Da redação 

 

Veja

…E não era bolha

Na primeira vez em que Jair Bolsonaro bateu nos 8% de intenções de voto, ombreando com veteranos como o tucano Geraldo Alckmin e o pedetista Ciro Gomes, a maioria dos analistas disse que sua candidatura à Presidência da República não passava de uma bolha que o vento se encarregaria de levar. Quando o ex- capitão do Exército chegou aos dois dígitos, os mesmos analistas armaram que ele havia batido no teto e, daí em diante, a gravidade se encarregaria de colocá-lo em seu devido lugar. Na última semana, no entanto, Bolsonaro — que oficializou sua candidatura pelo PSL sem vice, sem coligação e sem dinheiro — mostrou que, contrariando vaticínios, desejos e esconjuros, continua de pé, e crescendo. A pesquisa realizada pela Ideia Big Data, encomendada por VEJA, revela que

 

Bolsonaro está se consolidando como líder no primeiro turno — na hipótese eleitoral mais provável, em que o ex-presidente Lula não concorre — e é, nesse mesmo cenário, o candidato com mais chances de chegar ao segundo turno.

 

EUA x China

 

O Império do Meio X o Império do Norte

China disputa a hegemonia em todos os campos, mas Trump não quer lições históricas, muito menos entregar a taça do mundo de mão beijada ao adversário.

 

Em toda a Terra, e até fora dela, China e Estados Unidos competem para decidir se a primeira tomará da segunda o título, além dos louros e os ouros, de superpotência hegemônica. É uma disputa em que, como nos campeonatos esportivos, o segundo  lugar equivale a perda total, sem valor algum. O motivo é que a potência única tem uma constelação de vantagens incomparáveis: a primazia econômica; a projeção de poder em terra, mar, ar e espaço; as tecnologias mais avançadas e inovadoras, sem distinção de uso bélico ou civil; o domínio sobre o fluxo das matrizes energéticas que movem tudo isso; e a moeda-padrão do mundo que paga a conta. Sem contar o conjunto de conceitos criativos, artísticos, comportamentais e ideológicos que constituem o coração do soft power, o poder cultural tão importante quanto o representado por todos os elementos anteriores, que faz com que milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo chineses, ambicionem morar em Nova York, e não em Xangai.

 

Golpe nas mentiras

 

O Facebook tira do ar centenas de páginas ligadas ao MBL, grupo de direita que espalha fake news, mas os critérios seguem pouco transparentes.

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Época

O homem de Xiririca

Por volta das 11 horas de uma manhã de junho, a estrada esburacada que leva a Eldorado, no Vale do Ribeira, em São Paulo, estava vazia. Com 15 mil habitantes, a 245 quilômetros de São Paulo, a cidade se resume a uma montanha a beira-rio, cujo topo é preenchido pela típica igreja em frente à praça com nome de santa. Fundada na segunda metade do século XVIII, foi chamada primeiramente de Xiririca — uma onomatopeia guarani que imita o barulho de água corrente. O nome de batismo foi alterado para Eldorado em 1948, em referência ao ciclo do ouro, que também inspirou os municípios vizinhos de Sete Barras, onde sete barras de ouro foram retiradas da terra, e Registro, onde o ouro era registrado. Não há quem não conheça Bolsonaro por ali.

 

Quarto maior município paulista em extensão territorial, segundo maior índice de mortalidade infantil no estado e com 40% de seus moradores com renda abaixo de dois salários mínimos, Eldorado parece ter parado no tempo, com indicadores que contradizem o próprio nome. Os homens trabalham fora, as mulheres cuidam da casa, e a diversão se limita a comer, beber, pescar e dar voltas em torno da praça. Não fosse a Caverna do Diabo, que, com 6,5 quilômetros de extensão, é a maior do estado, nenhum turista teria motivo para aparecer na cidade.

