Será lida mensagem do presidente com as prioridades para 2020

 

Por Agência Brasil

 

Uma sessão solene conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado, às 15h, abre os trabalhos legislativos em 2020. Na solenidade, será lida a mensagem encaminhada pelo presidente da República ao Parlamento, com as prioridades do Executivo para 2020.

 

Em um ano legislativo mais apertado por causa as eleições municipais, que tradicionalmente esvaziam o Congresso na época de campanha, a expectativa é de que a mensagem priorize duas reformas, a tributária e a administrativa. Ambas vêm sendo debatidas há meses pela equipe econômica do governo e os presidentes Rodrigo Maia ( Câmara) e Davi Alcolumbre ( Senado).

 

Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que vai representar o presidente Jair Bolsonaro na sessão, além de ressaltar a importância das reformas administrativa e tributária, a mensagem trata do combate à criminalidade, à corrupção e do fortalecimento da imagem do país no exterior. “Nós recuperamos, no primeiro ano [de governo], a confiança interna no Brasil e recuperamos a confiança externa. Hoje, onde quer que a gente vá, os países olham para o Brasil com certeza de que aqui tem presente e tem bom futuro, quer para o investidor externo, quer para o brasileiro e para a sociedade”, lembra o texto de Bolsonaro, que cumpre agenda hoje (3) em São Paulo.

 

Rito

Para recepcionar as autoridades antes da sessão solene foram feitos dois roteiros: um para ser executado se o tempo estiver bom, e outro, caso chova. Se o tempo estiver firme, as autoridades dos Três Poderes chegam à rampa de acesso ao Congresso. Alcolumbre será o primeiro a subir a rampa, cumprindo rito tradicional: ouvirá o Hino Nacional, assistirá à execução de salva de 21 tiros de canhão pelo 32º Grupo de Artilharia de Campanha e passará a tropa em revista.

 

Maia subirá a rampa em seguida e será recebido por Alcolumbre no Salão Negro do Congresso, onde serão aguardados pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e por integrantes da Mesa do Congresso Nacional, líderes partidários da Câmara e do Senado e demais parlamentares.

 

O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, será recebido por Maia e Alcolumbre, que o conduzirão até o plenário da Câmara dos Deputados. Se chover, a cerimônia será transferida para a Chapelaria do Congresso Nacional, sendo canceladas a execução do Hino Nacional, a revista à tropa e a salva de gala de 21 tiros.

 

Posted On Segunda, 03 Fevereiro 2020 07:25 Escrito por

Relatório que será entregue à Justiça diz que não há indícios de que o filho de Jair Bolsonaro tenha cometido crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica na investigação eleitoral que trata das negociações de imóveis e da sua declaração de bens na eleição de 2018

 

Com Folhapress

 

A Polícia Federal concluiu não haver indícios de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e de falsidade ideológica no inquérito eleitoral que mira tanto as negociações de imóveis feitas pelo filho mais velho do presidente como a sua declaração de bens na eleição de 2018.

 

A previsão é a de que o relatório final da polícia sobre o caso seja entregue à Justiça nos próximos dias.

 

O resultado apurado pela PF não coincide com os elementos encontrados em um outro inquérito, do Ministério Público do Rio, que apura a prática de “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa —ele foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.

 

Nesse tipo de esquema, funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários aos deputados.

 

Segundo a Promotoria, que investiga a prática de peculato, ocultação de patrimônio e organização criminosa, Flávio lavou até R$ 2,3 milhões com transações imobiliárias e com sua loja de chocolates. O senador nega que tenha cometido os crimes sob apuração.

 

Embora não sejam sobre o mesmo objeto, as investigações da Polícia Federal e do MP-RJ se esbarram em relação aos imóveis de Flávio.

 

O procedimento que hoje está com a PF teve como origem uma notícia crime feita pelo advogado Eliezer Gomes da Silva com base em reportagem da Folha de janeiro de 2018 que apontava a evolução patrimonial de Jair Bolsonaro, então deputado federal, e seus filhos políticos.

 

Na denúncia, o advogado destacou o fato de Flávio ter declarado em 2014 e 2016 ser proprietário de um imóvel em Laranjeiras, mas ter atribuído valores distintos ao mesmo bem em cada ano.

