A inflação acumulada em 12 meses desacelerou em um movimento puxado pela trégua dos preços dos alimentos no Brasil, apontam dados do IPGF (Índice de Preços dos Gastos Familiares) divulgados nesta nesta terça-feira (6)
POR LEONARDO VIECELI
Com caráter experimental, o IPGF é o novo índice calculado pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). O indicador foi elaborado a partir de uma cesta de bens e serviços cujos pesos são atualizados mensalmente.
Essa atualização é feita a partir de mudanças no padrão de consumo das famílias. A ideia é captar o efeito sobre os preços causado pela substituição de itens, segundo o FGV Ibre.
De fevereiro para março, período mais recente com dados disponíveis, o IPGF desacelerou de 0,73% para 0,52%. Assim, a alta acumulada em 12 meses saiu de 4,67% para 4%.
Isso significa que o IPGF subiu menos do que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é considerado o indicador oficial de inflação do Brasil e é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De fevereiro para março, o IPCA desacelerou de 0,84% para 0,71%. O acumulado em 12 meses passou de 5,60% para 4,65% no mesmo período.
A análise do FGV Ibre também aponta que, em 2022, o IPGF fechou o ano com uma variação de 4,94%.
O resultado ficou dentro do limite da meta de inflação perseguida à época pelo BC (Banco Central) para o IPCA o teto era de 5%. No mesmo período, o IPCA avançou 5,79%, estourando a meta pelo segundo ano consecutivo.
De acordo com o FGV Ibre, a desaceleração do IPGF está associada, principalmente, ao comportamento do grupo alimentação.
Em 12 meses, a alta acumulada pelo segmento era de 11,30% até dezembro. Houve um processo de desinflação em seguida, até o índice atingir 5,73% nesse recorte em março.
Dentro de alimentação, os itens que mais contribuíram para o arrefecimento no período foram os seguintes: outros produtos e serviços da lavoura (de 20,42% para 6,77%), carne de bovinos e outros produtos de carne (de 1,84% para -2,99%) e outros produtos do laticínio (de 22,09% para 17,67%).
Ao lançar o índice de preços, o FGV Ibre afirmou em abril que o IPGF tenta capturar de maneira mais rápida o efeito das mudanças na cesta de consumo das famílias se comparado a outros indicadores, como o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), calculado pela mesma instituição, e o IPCA, do IBGE.
No IPGF, essas mudanças são atualizadas a partir dos pesos de bens e serviços no Sistema de Contas Trimestrais do IBGE, que reúne informações sobre o consumo.
Os números levantados são convertidos a uma frequência mensal com base no Monitor do PIB (Produto Interno Bruto), do FGV Ibre.
No IPCA, a cesta de bens e serviços e os respectivos pesos são determinados a partir da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares).
A POF, também divulgada pelo IBGE, aponta o que as famílias consomem e a participação de cada gasto no orçamento.
Essa pesquisa, contudo, tem sido realizada em média a cada seis anos, considerando as últimas três décadas, segundo o FGV Ibre. Os dados mais recentes da POF são de 2017 e 2018.
"Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, por exemplo, os itens substituídos perdem peso no IPGF e seus aumentos passam a contribuir menos para o índice", disse o economista Matheus Peçanha, pesquisador do FGV Ibre.
Segundo ele, o novo indicador deve continuar abaixo do IPCA até o final do ano. Um dos fatores que devem ajudar nesse processo de desinflação é a trégua dos alimentos, que têm peso relevante no orçamento das famílias.
"É esperado que ele [IPGF] fique abaixo dos IPCs. Esse efeito faz com os índices mais tradicionais superestimem um pouco a inflação do que ela é de fato", afirmou o economista André Braz, pesquisador do FGV Ibre.
"Quando você chega ao mercado, não compra necessariamente tudo o que está na sua lista. Quando vê algo caro, você substitui ou corta. A expectativa é de que o IPGF sempre tenha uma inflação mais baixa", acrescentou Braz.
