Por Edson Rodrigues
Em uma excelente entrevista ao Jornal Correio Braziliense, o ex-ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal traçou um panorama do atual momento político e institucional do País e sobre a pressão enfrentada pela presidente Dilma Rousseff no comando do País.
Ayres Brito acredita em um grande pacto pela governabilidade, já que Dilma não reúne mais condições de comandar os destinos do País sem o apoio de toda a categoria política.
O Paralelo 13 Reuniu os melhores trechos da entrevista, sem tirar o cerne do que foi exposto pelo ex-ministro.
Quase três anos depois de deixar o Supremo Tribunal Federal e de ter comandado o julgamento do mensalão, o maior da história recente do país, o ministro aposentado Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto está cada vez mais atento ao cenário político brasileiro. O volume de trabalho é o mesmo da época da Corte, cerca de 12 horas diárias. O que mudou foi a rotina. “Agora, sou eu quem defino a minha agenda”, disse ele, no fim da tarde da última quinta-feira, na ampla sala do escritório de advocacia do Lago Sul.
Ali, voltou a exercer a profissão depois da aposentadoria do STF, em 2012. “Eu sou muito de virar a página, de viver intensamente cada instante. Eu sou de fazer do breve o intenso. Então, os 10 anos que eu vivi ali no STF foram vividos intensamente. Quando eu saí, continuei sendo essa pessoa que faz de cada instante uma imensidão de possibilidades.”
Durante a entrevista, Ayres Britto comparou o processo do mensalão com o julgamento da Lava-Jato e analisou a atual situação da presidente Dilma Rousseff: “Ela já não reúne nenhuma das três qualidades de um presidente”. Mas, antes de tudo, se mostrou um otimista com o Brasil. O motivo para tamanha esperança está na Constituição.
"Estamos caminhando para um grande pacto", avalia ex-presidente do Supremo
Ayres Brito define assim o atual momento político: “todo mundo tem um modo personalíssimo de ver as coisas. Tenho experimentado um misto de desalento e de alento. Aí você pode dizer que são sentimentos contraditórios, mas eu explico. O desalento é perceber que a corrupção no Brasil é sistêmica, é atávica, é impressionante. Isso me remete, desalentadoramente, ao padre Antônio Vieira, por volta de 1650, 1654, ele disse num trocadilho muito bem colocado: “Os governadores chegam pobres às índias ricas e retornam ricos das índias pobres”. Ou seja, os governadores eram saqueadores mesmo. Raspavam até o fundo do tacho, saqueavam o erário, o patrimônio das colônias. Então, a gente percebe que o principal ponto de fragilidade estrutural do país é a corrupção.
O motivo de alento é que a Constituição combate a corrupção. No artigo 37, está dito: os atos de improbidade administrativa importarão perda da função pública. Suspensão dos direitos políticos, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário. Melhor impossível. A Constituição joga duro com a corrupção”, sentenciou.
Sobre a crise vivida pelo País, o ministro afirmou que confia nas instituições: “escrevi um artigo intitulado “Deus salve a rainha ou salve-se quem puder”. A rainha é a Constituição. Estamos em crise, crise econômica, crise política, é verdade. É uma crise de existência coletiva. Mas não é uma existência de crise. Para resolver, é só você não sair do esquadrio da Constituição. A Constituição contém todos os antídotos que nos permitem sair da crise. A Constituição pegou as instituições criadas por ela, penso no parlamento, no Executivo, no Ministério Público, e dividiu em dois blocos. Primeiro, o bloco das instituições que governam, o Executivo e o Legislativo, que são poderes eminentemente políticos da República, eleitos pelo povo. E o outro bloco é das instituições que impedem o desgoverno, a polícia, o MP, os tribunais de Contas e o Judiciário. Enquanto essas instituições impeditivas de desgoverno funcionarem, a vaca não vai para o brejo. E, de fato, mais e mais o segundo bloco funciona bem. Você tem o Ministério Público que é o melhor do mundo. Você tem a imprensa no Brasil.
Enquanto as instituições do segundo bloco funcionarem, nós sairemos, sim, desse impasse. É uma questão de tempo”, afirmou.
Sobre a presidente Dilma, Ayres Brito é didático: “a presidente é figura central, é chefe do Poder Executivo. Aqui no Brasil é o seguinte: o Poder Executivo é muito forte porque o titular tem três chefias. Ele é chefe da administração pública, das atividades administrativas e dos serviços públicos. Exige-se dele que seja um gerente, mas ele não é só isso. Ele é chefe do governo. Não confundir governo com administração. No governo, ele não precisa da mediação da lei para agir. Por isso, o primeiro princípio do artigo 37, que cuida da administração pública, é a legalidade. Sem lei, o cargo de administrador está com o freio de mão puxado. Mas como governo, ele não precisa da lei. Por exemplo, ele não precisa da lei para vetar a lei, um projeto de lei. Ele é chefe de governo e só precisa da Constituição. E é chefe da administração pública, e aí precisa da Constituição. Mas ele também exerce uma terceira chefia. Ele é chefe de Estado, protagoniza as relações internacionais do Brasil. Chefe da administração, chefe do governo e chefe do Estado. É muito poder, é imperial. Aí você exige que o presidente seja um estadista, um governante e um administrador. Quando falha nas três, a coisa fica delicada. E parece que é a situação da Dilma. Já não se reconhece nela nenhuma das três qualidades. O que se espera de Dilma? Ainda nos marcos da Constituição, ela foi eleita para governar quatro anos. Foi eleita democraticamente. E o que se espera? O desafio dela é se reinventar.
