Papel que petista deve desempenhar na campanha do ex-presidente foi motivo de discussão interna no partido; parte dos dirigentes teme possíveis impactos

 

Por Carolina Farias e Danilo Moliternoda

 

A ex-presidente Dilma Rousseff aparece em um dos novos vídeos de propaganda partidária do PT exibido na noite deste sábado (16) em TV aberta. Sem mencionar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela diz, no comercial, que as mulheres obtiveram conquistas durante o período em que o PT governou o país.

 

“Nos governos do PT, as mulheres alcançaram avanços: Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos, Lei Maria da Penha, do feminicídio, Disque 180. Conquistaram posições de poder. Elegeram a primeira presidenta da República”, declarou Dilma na peça publicitária com 30 segundos de duração.

 

“O ciclo de 13 anos de conquistas foi interrompido pelo golpe. Agora, é hora de assumir o que sabemos fazer de melhor: lutar pela vida, pela renda, pelo emprego e contra a inflação”, acrescenta a ex-presidente no vídeo.

 

O papel que Dilma desempenharia na campanha eleitoral do ex-presidente Lula foi tema de discussão interna no PT, como apurou o analista de política da CNN Gustavo Uribe.

 

No partido, apesar de algumas lideranças estaduais defenderem em caráter reservado a ausência da petista na linha de frente da campanha eleitoral, dirigentes nacionais consideravam que a medida poderia ser prejudicial.

 

A avaliação deles feita à CNN é de que, como uma espécie de vacina eleitoral, a legenda deveria se antecipar às críticas e já colocar a petista nas primeiras inserções da legenda na televisão e rádio.

 

O receio, nas palavras de dirigentes petistas, é cometer o mesmo equívoco do PSDB nas eleições de 2002 e 2006, quando o partido evitava mostrar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A ausência do tucano na linha de frente foi usada como uma munição eleitoral justamente pelo PT, que venceu as duas eleições presidenciais com a candidatura de Lula.

 

 

 

Posted On Segunda, 18 Abril 2022 06:10 Escrito por

Áudios inéditos de sessões do STM (Superior Tribunal Militar) apontam denúncias de tortura durante o período da ditadura militar (1964-1985), segundo trabalho do professor de história do Brasil Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

 

POR LEONARDO VIECELI

 

O conteúdo das gravações foi revelado neste domingo (17) pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, e confirmado pela Folha.

 

Fico teve acesso a cerca de 10 mil horas de registros feitos de 1975 a 1985. O professor já analisou as sessões de 1975 a 1979 desde que conseguiu os áudios, entre 2017 e 2018.

 

"Como as sessões eram secretas, os presentes se sentiam muito livres para dizer o que quisessem. A novidade do material é trazer vivacidade para o debate e comprovar as práticas de tortura daquele período, já que há pessoas que acham que isso não ocorreu", diz Fico à Folha.

 

A reportagem procurou o Exército e o STM, mas não obteve resposta.

 

Um dos áudios revelados pelo historiador, de uma sessão de 19 de outubro de 1976, é atribuído ao almirante Julio de Sá Bierrenbach.

 

Ele relata que, "quando aqui vem à baila um caso de sevícias [maus-tratos], este se constitui em um verdadeiro prato para os inimigos do regime e para a oposição ao governo".

 

"Imediatamente, as agências telegráficas e os correspondentes dos jornais estrangeiros, com a liberdade que aqui lhes é assegurada, disseminam a notícia, e a imprensa internacional em poucas horas publica os atos de crueldade e desumanidade que se passam no Brasil, generalizando e dando a entender que constituímos uma nação de selvagens."

 

O almirante afirma que "essa não é a realidade" e que "o brasileiro, de um modo geral, não admite a violência".

 

Mas, por fim, ele afirma que "o que não podemos admitir é que o homem, depois de preso, tenha a sua integridade física atingida por indivíduos covardes, na maioria das vezes de pior caráter do que o encarcerado".

 

"Senhores ministros, já é tempo de acabarmos de uma vez por todas com os métodos adotados por certos setores policiais de fabricarem indiciados, extraindo-lhes depoimentos perversamente pelos meios mais torpes, fazendo com que eles declarem delitos que nunca cometeram, obrigando-os a assinar declarações que nunca prestaram", afirma. "E tudo isso é realizado por policiais sádicos, a fim de manterem elevadas as suas estatísticas de eficiência no esclarecimento de crimes", completa.

 

Outro trecho revelado do STM, de 13 de outubro de 1976, é atribuído ao ministro Waldemar Torres da Costa.

 

"Quando as torturas são alegadas e, às vezes, impossíveis de ser provadas, mas atribuídas a autoridades policiais, eu confesso que começo a acreditar nessas torturas, porque já há precedente", afirma.

 

"Eu não me recuso a me convencer dessas torturas, mas exijo que essas torturas tragam uma prova e não fiquem apenas no terreno da alegação. Reconheço, senhores ministros, que também é difícil o indivíduo provar as torturas pela maneira como é feita", completa.

