Segundo levantamento da FGV, o Índice Gini de desigualdade de renda pode ser considerado "o pior ponto da crise social"
Por Daniela Amorim
A perda do emprego ao longo da pandemia afetou mais os brasileiros mais pobres, o que fez a desigualdade de renda proveniente do mercado de trabalho subir a um recorde histórico no primeiro trimestre de 2021, segundo levantamento do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social).
O Índice de Gini - indicador de desigualdade de renda - referente ao rendimento domiciliar per capita obtido do trabalho subiu a 0,674 no primeiro trimestre de 2021 ante 0,669 no quarto trimestre de 2020. No primeiro trimestre de 2020, quando a pandemia ainda não tinha afetado tão fortemente o mercado de trabalho no País, o resultado era consideravelmente mais baixo: 0,642. O Índice de Gini mede a desigualdade numa escala de 0 a 1. Quanto mais perto de 1 o resultado, maior é a concentração de renda.
O primeiro trimestre de 2021 pode ser considerado "o pior ponto da crise social", segundo a FGV Social. Indicadores objetivos de performance trabalhista, como desigualdade e bem-estar baseados em renda per capita do trabalho apresentam queda inédita na pandemia, escreveu Marcelo Neri, diretor do FGV Social.
No primeiro trimestre de 2021, a renda média per capita despencou para o patamar mais baixo da série histórica, aos R$ 995, ficando abaixo de R$ 1.000 mensais pela primeira vez. O resultado significa um tombo de 11,3% ante a renda média recorde de R$ 1.122 alcançada um ano antes, no primeiro trimestre de 2020.
O estudo da FGV Social considera a renda efetivamente recebida do trabalho dividida por todos os integrantes da família, a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica tem início no quarto trimestre de 2012.
O levantamento calcula ainda o índice de bem-estar social, que combina a medidas de desigualdade de renda e do nível de renda da população. Após chegar ao primeiro trimestre de 2020 em R$ 402, praticamente no mesmo patamar do início da série histórica, em 2012, houve um tombo ao longo da pandemia, descendo ao piso histórico de R$ 324 no primeiro trimestre de 2021, um tombo de 19,4% em relação ao patamar de um ano antes.
Os mais pobres perderam mais renda entre o primeiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021. Enquanto a renda média geral caiu 10,89% no período de um ano, a metade mais pobre teve uma perda de 20,81%.
"Em suma, a perda de ocupação (desemprego e participação trabalhista) foi o principal responsável pela queda de poder de compra médio dos brasileiros", resumiu Neri, no estudo.
Os trabalhadores brasileiros com menor nível de instrução foram os mais prejudicados pelo choque provocado pela pandemia de covid-19 no mercado de trabalho, confirmou um outro estudo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No primeiro trimestre de 2021, o número de horas trabalhadas pelos profissionais com ensino fundamental incompleto despencou 12,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Por outro lado, as pessoas com ensino superior completo trabalharam 11,7% mais horas que no mesmo período do ano anterior.
O levantamento mostra perda no número de horas trabalhadas também para quem tinha o ensino fundamental completo (-6,0%) e ensino médio completo (-4,1%). As informações têm como base também os microdados da Pnad Contínua do IBGE.
O estudo faz parte do cálculo do Índice de Qualidade do Trabalho (IQT), que começa a ser divulgado pelo Ipea, combinando informações de mercado de trabalho com dados de escolaridade e experiência de trabalhadores. O objetivo é acompanhar a evolução da produtividade do trabalho no País.
"Com base nesse indicador, analisamos as mudanças de composição do trabalho no Brasil de 2012 a 2020, que apresentam um viés de melhora mais acentuada nos momentos de crise econômica - período em que os trabalhadores menos qualificados estão mais expostos ao desemprego", explica o Ipea, na Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira, 14.
Houve crescimento médio de 2,31% ao ano na qualidade da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro durante entre o segundo trimestre de 2012 até o primeiro trimestre de 2021. O resultado tem influência da melhora no nível educacional da população em idade ativa, mas é também puxado pela saída acelerada de trabalhadores com grau de instrução mais baixo em períodos de crise econômica.
O Índice de Qualidade do Trabalho (IQT) cresceu 2,7% ao ano na comparação entre o primeiro trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016, e 11,9% ao ano na comparação entre o quarto trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2020, auge do impacto econômico provocado pela crise sanitária.
"Já nas fases de expansão econômica, o crescimento médio ficou entre 0,90% a.a. (ao ano) e 1,5% a.a. (ao ano) - bem inferior às variações dos períodos recessivos. Assim, concluímos que a participação relativa dos grupos demográficos mais qualificados aumentou em decorrência da maior perda líquida de vagas dos trabalhadores de baixa qualificação em períodos de turbulência econômica", apontou o Ipea.
