A cada dia que passa, ficam mais curtos os prazos e a distância para as eleições do próximo dia dois de outubro. Da mesma forma, aumentam as dificuldades para os candidatos detentores de mandatos encontrarem um partido que aceite suas filiações para concorrer á reeleição.
Por Edson Rodrigues
Por outro lado, aqueles que estavam tranqüilos em suas legendas visando a reeleição ou, até mesmo, uma primeira eleição, são atormentados pelas barreiras que começam a ser impostas pelas Federações Partidárias.
Os partidos já federalizados estão tendo que descascar um “abacaxi duplo”, que é ficar, obrigatoriamente, por quatro anos sem unido com as legendas da federação – por mais oportunista que tenha sido o “casamento” – e sustentar suas próprias candidaturas a prefeito, em 2024, “engessados” pelos olhares astutos e eficientes da Justiça Eleitoral.
CONTAGEM REGRESSIVA
Os próximos dias serão cruciais para cada um, partidos e candidatos, encontrar seus “cantinhos”, seus portos seguros, em chapas proporcionais com ou sem federação partidária, uma vez que a contagem regressiva já está em andamento, com término marcado para próximo dia dois de abril. As dificuldades que vêm se interpondo no caminho de quem quer disputar uma vaga para deputado federal ou estadual já começam a fazer as primeiras vítimas, com postulantes já considerando nem se candidatar, tamanhos os percalços para encontrar um partido para se filiar.
Diante de todo esse cenário, é fácil afirmar que a parada não será nada fácil para os que buscam uma reeleição, principalmente para deputado estadual, que, além de tudo, ainda estão com suas imagens mais que desgastadas junto à opinião pública e ao eleitorado.
MARKETING POLITICO
Os pré-candidatos a deputado estadual e federal, assim como os pré-candidatos ao Senado, sejam à reeleição, sejam de primeira viagem, precisam, além de toda a preparação, estruturação financeira e partidária e vocação, ter um marketing político de primeira, feito por profissionais, com foco nas redações dos principais veículos de comunicação, pois é fato que os candidatos que estarão buscando um mandato, terão que bater de frente com os atuais detentores de mandato, que buscam uma reeleição.
Ou seja, será uma batalha dupla, e quem não tiver um marketing competente, vai gastar dinheiro a toa e enfrentar dificuldades em dobro para se eleger. A disputa será a mais apertada possível e o marketing político pode ser o fator de desempate.
Embora a rejeição contra os atuais deputados estaduais seja grande, para não dizer monstruosa, os novos pretendentes terão que cativar os eleitores e mostrar que podem ter um desempenho melhor que os atuais na assembléia Legislativa e, quanto mais profissional for o trabalho de marketing, mais fácil fica de argumentar.
OS CONCORRENTES
Membros do MDB
O que podemos adiantar é que a chapa de candidatos a deputado federal e estadual do MDB, em formação pelas mãos do seu presidente estadual, Marcelo Miranda, com candidatos sem mandato, deve levar a uma ruptura com os cinco deputados estaduais que estão, hoje, na legenda, visto que praticamente todos fazem parte da base de apoio a Wanderlei Barbosa e o MDB já se declarou oposição ao Palácio Araguaia.
Segundo informações de bastidores, somente dois deputados estaduais devem ficar na legenda, ressaltando que o partido tem um gordo Fundo Eleitoral e um ótimo Horário Gratuito de Rádio e TV a ser distribuído entre seus candidatos.
Já o PSDB da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, virá, também, com uma chapa de proporcionais ou “puro sangue” ou fruto de uma Federação, mas, de uma forma ou de outra, a prefeita do maior colégio eleitoral do Tocantins vem forte, junto com seu partido, em busca de maior representatividade em todo o Estado.
Prováveis candidatos do Palácio Araguaia
Já para o Republicanos, todo cuidado é pouco para que não haja um “suicídio eleitoral coletivo”, na onda da filiação do agora governador de fato e de direito, Wanderlei Barbosa. De nada adianta irem 15 ou mais deputados e pretendentes a deputado, com fome ao pote, se nenhuma chapa ou federação, mais que comprovadamente, vai fazer mais que oito eleitos.
O partido de Wanderlei Barbosa deve vir com um chapão de candidatos a deputado estadual, formado em grande parte – de 12 a 14 nomes – por candidatos à reeleição, e está preparando uma chapa de candidatos a deputado federal encabeçada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Toinho Andrade.
