A vacina tem o objetivo de prevenir os casos graves da doença, evitando que a pessoa precise de internação ou desenvolva um quadro mais grave
Com Isto É
O governador de São Paulo João Doria (PSDB) confirmou, nesta quinta-feira (15), que testou positivo para Covid-19 pela segunda vez. O governador também teve o diagnóstico confirmado para a doença no dia 12 de agosto de 2020. Assim como 15% da população brasileira, Doria foi totalmente imunizado com duas doses da vacina contra a Covid-19. Com essa crescente imunização, surgem também algumas dúvidas relativas à imunidade adquirida.
Dentre algumas delas estão: Após tomar as duas doses da vacina contra a Covid, eu posso pegar o vírus novamente? A vacina vai me deixar completamente protegido contra a doença?
A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Viviane Boaventura, afirma que a pessoa, mesmo após ter tomado as duas doses do imunizante, pode se infectar com a doença, mas ressalta que a vacina tem o objetivo de prevenir os casos graves da doença, evitando que a pessoa precise de internação ou desenvolva um quadro mais grave de Covid-19.
Ela complementa que a “expectativa é de que a maioria das pessoas vacinadas tenham, no máximo, uma doença leve”. O médico epidemiologista José Geraldo também afirma que nenhuma vacina protege completamente contra alguma doença, mas que elas são muitos importantes para controlar o quadro epidemiológico.
Ambos os especialistas afiram que se vacinar é importante para atingir a imunidade e, desta maneira, aliviar o sistema de saúde nacional, já que a ocorrência de casos graves da doença em pessoas que tomaram o imunizante é muito menor.
As fake news sobre a vacina, na visão de ambos, também têm um papel negativo, porque muitas pessoas acabam acreditando em notícias falsas sobre a eficácia e segurança dos imunizantes adquiridos. Para eles, o combate a esse problema também deve ser de responsabilidade de todos, para que o país possa, o mais rápido possível, atingir um nível de imunização em massa considerado o mínimo ideal.
Em prisão domiciliar, Julia Mello Lotufo propôs fazer uma delação premiada ao Ministério Público o Rio de Janeiro em troca da liberdade
Da Redação iG
A viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, Julia Mello Lotufo, que negocia uma delação premiada ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), disse aos procuradores saber quem mandou matar a vereadora Marielle Franco , assassinada junto do motorista Anderson Gomes em março de 2018. Até hoje, os investigadores não tem uma resposta para o caso. A informação é da revista Veja.
Julia Mello já teria falado sobre a participação de Adriano em vários homicídios encomendados pela contravenção e listado agentes públicos que receberam propina para acobertar os crimes do miliciano - afirma a revista.
Ela nega que o ex-marido tenha envolvimento nos assassinatos de Marielle e Anderson, mas chegou a revelar que integrantes da milícia da comunidade Gardênia Azul procuraram Adriano para falar sobre um plano de matar a vereadora. Ela disse à promotoria que Adriano achou a ideia absurda e arriscada, por envolver uma parlamentar.
De acordo com Júlia, a milícia teria alegado que a atuação na câmara de vereadores do Rio colocava em risco os negócios da milícia, não só de Gardênia Azul, mas também da comunidade Rio das Pedras.
Adriano, Julia e Marielle
Ainda segundo a Veja, a viúva de Adriano teria dito que ele se surpreendeu com a notícia do crime e que, ao cobrar satisfações de outros milicianos, teria ouvido que a ordem saiu do alto-comando da Gardênia Azul. Nenhuma das fontes consultadas pela revista Veja quis informar o nome da pessoa que, segundo Julia, teria ordenado a execução da vereadora.
A revista Veja afirma que um dos chefes da milícia de Gardênia Azul é o ex-vereador Cristiano Girão. A Polícia Civil e o MP realizaram busca e apreensão em endereços dele e de pessoas ligadas ao PM reformado Ronnie Lessa, preso por participar do assassinato de Marielle, em setembro de 2020.
Atualmente, Julia está em prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica. Ela propôs a delação para tentar a revogação das medidas restritivas e recuperar a liberdade. O MPRJ ainda não respondeu se aceita.
- Com informações da revista Veja.