Voltado a pessoas de baixa renda, programa começa em julho
Com Agência Brasil
Em elaboração desde o início do ano para aliviar a situação de pessoas endividadas, o Programa Desenrola terá a medida provisória (MP) publicada ainda esta semana, disse nesta segunda-feira (5) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, a MP será editada agora para permitir a entrada em vigor do programa em julho.
O programa de renegociação de pequenas dívidas, explicou Haddad, será limitado a famílias que ganhem até dois salários mínimos e estejam devendo até R$ 5 mil. O Desenrola, informou o ministro, deverá beneficiar cerca de 30 milhões de pessoas.
Segundo o ministro, o Desenrola levará cerca de um mês para entrar em vigor por causa de burocracias. Nos últimos meses, o lançamento do programa foi adiado sucessivas vezes porque a B3, a bolsa de valores brasileira, estava elaborando o sistema informático para os credores aderirem às renegociações. “Tem uma série de providências burocráticas a serem tomadas até abertura do sistema dos credores”, justificou o ministro.
Apesar de o programa estar atrelado à vontade das empresas credoras, o ministro se disse otimista em relação ao Desenrola. “O programa depende da adesão dos credores, uma vez que a dívida é privada. Mas nós entendemos que muitos credores quererão participar do programa dando bons descontos justamente em virtude da liquidez que vão obter, porque vai ter garantia do Tesouro [Nacional]”, comentou Haddad.
Em troca de participar da negociação, a empresa credora terá garantia do Tesouro caso o devedor não consiga honrar os compromissos. Para Haddad, o fato de o Tesouro cobrir eventuais calotes incentivará os credores a oferecerem o máximo de desconto possível aos devedores.
“O programa funcionará como um leilão. A ideia é que o credor dê o maior desconto possível, porque ele tem um estímulo para isso [a garantia do Tesouro Nacional]”, explicou o ministro.
Segundo Haddad, bancos oficiais, como o Banco do Brasil, participarão do programa. Ele disse que a instituição financeira considerou positiva a modelagem do Desenrola e estimou que o programa terá sucesso. O ministro afirmou que bancos privados também estão interessados em aderir ao Desenrola.
Faixas e renegociação
Faixa I
A Faixa I é reservada para pessoas que recebem até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
O Ministério da Fazenda informou que o programa vai oferecer uma garantia para a renegociação de dívidas de até R$ 5 mil. Veja as regras abaixo:
Serão renegociadas dívidas cadastradas até 31 de dezembro de 2022.
O pagamento poderá ser feito à vista ou por financiamento bancário de até 60 parcelas. O devedor precisa escolher um banco inscrito no programa para fazer a renegociação.
Para quem optar pelo parcelamento, não haverá entrada.
A primeira parcela terá vencimento após 30 dias.
Os juros do financiamento serão de 1,99% ao mês.
O pagamento das parcelas poderá ser feito por débito em conta, PIX ou boleto bancário.
Caso o devedor não pague a parcela, o banco poderá fazer a cobrança e deixar o nome da pessoa novamente "sujo" na praça.
Os beneficiários do programa também poderão fazer um curso de Educação Financeira.
Nesta faixa, não poderão ser financiadas as seguintes dívidas:
crédito rural;
financiamento imobiliário;
créditos com garantia real;
operações com funding ou risco de terceiro.
O governo explicou que, ao deixar livre para o devedor escolher um banco para renegociar a dívida, as instituições financeiras serão estimuladas a competirem e oferecerem melhores condições para o pagamento.
Faixa II
No caso da Faixa II, serão atendidas exclusivamente pessoas com dívidas no banco. Os devedores poderão fazer a renegociação diretamente com a instituição financeira.
Ao contrário da Faixa I, para este grupo o governo não oferecerá uma garantia. Por outro lado, em troca dos descontos na dívida, os bancos vão receber um incentivo para que aumente a oferta de crédito.
