O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deve mesmo aceitar o convite do ex-ministro Gilberto Kassab e se filiar ao PSD para concorrer ao Palácio do Planalto. "Eu não quero viver com o sentimento de que poderia ter feito algo, mas não fiz", disse o tucano nesta segunda-feira, 14, em entrevista à Rádio Gaúcha. Leite também declarou que renunciar ao mandato no Estado "dói mais" do que sair do PSDB.
Por Iander Porcella
Leite chegou ao Brasil nesta segunda, após uma viagem aos Estados Unidos. O governador antecipou em um dia o retorno ao País para intensificar a articulação política em torno da possível candidatura à Presidência, embora diga que a decisão ainda não foi tomada. O caminho no PSD ficou livre para o gaúcho após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), anunciar, na semana passada, que não vai disputar o Palácio do Planalto em outubro.
"Eu sou muito movido pelo desafio. E, nesse momento, está se apresentando um desafio no plano nacional, do qual eu e muitas pessoas sentem e me estimulam que eu possa dar uma contribuição", afirmou Leite na entrevista.
Eduardo Leite antecipou em um dia o retorno ao Brasil para intensificar a articulação política em torno da possível candidatura à Presidência. © Dida Sampaio/Estadão - 04/07/2021 Eduardo Leite antecipou em um dia o retorno ao Brasil para intensificar a articulação política em torno da possível candidatura à Presidência.
O tucano também voltou a descartar a possibilidade de concorrer à reeleição no Estado, mas disse que deixar o cargo de governador "dói mais" que sair do PSDB. Leite deve renunciar ao mandato no Rio Grande do Sul nas próximas semanas.
"É algo extremamente dolorido, pois, ao longo de três anos e três meses, eu dei tudo o que pude. Morei no trabalho, me mudei para o Palácio (Piratini) para viver o governo diariamente", disse Leite. "E isso é o que mais dói, sem dúvida nenhuma. Embora uma eventual mudança de partido não seja algo fácil também, porque é onde eu construí a minha vida política."
Neste domingo, 13, durante cerimônia realizada no Rio de Janeiro para a filiação de Felipe Santa Cruz ao PSD, Kassab reafirmou que o partido terá candidato a presidente. "Espero que seja Eduardo Leite", observou Kassab, que comanda o PSD. Pacheco, por sua vez, disse que o PSD definirá a candidatura ao Palácio do Planalto "nos próximos dias".
Leite voltou a criticar a polarização eleitoral no País, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto. "Nas últimas semanas, eu comecei a ser provocado a uma mudança de partido para poder viabilizar, talvez, um projeto alternativo a essa polarização que está aí. O que eu estou buscando, nas conversas que estou mantendo, é justamente entender quem vem junto", afirmou o governador.
Nas últimas semanas, Leite vem recorrendo a uma expressão popular para indicar a disposição de concorrer a presidente. Em encontro com empresários na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), em 18 de fevereiro, ele disse que um "cavalo encilhado não passa duas vezes".
O cavalo encilhado é uma metáfora para se referir à possibilidade de disputar o Planalto, que passou na frente dele pela primeira vez nas prévias no PSDB, em novembro do ano passado. Na ocasião, porém, o gaúcho foi derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria. O convite de Kassab, agora, é a segunda oportunidade.
Ao perder as prévias, Leite disse que acataria o resultado. No PSDB, aliados que tentam convencê-lo a permanecer no partido argumentam que ele está cometendo um erro e, ainda por cima, pode ficar com a pecha de “mau perdedor”.
O União Brasil, nascido como maior bancada da Câmara da fusão de PSL e DEM, já perdeu ao menos 16 deputados desde que foi reconhecido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 8 de fevereiro. A conta inclui até o sábado (12.mar.2022).
Por Por Caio Spechoto
O maior grupo se filiou ao PL para se juntar ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Houve um ato de filiação coletiva no sábado. Mas outros 3 deputados saíram para o Republicanos.
O novo partido começou com 81 representantes na Câmara. Seus líderes calculam que terá cerca de 50 quando acabar a janela de trocas partidárias. Deverá ser menor que o PT e que o PL.
