A fundação lidera um estudo com células e observou redução de inflamação associada a casos graves. Os pesquisadores também observaram efeitos mais vantajosos do que a cloroquina
Por Bruna Lima / Maria Eduarda Cardim
Mais um medicamento pode ser resposta promissora para o tratamento de infectados pelo novo coronavírus. Um estudo liderado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou que medicamentos atualmente usados no tratamento da hepatite C inibem a replicação do vírus. Observando o efeito em células, os pesquisadores constataram efeitos positivos, além da redução de inflamação associada aos casos graves da doença.
Na pesquisa, foram avaliados os antivirais daclastavir e sofosbuvir, ambos usados no tratamento de hepatite C. Ao fazer o uso fora da bula para tratar a covid-19, o grupo observou que a daclastavir impediu a produção de partículas virais infectivas em células pulmonares, hepáticas e renais. Além disso, o medicamento conseguiu bloquear a replicação do vírus. A produção de substâncias inflamatórias típica em pacientes graves também foi reduzida. A conclusão foi de que a daclastavir teve melhor efeito contra a covid do que o sofosbuvir, que também inibiu a replicação viral em menor escala.
Os ensaios também compararam a ação com os efeitos de outros medicamentos. O daclastavir foi de 1,1 a 4 vezes mais eficiente do que a cloroquina e a combinação de lopinavir e ritonavir – fármacos que são alvo de ensaios clínicos para tratamento da Covid-19 – assim como a ribavirina, antiviral de amplo espectro usado em casos de hepatite
O próximo passo é conseguir enquadrar o medicamento entre as drogas testadas para os efeitos fora da bula e que tiveram ação de combate ao novo coronavírus.
“O reposicionamento de medicamentos é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a maneira mais rápida de identificar candidatos ao tratamento da Covid-19. Considerando que os antivirais de ação direta contra o vírus da hepatite C estão entre os mais seguros, nossos resultados indicam que estes fármacos, em especial o daclastavir, são candidatos para a terapia, com potencial para ser imediatamente incorporados em ensaios clínicos”, explica o pesquisador e líder do estudo, Thiago Moreno.
O estudo alerta, ainda, que, após aprovado, qualquer uso deve ser feito no âmbito experimental e com controle de médicos, já que a automedicação pode ter efeitos reversos.
Com informações da Fiocruz.
A fraude é no valor de R$ 4,9 milhões
Por Luciano Nascimento
A Polícia Federal realizou hoje (26) uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão em órgãos públicos e residências localizados em Macapá (AP) na 3ª Fase da operação "Vírus Infectio", que investiga supostas fraudes em licitações e possível desvio de mais de R$ 4,9 milhões de recursos públicos utilizados no combate à pandemia do novo coronavírus no Amapá.
Realizada em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF), a investigação indica irregularidades no pagamento de ordens bancárias extraordinárias emitidas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), entre os dias 15 e 17 de abril, a empresas que são cadastradas como de pequeno porte ou microempresas. Os trabalhos contam com a participação de 24 policiais federais e de dois auditores da CGU.
"No decorrer das investigações, foram constatadas emissões de ordens bancárias pelo Fundo Estadual de Saúde, destinadas a empresas fornecedoras de equipamentos médico-hospitalares e de proteção individual, algumas supostamente de fachada, totalizando um montante de R$ 4.902.969,75. CGU, PF e MPF combatem desvios de recursos na Secretaria de Saúde do Amapá", informou a assessoria da CGU.
A CGU disse ainda que também foi identificada a emissão de ordem bancária no valor de R$ 1,2 milhão para uma microempresa, ou seja, aproximadamente três vezes maior que o valor global máximo de enquadramento previsto a ser auferido para microempresa em cada ano-calendário.
Os investigados podem responder por crimes previstos na Lei de Licitações, peculato, ordenação de despesa não autorizada e organização criminosa.
