Após impasse na Bahia, vice-governador expõe insatisfação com PT nas redes e pode trocar Lula por Bolsonaro
Com Agências
O vice-governador da Bahia, João Leão (PP), usou suas redes sociais na manhã desta quarta-feira para expor sua insatisfação com o PT e indicar uma mudança de lado na eleição estadual deste ano. Leão esperava assumir o Executivo em abril com a renúncia do governador Rui Costa (PT) para disputar vaga ao Senado, mas os planos foram por água abaixo após o senador petista Jaques Wagner anunciar na segunda-feira que Costa cumprirá o mandato até o fim e que o PT terá candidato próprio ao governo.
O PP, embora faça parte da coligação nacional do presidente Jair Bolsonaro, já havia acertado que apoiaria Wagner ao governo da Bahia, mas o senador petista desistiu de concorrer há duas semanas. Incomodado com as idas e vindas no debate sobre a sucessão estadual, o vice-governador Leão reclamou de Wagner e indicou o rompimento com o PT baiano após reunir-se em Brasília, nesta quarta, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), lideranças do PP e aliados de Bolsonaro.
"Após as declarações do senador Jaques Wagner, em entrevista no início da semana, descumprindo alinhamentos construídos fruto de amplo diálogo, o PP da Bahia precisa refletir sobre seu futuro nas eleições estaduais deste ano", publicou Leão.
O desentendimento pode desidratar o palanque do ex-presidente Lula (PT) e a candidatura do PT ao governo na Bahia. Em seus posts, Leão indicou que avalia uma candidatura própria do PP e também sugeriu um apoio a ACM Neto, pré-candidato ao governo pelo União Brasil, e rival do PT no estado.
Os movimentos podem impactar também a formação de um palanque para Bolsonaro na Bahia. O entorno do presidente vinha tentando uma aproximação com ACM Neto para ter seu apoio, mas o ex-prefeito de Salvador reluta em abrir seu palanque para presidenciáveis. Uma alternativa levantada pela equipe de Bolsonaro é incentivar uma candidatura de Leão ao governo.
"Estão sendo analisados alguns cenários. Um deles, o PP ter candidatura própria ao Governo da Bahia. O outro, compor com a chapa majoritária do ex-prefeito de Salvador e secretário Geral do União Brasil, ACM Neto", afirmou o vice-governador.
Em suas postagens nesta quarta-feira, Leão afirmou que esteve com o governador Rui Costa e também com o ex-presidente Lula nos últimos dias, e que conversará novamente com ambos antes de tomar sua decisão sobre as eleições. Antes do impasse envolvendo a sucessão de Costa, o vice-governador havia afirmado faria campanha para Lula na Bahia e que o ex-presidente trabalhava para manter a união da base governista no estado, que conta com siglas como PP e PSD.
O PT tem um dia decisivo nesta quarta-feira, 9, para a composição de alianças nacionais para as eleições. O partido se reúne hoje com PSOL para debater o apoio da sigla à candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já os petistas devem apresentar uma resposta sobre a carta de condições elaborada pelo PSB no começo de fevereiro para consolidar uma federação entre os partidos.
Com Estadão
Nesse contexto, enquanto os pessebistas buscam apoio em diversas disputas nos Estados, a adesão do PSOL depende de Lula promover um "revogaço", a exemplo do que já sinalizou sobre a reforma trabalhista de 2017 e aprovar a tributação sobre grandes fortunas.
Como mostrou o Estadão, os pessebistas podem desistir do casamento de quatro anos caso não ocorra um retorno favorável do PT, o que não inviabilizaria uma aliança e o apoio à candidatura de Lula ao Palácio do Planalto. A sigla de Carlos Siqueira espera que os petistas cedam em apoios no Acre, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, depois de já garantido o apoio no Rio de Janeiro e em Pernambuco. São Paulo, no entanto, é um assunto que deve ser tratado depois e, nesta fase, não será decisivo.
O foco do encontro com o PSOL não será a construção de palanques. De acordo com Guilherme Boulos, uma das lideranças da sigla mais próximas do petista, a base do acordo são 12 pontos programáticos que o PSOL considera fundamentais para a construção de uma "frente ampla" encabeçada por Lula.
Segundo Boulos, três pontos são prioritários para afinar a relação entre PSOL e PT nas eleições. O primeiro é a revogação do Teto de Gastos e da Reforma Trabalhista, medidas às quais o partido do ex-presidente já demonstrou simpatia. O segundo item é a realização de uma reforma que implemente um tributo para taxar os super-ricos. O terceiro é a adoção de uma agenda ambiental mais contundente, passando pela demarcação de terras indígenas e combate ao uso de fertilizantes químicos na agricultura.