O Poder360 compilou a lista de deputados filiados ao PL (segundo a assessoria de imprensa do partido) em cerimônia com Bolsonaro no sábado com o histórico de mudanças já registradas no site da Câmara.
Deixaram União Brasil ao menos os seguintes deputados (os marcados em amarelo se filiaram ao PL neste sábado):
Alê Silva (MG) – União Brasil → Republicanos;
Bibo Nunes (RS) – União Brasil → PL;
Carlos Jordy (RJ) – União Brasil → PL;
Carlos Henrique Gaguim (TO) – União Brasil → Republicanos;
Coronel Chrisóstomo (RO) – União Brasil → PL;
Daniel Freitas (SC) – União Brasil → PL;
Junio Amaral (MG) – União Brasil → PL;
Loester Trutis (MS) – União Brasil → PL;
Luis Miranda (DF) – União Brasil → Republicanos;
Luiz Lima (RJ) – União Brasil → PL;
Luiz Philippe de Orleans e Bragança – União Brasil → PL;
Marcelo Álvaro Antônio – União Brasil → PL;
Márcio Labre (RJ) – União Brasil → PL;
Nelson Barbudo (MT) – União Brasil → PL;
Sanderson (RS) – União Brasil → PL;
Sóstenes Cavalcante (RJ) – União Brasil → PL;
Há outros. Coronel Tadeu (SP) anunciou em sua conta no Twitter a migração do União Brasil para o PL, mas não foi incluído por não constar da lista da assessoria.
O ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni (RS), é deputado e também migrou, segundo o PL. Mas não foi computado porque está licenciado da Câmara.
Outros bolsonaristas da legenda devem seguir para o PL nos próximos dias, como Carla Zambelli (SP), Major Vitor Hugo (GO) e Bia Kicis (DF).
O União Brasil também negocia a filiação de deputados. Neste sábado, Rose Modesto (MS) se juntou ao partido. Ela era do PSDB e deve concorrer ao governo do Estado do Mato Grosso do Sul.
O prazo para filiar deputados vai até 2 de abril. Quem quiser disputar as eleições em outubro precisa estar até essa data no partido pelo qual se candidatará.
MIGRAÇÃO BOLSONARISTA
O motivo desse movimento dos deputados bolsonaristas está em 2019. Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República no ano anterior pelo PSL. Meses depois, entrou em conflito com Luciano Bivar (PE), então presidente do PSL e hoje presidente do União Brasil.
Bolsonaro deixou a legenda em novembro de 2019 e anunciou que criaria um novo partido –o Aliança pelo Brasil, que nunca saiu do papel.
Os deputados bolsonaristas do PSL, porém, não puderam segui-lo na época por cláusulas de fidelidade partidária.
Agora, podem migrar por 2 motivos: a janela de transferências partidárias, que vai até o início de abril, e porque foi aberta uma janela de 30 dias só para filiados ao União Brasil quando a sigla foi criada.
Por Aline Guedes
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, anunciou nesta sexta-feira (11) que o Parlamento brasileiro passará a ter três representantes junto à Comissão de Transparência das Eleições (CTE), instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele acatou um pedido do presidente, ministro Luiz Edson Fachin, para aumentar a representatividade da Casa junto ao colegiado.
O órgão de transparência do TSE foi criado em setembro de 2021, com o objetivo de ampliar a segurança de todas as etapas de preparação e realização das eleições. Antes, apenas um congressista integrava o colegiado, o ex-senador Antonio Anastasia, que abriu mão do mandato para assumir vaga como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) em dezembro. Além do substituto de Anastasia, Pacheco indicará outro senador e um deputado federal.
— Passaremos a ter três parlamentares nessa comissão, que se desincumbe de uma missão muito importante: a de conferir a maior clareza possível em relação aos processos eleitorais, garantindo o mais fundamental numa democracia, que é a eleição hígida, impassível de críticas e com absoluta segurança — informou.