Chefe-geral da Informática da Embrapa Agropecuária, Silvia Massruhá, é uma das convidadas
Por Laiane Vilanova
A programação oficial da Feira Agrotecnológica do Tocantins - Agrotins 2021 100% Digital será iniciada nesta terça-feira, 15, a partir das 10 horas com a palestra Tecnologia 5G: A transformação digital no campo, tendo a participação da chefe-geral da Informática Agropecuária da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Maria Massruhá; e do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Tocantins (Fapt), professor Márcio da Silveira.
A chegada da internet 5G promete mais velocidade para baixar e enviar arquivos, redução no tempo de resposta entre diferentes dispositivos e mais estabilidade nas conexões. A palestra abordará como essa nova geração da rede de internet móvel poderá contribuir para ampliar a conectividade e o acesso a tecnologias da agricultura digital, como internet das coisas (IoT) aplicada no campo.
Chefe-geral da Embrapa, Silvia Massruhá, participa de palestra de abertura da Agrotins 2021
Um levantamento da Embrapa apontou que apenas 23% da área rural do país está conectada à internet, e esse é o desafio que a 5G poderá superar, como explica Silvia Massruhá. “O produtor precisa que a internet não chegue apenas na sede da fazenda, mas também no campo, onde estão as lavouras, por exemplo. Podemos fazer isso com a expansão da 3G e 4G também, mas o que a tecnologia 5G pretende trazer de diferente é maior velocidade e precisão no processamento de dados”, enfatiza.
Silvia Massruhá destaca também que há um interesse do produtor em se conectar mais, porém faltam incentivos. “O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e o produtor saber que aumentar a conectividade é também uma maneira de aumentar a competitividade no mercado. O grande produtor tem seus meios para desenvolver essas tecnologias, mas o médio e pequeno produtor ainda precisam de recursos e desenvolvimento de políticas públicas que melhorem esse acesso às tecnologias. E esse é um dos papéis em que a Embrapa vem atuando, de contribuir nesse fomento às tecnologias", concluiu.
Conectividade e meio ambiente
O presidente da Fapt, professor Márcio da Silveira, destacou que a palestra pretende abordar ainda a contribuição da tecnologia para a preservação do meio ambiente. “Um drone ligado a um banco de dados pode monitorar com eficiência toda uma lavoura de soja, inclusive, ajudando no uso pontual de agrotóxicos e evitando assim um excesso desse produto no solo", informou.
Presidente da Fapt, professor Márcio da Silveira, participa de palestra de abertura da Agrotins 2021
Outra possibilidade dessa revolução digital, apontada pelo professor Márcio da Silveira, é o desenvolvimento de tecnologias 100% brasileiras. "Se mapeamos um quadrado de uma propriedade no Tocantins, a solução tecnológica vai ser desenvolvida com base nas características daquela localidade e isso gera conhecimento, permitindo desenvolver plataformas para resolver os problemas com maior eficiência e sem perder de vista o lucro, o que é fundamental para os produtores”, finalizou.
A palestra ocorrerá ao vivo na plataforma www.agrotins.to.gov.br.
Internet 5G
O governo brasileiro prepara um leilão das radiofrequências, que está previsto para acontecer até o fim do mês de julho. No edital do leilão, que foi aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), está previsto que o 5G deve funcionar nas 26 capitais do Brasil e no Distrito Federal em julho de 2022. Para todas as cidades do Brasil com mais de 30 mil habitantes, o prazo é julho de 2029.
Âncora comenta relação do presidente com a imprensa, ataques a Bonner, fama de ‘direitista’ e pressão do PT
Por Jeff Benício
Boris Casoy é sinônimo de jornalismo e coragem para opinar (e desagradar). Seu bordão "Isso é uma vergonha" - criado quando era âncora do 'TJ Brasil', no SBT, na década de 1980 - continua insuperável e mais oportuno do que nunca.
Isolado em sua casa desde o início da pandemia, o jornalista faz de seu escritório-biblioteca o estúdio onde grava o 'Jornal do Boris', transmitido no YouTube e na TV Gazeta de São Paulo, de segunda a sexta, às 8h45.
Com a experiência de quem dirigiu redações, comandou bancadas de telejornais e mediou debates, o veterano comenta a tumultuada relação de Jair Bolsonaro com a mídia e conta uma situação tensa com o então candidato à Presidência nos bastidores da RedeTV, em agosto de 2018.
Ao longo de sua carreira jornalística, o senhor viu outro presidente com relação tão complicada com a imprensa como Bolsonaro?