Gherardo Colombo, um dos magistrados que foi símbolo da luta anticorrupção na Itália, está de volta à ativa para investigar um novo escândalo na Lombardia: a omissão criminosa que levou à morte por covid-19 de dezenas de idosos em casas de repouso na região. Uma delas é o Pio Albergo Trivulzio (PAT), em Milão
Com Estadão Conteúdo
Trata-se da mesma instituição cuja prisão de seu então presidente, Mario Chiesa, em 17 de fevereiro de 1992, provocou o início da apuração que aniquilou cinco partidos políticos italianos e levou centenas de políticos, assessores e empresários para cadeia: "Tangentopoli" ou Operação Mãos Limpas.
O novo escândalo que envolve o Trivulzio começou com uma ordem dada pela região lombarda, epicentro da epidemia na Itália, no dia 8 de março. Pacientes com covid-19 deviam ser transferidos de hospitais para asilos para liberar leitos para novos infectados.
A decisão expôs ao contágio idosos que estavam no Trivulzio, o maior instituto geriátrico do país, e outras casas de repouso. Em março, 29 homens e mulheres morreram com quadro infeccioso pulmonar semelhante ao da doença no PAT. "Por enquanto, não posso me manifestar sobre o Trivulzio", disse ontem Colombo ao jornal O Estado de S.Paulo.
Ele é um dos três integrantes da comissão montada pelo governador da Lombardia, Attilio Fontana, para investigar o que se passou no asilo. O presidente da comissão será Vittorio Demichele. Giovanni Canzio, chefe do órgão regional anticorrupção, e Colombo, indicado pela cidade de Milão, completam o grupo.
Logo depois da ordem da região lombarda, o PAT acolheu duas dezenas de pacientes e foi transformado em "central única da emergência regional". Os funcionários da instituição faziam a triagem dos pacientes que "recebiam alta" dos hospitais.
Só em 13 março, a central analisou 113 pacientes, dos quais 60 ainda estavam com carga viral. Apesar disso, nenhum de seus funcionários tinha máscaras ou qualquer outro equipamento de proteção. Não se sabe ainda quantos dos idosos mortos em março, de fato, foram contaminados pelo coronavírus, pois nenhum fez o teste. Sabe-se, no entanto, que o PAT registrou no período três vezes mais mortos entre os internos do que no mesmo período de 2019.
Balanço
Na Itália, o coronavírus já infectou quase 140 mil pessoas e matou 17,6 mil (9,7 mil na Lombardia), das quais 542 apenas ontem. De acordo com o jornal La Repubblica, além dos casos ocorridos na sede do PAT, outros 31 idosos morreram no mesmo período em duas outras estruturas da instituição geriátrica: a Casa Princesa Yolanda e o Instituto Frísia di Merate, que também viram seu total de mortos triplicar durante a pandemia em relação a 2019.
A partir de abril, a direção do instituto admite ter registrado 27 mortes que, "presumivelmente, contraíram a covid-19". Ao todo, 37 pessoas morreram ali na primeira semana de março, mas dez óbitos tiveram causas que não podem ser relacionadas ao novo vírus. "Misturar tantos pacientes de estruturas diversas com a epidemia já começada foi como colocar o vírus em um liquidificador e, com a tampa aberta, ligar o aparelho, espalhando a doença por todo lado", disse um médico do PAT ao jornal Corriere della Sera.
Ao todo, estima-se que a epidemia tenha matado cerca de 600 idosos nos asilos milaneses. É sobre esse cenário - denunciado por funcionários da instituição - que Colombo, de 73 anos, terá de trabalhar.
Ele era o mais famosos dos integrantes do pool da Procuradoria da República, em Milão, no momento em que o empresário Luca Magni entrou no gabinete de Chiesa, no Trivulzio, há 31 anos. Chiesa era homem de confiança de Bettino Craxi, líder socialista e ex-premiê da Itália. Magni levava uma microcâmera e 7 milhões de liras, propina para um contrato de limpeza. Chiesa foi preso. Era o começo da Operação Mãos Limpas.
Em 2007, quando as investigações caminhavam para deixar impunes centenas de criminosos, Colombo, então ministro da Suprema Corte da Itália, decidiu deixar a magistratura. Acreditava que combateria melhor a corrupção dedicando-se a ensinar cidadania e ética a estudantes em palestras pelo país.