Protocolo contra a desinformação
O anúncio aconteceu na residência oficial do Senado, após a assinatura de um protocolo de intenções para adesão da Casa ao Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação no Âmbito da Justiça Eleitoral. Firmado em conjunto com Luiz Edson Fachin, o documento prevê a cooperação institucional, com a finalidade de combater a desinformação na área eleitoral. Segundo Pacheco, é fundamental que as eleições ocorram em um ambiente de informação correta e segura, de modo a garantir o exercício da cidadania a todos os brasileiros.
— O Senado Federal se ombreia ao Tribunal Superior Eleitoral nesse objetivo e por meio desse programa permanente, que será instalado dentro de alguns dias. Agradeço essa consideração e essa deferência da Justiça Eleitoral ao Senado, uma Casa que completará 200 anos de história e tem compromisso absoluto com a República e seus fundamentos, com o estado de direito e, fundamentalmente, com a democracia — disse.
Reafirmação
Fachin declarou que a assinatura do protocolo foi um evento culminante dos 90 anos da Justiça Eleitoral do Brasil. Segundo ele, o documento é uma reafirmação do compromisso do tribunal com o funcionamento regular de instrumentos como a urna eletrônica.
— É a defesa da democracia, a defesa do estado democrático de direito. Ao lado do Senado Federal, evidenciamos em conjunto que a comunhão republicana das instituições está dentro do desenho normativo da Constituição de 1988. E a transparência é um dos pilares fundamentais desse trabalho. Estamos muito agradecidos a Vossa Excelência [senador Pacheco], que acolhe o pleito e também a sugestão que trouxemos de ampliação do número de parlamentares junto à Comissão de Transparência Eleitoral. Precisamente, para que essa importante comissão, que já tem uma representação expressiva de entidades e autoridades acadêmicas, tenha também representantes da sociedade brasileira que carregam consigo a legitimidade da soberania do voto popular — salientou.
Comunhão pela democracia
Fachin reforçou ainda que o exercício do voto precisa continuar sendo livre e feito por meio da consciência. Para ele, nada é mais nefasto à democracia do que se aproveitar das eleições com mecanismos para captura de votos.
— O evento de hoje é um selo da comunhão que o Senado e o TSE colocam nesse grande “envelope generoso” que carrega a voz da democracia por todos os cantos do Brasil.
Também participaram da cerimônia de assinatura os ministros do TSE Carmen Lúcia, Sérgio Banhos e Carlos Horbach. O detalhamento dos trabalhos e a designação dos membros que comporão a equipe serão feitos pela Diretoria-Geral do Senado Federal e a Secretaria-Geral da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral.
Expectativa do senador Randolfe Rodrigues é de que PSOL se posicione já na próxima semana sobre federação; união é importante para garantir sobrevivência das siglas
Por Daniel Reis
A Rede aprovou neste sábado, 12, a formação de uma federação partidária com o PSOL. Se manifestaram de forma favorável à união entre as legendas o senador Randolfe Rodrigues, a ex-ministra Marina Silva e a ex-senadora Heloísa Helena, principais líderes do partido.
Como mostrou o Estadão, a união entre Rede e PSOL já é dada como certa. Parlamentares do partido presidido por Juliano Medeiros aguardavam a posição de Marina Silva para as tratativas avançarem.
A expectativa de Randolfe Rodrigues é que na próxima semana o PSOL se posicione sobre a federação. Para o senador, a união entre os partidos "é um passo enorme para derrotar o bolsonarismo e consolidar o campo progressista".
Os partidos têm até o dia 31 de maio para formalizar a federação, prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.
Através do Twitter, o presidente do PSOL Juliano Medeiros celebrou a aprovação da Rede. "Agradeço muito a decisão. Mostra confiança no PSOL e abertura para construir um projeto de esquerda renovado. Espero que possamos concluir o debate no PSOL nas próximas semanas", escreveu Medeiros.
A Rede pretende aumentar sua bancada no Congresso nas eleições deste ano. Atualmente, o partido possui apenas dois representantes nas Casas: o senador Randolfe e a deputada Joenia Wapichana (RR). Ranfolfe entende que esse arranjo poderá eleger pelo menos 20 deputados federais, dois senadores e garantir a sobrevivência das siglas. Só em São Paulo, ele acredita que Guilherme Boulos poderá ser um puxador de votos e trazer mais seis nomes com ele.