Veículos refrigerados foram adquiridos por meio de convênio entre os governos Federal e do Tocantins
Por Sara Cardoso e Vania Machado
Mais dezenove prefeituras tocantinenses foram beneficiadas com a entrega de caminhões-baú refrigerados que vão auxiliar no transporte de gêneros alimentícios nas centrais de recebimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A entrega foi feita pelo governador do Estado do Tocantins, Mauro Carlesse, e os ministros da Cidadania, João Roma, e do Turismo, Gilson Machado Neto, nesta sexta-feira, 16, no Palácio Araguaia, em Palmas.
Os 19 caminhões-baú foram adquiridos por meio de convênio entre o Governo do Tocantins e o Ministério da Cidadania, no valor total de R$ 3,889 milhões, e o critério para escolha dos municípios foi a execução do Programa Compra Direta Local nos anos de 2019 e 2020.
Governador Carlesse e ministros entregam chave simbólica dos 19 veículos entregues para fortalecer o PAA - Foto: Washington Luiz/Governo do Tocantins
Durante a entrega, o governador Mauro Carlesse fez questão de externar sua alegria em ver concretizada mais uma ação que beneficia diretamente a população mais carente do Tocantins. “Cada vez que nós conseguimos realizar ações como esta, para ajudar os pequenos, me traz uma alegria muito grande. São veículos preparados para atender às necessidades dos municípios e atender a comunidade com qualidade e segurança. Estamos caminhando para frente, junto com o Governo Federal e com os parlamentares que têm colocado suas emendas para nos ajudar, a quem eu agradeço muito”, afirmou o Governador.
O vice-governador Wanderlei Barbosa destacou a importância dos veículos para os municípios. “Agenda muito positiva, importante para o Estado, para os menores do setor produtivo e para a agricultura familiar. Agradecemos pela visita do ministro da Cidadania, João Roma, e a entrega desses veículos para esses municípios que é importante também para o Governo, porque aquece melhor o setor produtivo pequeno”, destacou.
O ministro da Cidadania, João Roma, reafirmou a atenção e o apoio do Governo Federal ao Estado do Tocantins e ressaltou a diferença que os veículos irão fazer no dia a dia dos municípios. “Estes caminhões vão contribuir diretamente para uma melhor logística. Um caminhão como este ajuda muito no custeio do município, que muitas vezes pode até ter o alimento para entregar, mas tem que pagar o frete para o alimento poder chegar àquela localidade distante. Esta é uma ação concreta para beneficiar os mais carentes”, lembrou.
Ministro da Cidadania, João Roma, reafirmou a atenção e apoio do Governo Federal ao Estado do Tocantins
O ministro do Turismo, Gilson Machado, que está no Tocantins há quase uma semana cumprindo agenda de trabalho, reafirmou seu apoio à gestão feita pelo Executivo Estadual. “Eu sou testemunha ocular do antes e depois da administração do governador Carlesse e faço questão de levar ao presidente Bolsonaro tudo o que está sendo feito aqui, em especial o exemplo do programa Tocando em Frente, lançado por este Governo para fortalecimento da economia e geração de empregos. Um programa que deveria ser replicado em todas as cidades brasileiras”, frisou o ministro.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Antonio Andrade, destacou que a entrega dos caminhões ocorre em boa hora, pois os municípios, especialmente neste período de pandemia, necessitam do apoio dos governos e de uma parceria fortalecida.
Já o deputado federal Carlos Gaguim informou que muitos outros benefícios chegarão ao Tocantins por meio do empenho e do forte trabalho que vem sendo feito pela Bancada Federal, em Brasília (DF).
Municípios contemplados
A entrega dos 19 veículos complementa a ação que começou em 2019 com a distribuição de 13 caminhões e 11 câmaras frias para atender municípios de maior porte. Desta vez, receberam os caminhões os municípios de Alvorada, Ananás, Aragominas, Axixá do Tocantins, Barrolândia, Dois Irmãos, Fátima, Itaguatins, Miranorte, Nazaré, Nova Olinda, Novo Acordo, Palmeirópolis, Pedro Afonso, Pequizeiro, Ponte Alta do Bom Jesus, Santa Fé do Araguaia, Silvanópolis e Sítio Novo.
Veículos entregues auxiliarão os pequenos produtores do Estado, que venderão o que produzem ao Governo para serem doados a entidades socioassistenciais
De Itaguatins, a prefeita Ivoneide Barreto afirmou que o veículo recebido vai ajudar na viabilização do PAA em seu município. “Os pequenos agricultores enfrentam dificuldades para entregar os alimentos na cidade, por isso nós temos que fretar carro. Agora, poderemos melhorar as condições de armazenamento, transporte e trabalho. Agradeço muito ao governador Carlesse por ter contribuído para que estes veículos chegassem até nós”, disse a prefeita.