Posted On Segunda, 03 Fevereiro 2020 07:18 Escrito por

 

Aos dois dias do mês de fevereiro de 2020

 

Por Edson Rodrigues

 

Como profissional dirigente de O Paralelo 13 nesses 32 anos de estrada, a experiência nos ensinou que para sobreviver como elo entre os bastidores da política e os leitores, é necessário, primeiro, agir com ética, moral e dignidade para conquistar as fontes certas e, depois, garantir sigilo absoluto, jamais revelar que são essas pessoas e manter seus nomes no mais absoluto segredo.

 

Neste panorama político trazemos um exemplo claro do quão é importante ter credibilidade junto às fontes, pois temos a revelar muitos dos meandros, segredos, tratativas, estratégias e conversações que estão acontecendo neste exato momento, enquanto nossos leitores se ocupam com seus afazeres cotidianos.  A política é uma ciência jamais exata, pois está em constante movimento.  Os partidos políticos são como os tubarões, que precisam estar sempre se movimentando para não dormir, pois, se dormirem, morrem.

 

2020 COMEÇA A COMEÇAR

O início do mês de fevereiro marca o fim das férias forenses e dos recessos dos poderes Legislativo e Judiciário, coincidentemente, ocorre a abertura dos orçamentos anuais dos Executivos e o início do ano letivo.

 

Mesmo assim, como todos sabemos, o ano, no Brasil, só inicia, mesmo, depois do Carnaval, mesmo assim, já é possível fazer uma fotografia do panorama político estadual.

 

O governador Mauro Carlesse, por exemplo, prepara um grande giro pelo Estado para dar continuidade às obras e assinar novas ordens de serviço, de acordo com o que nos informou uma fonte do primeiro escalão do Palácio Araguaia.

 

Os empréstimos com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal serão assinados para a realização de obras nos 139 municípios e outras obras prioritárias, como a Ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional e os Hospitais em Gurupi e Araguaína.

 

 

Já membros graduados da oposição afirmam, categoricamente, que esses empréstimos são “a maior fake news” da história, desde a criação do Tocantins.

 

Pelo sim, pelo não, como dissemos, o ano está apenas começando e a única forma de saber quem está mentindo e quem está falando a verdade pra o povo , será esperar pelo tempo, pois ele é o “senhor da razão”.

 

Se até o mês de maio essas obras não tiverem saído do papel, dificilmente o governo irá conseguir convencer o povo de que os empréstimos foram um embuste, confirmando a tese de fake news da oposição, ficando para o “júri”, o eleitor, dar o veredicto nas urnas, em outubro.

 

MOVIMENTOS NO “TABULEIRO”

Quanto aos movimentos das pedras no tabuleiro político, podemos falar sem arrodeios: a senadora Kátia Abreu dificilmente subirá no palanque da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro.  A assertiva partiu dos aliados com patrimônio político na Capital – o que significa votos – da  própria prefeita, e o recado para a senadora foi curto e grosso.

 

Kátia Abreu, por sua vez, inteligente que é, do alto de toda a sua experiência política, com passagem em todos os principais grupos políticos do Tocantins, como a União do Tocantins, liderada pelos clã Siqueira e o grupo político do clã dos Miranda, esteve na última sexta-feira em São Paulo, em reunião com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, lembrando que ela própria ajudou a criar o partido do qual seu filho é o presidente estadual no Tocantins, e deve sacramentar sua filiação à legenda nos próximos dias.

 

Mais uma vez, por meio de suas fontes, O Paralelo 13 obteve a informação privilegiada que a senadora guarda um “ás na manga” que irá mudar totalmente o posicionamento das peças no tabuleiro sucessório, com reflexos diretos na candidatura à reeleição, exatamente, de Cinthia Ribeiro.