 

Em uma gravação de 24 de junho de 1977, o general Rodrigo Octávio fala sobre um caso em que "alguns réus trazem aos autos acusações referentes a tortura e sevícias das mais requintadas".

 

De acordo com os relatos, uma mulher acusada que estava grávida sofreu aborto após passar por "castigos físicos" no DOI-Codi.

 

Uma fala de 9 de junho de 1978, atribuída ao general Augusto Fragoso, cita que ele, como único representante do Exército na ocasião, teve "grande constrangimento" ao saber de acusações que "não foram apuradas devidamente".

 

"Eu, nesses 50 e tantos anos de serviço, vivendo crises militares de 1930, 1932 e 1935, nunca vi, nunca ouvi, acusações desse jaez feitas a órgãos do Exército. Acho que nosso Exército, seguindo exemplo das forças irmãs, devia rapidamente se recolher aos afazeres profissionais", diz.

 

"Não posso deixar assim passar em brancas nuvens essas acusações que foram feitas na tribuna contra esses órgãos do Exército. E sabemos que muitas delas são destituídas completamente de fundamento, mas algumas delas têm aparência de veracidade", emenda.

 

O professor Carlos Fico relata que a busca pelas gravações se estendeu por anos. Segundo ele, o advogado Fernando Fernandes pediu ao STM acesso aos áudios, em 2006, mas não conseguiu. Depois, acionou o STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou a liberação do conteúdo.

 

O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que o colegiado irá se debruçar sobre o conteúdo e não descarta chamar Fico para aprofundar o debate sobre as torturas na ditadura.

 

 

Posted On Segunda, 18 Abril 2022 06:06 Escrito por

Sem compromissos públicos, o presidente da república, Jair Bolsonaro, participa de uma motociata organizada por apoiadores na manhã desta sexta-feira (15). Os participantes saíram do Sambódramo do Anhembi, na zona norte da capital paulista e vão em direção à Americana, no interior do estado

 

 Com Agências

 

A motociata liderada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira, 15, em São Paulo, contou com 3.703 motos, segundo registros de pedágios da Rodovia dos Bandeirantes. O Sistema de Monitoramento de Informações de Pedágio acompanhou a movimentação de motocicletas que participaram da manifestação nesta manhã nas praças de cobrança da Concessionária CCR AutoBan em Campo Limpo, Itupeva e Sumaré. A rodovia ficou interditada para o evento e foi liberada por volta das 13h.

 

A informação sobre os pedágios foi adiantada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Estadão. Nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e apoiadores do presidente afirmavam que o encontro de hoje foi a "maior motociata do mundo" - mas a participação desta sexta foi menor do que a de junho do ano passado, quando aproximadamente 6.660 motociclistas se juntaram a um passeio com o presidente. Naquela ocasião, bolsonaristas chegaram a compartilhar que a motociata teria entrado para o Guinness Book, livro que registra recordes mundiais - o que o Estadão Verifica provou ser falso.

 

Segundo a Secretaria de Logística e Transportes (SLT) e a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o tráfego de veículos na Rodovia dos Bandeirantes nesta sexta foi completamente liberado por volta das 13h. O trajeto de moto começou às 10h, e foi da Praça Campo de Bagatelle, próxima do Anhembi, à cidade de Americana, no interior do Estado.

 

O Estadão mostrou que parte do grupo de motoqueiros que seguiu o presidente pagou uma taxa de inscrição de R$ 10 para a organização do evento, coordenado pelo grupo "Acelera para Cristo". O pagamento, opcional, dava direito a uma espécie de "área vip" da motociata, com presença na área fechada ao lado do Anhembi, além da possibilidade de viajar mais próximo de Bolsonaro nos 120 quilômetros até Americana. No final do trajeto, o presidente discursou e criticou um acordo firmado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o WhatsApp para adiar o lançamento de uma nova ferramenta do aplicativo no País que permite a criação de grupos com milhares de pessoas.

 

 

 

 

Posted On Sábado, 16 Abril 2022 07:03 Escrito por

Após ser vaiado em um encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com sindicalistas e militantes, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, cancelou um ato que havia marcado para 3 de maio, quando anunciaria apoio oficial à pré-candidatura do petista ao Palácio do Planalto.

 

Com Estadão

 

O dirigente partidário afirmou ao Estadão/Broadcast Político nesta sexta-feira, 15, que ainda tem a intenção de embarcar na campanha do petista, mas quer saber agora se o PT realmente almeja uma aliança ampla para disputar a eleição contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Lógico que você fica incomodado, porque eu não estava em um evento com multidão, estava num evento com militância, com lideranças", afirmou Paulinho, que é presidente de honra da Força Sindical. "Eu fiquei bastante incomodado porque, em nenhum momento, a direção do PT, nem o Lula, nem a Gleisi foram ao microfone dizer que tinha de fazer uma aliança mais ampla, que envolvesse não só o Solidariedade, mas também outros partidos de centro", emendou.