 

As construções antigas em ruas largas e empoeiradas são as mesmas do tempo em que o dentista prático Percy Geraldo Bolsonaro chegou de Glicério, município do noroeste paulista, com a mulher e seis filhos — o sétimo morrera pouco depois de nascer prematuro. Terceiro dos seis irmãos (Angelo, Maria Denise, Jair, Solange, Renato e Vânia), Bolsonaro, nascido em Campinas, viveu em Eldorado até os 18 anos. Saiu de lá para ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Só costuma voltar à cidade em que foi criado em datas festivas, para ver a família e alguns colegas com quem passou a infância e a adolescência nas escolas estaduais Professora Maria Aparecida Viana Muniz e Doutor Jayme Almeida Paiva.

Estão em Eldorado-Xiririca os anos de formação do político que assombra grande parte do país, enquanto arrola número significativo de simpatizantes. Candidato a presidente pelo nanico PSL, Jair Messias Bolsonaro, de 63 anos, atinge 20% das intenções de voto, postando-se como nome forte na sucessão. Com 30 anos de atuação político-parlamentar e passagem por sete partidos, Bolsonaro cultivou a polêmica para destacar-se. Entrou na política depois de ser acusado de liderar um plano para colocar bombas em quartéis como forma de pressionar a União por aumentos salariais para a tropa. Usou a fama repentina para tornar-se a voz dos militares, primeiro como vereador e depois como deputado federal.

 

Em 1993, mesmo no Parlamento defendia a ditadura e o fechamento temporário do Congresso Nacional. Alegava o deputado que a existência de muitas leis atrapalhava o exercício do poder e que, “num regime de exceção, o chefe, que não precisa ser um militar, pega uma caneta e risca a lei que está atrapalhando”. No ano seguinte, disse preferir “sobreviver no regime militar a morrer na democracia”. Afirmou que “a situação do país seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente”, incluindo na lista o então presidente Fernando Henrique Cardoso.

 

No início de 2000, Bolsonaro defendeu a pena de morte para qualquer crime premeditado e a tortura em casos de tráfico de drogas, afirmando que “um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem de ser colocado no pau de arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso”. Para sequestradores, indicava: “O cara tem de ser arrebentado para abrir o bico”. Atacou homossexuais, dizendo não admitir “abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso”. Reclamou dos que têm pouco dinheiro: “Pobre não sabe fazer nada”.

 

Deputado federal em sétimo mandato, fez discursos no plenário em que qualificava adversários como “canalha”, “patife”, “imoral”, “terrorista” e “delator”. Cunhou cartazes debochados quando da discussão legislativa sobre desarmamento — “Entregue suas armas: os vagabundos agradecem” — e desaparecidos políticos — “Araguaia: quem procura osso é cachorro”.

 

Ria com prazer ao ver seu nome associado à violação dos direitos humanos. Abertamente já defendeu a pena de morte, a prisão perpétua, o regime de trabalhos forçados para condenados, a redução da maioridade para 16 anos e um rígido controle da natalidade como maneira eficaz de combate à miséria e à violência.

 

Debochou das acusações de nepotismo quando empregou parentes em seu gabinete e procura transferir prestígio para os filhos na política — Flávio, de 37 anos, é deputado estadual fluminense e candidato ao Senado; Eduardo, de 34, é deputado federal por São Paulo; Carlos, de 32, é vereador no Rio de Janeiro. Bolsonaro se refere aos filhos como 01, 02 e 03, na ordem crescente de idade.

 

Seu passado antes da carreira política estridente segue nebuloso. Em busca dele, ÉPOCA investigou por dois meses as origens dos Bolsonaros, flor emergente de Eldorado-Xiririca.