A relação tensa do presidente Bolsonaro com a imprensa tem sido mais visível do que em outros governos. O presidente tem mostrado gostar do confronto e ele o faz publicamente. Lembra repentes de Jânio Quadros. Na maioria dos governos, as pressões e tensões acontecem nos bastidores. Cito, como exemplo, o governo Lula, que agia por interpostas pessoas. Eu mesmo vivi um episódio desses com corte na publicidade da Rede Record. Esses momentos foram mais acentuados nos casos do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e do Banestado. O PT pressionava para que esses assuntos fossem encerrados. Não se pode esquecer dos governos militares, quando o Estado de Direito está suspenso. Destaco que, no meu caso, Sarney, Collor, Fernando Henrique e Temer sempre agiram de maneira republicana.
Qual a sua opinião sobre os ataques, xingamentos e até palavras de baixo calão usadas pelo presidente contra jornalistas?
Reprovo com veemência. Cabe aos governantes conter seus impulsos. A chamada liturgia do cargo não admite esse tipo de comportamento. Sei que isso é difícil para uma pessoa impulsiva como Bolsonaro, mas ele precisa se esforçar para conter seus impulsos. O governante não pode agir com o fígado.
Os ataques frequentes de Bolsonaro, com ampla repercussão na imprensa e nas redes sociais, enfraquecem ou fortalecem o jornalismo profissional?
Nem enfraquecem, nem fortalecem. A maior parte da imprensa tem apenas relatado os fatos e investigado o que precisa ser investigado. Fazer oposição não é brigar com a notícia. Omitir os fatos é uma traição ao leitor, ouvinte, telespectador ou internauta. É preciso separar propaganda de notícia.
Bolsonaro se diz perseguido pelo Grupo Globo e, especialmente, pelo 'Jornal Nacional' e seu âncora e editor-chefe, William Bonner. O senhor enxerga veracidade nessa acusação?
Não me sinto no direito de julgar o Grupo Globo. O presidente insiste em colocar em xeque a sobrevivência da Globo. Não tenho condições de dizer o que se passa na cabeça do presidente, como ele encara o noticiário dos órgãos das Organizações Globo. Acredito que se sinta injustiçado, mas ele contribui decisivamente com a oposição ao governo. Acusar o Bonner de perseguição demonstra um desconhecimento de como funciona uma empresa de comunicação. Bonner é um excelente profissional, com uma história que mostra toda a sua correção e honestidade.
O senhor sofreu pressão ou intimidação direta de autoridades? Algum presidente chegou a reclamar de seus comentários críticos?
Tenho mais de 60 anos de carreira. Fui editor-chefe da 'Folha' em momentos difíceis do regime militar, perdi a conta das ameaças, mas me orgulho em dizer que em lugar de medo, me deram mais coragem.
Em evidência novamente, o ex-presidente Lula sempre defendeu a regulação dos meios de comunicação. O senhor enxerga esse projeto como positivo ou um risco à liberdade de imprensa com a possível interferência do Estado nas empresas do setor?
Ele chegou a elaborar um projeto sobre o assunto. Chamava essa 'merda' democratização da comunicação. Era uma velha ideia do stalinismo, cuja prática visava estabelecer a censura e intimidar a imprensa. Não se trata de maldade, o PT acredita que esse tipo de 'disciplina' faz bem ao Brasil.
Nos Estados Unidos, as principais redes de TV assumem posição ideológica e partidária, inclusive na campanha presidencial. O senhor acha isso positivo ou vai contra a imparcialidade e isenção imprescindíveis ao jornalismo?
É uma questão cultural. Acho legítimo que isso aconteça, sem amordaçar o adversário. Apenas, opinião não pode nem deve ser confundida com cobertura dos fatos.
No Brasil, a maior parte da imprensa é identificada como defensora da esquerda. O senhor já disse que 'ser liberal ou de direita é quase um crime' no País. A imprensa está contaminada pela militância política?
Já esteve mais. O socialismo era uma promessa que entusiasmou grande parte da intelectualidade, especialmente a juventude. A queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética e todas as suas consequências mostraram a verdade a muita gente, especialmente aos mais jovens. Acho que o debate deve ser estimulado. Mas há uma esquerda saudosista no País que, por exemplo, continua repetindo que a guerrilha no Brasil lutou pela democracia. Lutava sim, por um regime comunista e começou ainda no governo Jango. Isso não justifica a tortura. Aliás, acho que se a anistia fosse revogada, os dois lados precisariam ser julgados.
Nos Estados Unidos, há várias emissoras declaradamente de direita, como a Fox News. O senhor vê Record, RedeTV e SBT, onde trabalhou, como canais direitistas?
Trabalhei com absoluta liberdade em todos os canais. Procurei dar voz e dei a todas as tendências ideológicas, nunca houve restrição. Quando ameaçou haver, estrilei. As redações que dirigi nunca sofreram filtros ideológicos. Mesmo assim, sou visto como um direitista empedernido, caluniado, como se a esquerda tivesse a patente da bondade e democracia.