Fonte: Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (25) por meio de uma rede social a nomeação do professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de ministro da Educação.
Com Agências
Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre pela Fundação Getúlio Vargas, doutor pela Universidade de Rosário (Argentina) e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.
Ele é um dos pioneiros da Educação executiva em finanças no Brasil. Ele é professor de Finanças Nacionais e Internacionais, Análise de Investimentos, Mercado de Capitais e Derivativos. Já deu aulas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), IBMEC, Febraban e Fundação Dom Cabral, além de cursos para empresas.
Ele participou ativamente das reuniões de transição no Ministério da Educação e é considerado um dos nomes sob influência dos militares no governo de Jair Bolsonaro.
Carlos Alberto Decotelli da Silva possui experiência executiva de finanças em Bancos e Corretoras de Câmbio, Titulos e Valores Mobiliários. Em parceria com a FGV-IDE Management, ele criou o Curso Gestão Financeira Corporativa no New York Institute of Finance. É sócio administrador da Copas Treinamento e Consultoria. Doutor em Administração pela Universidade Nacional de Rosário, mestre e MBA pela FGV e bacharel em Economia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Por dois votos a um, o caso irá para o colegiado e sairá das mãos do juiz Flávio Itabaina, na primeira instância
POR MICHAEL MELO
A3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para que o caso investiga a prática da chamada “rachadinha” em seu gabinete de quando ele era deputado estadual vá para a 2ª instância e saia das mãos do juiz Flávio Itabaina, na primeira instância. Por dois votos a um, foi decidido que o caso vá para o colegiado.
Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) como líder de um esquema em que funcionários fantasmas devolviam os salários, que ficou conhecido como “rachadinha”. Flávio defende sua inocência.
O principal operador do esquema, segundo a denúncia, seria seu ex-chefe de gabinete, Fabrício Queiroz, preso recentemente pela Polícia de São Paulo em operação conjunta com a Policia do Rio de Janeiro e os Ministérios Públicos estaduais.
Os desembargadores decidiram, também por 2 votos a 1, pela validade das decisões do juiz Flávio Itabaiana até agora no processo. As desembargadoras Suimei Cavalieri e Mônica Toledo concordaram em manter os atos. Paulo Rangel foi contra.
Isso significa a manutenção da prisão de Queiroz, apontado como operador do esquema, como também, o mandado de prisão contra a sua mulher, Márcia Aguiar, que está foragida.
Os votos do habeas corpus
A primeira a se posicionar foi a relatora Suimei Cavalieri, que votou contra o habeas corpus, ou seja, para manter o caso em 1ª instância com o juiz Flávio Itabaiana. A desembargadora Mônica Toledo também votou a favor, empatando a votação.
O desembargador Paulo Rangel votou a favor do habeas corpus e a contra da validade das decisões.
Defesa
A advogada de Flávio Bolsonaro, Luciana Pires, adiantou que a defesa agora buscará a nulidade de todas as decisões e provas relativas ao caso desde as primeiras investigações.
“A defesa sempre esteve muito confiante neste resultado por ter convicção de que o processo nunca deveria ter se uniciado em primeira instância e muito menos chegado até onde foi.
Flávio Bolsonaro era deputado estadual na época e o juízo competente para julgar o caso seria o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, como acaba de ser reconhecido”, destacou, em nota.
Ela completou: “A defesa sempre esteve muito confiante neste resultado por ter convicção de que o processo nunca deveria ter se uniciado em primeira instância e muito menos chegado até onde foi”, afirmou.
Entenda o caso
Os investigadores identificaram R$ 2,9 milhões na conta de Queiroz. O montante não é compatível com a renda do ex-PM e ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Desse valor, cerca de R$ 2 milhões chegaram às mãos de Queiroz por meio de 483 depósitos. Em dezembro de 2019, o MPRJ indicava que a ação envolve 13 assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro na na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Queiroz foi preso em Atibaia (SP).
Esses assessores, que a investigação aponta como funcionários fantasmas, repassavam os salários ao operador do esquema. Para não levantar suspeita, as operações bancárias ocorriam assim: 69% eram em espécie, 26% por transferências e 5% em cheque.