 

 

Essa novidade guardada por Kátia Abreu, pode ser, conforme nossa fonte, a candidatura da própria senadora à prefeitura de Palmas, um assunto que movimentou e envolveu um grupo de líderes nacionais do PSD que, ainda segundo a fonte, provavelmente passou o este sábado em Brasília analisando todos os pontos dessa possibilidade, avaliando a viabilidade política da manobra com total apoio do PSD nacional – o que significa fundo partidário – por meio de um suposto apoio do PT, que ganharia um senador, justamente o suplente de Kátia Abreu. Nossa fonte garantiu que essa reunião varou a madrugada de ontem para a manhã deste domingo, mas não adiantou nenhuma outra informação que possa nos balizar para emitir uma opinião mais precisa do que realmente vai acontecer – nem sempre a fonte entrega todo o jogo!

 

BUSCA PELA INFORMAÇÃO

Como analista e articulista político que se preza busca todos os lados da informação, O Paralelo 13 foi em busca de outra fonte ligada à senadora Kátia Abreu que, praticamente, desdisse tudo o que foi dito anteriormente.  Que tudo isso não passa de especulação, que nada procede mas, côo toda fonte que se preza fez uma ressalva: “seria a melhor coisa para Palmas, para os empresários, para a população, uma mulher guerreira, experiente, com trânsito fácil nos bastidores e nas repartições em Brasília, com credibilidade com talento político, no comando do Executivo de Capital.

 

Mais uma vez, teremos que deixar nas mãos do tempo para termos a certeza se Kátia Abreu na prefeitura de Palmas é mero jogo de cena ou uma realidade contundente...

 

MOVIMENTANDO AS PEÇAS

Mas, nesse tabuleiro sucessório – infeliz e principalmente o palmense – temos que levar sempre um outro fator em consideração, que é a ação da Justiça (Polícia Federal e Ministério Público Federal, principalmente). E é justamente agora em fevereiro que é aguardada uma grande movimentação nessa área, com o andamento das investigações dos processos relativos a políticos, empresários e agentes públicos do Tocantins que já correm na Justiça Federal.

 

Afinal, temos um ex-governador e presidente do MDB afastado preso há mais de 140 dias, o inquérito que envolve o empresário do ramo gráfico, Franklin Douglas, acusado de vários crimes que se relacionam diretamente com o universo da corrupção nua e crua, envolvendo um total de mais de 500 milhões de reais, com diversos governos anteriores, e quem ninguém sabe se fechou delação ou se confessou, pura e simplesmente, para sair sobre fiança de um milhão de reais.

 

 

É certo que a Polícia Federal já sabe muito sobre todas as operações em que Franklin Douglas está envolvido e quem participou ativa ou passivamente delas e há, ainda, a possibilidade de um de seus laranjas ter entregue todas as provas das operações relativas a uma das empresas em seu nome.

 

O desfecho desse caso é aguardado para breve, pois, durante as férias forenses, os agentes federais não pararam de investigar e, o ajuntamento desse caso com as demais operações que estão em fase de conclusão envolvendo agentes públicos tocantinenses vai, certamente, tirar muita gente que pleiteia cargos eletivos do páreo, o que vem causando muita apreensão no meio político e empresarial do Tocantins.

 

Ainda há muita “areia a ser jogada no ventilador”  durante o processo eleitoral deste ano que, como falamos anteriormente, é uma espécie de laboratório de experimentos para as eleições majoritárias de 2022.

 

Logo, essa “areia”, pode fazer muitas peças deslizarem, cair ou, simplesmente, serem varridas do tabuleiro político.

 

É para temer, para pensar e para avaliar se vale a pena o risco.

 

Por hoje é só!

Posted On Segunda, 03 Fevereiro 2020 05:49 Escrito por

Ronaldo Caiado traz de volta o coronelismo exercido por sua família no passado, impondo censura à imprensa, perseguindo adversários e nomeando dezenas de parentes para cargos públicos

 

Por Germano Oliveira

 

Desde que assumiu o governo de Goiás há um ano, Ronaldo Caiado (DEM) tem demonstrado ser realmente o legítimo herdeiro do coronelismo exercido por sua família desde o início do século passado, quando seu avô Antônio Totó Caiado, ex-senador já falecido, dominava o estado com capangas e mão de ferro. O governador vem adotando, assim, ações que resgatam o perfil do verdadeiro coronel goiano. Tem intensificado um processo de perseguição a jornalistas de blogs e sites que o criticam, praticado o nepotismo explícito ao nomear pelo menos 22 parentes para importantes funções públicas e implantado intenso toma lá dá cá com deputados que o apóiam na Assembleia em troca de cargos. Paralelamente promove o desmonte das políticas sociais deixadas por seu antecessor, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), com o intuito apenas de apagar seu legado, o que está gerando um enorme retrocesso político e econômico em Goiás.