Ela não está conseguindo fazer o que precisa, eu concordo. Mas, se ela não recupera o prestígio, decai da confiança do povo quanto às três exigências jurídicas para o titular do Poder Executivo, boa gerente, boa chefe de governo e uma estadista. Aí vêm as outras saídas igualmente constitucionais. Quais seriam? Renúncia, impeachment, sim. Acho que só cabe impeachment para os atos apurados no curso do mandato atual. O cargo é o mesmo, mas os mandatos são dois. Duas eleições, duas diplomações. Duas posses, dois exercícios. Então, ela só reponde por crime de responsabilidade, ensejador do impeachment, se ela cometer um daqueles crimes arrolados pelo artigo 85 no atual mandato. Mas ela está blindada? Não. Você tem a instância penal, a instância eleitoral e está com três processos na Justiça Eleitoral, tem a instância de contas.
O atual processo que ela enfrenta não é por crime de responsabilidade. É crime eleitoral. É preciso entender o seguinte: os crimes de responsabilidade, ali no artigo 85, são também comuns, são eleitorais, são infrações de contas, são infrações civis. Por exemplo, improbidade administrativa, as instâncias não se confundem. A Constituição aperta o cerco contra o governante infrator. Você tem a instância política, que é o impeachment, você tem a instância de contas, que é o TCU, você tem a instância penal, que é o Supremo Tribunal Federal. Você tem a instância civil, por exemplo, improbidade administrativa. Então, quando a gente diz que ela está livre do impeachment por atos praticados no primeiro mandato, as pessoas dizem: “Então, você está blindando a presidente”. Não confunda as coisas. Quanto a crimes de responsabilidade, ela só responde pelo que praticar no atual mandato. É por isso que a Constituição diz assim: artigo 85, são crimes de responsabilidade atos do presidente da República que atentem contra. Não é que atentaram. Se ela perder o cargo será pelo Poder Judiciário”, sentenciou.
Sobre a hipótese de o Congresso querer apear Dilma do Poder, o ex-ministro dos STF diz ser pouco provável: “somente se ela cometeu crime de responsabilidade no exercício do mandato. Ao que se sabe, ela não ocorreu nesses seis meses em crime de responsabilidade. Agora, ela está sujeita às outras instâncias de julgamento. Aí viria outra saída que está se cogitando. Seria o parlamentarismo. Aí uma discussão terá de ser travada.
Aí é preciso, como sempre, muita cautela. Vamos evitar precipitações. Via plebiscito parece que não seria possível. Quando a Constituição, nas disposições transitórias, disse que dentro de cinco anos haveria um plebiscito para o povo decidir sobre a forma de governo, República ou Monarquia, e sobre o sistema de governo, presidencialismo ou parlamentarismo, tudo faz crer, em uma análise fria e científica, que aquele ato suspendeu a cláusula pétrea da República e do presidencialismo. Foi uma vez só que se deu ao povo a oportunidade de falar sobre esse tema. Via plebiscito então não pode. E via emenda à Constituição? Se for realmente cláusula pétrea, também não.
Aí a renúncia que se apresentaria. Mas se ela não quiser renunciar, não pode ser forçada. É ato unilateral e espontâneo.
Sobre a permanência de Dilma no poder com todas as pressões que vem sofrendo, Ayres B rito fala em agonia: “serão três anos de agonia. A menos que outra saída apareça. O brasileiro é muito inventivo. Uma vez perguntaram a Mário Quintana: “O que é imaginação?”, e aí ele disse: “A imaginação é a memória que enlouqueceu”. Quando você esquece que tem memória, você se desacumula de conhecimento, se descarta dos preconceitos, a mente fica uma espécie de tábua rasa. Eu evoluo quando esvazio o meu armário de tudo quanto nele guardei. E evoluo mais ainda quando jogo o próprio armário fora. Só resta o vazio. O povo brasileiro tem essa capacidade impressionante.
Pode haver união de forças antagônicas para segurar esse sangramento. Quando se compreende que todos estão no mesmo barco, se ninguém tentar ajudar os timoneiros, o barco naufraga. A não ser, o espaço do fisiologismo, do salvacionismo, do golpe.