 

No fim da estrada de acesso à cidade, num posto de combustíveis, o frentista estudou com Jair Bolsonaro. “Ele era goleiro”, contou Tirço. “Ruim de bola.” Da turma, só o presidenciável ficou famoso. Os outros tornaram-se frentistas, secretárias, agricultores e donas de casa. Narcisa dos Santos, de 63 anos, mesma idade de Bolsonaro, rememorou o tempo em que o presidenciável, ainda menino, corria nu pela praça da cidade, irritado com as irmãs. “De mim ele apanhava”, disse ela. Já naquele tempo, Bolsonaro tinha uma metralhadora na língua. “Batia nele quando me chamava de gorda, baleia, saco de areia”, contou Narcisa. “Ele saía louco correndo sem calça na praça.”

 

O negócio do hoje presidenciável era estudar e pescar, lembrou outro colega de escola, Celso Leite. “Era quietão”, disse. “Mas já falava que ia ser presidente do Brasil, porque naquele tempo os presidentes eram militares.” Quando soldados baixaram em Eldorado à procura do guerrilheiro Carlos Lamarca, no início dos anos 1970, Bolsonaro passou a admirar o Exército — até hoje se orgulha de ter ajudado a guiar os militares pelas matas que conhecia desde criança na caça ao comunista Lamarca.

 

O Rio Ribeira do Iguape continua limpo, e a pacata Eldorado um deserto no horário de almoço. No cemitério, um mausoléu simples em granito, sem qualquer imagem de santo, nem cruz, nem flor, constitui a homenagem feita pela família Bolsonaro ao patriarca, Percy, morto em 1995. Antes de perder o pai, lembrou Gilmar Alves, Bolsonaro também quis aproveitar o ouro de Eldorado. Durante a juventude, o deputado chegou a investir em equipamentos para explorar o garimpo de ouro no Vale do Ribeira — ele já declarou ter garimpado ouro na Bahia. O tesouro que encontrou, no entanto, parece ter sido outro.

 

Atualmente, a família Bolsonaro controla um pequeno império no comércio de eletrodomésticos, sapatos e materiais para construção em parte do Vale do Ribeira. Um levantamento feito por ÉPOCA na Junta Comercial de São Paulo mostra ao menos 19 empresas registradas em oito municípios: Eldorado, Miracatu, Jacupiranga, Apiaí, Juquiá, Iguape, Pariquera-Açu e Barra do Turvo. As empresas estão registradas em nome dos irmãos Renato Antonio Bolsonaro e Angelo Guido Bonturi Bolsonaro, da mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, e dos sobrinhos Vitória Leite Bolsonaro, Angelo Guido Bolsonaro, Orestes Campos Bolsonaro e Osvaldo Campos Bolsonaro.

 

Somando-se o número de filiais espalhadas por um total de 13 municípios, a família Bolsonaro tem pelo menos 30 lojas no Vale do Ribeira.

 

Bolsonaro deixou Eldorado na metade dos anos 1970, ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, depois na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e chegou a Brasília, como deputado federal, em 1991. Foi lá, na Quadra 103 Norte, que conheceu a segunda ex-mulher, Ana Cristina Valle. Ambos se apaixonaram enquanto eram casados — ele com Rogéria Nantes Nunes Braga, a mãe de seus três filhos; ela com um coronel da reserva do Exército.

 

O relacionamento começou a desmoronar quando Ana Cristina comprou um apartamento em um hotel na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, supostamente com o dinheiro de Bolsonaro sem que ele soubesse, segundo contou um assessor próximo da família. “É claro que ele sabia”, disse ela. “Comprei com o dinheiro de uma conta conjunta.” Ela se comprometeu a mostrar a matrícula do imóvel, mas nunca o fez. Uma busca em cartórios de registro de imóveis revela que, nos últimos 35 anos, nenhum apartamento no endereço mencionado foi inscrito no nome de Jair Bolsonaro.

 

Quando o casal se separou, em 2008 — algo que “foi muito doído e ainda é”, segundo ela —, Ana Cristina levou o filho, Jair Renan, para a Noruega, onde viveu por cinco anos. Bolsonaro entrou na Justiça para reaver a guarda do menino. “Ele não permitiu a ida do meu filho para a Noruega, seria bom para ele”, contou a ex-mulher. De volta ao Brasil, ela se prepara para concorrer, a convite do senador Romário, a uma vaga de deputada federal em outubro, pelo Podemos. O nome nas urnas será Cris Bolsonaro.