 

A veia autoritária do governador foi realçada na semana passada quando a polícia estadual, seguindo orientação do MP local, controlado por ele, comandou uma operação contra jornalistas independentes de Goiânia que produzem três blogs e sites — Canal do Gama, Goiás 24h e Blog do Cleuber —, considerados por ele como de oposição ao seu governo, pelo simples fato de publicarem informações com críticas a sua administração. O blog Goiás 24h, do jornalista Cristiano Silva, por exemplo, divulgou, no ano passado, que o governo promoveu um baile funk no Palácio das Esmeraldas para comemorar o aniversário de sua filha e isso o tornou alvo da ira de Caiado, que estava na festa ao lado da mulher, Gracinha.

 

Nessa operação policial, feita com estardalhaço, os jornalistas foram alvo de busca e apreensão em suas casas e diversos deles tiveram seus celulares apreendidos, pois o objetivo é apurar os nomes dos informantes dos jornalistas. Oficialmente, o processo contra os blogueiros deseja saber se eles foram favorecidos com verbas de publicidade do estado na gestão do tucano Perillo. Em três anos, esses blogs receberam R$ 2,5 milhões. No mesmo período, o governo gastou R$ 300 milhões em publicidade. Ou seja, os valores recebidos por eles são irrelevantes, mas mesmo assim sofrem a devassa determinada pelo governador. “Como o veículo de comunicação mais lido de Goiás, não aceitaremos censura dos poderosos de plantão”, escreveu Cristiano Livramento da Silva em seu site. A investigação incluiu até mesmo o jornalista João Bosco Bittencourt, ex-assessor de Perillo, suspeito de subsidiar a imprensa com informações contra Caiado. Ele considera o ato como “um ataque à liberdade de imprensa”.

 

Nomeação de parentes

“A única preocupação do governador é perseguir quem ele acredita ter ligações com Perillo. Caiado passa os dias olhando pelo retrovisor, pedindo investigações contra o governo anterior, mas nada faz para melhorar a vida da população”, diz o deputado Tales Barreto, líder do PSDB na Assembleia. Ao mesmo tempo em que “cria um clima de terrorismo à imprensa” e persegue os adversários, o governador oferece benesses aos amigos e familiares. Nomeou, sobretudo, tios e primos para cargos públicos, como é o caso de Ênio Caiado, colocado na presidência da Goinfra, e Ederval Caiado, como diretor da mesma estatal. Apesar de dizer que adotaria a nova política, ele loteou cargos públicos para os deputados que compõem sua base na Assembleia. Isso ficou claro quando cinco parlamentares, entre eles Humberto Teófilo (PSL) e Eduardo Amado (PV), votaram contra seus projetos de Previdência estadual e o estatuto do funcionalismo. Caiado demitiu todos os 90 funcionários indicados por esses deputados para cargos públicos, como parte da barganha pelo apoio parlamentar.

 

De acordo com deputados ouvidos por ISTOÉ, Caiado está tomando medidas para desmontar os programas sociais deixados pelo PSDB, que governou o estado nos últimos 20 anos. Entre outras coisas, acabou com o programa de renda cidadã, que complementava os rendimentos de 90 mil famílias do Bolsa-Família, e suspendeu o cheque-moradia, que subsidiava os participantes do Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, concedendo-lhes casas totalmente quitadas. “Nós pegamos o estado com um PIB de R$ 17 bilhões em 1998 e deixamos o governo em 2018 com o PIB em R$ 240 bilhões, mas Caiado quer nos fazer retroceder apenas para impor a força de seu papel de coronel no estado”, disse Barreto.