A previsão do Republicanos é de fazer dói deputados federais, além dos demais, membros de outros partidos, mas da base do governador Wanderlei Barbosa.
Além dos tradicionais, várias outras chapinhas proporcionais estão em formação no Tocantins, todas com boas chances de ocupar de uma a duas vagas na composição final da Assembleia Legislativa. Isso só ficará mais claro após as Convenções Partidárias, que têm prazo final no início de agosto.
E O ELEITOR...????
Desgastada porque o eleitorado tocantinense, em sua maioria desempregados, em um Estado que tem 60% de sua população avaliada como na linha de pobreza, e muitas famílias órfãos, com seus chefes vitimados pela Covid-19. Para essa grande parcela da população, a culpa por tudo isso é da classe política, que não se preocupou em proporcionar uma rede de saúde pública adequada, enfiaram o Tocantins em uma espiral de corrupção de fazer vergonha a todo o Brasil, uma oposição que se mostrou fraca ante governos que deixaram a desejar.
O último, de Mauro Carlesse, a se comprovar os fatos que levaram o STJ a afastá-lo de seu mandato, comprova-se, também que os parlamentares estaduais foram, no mínimo, cegos ou omissos, para não falar que tiveram participação nos atos não republicanos, pois a grande maioria dos 24 deputados estaduais era leal a Carlesse. Esse julgamento ficará a cargo dos eleitores e das suas convicções.
Enquanto isso, sabe-se de antemão que os deputados federais e senadores não carregam esse peso, pois houve os que não se posicionaram nem contra nem a favor do governo de Carlesse e ajudaram o Tocantins sem indicar ninguém nem cobrar seu quinhão de participação no governo do Estado. Dentro desse cenário, ninguém melhor que o próprio eleitor para saber separar o joio do trigo.
VALENTIA OPORTUNISTA
Mesmo assim, sem o mesmo peso que os deputados estaduais, na última semana alguns dos detentores de mandatos federais pelo Tocantins resolveram mostrar o quanto são “valentes”, agora que o pior perigo já passou, fazendo denúncias contra a gestão de Mauro Carlesse e, até, contra o governador Wanderlei Barbosa, aos quais chamaram de incompetentes e “farinha do mesmo saco”.
As perguntas que ficam são: onde esses “valentões” estiveram nos últimos três anos? Dormindo? Omissos? Coniventes? As três opções juntas ou comendo pelas beiradas, nas benesses dos governos?
Quem somos nós, da imprensa, para apontar o dedo a respeito de todos esses questionamentos? Quem vai julgar será o juiz de fato e de direito de todo processo democrático, o eleitor, na cabine de votação, no dia dois de outubro.
Aguardamos as convenções para que os candidatos sejam, finalmente, decididos e apresentados, para que, acompanhando o povo, possamos presenciar o julgamento que sairá das urnas. Até lá, tudo será especulação.
Que Deus esteja conosco!
Por Almir Pazzianotto Pinto *
Acredito que todos já ouviram falar do camaleão. Trata-se de pequeno lagarto da família dos répteis, encontrado na Europa, na Ásia, na África, no México, no Brasil. Está presente nos diversos países dos cinco continentes.
A característica desta espécie do reino animal consiste na capacidade de mudar de cor para se adaptar a diferentes ambientes. Altera do amarelo ao verde, ao vermelho, segundo a necessidade ou conveniência. Com língua longa, pegajosa e flexível, é capaz de capturar vítimas a considerável distância.
Outro animal dotado de recursos de camuflagem é o polvo, sobre o qual escreveu o Padre Antônio Vieira: “O polvo, com o seu capelo, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, (...) o dito polvo é o maior traidor do mar” (Sermão de Santo António, 1654, Sermões, vol. VII, Ed. Lello & Irmão, Porto, 1959, página 275).
No plano político, o Brasil pode ser considerado a República de camaleões. A leviandade que caracteriza o regime pluripartidário, financiado pelo Fundo Partidário e enriquecido graças ao dinheiro destinado ao financiamento de campanha, afastou homens e mulheres de bem, temerosos do contágio, para abrir espaço a camaleões e polvos exploradores da política como vulgar balcão de negócios.
A decadência a que estamos condenados traz à memória a imagem de Portugal, tal como a desenharam Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão em Uma Campanha Alegre: “O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres, corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos” (Obras Completas, Lello & Irmão, Porto, vol. III, página 959).