Além dos caminhões, já foram doados kits para atender as 139 cidades tocantinenses com mesas de escritório, cadeiras estofadas, computadores, impressoras, balanças de 30 kg e 301 kg; e paletes de polietileno - que são usados no armazenamento de alimentos.
Presenças
Além dos prefeitos contemplados com a entrega de veículos, participaram do evento o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Guilherme Ribeiro; o secretário Nacional de Inclusão Social e Produtiva do Ministério da Cidadania, Marcelo Linhares; o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Tocantins, Tiago Arruda Ferreira, deputados estaduais e federais, secretários de Estado e vereadores.
Na ocasião, ainda foi feita entrega simbólica de cestas de alimentos para indígenas do Estado. A ação faz parte da iniciativa Brasil Fraterno, com a parceria do Sistema Fieto e da Conab.
O PAA
No Tocantins, o PAA é realizado com recursos do Ministério da Cidadania, por meio de parceria com o Governo do Estado. Na prática, os agricultores familiares vendem seus produtos para o Governo. Os produtos adquiridos são destinados a escolas ou doados para entidades da rede socioassistencial, como creches, abrigos de idosos, hospitais, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes), dentre outros públicos.
Na ocasião foram entregues cestas de alimentos a indígenas do Estado. A ação faz parte da iniciativa Brasil Fraterno
Podem participar do programa agricultores familiares tradicionais, assentados da reforma agrária, extrativistas, piscicultores, pescadores artesanais, indígenas, integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais, demais povos e comunidades tradicionais, que tenham a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).
Até dezembro deste ano, 111 municípios estão aptos a receber os recursos do PAA, contemplando 5.250 agricultores familiares vinculados e aprovados pelo programa, que venderão o que produzem ao Governo do Tocantins para serem doados às entidades socioassistenciais. Cada unidade familiar pode comercializar o valor de até R$ 6,5 mil ao PAA por ano. Já as entidades que vão receber os alimentos somam 1.150 instituições.
Transparência e controle
Os processos referentes às aquisições e aos contratos realizados no contexto da Covid-19 estão disponíveis no Portal da Transparência pelo endereço: http://www.transparencia.to.gov.br. Para consultar, acesse na página principal a aba azul - Consulta Contratos Emergenciais -, e a aba verde - Gráficos dos Empenhos e Pagamentos -, e informe-se sobre todos os trâmites.
É importante ressaltar que compras diretas, ou seja, sem licitação, estão autorizadas pela Lei Federal n° 13.979/2020 – de enfrentamento à Covid-19, somente para atender a situação emergencial provocada pela pandemia.
Legislações federal e estadual, referentes a este contexto, estão disponíveis para consulta no site da Controladoria-Geral do Estado (CGE-TO) pelo link https://www.cge.to.gov.br/legislacao/legislacao/legislacao-aplicada-a-covid-19/.
O general Eduardo Pazuello teria negociado a compra de 30 milhões de doses da vacina Coronavac com representantes da World Brands em um encontro fora da agenda enquanto era ministro da Saúde. As informações são do jornal Folha de S.Paulo
POR CONSTANÇA REZENDE E MATEUS VARGAS
O então ministro Eduardo Pazuello (Saúde) prometeu a um grupo de intermediadores comprar 30 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac que foram formalmente oferecidas ao governo por quase o triplo do preço negociado pelo Instituto Butantan.
A negociação, em uma reunião fora da agenda oficial dentro do ministério em 11 de março, teve o seu desfecho registrado em um vídeo em que o general da ativa do Exército aparece ao lado de quatro pessoas que representariam a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior.
A gravação, obtida pelo jornal Folha de S.Paulo e já de posse da CPI Covid no Senado, foi realizada no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel da reserva Elcio Franco. Nela, Pazuello relata o que seria o resumo do encontro.
"Já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender a nossa população", diz o então ministro, segundo quem a compra seria feita diretamente com o governo chinês.