 

Posted On Domingo, 02 Fevereiro 2020 07:41 Escrito por

Deputados e senadores articulam na surdina uma estratégia que deixaria o ministro da Justiça longe das eleições até, no mínimo, o ano de 2028

 

Por Laryssa Borges da revista Veja

 

Sem saber, Sergio Moro se moveu em direção a uma armadilha na segunda-­feira 27. Uma semana depois de ameaçar deixar o governo por divergências com o presidente Bolsonaro diante da provável divisão da pasta da Justiça, o ministro foi indagado em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, sobre a possibilidade de assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Diplomático, respondeu que achava a perspectiva “interessante” e até “natural” para um ex-­juiz de carreira como ele, mas que a escolha evidentemente cabia ao presidente da República. Se ficaria satisfeito caso essa indicação viesse a acontecer? “Claro”, disse, sem hesitar. Moro também voltou a repetir que não será candidato a nada e que apoiará a reeleição de Bolsonaro. Foram declarações na medida para atenuar as intrigas e suspeitas que levaram ao estremecimento das relações entre o ministro e o presidente durante o primeiro ano do governo. Foi também a senha que alguns esperavam para tirar da gaveta um plano que se propõe a eliminar qualquer possibilidade de Moro disputar uma eleição nos próximos anos.

 

Pesquisas mostram que o ministro da Justiça, caso decidisse ingressar definitivamente no mundo da política, seria o único nome capaz de bater Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais. Moro nega que tenha a intenção de concorrer com o chefe. Chegou a dizer, em tom de brincadeira, que, se necessário, tatuaria na testa “Bolsonaro 2022” para não deixar dúvidas sobre sua postura. O presidente, porém, não acredita nessa convicção — de uns tempos para cá, elegeu o ministro como adversário e ensaiou demiti-lo mais de uma vez, mas foi advertido de que poderia estar disparando um tiro no próprio pé. O ministro é dono de uma sólida popularidade. Recentemente, o PSL, o partido que abrigava Bolsonaro até o fim do ano passado, encomendou uma pesquisa para medir a gestão de Bolsonaro no governo e de Moro no ministério. Resultado: Moro alcança 72% de avaliações positivas, enquanto Bolsonaro fica 40 pontos atrás. Esse cenário reforça teorias e suspeitas de que o ministro tentará voos políticos mais altos. Ao mesmo tempo, desencadeia reações no grupo que não vê essa possibilidade com bons olhos.

 

NO SUPREMO 

A indicação de Moro pode ocorrer em novembro Nelson Jr./SCO/STF

 

Na segunda-feira, logo depois da entrevista, a neutralização de uma eventual candidatura de Moro foi tratada numa conversa entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e lideranças partidárias. Muitos deputados gostaram de ouvir que o ministro ainda vê como uma perspectiva “interessante” a indicação do nome dele para o Supremo. Avaliam que essa pode ser a melhor e mais indolor saída para todas as partes — para o ex-juiz, que chegaria ao topo da carreira, para o presidente da República, que se livraria de um fantasma, e também para uma boa parte do Congresso, especialmente a turma dos enrolados na Lava-Jato e os que repudiam o comportamento de “justiceiro” do ministro. Em novembro, o decano do STF, Celso de Mello, completará 75 anos e será obrigado a se aposentar. Os parlamentares já enviaram recados ao presidente de que a indicação de Moro para a vaga não será um problema, e sim o início da solução. No Senado, onde ocorrerá a sabatina, Davi Alcolumbre, o presidente da Casa, avisou que a indicação seria aprovada com extrema facilidade. Mas ainda restou uma dúvida: o que garantiria que Sergio Moro não usará o próprio STF como trampolim para a carreira política?

 

Na reunião com as lideranças, Rodrigo Maia apresentou a solução: o Congresso tem na gaveta, pronto para ser votado, um projeto que prevê quarentena de seis anos para juízes e membros do Ministério Público que decidirem deixar a carreira e disputar eleições. Se aprovada, a quarentena abarcaria estrategicamente duas eleições majoritárias (2022 e 2026), quando são escolhidos os governadores, senadores e o presidente da República, e uma disputa municipal (2024). Dessa forma, numa hipótese absolutamente esdrúxula, se Moro assumisse a vaga de Celso de Mello em novembro e renunciasse depois para disputar uma eleição, ele seria imediatamente alcançado pela lei e só estaria apto a concorrer a partir de novembro de 2026. Se o objetivo dele for a Presidência da República, o projeto político terá de esperar até 2030. “Há um sentimento generalizado sobre a necessidade de impedir que agentes públicos se utilizem do poder e se transformem em xerifes, pensando em um capital eleitoral para se eleger”, disse Fábio Trad (PSD-MS), autor do projeto. Ele nega que sua proposta, apresentada no fim do ano passado, seja dirigida a impedir a candidatura de Moro. Na reunião, Rodrigo Maia informou que, assim que terminar o recesso parlamentar, em fevereiro, pretende votar a urgência do projeto, o que significa que ele poderá ser tirado da gaveta e entrar em pauta a qualquer instante. “A estratégia agora é convencer o Bolsonaro a indicar o Moro para o STF”, diz um dirigente partidário que tratou do assunto com Rodrigo Maia.