Arquétipo da política brasileira pós-1988 é Gilberto Kassab. Lançado na vida pública por Paulo Maluf e Guilherme Afif Domingos, elegeu-se vereador em São Paulo pelo Partido Libertador (PL), em 1992. Abandonou o PL em 1995, para se filiar ao Partido da Frente Liberal (PFL), fundado em 1985 e sucedido pelo Democratas (DEM). Por esse partido, Kassab foi secretário de Planejamento da Prefeitura na gestão do prefeito Celso Pitta.
Em 2004, aliou-se ao PSDB para colaborar com José Serra na disputa da Prefeitura, como vice-prefeito. Em março de 2011, arregimentou dissidentes do DEM, do PSDB e do PPS e fundou o Partido Social Democrático (PSD), “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”, como declarou na ocasião.
Na Wikipédia – Enciclopédia Livre, aberta à consulta dos interessados, pode-se ler síntese não desmentida da biografia de Gilberto Kassab. Sugiro que a consultem. Entre cargos de grande relevância, foi ministro das Cidades de Dilma Rousseff. Renunciou em 18 de abril de 2016, pouco antes da decretação do impeachment, “visto que ele já tinha acertado com Michel Temer uma posição no futuro governo”, do qual se tornou ministro da Ciência e Tecnologia.
Gilberto Kassab sofreu denúncias por improbidade administrativa. Em 2010, viu-se acusado, com a vice-prefeita Alda Marco Antônio, de financiamento ilegal de campanha e, em 2014, da contratação irregular de empresa terceirizada para efetuar inspeção veicular. Em todos os casos, foi absolvido por insuficiência de provas. O seu último cargo de confiança foi o de secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo. Afastou-se, voluntariamente, para se defender de acusações de corrupção, nepotismo e tráfico de influência.
Ser camaleão parece-me repulsivo, mas não é crime. Há quem o considere justificável, diante das características singulares da política brasileira. Trata-se, contudo, de reprovável costume estimulado pela inexistência dos requisitos de integridade de caráter e reputação ilibada no Código Eleitoral e na Lei Orgânica dos Partidos Políticos. O presidente Jair Bolsonaro, habituado a frequentes mudanças de legendas, também é honorável membro da família dos chamaeleonidiae, cuja expansão se deve à indiferença do lumpen-eleitorado.
A prática, não usual antes de 1964, se revelou frequente com o pluripartidarismo e a redemocratização. Criados no governo Castelo Branco, Arena e MDB não tiverem o tempo necessário para acumularem tradições. Recordo-me das defecções na bancada estadual do MDB, em 1979, provocadas pelo governador Paulo Maluf, da Arena. As legendas fundadas após 1985 são volúveis e os dirigentes, em expressiva maioria, insaciáveis na busca, a qualquer custo, de dinheiro e poder. Inquéritos policiais e denúncias formuladas pelo Ministério Público são frequentes. De hábito, todavia, prevalece a impunidade.
Gilberto Kassab almeja ser o fiel da balança na Câmara dos Deputados e no Senado. Para alcançar os objetivos, quando necessário, será polvo ou será camaleão.
*ADVOGADO, AUTOR DE ‘A FALSA REPÚBLICA’, FOI MINISTRO DO TRABALHO E PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Com informações d’O Globo
Depois de mais de seis meses de negociações, o ex-governador Geraldo Alckmin anunciou nesta sexta-feira, em postagem nas redes sociais, que irá se filiar ao PSB. Na publicação, o ex-tucano fez uma referência ao ex-governador Eduardo Campos, que morreu em um acidente de avião em 2014 durante a campanha presidencial daquele ano, e declarou que o momento exige "grandeza política, espírito público e união".
"Não vamos desistir do Brasil", escreveu Alckmin nas redes sociais. A frase era o mote da campanha de Campos e foi dita por ele em entrevista ao Jornal Nacional na véspera do acidente. Quando morreu, o ex-governador de Pernambuco era a maior liderança nacional do PSB. Já em tom de campanha, Alckmin afirma que o PSB não vai deixar "ninguém para trás".
O partido vai realizar um ato em Brasília na próxima quarta-feira, dia 23, para celebrar a entrada do ex-tucano, que será indicado para ser o vice na chapa presidencial encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Alckmin tinha convites também do PV e do Solidariedade, mas optou pelo PSB, maior partido, até agora, a aderir à aliança que será montada em torno de Lula.
No ato em Brasília, além de Alckmin, serão sacramentadas também as filiações ao PSB do vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSDB), pré-candidato ao governo do estado, e do senador Dario Berger (MDB-SC), pré-candidato ao governo catarinense.