 

O assessor também contou que, ao contrário dos três irmãos e da mãe, Jair Renan ainda não mostrou disposição para a política. Isso, de certa maneira, intriga o pai. Mais ainda depois que percebeu que o filho, enquanto morava com o presidenciável na Barra da Tijuca, vinha frequentando a Pedra do Arpoador. “Fazer o que no Arpoador?”, questionou o assessor, logo acrescentando: “Fumar”. Por esse motivo, Bolsonaro teria mandado o filho para morar com a mãe em Resende.

 

Bolsonaro também não quis que o nome do filho fosse escolhido pela mãe. “Eu queria só Renan”, conta Ana Cristina. “Fui lá e botei Renan. Ele voltou e modificou”. Típico mandachuva de Xiririca.

 

ISTOÉ

A vez de Alckmin

O candidato tucano ao Planalto promoveu uma virada no tabuleiro eleitoral ao unir dez partidos em torno da sua candidatura, criando as condições políticas para, finalmente, decolar. Se, de fato, essa portentosa aliança resultará em votos, só o tempo dirá.

 

Caciques do PSDB, Geraldo Alkimin, Aécio Neves e João Dória

Depois de passar meses estacionado nas pesquisas, sendo ferozmente criticado até por seus aliados por “jogar parado”, ou seja, não se mover no sentido de firmar alianças para compor um palanque robusto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), enfim, saiu da inércia e fez o movimento mais arrojado até agora na conturbada e imprevisível eleição presidencial de 2018. Celebrou, na quinta-feira 26, um amplo e avassalador arco de apoios partidários, a partir da união de dez legendas, incluindo as quatro do chamado “Centrão” (DEM, PP, PR e Solidariedade), que se somarão ao PSD, PTB, PRB, PPS e PV, siglas com as quais o PSDB já estava coligado. Com esse verdadeiro exército marchando a seu favor, o tucano passará a dispor de quase 6 minutos de tempo na propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV (os principais adversários terão menos de 30 segundos cada) e terá ao seu lado quase 300 deputados e a metade dos prefeitos brasileiros. Mais: a colossal aliança vai render ao candidato R$ 852,8 milhões de fundo partidário. Para quem até bem pouco tempo era dado como natimorto, pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que Alckmin vive o mais alvissareiro momento desde que oficializou seu nome na corrida presidencial.

Posted On Domingo, 29 Julho 2018 22:33 Escrito por

Presidente da Câmara dos Deputados disse que 'arquiva momentaneamente' os seus planos de chegar ao cargo mais elevado do Poder Executivo no Brasil

 

Por iG São Paulo

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), definitivamente não estará entre as opções de candidato à Presidência da República nas eleições de 2018. Isso porque, nesta quinta-feira (26), ele oficializou, por meio que uma carta lida pelo presidente do DEM, ACM Neto, que desistiu de concorrer ao cargo.

 

Além de definir que não será mais candidato à Presidência em outubro, o deputado anunciou o seu apoio à pré-candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) – acompanhando o movimento do bloco do "Centrão", os partidos que não se consideram nem de esquerda e nem de direita.

 

"Adotamos o caminho da unidade em torno de um projeto político que hoje parece o mais viável para evitar marchas a ré ainda maiores e mais trágicas para o Brasil. A história não nos dá o direito de andar para trás”, disse Maia, em sua carta. A leitura do documento foi feita em meio à cúpula do DEM, na manhã desta quinta-feira.

 

De acordo com o jornal O Globo , que divulgou tal decisão, Rodrigo Maia defendeu ainda que a política e a democracia são as únicas saídas para os problemas do Brasil e que o movimento de apoio de DEM, PP, PRB, PR e SD é de "centro", porque esse "é o ambiente onde as pessoas não abrem mão de seus princípios e suas ideias", mas conseguem discutir e convergir para um consenso ou para a decisão da maioria.