Apesar das precondições programáticas, o apoio do PSOL a Lula já é dado como praticamente certo. Isso não significa que as siglas avancem o acordo para compor uma federação. Essa possibilidade é remota, assim como, em São Paulo, o partido rejeita apoiar Fernando Haddad e mantém a pré-candidatura de Boulos ao governo. "A forma como o partido colocou o debate na mesa com o PT não foi propondo contrapartidas em palanques regionais - o que seria legítimo -, mas apresentando pontos programáticos que considera fundamentais para a campanha de Lula", escreveu Boulos, em artigo publicado na imprensa e compartilhado por ele em sua rede social.
Na mesma publicação, o líder do MTST descreve Lula como "aquele que tem mais condições para liderar uma frente" contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em agosto do ano passado, o grupo de Boulos venceu a disputa no congresso do PSOL e desbancou a ala antipetista do partido, abrindo caminho para a aliança com o provável candidato do PT.
Ao lado de Juliano Medeiros, presidente da sigla, Boulos tornou-se o interlocutor do partido nas negociações diretas com o ex-presidente.
A aproximação com Geraldo Alckmin, provável vice do petista na chapa, é criticada pelo PSOL, que já decidiu não comparecer ao ato de filiação do ex-governador ao PSB, previsto para as próximas semanas. Apesar da contrariedade, o partido aceita a composição em nome de uma "frente ampla".
Da Assessoria
Enfermeiras estão em Brasília hoje, 8 de março, Dia da Mulher, com uma pauta que foge ao espírito comemorativo. O objetivo das profissionais é mobilizar e sensibilizar parlamentares para aprovação do projeto de lei 2.564/2020, que cria o piso salarial fixo para os profissionais da enfermagem de todo o Brasil.
A proposta estabelece o valor mínimo inicial para os enfermeiros de R$ 4.750,00, que deve ser pago nacionalmente pelos serviços de saúde públicos e privados.
“A professora Dorinha sempre esteve à frente, na luta, pelas pautas dos trabalhadores da saúde, em especial da enfermagem. Em todas as Comissões que era necessária uma defesa para estas pautas, a parlamentar sempre teve voz ativa na defesa da nossa categoria. Ela também abriu as portas da Câmara Federal para os representantes sindicais, e para a enfermagem brasileira. Muito nos orgulha seu apoio, sua atuação e sua maneira engajada e legítima, abrindo portas e sendo voz”, ressaltou a enfermeira Sol
“A proposta do piso salarial nacional dos enfermeiros já está na minha pauta pessoal desde que foi apresentada pela categoria. Além de abraçar todos esses profissionais que merecem nosso reconhecimento, levanto bandeira pela aprovação urgente do piso”, finalizou Professora Dorinha.
O vídeo foi divulgado durante as eleições de 2018
Por Fausto Macedo e Rayssa Motta
Um laudo do núcleo de criminalística da superintendência da Polícia Federal em São Paulo concluiu que não há sinais de adulteração no vídeo íntimo atribuído ao governador João Doria (PSDB) nas eleições de 2018.
"O perito analisou a direção da iluminação, disposição de personagens e objetos e suas relações na imagem, assim como a continuidade do sinal de áudio, não encontrando sinais de adulteração nas imagens examinadas", diz um trecho do documento entregue no final do mês passado.
Em nota, o tucano afirmou que a Polícia Federal decidiu "ressuscitar" a investigação "justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais" e acusa uma tentativa de prejudicar sua pré-candidatura ao Planalto.
O documento foi produzido a pedido da Delegacia de Defesa Institucional da PF em São Paulo para tentar identificar as seis mulheres que aparecem na gravação, por meio de cruzamento com imagens de redes sociais e fontes abertas, o que segundo o perito responsável não foi possível. De acordo com o laudo, a gravação não tem qualidade suficiente, "gerando uma resposta nula pelo sistema".
"As imagens extraídas do material questionado têm baixa definição nas regiões de interesse e a baixa iluminação, os ângulos de enquadramento e as distâncias (câmera-pessoa) não favorecem à identificação de pessoas. Assim, essas imagens não apresentaram um resultado nos sistemas de banco de dados de imagens disponíveis e não são adequadas ao exame de Comparação Facial", afirma técnico responsável pela análise.
