conseguiu conversar com Bolsonaro após o resultado.
O sentimento de injustiça que atinge o presidente, como mostrou o Estadão, parte da percepção dele de que perdeu a eleição por medidas tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As duas cortes proferiram decisões para exigir a garantia do transporte gratuito de eleitores no segundo turno. No entendimento de Bolsonaro, isso acabou beneficiando o petista Lula com redução da abstenção no dia da votação.
Durante a campanha eleitoral, o TSE determinou a retirada de centenas de postagens de apoiadores de Bolsonaro e que foram consideras pela Corte como fake news. Na última semana de campanha, Bolsonaro chegou a perder boa parte das inserções (peças publicitárias de 30 segundos de duração). Como mostrou o Estadão, a campanha petista adotou estratégia de exigir a retirada de postagens de Bolsonaro e seus seguidores. Já a defesa do presidente, no início da campanha, entrou com menos pedidos de retirada de conteúdo.
Apoiado por Jair Bolsonaro, novo governador promete grandes obras de infraestrutura no estado
Por Dhiego Maia
A derrota para Tarcísio de Freitas (Republicanos) neste domingo (30) representou o terceiro revés consecutivo em eleições para Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo.
Ex-ministro da Educação nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff entre 2005 e 2012, Haddad estreou nas urnas na disputa pela capital paulista com uma vitória sobre o ex-prefeito e ex-governador José Serra (PSDB), em outubro de 2012.
Na sequência, na esteira de denúncias que atingiram o PT e motivaram o impeachment de Dilma, em 2016, Haddad acabou perdendo em sua tentativa de reeleição, terminando em segundo lugar, com 16,70% dos votos válidos. O eleito foi João Doria, que alcançou 53,29% e venceu ainda no primeiro turno.
Fernando Haddad e Lula
Haddad retornou à disputa eleitoral em 2018 assumindo a candidatura de presidente que seria de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), considerado inelegível por conta de condenações, posteriormente revertidas, no âmbito da Operação Lava Jato.
O ex-prefeito de São Paulo foi para o segundo turno, mas acabou derrotado pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL) por 55,13% a 44,87% dos votos válidos.
A terceira derrota ocorreu neste domingo, para Tarcísio de Freitas. Depois de liderar as pesquisas antes do primeiro turno, o petista acabou atrás do rival do Republicanos no pleito de 2 de outubro. Neste domingo, o candidato apoiado por Jair Bolsonaro sacramentou a vitória.
Apesar do revés, Haddad levou o PT pela primeira vez ao segundo turno em São Paulo em 20 anos. A última ocasião havia ocorrido em 2002 – ano da primeira vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência -, quando José Genoino foi derrotado por Geraldo Alckmin (PSDB). O petista teve 41,36% dos votos, contra 58,64% do tucano.
Desde então, Aloizio Mercadante (2006 e 2010), Alexandre Padilha (2014) e Luiz Marinho (2018) disputaram o Palácio dos Bandeirantes contra os tucanos Serra, Alckmin e Doria, mas não chegaram a disputar o segundo turno.
Lula começou a militância na política como sindicalista, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O petista já ocupou o cargo de deputado federal, sendo o candidato mais votado em 1986, com 651.753 mil votos.
Em 1989, Lula concorreu à presidência pela primeira vez, quando foi derrotado por Fernando Collor. Depois, perdeu a disputa em 1994 e, depois, em 1998, ambas vezes para Fernando Henrique Cardoso. O petista foi eleito pela primeira vez em 2002, quando derrotou José Serra (PSDB), e reeleito em 2006, vencendo o agora vice, Geraldo Alckmin, então no PSDB.
Eleitores de 12 estados escolhem neste domingo governadores e vices para os próximos quatro anos.
Com G1
Os brasileiros vão eleger também quem vai comandar o país nesse período. Assim como no primeiro turno, as sessões eleitorais estarão abertas das 8h às 17h, no horário de Brasília. Quem não compareceu ou justificou no primeiro turno poderá votar normalmente. Várias cidades vão assegurar transporte público gratuito no domingo.
Os mais de 156 milhões de eleitores brasileiros aptos a votar em todo o país e no exterior retornam às urnas neste domingo (30) para o segundo turno das eleições.
O país definirá quem será o presidente da República pelos próximos quatro anos: Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que governou o país entre 2003 e 2010.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 156.454.011 brasileiros estão em condições para votar em 5.570 municípios brasileiros e em outras 181 localidades no exterior. O total corresponde a 73% dos 212,7 milhões de habitantes do país, segundo estimativa da população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dos que estão aptos a votar, 75% já possuem o cadastro biométrico (118,1 milhões).
Mais da metade do eleitorado é composta por mulheres: 82,3 milhões (53%). Os homens são 74 milhões (47%). Outras 36,7 mil pessoas não informaram o gênero. No total, 37.637 eleitores transexuais e travestis solicitaram a inclusão do nome social no título.
O voto é obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos (é facultativo para quem tem entre 16 e 18, para os maiores de 70 e para os analfabetos). Quem não puder comparecer, poderá justificar a ausência em qualquer local de votação.
Estados que terão segundo turno
Alagoas: Paulo Dantas (MDB) x Rodrigo Cunha (União Brasil)
Amazonas: Wilson Lima (União Brasil) x Eduardo Braga (MDB)
Bahia: Jerônimo (PT) x ACM Neto (União Brasil)
Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB) x Manato (PL)
Mato Grosso do Sul: Capitão Contar (PRTB) x Eduardo Riedel (PSDB)
Paraíba: João Azevêdo (PSB) x Pedro Cunha Lima (PSDB)
Pernambuco: Marília Arraes (Solidariedade) x Raquel Lyra (PSDB)
Rio Grande do Sul: Onyx Lorenzoni (PL) x Eduardo Leite (PSDB)
Rondônia: Coronel Marcos Rocha (União Brasil) x Marcos Rogério (PL)
Santa Catarina: Jorginho Mello (PL) x Décio Lima (PT)
São Paulo: Tarcísio (Republicanos) x Fernando Haddad (PT)
Sergipe: Rogério Carvalho (PT) x Fábio (PSD)