 

Em março deste ano, Maia tinha dito que sua candidatura 'iria decolar', "pode escrever”, ele disse, com otimismo aos jornalistas. Sua candidatura ao Planalto, contudo, foi vista com ressalvas por seus apoiadores – inclusive por Cesar Maia, seu pai, inequívoca expressão da "política tradicional" e ex-prefeito do Rio de Janeiro, que em entrevista recente declarou que o melhor para o filho seria se reeleger deputado.

 

Ao anunciar a sua desistência sobre ser candidato à Presidência , o presidente da Câmara disse que vai "arquivar momentaneamente" o projeto de chegar ao cargo mais elevado do Poder Executivo no Brasil. Maia deve, portanto, seguir o conselho paterno e se preocupar em ficar na Câmara dos Deputados a partir de 2019.

 

Posted On Sexta, 27 Julho 2018 06:59 Escrito por

Segundo o G1, partidos do 'Blocão' ou 'Centrão' têm quase 15 minutos de propaganda na TV por dia durante campanha. Alas do bloco negociaram com PDT, PT e PSL, mas grupo decidiu apoiar candidato tucano

 

Por Filipe Matoso e Alessandra Modzeleski

O "Blocão" ou "Centrão", grupo de partidos mais disputado durante a pré-campanha eleitoral devido ao tempo de TV que vai dispor, anunciará nesta quinta-feira (26) apoio a Geraldo Alckmin, postulante do PSDB a presidente da República.

 

O grupo é formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade e tem direito a 14 minutos e 47 segundos de TV por dia durante a campanha presidencial, conforme estimativas de analistas do banco BTG Pactual, que calcularam o tempo de cada partido na propaganda eleitoral.

 

Segundo os colunistas do G1 e da GloboNews Valdo Cruz e Gerson Camarotti, o "Blocão" chegou a negociar com o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes; parte do grupo negociou com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro; e uma outra ala foi procurada pelo PT.

 

Depois de semanas de negociações, integrantes do "Blocão" e Alckmin jantaram juntos nesta quarta (25) em Brasília, na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), para discutir a aliança. O tucano também obteve o apoio da Executiva do PTB, que terá de ser confirmado na convenção do partido.

 

Ao deixar o jantar, Alckmin afirmou não ter "pressa" para definir quem será o candidato a vice. Segundo o Blog do Camarotti, o empresário Josué Gomes (PR) rejeitou a vaga.

Posted On Quinta, 26 Julho 2018 06:20 Escrito por

Nem só as fake news poderão atrapalhar a vida do eleitor. Propagandas reais, mas “feitas sob encomenda” entram no páreo

 

Por Edson Rodrigues

 

 

O eleitor pode ter certeza que cada candidato com uma estrutura mínima de campanha vai se utilizar de todas as ferramentas tecnológicas para levar a sua mensagem – seja ela verdadeira ou não – a cada um que lhe interesse.

 

Os maqueteiros modernos usam ferramentas eletrônicas que os eleitores nem desconfiam e se valem dessas vantagens para ludibriar a mente do eleitorado, de acordo com as necessidades do candidato.

 

As eleições de outubro serão as primeiras em que essas ferramentas eletrônicas estarão em uso com autorização e regulamentação da Justiça Eleitoral.  Ou seja, todas são legais, mas, nem todas, morais.

 

Se por um lado as fake news funcionarão como uma máquina destruidora de futuros políticos e carreiras promissoras, ouso de outras ferramentas pode colocar na cabeça do eleitor exatamente o que ele quer ouvir – mesmo que essas promessas não sejam verdades, induzindo os cidadãos a votar em um candidato que, a princípio, não seria o de sua preferência.

 

ESCLARECIMENTO

Este artigo não se trata de uma denúncia, mas de um fato que precisa ser esclarecido aos cidadãos tocantinenses.