A Deputada estadual Marina Helou (Rede-SP) cita que o sistema partidário dificultou a existência dos pequenos partidos e a federação foi uma solução para sobrevivência da legenda, sem perder sua identidade e autonomia. "A Federação foi uma possibilidade de ambos continuarem a existir e a eleger quadros", afirmou a deputada.
Os detalhes ainda não foram divulgados, mas evento deve ocorrer na sede do PL, em Brasília
Por André Shalders
O presidente do PL, o ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, marcou para o dia 26 de março, um sábado, o ato de lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição para a presidência da República. A solenidade acontecerá em Brasília, mas o horário e o local ainda não estão definidos.
O anúncio foi feito no começo da tarde deste sábado, dia 12, durante um evento de filiação de deputados federais ao Partido Liberal em Brasília, com a presença de Bolsonaro. Segundo a assessoria do PL, o lançamento está "agendado", mas ainda pode mudar a depender de compromissos do presidente da República.
O presidente Jair Bolsonaro em ato de filiação ao PL; partido possui a terceira maior bancada da Câmara. © Gabriela Biló/Estadão O presidente Jair Bolsonaro em ato de filiação ao PL; partido possui a terceira maior bancada da Câmara.
Bolsonaro se filiou ao PL em novembro passado, depois de dois anos sem partido. Em novembro de 2019, Bolsonaro deixou o antigo PSL, hoje União Brasil, sigla pela qual se elegeu em 2018.
No evento deste sábado, ao menos 14 deputados federais se filiaram ao PL – o movimento tem causado incômodo a outros partidos do Centrão, que reclamam do fato de Bolsonaro ter priorizado seu próprio partido. Ingressaram no PL Sóstenes Cavalcante (RJ); Coronel Chrisóstomo (RO); Cabo Junio Amaral (MG); Márcio Labre (RJ); Bibo Nunes (RS); Carlos Jordy (RJ); Loester Trutis (MS); Sanderson (RS), Daniel Freitas (RJ); Luiz Lima (RJ); Marcelo Álvaro Antônio (MG); Éder Mauro (PA) e Alberto Neto (AM).
Durante o evento, Bolsonaro assinou fichas de filiação e posou para fotos com os deputados, mas não discursou. Um novo evento para filiação de deputados bolsonaristas ao PL deve acontecer nos próximos dias, mas a presença do presidente da República é incerta.
'Ciúmes'
A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, minimizou na manhã deste sábado, 12, as críticas de políticos do chamado centrão ao suposto excesso de filiações de aliados do presidente Jair Bolsonaro ao PL, sigla na qual o presidente entrou em novembro passado. Segundo a ministra, que também é do PL, é “natural” que mais políticos decidam ir para o mesmo partido de Bolsonaro.
Ela ponderou que outros partidos do centrão também estão recebendo adesões. “Está tendo muita filiação nos outros partidos também. O próprio ministro Ciro (Nogueira, ministro da Casa Civil) tem viajado muito com as filiações (ao Progressistas) nos Estados. O Republicanos também (está recebendo filiações)”, disse Flávia Arruda.
“Isso (filiação de Roma ao PL) eu não sei ainda. Isso é uma política muito voltada para a Bahia. Ele (Roma) está lá agora fazendo as entregas e a política local. Então é uma decisão muito, mesmo, do ministro João Roma”, disse ela.
Nos últimos dias, políticos do centrão têm expressado preocupação com um suposto “excesso” de filiações de aliados de Bolsonaro ao PL – o presidente nacional do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), disse a jornalistas que Bolsonaro “só atrapalhou” o crescimento do partido durante a chamada janela partidária.
A janela é o período entre 3 de março e 1º de abril no qual os deputados federais podem mudar de partido sem perder o mandato por infidelidade partidária. Procurado pelo Estadão, Pereira não quis comentar as declarações de Flávia Arruda. “Sem comentários”, disse.