Devem ser anunciadas ainda no mesmo evento a entrada no partido de cerca 40 pessoas de todo o país que planejam disputar a eleição para o Legislativo. Fazem parte desse grupo, entre outros, a influenciadora digital Ariadna Arantes, o babalorixá e gestor público Diego de Airá, o advogado Augusto de Arruda Botelho e a líder do movimento de moradia popular Carmen Silva, além de ex-colegas de Alckmin no PSDB, como o ex-deputado federal Floriano Pesaro e o ex-deputado estadual Pedro Tobias.
Depois da filiação, Alckmin será formalmente indicado pelo PSB para ser o vice de Lula. A expectativa é que os petistas aprovem o nome do ex-governador nas instâncias internas somente perto do meio do ano.
IMPROVÁVEL
Considerada inicialmente improvável, a costura da união entre Lula e Alckmin teve início em julho. O ex-governador Márcio França levou a ideia ao ex-prefeito Fernando Haddad, que abriu conversas com Lula sobre o assunto.
Alckmin e Lula se encontraram de forma reservada duas vezes na casa do ex-deputado Gabriel Chalita no segundo semestre do ano passado. O petista passou, então, a fazer elogios públicos ao ex-governador, que foi o seu adversário na eleição presidencial de 2006.
Alckmin foi filiado por 33 anos ao PSDB. Como governador de São Paulo, enfrentou forte oposição dos petistas. Além do duelo com Lula em 2006, também enfrentou Haddad na eleição presidencial de 2018.
Atrás nas pesquisas eleitorais, com a economia desaquecida, inflação em alta e maior taxa de juros em cinco anos, o presidente Jair Bolsonaro lançou nesta quinta-feira, 17, um pacote de "bondades" na intenção de injetar R$ 165 bilhões na economia.
Com Yahoo notícias
O anúncio se deu no mesmo dia em que o Ministério da Economia revisou para baixo suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, passando de 2,1% para 1,5%.
Ao todo, foram quatro medidas: antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas, saques extraordinários de até R$ 1 mil do FGTS, além de oferta de microcrédito digital e ampliação da margem de empréstimo consignado.
O governo batizou o conjunto de medidas como Programa Renda e Oportunidade, lançado em mega evento ocorrido no Palácio do Planalto. Além das medidas anunciadas, Bolsonaro exaltou em seu discurso outras recentes ações tomadas pelo governo, como principalmente a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Saque do FGTS
Considerada pelo governo a principal medida para reativar a economia, os saques extraordinários do FGTS estarão disponíveis para qualquer pessoa que tenha recursos no fundo, segundo informou a Caixa Econômica Federal. Os pagamentos começam em 20 de abril e poderão ser sacados, de acordo com o cronograma, até 15 de dezembro e os saques são digitais.
Na estimativa do governo, a ação pode alcançar 40 milhões de trabalhadores e injetar até R$ 30 bilhões na economia em 2022. Uma ação semelhante foi autorizada no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) em dezembro de 2017 e foi ampliada pela atual gestão. Medidas anteriores já liberaram a retirada de quase R$ 100 bilhões do fundo de garantia.
De acordo com o Planalto, o valor fixado como limite para o saque extraordinário não comprometerá financeiramente o FGTS e não reduzirá as operações de apoio aos setores de habitação, saneamento e infraestrutura. Segundo as informações divulgadas, o FGTS tem R$ 105 bilhões de patrimônio líquido, de acordo com balanço provisório de novembro de 2021.
Segundo explicado pela Caixa, os valores que se encontrarem bloqueados na conta do FGTS não estarão disponíveis para o saque, como por exemplo aqueles dados em garantia a instituições financeiras em antecipações do saque aniversário.
Décimo terceiro antecipado
O governo Jair Bolsonaro também anunciou a antecipação do décimo terceiro salário aos aposentados e pensionistas do INSS. Nos cálculos do governo, esta medida deve injetar R$ 56,7 bilhões na economia (R$ 28 bilhões em abril e R$ 28 bilhões em maio).
Em geral, o pagamento do 13º é feito no segundo semestre do ano, mas em 2020 e 2021 o governo antecipou o benefício por causa dos efeitos da covid-19. "A antecipação tem o objetivo de amenizar os reflexos econômicos causados pela pandemia da covid-19 durante o ano de 2021, que ainda repercutem em 2022", informou o Planalto.