 

Os candidatos, mesmo aqueles com passagens pela seara judicial, com processos, indiciamentos, com dívidas com a Justiça, até aqueles que já são réus e os condenados, estarão se utilizando dessas ferramentas para, a todo custo, tentar ludibriar seus alvos, que são os eleitores, com informações e declarações que passarão a quilômetros de distância de suas fichas policiais, em um espaço em que podem “conversar” com os eleitores, longe dos olhos da mídia, da imprensa.

 

O papel da imprensa é questionar, esclarecer e levar a conhecimento público a vida pregressa de cada candidato, alertando os eleitores sobre quem está pedindo seu voto.

 

Com esses novos instrumentos, o candidato elimina a presença incômoda da imprensa e tenta manter um diálogo em que se apresenta como o mais puro, o mais ímpio dos políticos.

 

Estamos falando das redes sociais, como o Facebook e o Whatsapp.

 

No Facebook, por exemplo, o candidato pode mostrar apenas o que fez de bom – uma emenda parlamentar para um município qualquer, por exemplo – e divulgá-la apenas para os usuários dessa rede social que tenham idade para votar, ou seja, direcionar a mensagem a quem lhe interessa.  E, para fazer isso, ele paga por ela.

 

Essa ferramenta se chama impulsionamento de publicação e, ao comprá-la, o candidato pode selecionar desde a idade de quem vai recebê-la, até a localidade, passando por sexo, condição social e preferências ideológicas.  Ou seja, é o “tiro direto no alvo”, evitado que o eleitor possa fazer sua escolha de acordo com sua própria consciência e influenciando no seu julgamento.

 

O Paralelo 13 estará, a partir de agora, fazendo um monitoramento dessas postagens, assim que identificar o uso dessas ferramentas para ta finalidade.  Não conseguiremos, claro, apurar e ter acesso a 100% dessas postagens, mas prometemos o máximo de dedicação para que você, nosso leitor, tenha a liberdade que lhe é de direito para formular, da melhor e mais imparcial maneira possível, o seu voto.

 

Veja o que disse ao site UOL um dos maiores estudiosos em direito eleitoral do Brasil:

 

Manipulação do eleitor ocorre mesmo sem fake news, diz advogado eleitoral

Com a crescente importância da internet na campanha eleitoral, a preocupação contra tentativas de manipular o eleitorado tem se voltado para as chamadas fake news, ou notícias falsas. Mas outro risco considerável de influência sobre os eleitores vem de uma inovação permitida nestas eleições, a de que os candidatos possam pagar pelo impulsionamento de publicações nas redes sociais, dirigindo dessa forma a propaganda eleitoral a um público específico. 

 

A afirmação é do advogado eleitoral Fernando Neisser, coordenador adjunto da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político). "Mas de fato não é essencial, para que exista manipulação, que o conteúdo seja falso. Posso construir uma mensagem com um tipo de tendência, que faça seduzir o eleitorado abaixo do seu nível de consciência. Nossa lei não proíbe isso e daí o alerta que a sociedade tem que se proteger", diz Neisser.

O especialista em direito eleitoral concedeu entrevista nesta terça-feira (24) ao site UOL . 

 

Esta será a primeira eleição com a possibilidade de os candidatos investirem dinheiro na campanha pelas redes sociais. O impulsionamento de publicações, possível, por exemplo, no Facebook, serve para que determinada publicação seja vista por um número maior de usuários. A ferramenta também permite direcionar a publicação para um público de perfil pré-determinado. 

 

Segundo Neisser, o risco está na possibilidade de que os candidatos consigam construir propagandas específicas ao gosto de cada segmento do público, ao invés de dirigirem as mesmas mensagens de campanha a toda a sociedade, o que iria conferir um poder maior aos instrumentos de marketing político. 

 

O advogado também alerta que os usuários que repassam notícias falsas em suas redes sociais podem ser responsabilizados por crime eleitoral. "É preciso entender, nós somos responsáveis por aquilo que compartilhamos", diz.