O senhor foi mediador de vários debates importantes em eleições à Presidência. Cite um momento especial desse tipo de evento na TV.
Dois momentos: quando Lula recusou cumprimentar Collor, ao contrário do que tinha sido combinado, e a ameaça em cima da hora de Bolsonaro de não participar do debate na RedeTV. Ele já estava no camarim e queria impor sua vontade na questão da cadeira vazia para Lula.
O que acha da relutância de Bolsonaro em liderar a campanha de imunização no País?
Ele tem sujas posições. Aparentemente, está caminhando em direção às recomendações da maioria absoluta dos cientistas. Espero que ele seja iluminado e torço para que Bolsonaro faça um bom governo. Sou contra o 'quanto pior melhor'. Se ele afundar, afundamos junto.
O senhor completou 80 anos em fevereiro. Há algo que ainda pretenda fazer no jornalismo?
Atravesso um período de pleno vigor físico e, ao que parece, mental. Estou vivendo uma experiência na internet com o ‘Jornal do Boris’, também transmitido pela TV Gazeta. Assim completo um ciclo do qual me orgulho: fiz rádio, TV, imprensa escrita e agora internet. E estou pronto para novas viagens.
País já imunizou com as duas doses quase metade da população
Por Raquel Landim
Santiago, no Chile, começou um novo lockdown neste sábado (12). Apesar de ser um dos países com o maior índice da população vacinada até agora, os casos de Covid-19 aumentaram nas últimas duas semanas - na região da capital, a ocupação de leitos de UTI chega a 98%.
No último mês, o número de novos casos diários saiu de 5.221 para mais de 7.153, alta de quase 40% - retomando os patamares mais altos registrados em abril deste ano e em junho do ano passado.
Até agora 46,5% dos chilenos já foram totalmente imunizados contra a Covid-19 e 60% receberam pelo menos uma dose de vacina. Ao todo, 79,8% das doses aplicadas no país são Coronavac, fabricadas pela chinesa Sinovac, 18,3% da Pfizer e 1,9% da Astrazeneca.
A hipótese dos especialistas é que a Coronavac não esteja impedindo o contágio, mas consegue evitar mortes. Estudos apontaram uma eficácia de 50% dessa vacina contra a contaminação, mas de 80% contra casos graves.
O número de óbitos por covid no chile, no entanto, tem se mantido estável em torno de 100 por dia. Com as novas restrições, bares e restaurantes não podem atender clientes, as escolas não terão aulas presenciais e está valendo um toque de recolher entre 22h e 5h.
A alta nos preços de bens e serviços monitorados pelo governo, como energia elétrica, gás, combustíveis e medicamentos, fez a inflação dos brasileiros mais pobres encerrar o mês de maio quase duas vezes maior que a dos mais ricos, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Com Estadão Conteúdo
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma aceleração da pressão inflacionária na passagem de abril para maio em todas as faixas de renda. No entanto, a pressão foi maior entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.650,50: a variação dos preços passou de 0,45% em abril para 0,92% em maio.
Entre as famílias de renda mais alta, que recebem mais de R$ 16.509,66 mensais, a inflação saiu de 0,23% em abril para 0,49% em maio. Entre os de renda média alta, com rendimento domiciliar mensal entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66, a inflação acelerou de 0,20% para 0,75% no período.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, encerrou o mês de maio com avanço de 0,83%, ante uma elevação de 0,31% em abril.
Os reajustes na energia elétrica (5,4%), tarifa de água e esgoto (1,6%), gás de botijão (1,2%) e gás encanado (4,6%) pressionaram especialmente o orçamento das famílias mais pobres. O avanço nos custos da habitação gerou uma contribuição de 0,42 ponto porcentual para a inflação da mais baixa renda, o equivalente a 46% de todo o aumento de preços percebido por esse segmento de renda em maio.
Também houve pressão dos aumentos da gasolina (2,9%), etanol (12,9%) e gás veicular (23,8%). Porém, entre as famílias mais ricas, o impacto dos reajustes dos combustíveis foi atenuado pela queda de 28,3% no preço das passagens aéreas.
"Ainda que em menor intensidade, o grupo saúde e cuidados pessoais também exerceu uma influência positiva sobre a inflação em maio. Se, para as famílias de renda mais baixa, a alta de 1,3% dos medicamentos foi o principal ponto de pressão, para as classes mais ricas esse papel coube ao reajuste de 0,67% do plano de saúde", apontou a técnica do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira, 14.
A inflação acumulada em 12 meses até maio foi de 8,91% para as famílias mais pobres, patamar bem acima dos 6,33% observados no segmento mais rico da população.
O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar de até R$ 1.650,50 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 16.509,66, no caso da renda mais alta.