O vídeo repercutiu no segundo turno das eleições de 2018, quando Doria foi eleito governador, e usado para atacar a candidatura do tucano. Ele sempre negou a autenticidade de gravação e pediu a abertura de uma investigação sobre o caso. A movimentação nas apurações ocorre a sete meses das eleições que Doria pretende disputar como candidato a presidente.
COM A PALAVRA, O GOVERNADOR JOÃO DORIA
"Fui surpreendido hoje com a informação de que a Polícia Federal decidiu ressuscitar a investigação de um caso da eleição de 2018, que se tornou o maior crime eleitoral já realizado contra um candidato na história do Brasil, justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais.
Laudos independentes produzidos na época do episódio comprovaram de maneira cristalina que o vídeo em questão é uma fraude primária. A Revista Veja publicou em outubro de 2018 documento técnico que comprovou "alterações digitais" e manipulação. Um segundo laudo independente também comprovou a fraude desse vídeo.
É revoltante que Polícia Federal não tenha investigado os autores do crime em 2018. Agora, quatro anos depois do episódio, utiliza essa fake news não para elucidar o caso, mas para atingir a vítima desta armação sórdida.
Lamentavelmente, uma parte da instituição de Estado tem sido utilizada para propósitos políticos, como já ocorreu recentemente com outros pré-candidatos à presidência. É uma afronta ao Estado Democrático de Direito.
Não me intimidei na época desse crime e não me intimidarei com essa tentativa rasa para prejudicar a minha pré-candidatura.
A determinação de construir um país mais justo, próspero e pacificado é maior do que a tentativa torpe de atacar a minha honra e da minha família."
O prefeito é casado e foi filmado em uma festa durante o fim de semana
Por Jayanne Rodrigues
O prefeito de Itaituba Valmir Climaco (MDB), cidade com aproximadamente 100 mil habitantes, localizada no sudoeste do Pará e alvo de garimpo ilegal, protagonizou mais uma polêmica nas redes. Desta vez, o gestor surgiu proferindo frases machistas durante um evento. Com um microfone nas mãos, ele disse: "pense em um lugar que tem tanta rapariga boa". Ele dá sequência ao discurso sexista declarando que "vai comer mais de 20", apontando para algumas mulheres que estão no local. A filmagem foi gravada no último sábado, 5, e viralizou nas redes.
Em entrevista ao Estadão, o gestor não negou o que disse e alegou que as falas "não passavam de uma brincadeira". Sobre referenciar as mulheres como "raparigas boas", ele reiterou que tratava-se de um elogio. Segundo Climaco, o episódio aconteceu durante uma festa promovida pelo vereador da Câmara Municipal de Itaituba Felipe Marques (PSL). "Eu cheguei lá 2h da manhã, estava todo mundo bebo, a mulherada Quem nunca tomou um porre na vida?", indaga.
Nas imagens, ele aparenta estar em uma área reservada da festa. De óculos escuros e visivelmente desinibido, ele é cercado por outros homens que aplaudem as frases que são disparadas sem qualquer constrangimento. "Eu tô aqui dizendo o seguinte, eu vou comer aquela, eu vou comer aquela". Em outro trecho do vídeo, ele aparece dançando e abrindo a camisa. Mais uma vez, a conduta do prefeito é ovacionada por parte do público.
O prefeito admitiu que a família dele, principalmente a mulher não apoiou o comportamento dele na ocasião. "A minha mulher não gostou, nem minha filha. Mas eu sou um homem de família. Não arranjei nenhuma mulher, não briguei. Eu estava bêbado, fazer o que?". A maneira encontrada pelo gestor para se retratar, conforme ele relatou, foi: gravar um áudio e mandar em aplicativos de mensagem para a população local. "Eu pedi desculpas".
Alvo de holofotes
Durante as eleições municipais de 2020, o chefe do executivo municipal viralizou nas redes sociais após comemorar a reeleição. Na gravação, ele aparece bêbado, sem camisa e festejando com outras pessoas.
As polêmicas em situações de embriaguez e proferindo discursos machistas não são os únicos motivos para a viralização de Climaco na internet. O prefeito é envolvido em diversos processos judiciais. Em 2019, a pedido do Ministério Público Federal, ele foi condenado por crime ambiental em Altamira, cidade no sudeste do Pará. No mesmo ano, a Polícia Federal apreendeu 583 kg de cocaína dentro de uma fazenda do gestor.