 

Neisser faz um alerta de que nessa eleição a sociedade esteja atenta ao receber conteúdo sobre candidatos, tanto contra como a favor, e sempre busque checar se aquela informação foi divulgada por mais de uma fonte confiável.

 

Preocupação com Whatsapp

Segundo Neisser, o WhatsApp é o meio que mais preocupa quanto aos riscos de propagação de informações com o intuito de tentar manipular os eleitores. Isso porque, diferentemente de outras redes, como Facebook e Instagram, no Whastapp as mensagens não ficam numa espécie de mural público, que pode ser consultado pelas autoridades. 

 

Caso o cidadão encontre algo que julga ser uma notícia falsa ou tentativa de manipulação do eleitor, a sugestão do advogado é denunciar às autoridades eleitorais. "Há uma serie de canais de denúncia que podem ser encaminhadas pela própria internet", ele afirma.

 

Posted On Quarta, 25 Julho 2018 05:20 Escrito por

Pededista afirmou que é preciso fazer com que juízes e o MP voltem para suas 'caixinhas' veja o vídeo

Com jornal O Globo e “O Estado de São Paulo”.

 

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, afirmou que somente uma vitória sua na eleição traria chances do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar a prisão. Ciro disse que iria “organizar a carga” e “restaurar a autoridade do poder político”, fazendo com que juízes e o Ministério Público voltassem para suas “caixinhas”.

 

— O Lula tem alguma chance de sair da cadeia? Nenhuma. Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político — afirmou.

 

A declaração de Ciro foi dada à TV Difusora, do Maranhão, no dia 16, e foi publicada nesta terça-feira pelo jornal “O Estado de São Paulo”.

 

Lula está preso desde abril, após ser condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá.

 

Na entrevista, o pededista criticou a estratégia do PT de manter a candidatura de Lula à Presidência, mesmo com a Lei da Ficha Limpa proibindo candidaturas de pessoas condenadas em segunda instância, e apresentar um substituto apenas no final da campanha.

 

— O que eles estão pensando, a burocracia? Nós vamos manter a candidatura do Lula, continuar dizendo que ele é candidato, e quando for lá pelo meio de setembro, que a Justiça disser que o Lula não é candidato, o Lula então diria assim: 'Então, se não vão deixar eu ser, vai ser fulano’. O Brasil não aguenta um presidente por procuração em uma altura dessas — criticou.

 

Ciro disse que avisou Lula sobre “problemas” em seu governo, mas afirmou que o ex-presidente não quis ouvir:

 

—Eu ajudei o Lula por 16 anos, sem tirar nem um dia, no período dele e da Dilma. Já zangado, porque eu via as coisas acontecendo, sabia que ia dar problemas. Cansei de avisar para ele, e ele não quis ouvir, porque o poder, muito tempo, também tira a pessoa do normal — reclamou.

 

Na semana passada, Ciro já havia dito que o Brasil não terá “paz” enquanto o petista estiver preso. Após não conseguir o apoio dos partidos do Centrão, que devem fechar com Geraldo Alckmin (PSDB), o pededista tem adotado um discurso mais à esquerda. Ele negocia uma aliança com PSB e do PCdoB, legendas também cobiçadas pelo PT.

 

Em junho, o GLOBO perguntou a Ciro e a outros quatro pré-candidatos se, caso eleitos, eles assinariam um indulto a Lula. O pededista afirmou que “seria uma loucura” assumir esse compromisso, porque isso significaria ignorar o fato de que a condenação de Lula ainda pode ser revista em duas instâncias: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

 

— Assumir um compromisso dessa natureza seria uma loucura. Eu estaria agindo em desfavor da estratégia da defesa do ex-presidente Lula que ainda tem duas instâncias para recorrer da condenação e em desfavor do próprio discurso do ex-presidente, que tem se declarado reiteradamente como inocente — avaliou na época.

 

Posted On Quarta, 25 Julho 2018 05:22 Escrito por
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