 

Paulinho enviou nesta manhã uma mensagem para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na qual expressou seu incômodo com a situação e informou que o ato do dia 3 estava suspenso. "Nós continuamos no intuito de apoiar o Lula, mas queremos rediscutir esse formato, saber qual é o pensamento do PT com relação a uma aliança mais ampla, se realmente o PT quer isso."

 

Lula participou nesta quinta-feira, 14, de um ato político com representantes e militantes das principais centrais sindicais brasileiras, em São Paulo. Presente no evento, Paulinho foi vaiado ao ter seu nome citado. Alguns petistas costumam lembrar que o presidente do Solidariedade votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. No palco, ao lado de Lula, contudo, estava também o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), anunciado como vice na chapa do petista e que também apoiou, à época, a destituição de Dilma.

 

Gleisi afirmou ao Estadão/Broadcast Político que na conversa com Paulinho lamentou o ocorrido e reforçou a disposição do PT em manter a aliança. "(A vaia) Foi de um pequeno grupo e não tem nada a ver com o PT. A maioria da nossa militância entende como importante o apoio e presença do Solidariedade e dele (Paulinho) na coligação com Lula. Reputo o que aconteceu nos atos à disputa do movimento sindical. Queremos que ele esteja conosco nessa caminhada", disse a dirigente partidária.

 

Paulinho e seu partido indicavam há algum tempo que apoiariam Lula na corrida pela Presidência. O dirigente chegou a convidar Alckmin a se filiar à legenda para compor a chapa com o petista. O ex-tucano negociava também com o PV, mas acabou decidindo migrar para o PSB, após mais de 30 anos no PSDB, sigla que ajudou a fundar. No ato de ontem, Alckmin, que protagonizou embates com o PT no passado, exaltou Lula como o "maior líder popular do País".

 

Terceira via

 

O Solidariedade é um dos poucos partidos de centro dispostos a apoiar Lula já no primeiro turno da eleição. O grupo formado por União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania, por exemplo, fechou um acordo para anunciar, em 18 de maio, um candidato único da terceira via ao Palácio do Planalto. O objetivo é acabar com a polarização entre o petista e Bolsonaro, que lideram as pesquisas de intenção de voto - Lula aparece na frente, mas o presidente tem recuperado terreno.

 

Nesta quinta-feira, 14, o União Brasil anunciou a pré-candidatura à Presidência do deputado Luciano Bivar (PE), que comanda o partido. Nos bastidores, porém, ele é apontado como um candidato a vice na eventual chapa da terceira via. Além de Bivar, estão oficialmente na disputa a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB). Uma ala tucana, contudo, tenta emplacar o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

 

Sem perspectiva de recursos para sua campanha presidencial no Podemos, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, por sua vez, decidiu migrar para o União Brasil, mas a ala do partido liderada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto não tem interesse em lançá-lo ao Planalto. No fim, o partido optou pelo nome de Bivar, embora o próprio Moro não tenha desistido da ideia de concorrer a presidente e venha dizendo nos últimos dias que ainda está "no jogo presidencial".

 

Posted On Sábado, 16 Abril 2022 07:01 Escrito por

Por Josias de Souza  - UOL

 

Como juiz, Sergio Moro habituou-se a enquadrar poderosos. Na política, revelou-se uma impotente criatura. O pior não é o União Brasil matar a sua candidatura ao Planalto. Pior mesmo é a intenção da Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo de retirar do presidenciável natimorto até o poder de espantar as moscas. Moro e sua mulher, Rosângela, tornaram-se alvos de uma notícia-crime que questiona no Ministério Público Eleitoral a legalidade da transferência dos seus domicílios eleitorais do Paraná para São Paulo.

 

A notícia-crime é assinada pelo procurador regional eleitoral substituto Paulo Taubemblatt. Ele agiu no âmbito de representação feita por uma empresária chamada Roberta Luchsinger. Alega-se que Moro e sua mulher, que se transferiram do Podemos para o União Brasil, mudaram de domicílio sem ter nenhum vínculo com São Paulo.

 

Pela lei, a troca de domicílio eleitoral exige residência de pelo menos três meses no novo estado. Apenas em março, o casal Moro passou a morar num flat, na Zona Sul da capital paulista. Mas a defesa do quase-futuro-ex-candidato sustenta que ele fixou sua base política em São Paulo desde novembro do ano passado, quando voltou dos Estados Unidos.

 

A troca ilegal de domicílio é crime tipificado no artigo 289 do Código Eleitoral. Sujeita o infrator à pena de até cinco anos de cadeia, mais multa. A defesa de Moro diz que tudo foi feito dentro a lei. Rebaixado pelo União Brasil à condição de candidato a uma cadeira na Câmara, Moro declarou que não será candidato a deputado. Dependendo do julgamento da queixa-crime, não lhe restará nem a alternativa de concorrer à Câmara Municipal de São Paulo, que só estará disponível em 2024.

 

Mais um pouco e Moro terá dificuldades para disputar até a posição de síndico do edifício de flats onde diz morar.

 

 

Posted On Sexta, 15 Abril 2022 06:33 Escrito por
Página 264 de 918