 

Na quarta-feira 29, Moro e Bolsonaro se encontraram pela primeira vez depois da crise que quase resultou na saída do ministro. O clima foi de cordialidade. Parecia estar tudo apaziguado entre os dois — e estava realmente, mas o que poucos sabiam é que horas antes do encontro uma nova confusão quase provocou o rompimento entre os dois. Antes de receber Sergio Moro, Bolsonaro se reuniu com o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. O presidente confidenciou a assessores que havia decidido trocar o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, depois de ver uma foto dele ao lado de Moro e do juiz Marcelo Bretas. Bolsonaro entendeu a imagem, postada nas redes sociais, como uma provocação. Além disso, em agosto do ano passado ele se irritou ao descobrir que havia uma investigação na PF do Rio de Janeiro que supostamente envolveria o deputado Hélio Negão, seu amigo de longa data. Alertado, o presidente vislumbrou indícios de mais uma conspiração contra ele e anunciou que iria trocar o superintendente da corporação no Rio. Chegou a sugerir o nome do substituto, que foi desconsiderado por Valeixo. As baterias de Bolsonaro se voltaram então contra o diretor. Valeixo é um ex-integrante da equipe da Lava-Jato e foi alçado ao cargo pelas mãos de Moro. Na ocasião, o ministro ameaçou deixar o posto caso o delegado fosse demitido. Ramagem, que participou da equipe de segurança de Bolsonaro durante a campanha, iria substituí-lo.

NO CONGRESSO

 Maia e Alcolumbre: projeto em caráter de urgência Jonas Pereira/Ag. Senado

No círculo mais íntimo do presidente há gente que o alerta sobre o perigo que o ministro da Justiça representa e gente que o adverte do perigo ainda maior que ele representaria fora do governo. Dessa segunda turma fazem parte o ministro Paulo Guedes, da Economia, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e o general Luiz Eduardo Ramos, secretário de governo da Presidência. Ramos foi o primeiro a saber da intenção do presidente de trocar a direção da PF na manhã de quarta-feira e, prevendo o desfecho que a história poderia ter, decidiu agir. Logo cedo, ele ligou para Guedes, que tinha uma audiência marcada com o presidente. Guedes é ao mesmo tempo o ministro mais próximo de Moro e também um dos principais conselheiros do presidente. Ramos, por sua vez, é considerado um dos mais influentes auxiliares de Bolsonaro. Os dois convenceram o presidente a mudar de ideia.

 

À tarde, Moro e Guedes foram ao encontro de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Segundo um assessor do presidente, não se falou de divisão do ministério nem de demissões na Polícia Federal, muito menos de intrigas e traições. O presidente, ao contrário, elogiou o trabalho do ministro. O ministro, por sua vez, devolveu a gentileza ao ressaltar que abandonara 22 anos de magistratura e decidiu aceitar o convite para o governo por acreditar no projeto do presidente. Depois disso, Bolsonaro contou algumas piadas, e, com a chegada da atriz Regina Duarte, que vai assumir a Secretaria da Cultura, a formalidade sumiu definitivamente. O encontro terminou em uma longa sessão de fotos: Bolsonaro ao lado de Regina, Regina ao lado de Moro, Guedes ao lado de Regina… À noite, o presidente recebeu dois desafetos do ministro da Justiça. Um deles detalhou o plano gestado no Congresso. Bolsonaro ouviu atentamente, mas não fez nenhum comentário.

Posted On Sexta, 31 Janeiro 2020 07:09 Escrito por
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