Além disso, o governo reiterou que a antecipação não tem impacto orçamentário, já que haverá somente a antecipação do pagamento do benefício, sem acréscimo na despesa prevista para o ano.
Crédito e empréstimo
Ainda no âmbito do pacote de bondades de Bolsonaro, a medida provisória assinada hoje amplia a margem de empréstimo consignado dos atuais 35% do valor do benefício para até 40%.
De acordo com o governo, além dos aposentados e pensionistas do INSS, a MP autoriza que cidadãos que recebem benefícios assistenciais (como o BPC) ou que participem do programa Auxílio Brasil também tenham acesso ao empréstimo com juros mais baixos. De acordo com as estimativas do governo federal, a medida vai atingir 52 milhões de pessoas e injetar R$ 77 bilhões na economia.
O governo anunciou também um programa programa de microcrédito para pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEIs). Será lançado em 28 de março e consiste em duas operações, segundo o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
A linha consiste em empréstimos de até R$ 1 mil, com taxa de juros de 1,95% ao mês, inclusive para negativados. Para microempreendedores individuais (MEIs), será possível pegar até R$ 3 mil, com taxa de juros a partir de 1,99% ao mês.
O microcrédito para pessoas físicas será oferecido pelo celular, por meio do Caixa Tem. No caso dos MEIs, a oferta será feita inicialmente inicialmente via agências da Caixa e, depois, estará disponível no Caixa Tem.
Na avaliação de Adolfo Sachsida, secretário especial do Ministério da Economia e chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da pasta, as medidas anunciadas não vão pressionar ainda mais a inflação. "Não é dinheiro novo na economia, e sim melhora na alocação de recursos", defendeu.
Após romper com gestão do PT, vice João Leão disputará o Senado e pede conversa com ex-presidente
Por Bernardo Mello
O PP da Bahia, estado que tem o quarto maior colégio eleitoral do país, acertou nesta terça-feira aliança com o pré-candidato ao governo ACM Neto, do União Brasil, que apoiará o vice-governador João Leão (PP) para o Senado. Embora o PP esteja na base do presidente Jair Bolsonaro (PL) e Neto faça oposição ao PT baiano, Leão garantiu também seu apoio ao ex-presidente Lula mesmo após romper com o grupo do governador petista Rui Costa.
Em nota divulgada hoje, Leão rebateu o diretório estadual do PT, que acusou o vice-governador de aproximar-se de Bolsonaro, e disse que viajará a São Paulo “para conversar pessoalmente com Lula, olho no olho”, e garantir seu apoio ao ex-presidente.
“Lula me conhece, conhece minha história, e ele quer voto. Meus votos são dele. E estou à disposição para ajudá-lo a ter uma votação estrondosa na Bahia”, disse Leão, que informou já ter avisado ACM Neto de sua posição.
A oficialização da aliança entre Leão e Neto ocorrerá quinta-feira, numa coletiva em Salvador. No mesmo dia, Bolsonaro visitará a cidade acompanhado pelo ministro da Cidadania, João Roma, que deve formar um palanque bolsonarista pelo PL. A ideia de Bolsonaro é lançar Roma ao governo e a médica Raíssa Soares, que já foi apelidada de “doutora cloroquina”, ao Senado.
Aliados de Neto veem o ingresso do PP na chapa como forma de atingir três objetivos: suprir a vaga ao Senado; desidratar a coligação petista, agora restrita a partidos de esquerda e ao PSD, do senador Otto Alencar; e incentivar uma migração, ainda que minoritária, do eleitorado de Lula para o candidato do União Brasil, a despeito de o PT ter como candidato ao governo o secretário de Educação Jerônimo Rodrigues.
Antes da fusão entre PSL e DEM, Neto planejou lançar ao Senado o aliado Elmar Nascimento, do União. Outro postulante à vaga era o deputado Marcelo Nilo, que deixou o PSB e pode se filiar ao Republicanos. Nilo, que agora disputa o posto de vice com nomes de PDT e PSDB, avalia que o palanque multipartidário pode atrair para Neto eleitores de diferentes presidenciáveis, inclusive do PT.
— Neto deve ficar equidistante, sem nacionalizar a campanha — afirma Nilo.
O apoio do PP a Neto contou também com a articulação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deseja assumir o controle do União Brasil em seu estado, Alagoas.
Aliado do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o ACM, Leão entrou no grupo do PT em 2010. O rompimento com Costa e a reaproximação com o carlismo, decididos após conversa com Lira, ocorreram após o PT vetar o plano de Leão de assumir o governo em abril.