Tanto a Faixa I quanto a Faixa II estarão isentas de pagamento de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No embrião do pacote industrial preparado pelo governo, que agita o setor empresarial e movimenta o debate acadêmico, um detalhe chama a atenção: a exigência de conteúdo nacional como uma forma de dar mais competitividade à indústria. No dia 25 de maio, Dia da Indústria, a medida foi anunciada entre as que iriam compor o pacote de incentivo ao setor automotivo, por exemplo. Como se andar na contramão da economia mundial fosse um diferencial positivo.
Por Notas & Informações de Estadão
Por mais bem-intencionada que possa parecer, a defesa de conteúdo nacional não implica aumento de eficiência e competitividade de nossos produtos diante da concorrência internacional. Pelo contrário. Num mercado há muito globalizado, que tem no setor automobilístico altamente tecnológico um exemplo bem acabado, a pseudoproteção representada pela obrigatoriedade de fabricação nacional significa, antes de tudo, abrir mão de avanços tecnológicos – que são, estes sim, o verdadeiro diferencial dos produtos que circulam no comércio mundial.
Não há como incentivar competitividade com um olhar voltado apenas ao mercado doméstico. Também não há como elevar a produtividade e a participação no mercado internacional distribuindo subsídios. Ou seja, um programa de subsídios para carros “populares” que incentiva o uso de peças nacionais é equivocado em múltiplas dimensões.
“Por que dar subsídio para a indústria automobilística se ela não consegue exportar o nosso carro?”, questionou, com razão, Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), em entrevista ao Estadão. “O dia em que a nossa indústria conseguir fazer um carro que compita no mercado internacional, aí vou achar que algum tipo de subsídio ou política vai fazer sentido. Mas essa é uma indústria que está conosco há 60 anos, e tirando um ou outro período relativamente curto, nunca gerou capacidade exportadora.”
De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio, o Brasil, com 1,3% de participação na corrente de comércio, ocupa a 25.ª posição entre os maiores países exportadores. A soja lidera a lista dos produtos brasileiros mais vendidos, o que não é nenhuma surpresa, pois o agro, responsável por um terço do nosso PIB, é também o motor das exportações e também é, de longe, um dos setores que mais têm investido em tecnologia de ponta, não apenas com desenvolvimento próprio mas, sobretudo, importando tecnologia.
Não é de hoje que o presidente Lula da Silva bate na tecla de que quer fazer o Brasil elevar as vendas de produtos de maior valor agregado. Fala em vender combustíveis ao invés do petróleo cru; produtos industrializados ao invés de matérias-primas. Ora, não é investindo em uma nova versão de reserva de mercado, como parece pretender Lula, que isso vai acontecer. Conteúdo nacional mínimo pode ser extremamente prejudicial se houver erro na dosagem. Foi o que ocorreu com a indústria naval, embora o presidente se recuse a reconhecer.
É senso comum que a preocupação do governo vem em boa hora, pois a desindustrialização precoce do Brasil, se não for interrompida, ameaça consolidar no País a mediocridade da renda média e da baixa produtividade. No entanto, é preciso definir com mais rigor técnico e menos voluntarismo ideológico qual seria o melhor caminho para atingir esse objetivo. Tome-se o exemplo da anunciada intenção de incentivar a produção de carros ditos “populares”. Pouco depois da fanfarra do anúncio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tratou de dizer que o programa duraria apenas alguns meses, deixando claro o caráter provisório da medida. Ora, não é com gambiarras como essa que se faz uma política industrial digna de ser levada a sério.
Como lembrou o economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, a indústria tem perdido participação no PIB nacional independentemente dos inúmeros benefícios recebidos, com destaque para o crédito subsidiado do BNDES, proteção contra a concorrência estrangeira e incentivos tributários. “Claramente o espectro do desenvolvimentismo fracassado está de volta”, diz ele.