A proposta da World Brands, também obtida pela Folha de S.Paulo, oferece os 30 milhões de doses da vacina do laboratório chinês Sinovac pelo preço unitário de US$ 28 a dose, com depósito de metade do valor total da compra (R$ 4,65 bilhões, considerando a cotação do dólar à época) até dois dias após a assinatura do contrato.
Naquele dia, 11 de março, o governo brasileiro já havia anunciado, dois meses antes, a aquisição de 100 milhões de doses da Coronavac do Instituto Butatan, pelo preço de US$ 10 a dose. A demissão de Pazuello seria tornada pública por Bolsonaro quatro dias depois, em 15 de março.
Além da discrepância no preço, o encontro fora da agenda contradiz o que Pazuello afirmou em depoimento à CPI da Covid, em 19 de maio. Aos senadores o general disse que não liderou as negociações com a Pfizer sob o argumento de que um ministro jamais deve receber ou negociar com uma empresa.
"Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o 'decisor', eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro. Se o ministro... Jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso", disse Pazuello à CPI.
No vídeo, um empresário que Pazuello identifica como "John" agradece a oportunidade do ministro recebê-lo e diz que podem ser feitas outras parcerias "com tanta porta aberta que o ministro nos propôs".
A reunião dos empresários foi marcada com o gabinete de Elcio Franco, que recebeu o grupo. Segundo ex-assessores da pasta, Pazuello foi chamado à sala, ouviu o relato da reunião e fez o vídeo.
Três pessoas que acompanharam a reunião disseram que o vídeo foi gravado mesmo antes de Pazuello conhecer o preço da vacina.
Segundo um ex-auxiliar do ministro, a ideia era propagandear nas redes sociais o avanço em uma negociação, no momento em que o governo era pressionado a ampliar o portfólio de vacinas.
Após a gravação, de acordo com os relatos colhidos pela Folha de S.Paulo, parte da equipe do ministro pediu que os empresários não compartilhassem o vídeo, que foi feito por meio do aparelho celular do empresário identificado como "John".
Um dos assessores de Pazuello teria alertado o general após a reunião de que a proposta era incomum, acima do preço, e a empresa poderia não ser representante oficial da fabricante da vacina.
Caso o negócio fosse adiante, as doses seriam as mais caras contratadas pelo ministério, posto hoje ocupado pela indiana Covaxin (US$ 15), que tem o contrato suspenso por suspeitas de irregularidades.
A proposta da empresa tem data do dia 10 de março, véspera da reunião com Pazuello. Segundo dois auxiliares do ex-ministro e um dos empresários que acompanharam a conversa, a oferta só chegou à pasta no dia do encontro.
Apesar de Pazuello ter dito no vídeo que havia assinado um memorando de entendimento para a compra, a negociação não prosperou.
O governo Bolsonaro resistiu em negociar a Coronavac. Em outubro de 2020, o presidente forçou Pazuello a recuar de uma promessa de compra da vacina. "Um manda e outro obedece", justificou o general em vídeo ao lado do mandatário.
O presidente chegou a dizer que não compraria a vacina mesmo quando a Anvisa desse aval para o uso. "Da China nós não comparemos, é decisão minha. Eu não acredito que ela [vacina] transmita segurança suficiente para a população pela sua origem", declarou o presidente em 22 de outubro.
Para a CPI da Covid, o governo desdenhou de negociações diretas com fabricantes como a Pfizer, enquanto abriu as portas para representantes de intermediárias que atuavam sem o aval dos laboratórios.
Em uma das tratativas dessa linha de maior repercussão, o cabo da polícia militar Luiz Paulo Dominghetti teve três reuniões com a cúpula do Ministério da Saúde, e afirma que chegou a receber pedido de propina de US$ 1 por dose para destravar uma compra de 400 milhões de unidades da AstraZeneca.
Procurados, Pazuello, Elcio e a Casa Civil -onde os militares hoje despacham como assessores de Bolsonaro- não se manifestaram sobre a reunião do dia 11 de março.
Em nota, a Sinovac disse que APENAS (em letras garrafais, na resposta em inglês) o Instituto Butantan pode oferecer a Coronavac no Brasil.
Segundo registros da Receita Federal, a World Brands tem capital social de R$ 5 milhões e atua com comércio de diversos produtos, como materiais para uso médico, além de atividades de agenciamento marítimo e de despachantes aduaneiros.
O empresário identificado como "John" afirmou à Folha de S.Paulo que havia uma cota da Coronavac que poderia ser ofertada ao Brasil.