O que a economia brasileira precisa com urgência é de um modelo perene de crescimento, pensado com base em nossas capacidades reais e com visão de efeito a longo prazo. Enquanto continuar a pensar pequeno, com medidas provincianas como a do carro “popular”, estaremos condenados à mediocridade.
Taxa de inscrição é R$ 85 e deve ser paga até 21 de junho
Por Paula Laboissière
As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começam hje (5). Interessados em participar do certame, que será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro, têm até o dia 16 de junho para fazer o cadastro na Página do Participante. A taxa de inscrição é R$ 85 e deve ser paga até 21 de junho.
O edital com o cronograma e as regras para o Enem 2023 foi publicado no início do mês. Além de apresentar as datas e os horários do exame, o texto detalha os documentos necessários e as obrigações do participante, incluindo situações em que o candidato pode ser eliminado.
A publicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) traz também critérios para correção das provas e procedimentos para pessoas que precisam de cuidados especiais durante o concurso.
Os gabaritos das provas objetivas serão publicados no dia 24 de novembro no portal do Inep. Já os resultados individuais serão divulgados no dia 16 de janeiro de 2024 no mesmo site.
Ofensa do governador do Distrito Federal vem após após Rui Costa criticar capital federal e chamá-la de 'ilha da fantasia'
iG Último Segundo
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), criticou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, após o político atacar a capital federal. “Ele é um idiota completo. Não merecia estar onde se encontra. Agora já sabemos de onde vem o ataque contra o Fundo Constitucional”, afirmou Rocha ao Correio Braziliense.
Durante evento em Itaberaba (BA), na sexta-feira (2), Costa disse que Brasília é uma “ilha da fantasia”. “Aquele negócio de botar a capital do país longe da vida das pessoas, na minha opinião, fez muito mal ao Brasil”, disse o ministro.
“Era melhor [a capital] ter ficado no Rio de Janeiro, ou ter ido para São Paulo, para Minas ou Bahia, para que quem fosse entrar num prédio daquele, ou na Câmara dos Deputados ou Senado, passasse, antes de chegar no seu local de trabalho, numa favela, embaixo de viaduto, com gente pedindo comida, vendo gente desempregada”, declarou Costa no evento.
Crítica de Rui Costa a Brasília geraram insatisfações de políticos e moradores da capital federal
A fala do ministro da Casa Civil repercutiu negativamente entre autoridades da capital federal, incluindo aliados do governo. O deputado federal Chico Vigilante (PT), disse que a manifestação de Costa “mostra completo desconhecimento da capital federal”.
“O convido para conhecer o Sol Nascente, a Estrutural, o Pôr do Sol, e outros, para que conheça o verdadeiro DF”, escreveu o parlamentar nas redes sociais se referindo a favelas populosas de Brasília.
A oposição também se manifestou. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) afirmou que “não é de surpreender que um dos gestores mais incompetentes do Brasil fale sem conhecimento de causa sobre Brasília”.
“Saia dos palácios, Rui, misture-se ao povo na rodoviária do Plano Piloto, na feira do produtor na Ceilândia, nos parques da cidade, conheça Brasília e nos poupe das suas falas preconceituosas”, escreveu a deputada no Twitter.
O deputado federal Rafael Prudente (MDB-DF) aproveitou a visita que fez à Feira do Guará, neste domingo (4), para rebater a fala de Costa. O parlamentar encontrou vários moradores de Brasília insatisfeitos com as declarações.
“Ministro Rui Costa, Brasília não é uma 'ilha da fantasia' como o senhor disse, quero convidá-lo a conhecer nossa cidade, o Sol Nascente, o Guará, a Estrutural, São Sebastião. Talvez o senhor não conheça mesmo, pois vêm do estado da Bahia de avião da FAB, desembarca ali no aeroporto e vai direto para o Palácio, venha aqui conhecer efetivamente a realidade do nosso povo”, rebateu.