Ele disse ser um "parceiro" da World Brand, mas encerrou a conversa telefônica com a reportagem quando foi questionado sobre detalhes das negociações e nomes dos presentes na reunião, como o dele mesmo.
A reportagem perguntou ao Ministério da Saúde quem participou da reunião, com quem ela foi agendada e os motivos pelos quais o encontro não apareceu na agenda oficial dos ex-integrantes da cúpula da pasta.
Também perguntou qual encaminhamento foi dado à proposta. A pasta não respondeu a nenhum dos questionamentos e disse apenas que as agendas públicas de autoridades exoneradas podem ser acessadas por meio de um link oficial.
A World Brands disse apenas: "Proposta efetuada, nenhuma resposta efetiva recebida, negócio não efetuado". A empresa não quis informar o nome dos participantes da reunião e se eles tinham de fato aval da Sinovac para a venda ao governo.
O aumento previsto para 2021 está bem acima da estimativa para a inflação oficial (IPCA), de 5,9%
Com O Estado de S. Paulo
Com a renda comprimida e o desemprego em alta, ter carne vermelha no prato pesará cada vez mais no bolso dos brasileiros. E o cenário não será diferente se a alternativa escolhida for o frango, os ovos ou a carne de porco. Especialistas projetam que a inflação para as proteínas vai superar a marca de 10% este ano, após já ter disparado em 2020. O aumento previsto para 2021 está bem acima da estimativa para a inflação oficial (IPCA), de 5,9%.
De acordo com a consultoria LCA, a maior alta neste ano continuará sendo no preço da carne de boi (17,6%), seguida da de porco (15,1%) e de frango (11,8%). Alternativa às carnes, o valor do ovo de galinha também deve subir (7,6%). Já a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê um aumento nos preços do frango entre 10% e 15% já no fim de julho e início de agosto.
Essas previsões chegam num momento de queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que já reclamou em público do reajuste dos preços da carne, do arroz, do gás de cozinha e dos combustíveis.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, as razões para o aumento da carne bovina diferem dos motivos para as outras proteínas. Enquanto os produtores de gado tiveram redução na produção e maior exportação, a culpa pelo preço maior do frango, do porco e dos ovos recai sobre os insumos para a criação dos animais.
De acordo com dados da Embrapa, os custos de produção em geral subiram 52,30%, para o frango, e 47,53%, para os suínos, nos últimos 12 meses. Matérias-primas para a ração, o milho teve alta de preços de 68,8% em 2020, enquanto a soja ficou 79,4% mais cara no atacado. As projeções para 2021 são de aumento de 39,8%, para o milho, e de 7,2%, para a soja.
Os produtores alegam que a única saída é o repasse dos custos para os preços ao longo da cadeia, até chegar às gôndolas dos supermercados. Santin explica que, até agora, os frangos comercializados na ponta foram criados, por exemplo, com o milho vendido a R$ 50 a saca - valor que disparou para R$ 90 nos últimos meses.
"Há um prazo de produção até chegar às prateleiras, agora que estão começando a chegar os frangos que estão comendo o milho mais caro. As empresas terão de repassar o preço ou, então, quebram", completou.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, em junho de 2020 as famílias gastavam em média R$ 36,62 por mês com o consumo de frango. Com o aumento do preço do produto e a substituição da carne bovina, o gasto passou para R$ 43,95 no mês passado.
"Há uma tendência de alta daqui para frente, mas esse aumento para chegar à ponta vai depender dos níveis de estoque de cada empresa. Os supermercados vão negociar exaustivamente os preços. Quando não conseguirem negociar mais, vão repassar para o consumidor", afirma.
Substituição
Com o orçamento pressionado pela alta de preços dos alimentos, combustíveis e energia elétrica, entre outros itens, muitos brasileiros têm alterado a lista de compras. O pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), afirma que os cortes bovinos, mais caros, são trocados pela carne suína e pelo frango. No fim da cadeia de trocas, está o ovo de galinha. "O ovo é o destaque, porque é mais barato, só que a demanda está mais aquecida, e o custo de produção também subiu", completa.
Milan, da Abras, aconselha que os consumidores reforcem as pesquisas de preço e façam substituições, quando for possível. "Além disso, recomendamos comprar a quantidade necessária, não fazer estoque, porque, se todo mundo sair comprando, aumenta a demanda, e o preço sobe ainda mais."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.