Quando a coletividade sente que é hora de fazer destino começa a raciocinar na linha do que disse o presidente Kennedy, em seu discurso de posse, em plena guerra fria. Ele disse: “Esse momento não é de perguntar o que os EUA podem fazer por ele. Cada cidadão tem que perguntar o que pode fazer pelos Estados Unidos”. Acho que esse momento chegou. O momento é de cada um perguntar o que pode fazer pelo Brasil.
As coisas estão se encaminhando naturalmente para um grande pacto nacional com a presidente Dilma no poder ou sem. Esse pacto virá”, sentenciou.
QUEM É CARLOS AYRES BRITO
Bacharel em Direito (1966), pela Universidade Federal de Sergipe, instituição da qual se tornaria professor, é mestre (1982) e doutor (1998) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Na sua trajetória profissional, ocupou, em Sergipe, os cargos de Consultor-Geral do Estado no governo José Rollemberg Leite (1975-1979), Procurador-Geral de Justiça entre 1983 e 1984, e Procurador do Tribunal de Contas do Estado. Em 1990, foi candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, porém não foi eleito.
Em 2003, foi nomeado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, em virtude da aposentadoria do ministro Ilmar Galvão. Presidiu o Tribunal Superior Eleitoral no período de 6 de maio de 2008 a 22 de abril de 2010, sucedendo ao ministro Marco Aurélio e sendo sucedido pelo ministro Joaquim Barbosa. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Foi eleito presidente do STF em 14 de março de 2012, com posse no cargo em 19 de abril, onde permaneceu até 18 de novembro de 2012, quando completou 70 anos e, conforme a regra do artigo 40, § 1º, II da Constituição Federal, foi aposentado compulsoriamente.
Após deixar o STF, retornou à advocacia e tornou-se presidente da Comissão Especial de Defesa da Liberdade de Expressão da Ordem dos Advogados do Brasil.
É autor de diversas obras jurídicas e de poesia. Conferencista requisitado, é membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas e da Academia Sergipana de Letras.
Pesquisa da Datafolha aponta que 71% dos entrevistados avaliaram o governo da petista como ruim ou péssimo
Folha de São Paulo e da Redação
A reprovação da presidente Dilma Rousseff aumentou para 71%, aponta a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (6) pelo jornal Folha de S. Paulo. O índice superou as piores taxas registradas pelo ex-presidente Fernando Collor em 1992, às vésperas do processo de impeachment.
Na pesquisa anterior, na terceira semana de junho, 65% dos entrevistados avaliaram o governo Dilma como ruim ou péssimo. O grupo dos que consideram o desempenho da petista ótimo ou bom variou para baixo, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.
Em junho, 10% dos entrevistados mantinham essa opinião. Agora somam 8%. Quanto a um pedido de impeachment, 66% dos entrevistados concordaram quando perguntados se o Congresso deveria abrir um procedimento formal de afastamento da presidente.
Em pesquisa divulgada em abril, somente 63% concordava. Estes foram os piores números registrados pela Datafolha desde que o instituto começou a realizar pesquisas em âmbito nacional, em 1990, durante o governo Collor. O senador era até então o recordista de impopularidade, com apenas 9% de aprovação e 68% de reprovação na véspera do seu impeachment em setembro de 1992.
Centro-Oeste é a região que mais reprova o governo Dilma
A maior taxa de reprovação registrada durante esta última pesquisa foi na região Centro-Oeste, com 77%. Já no Sudeste e no Sul do Brasil, 73% dos entrevistados consideraram o atual governo ruim ou péssimo. A aprovação de Dilma também é baixa no Nordeste.
Somente 10% dos brasileiros consultados pela Detafolha consideraram o governo como ótimo ou bom. Já 66% consideram a administração atual como ruim ou péssima. Ainda no Nordeste, 67% dos entrevistados apoiam o impeachment.
A taxa cai para 65% no Sul e Sudeste, enquanto o Centro-Oeste lidera a pesquisa com 74% dos consultados aprovando um pedido de afastamento da presidente. Com as novas taxas, Dilma passa a ser a presidente com a pior taxa de impopularidade desde a redemocratização do Brasil.
O levantamento da Datafolha foi feito entre os dias 4 e 5 de agosto com 3.358 entrevistados em 201 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Por Edson Rodrigues
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deu sinais, nas últimas reuniões realizadas com governadores e demais ministros, de que o país pode voltar a captar recursos internacionais, o que significa um aval para que os Estados possam voltar a tentar esse tipo de investimento.
Para que isso se concretize, é necessária, porém, a chancela dos senadores.
Para o Tocantins, essa pode ser uma ótima notícia, já que o governador Marcelo Miranda alega que recebeu a administração pública de cofres vazios e com dívidas que batem a casa dos 3 bilhões de reais, divididas entre todas as secretarias e autarquias.
Mas, entre o quere e o poder, há alguns entraves para o Tocantins.
RELACIONAMENTOS
Como foi dito acima, a palavra final para que esses recursos externos sejam captados, vem do Senado Federal. Logo, Marcelo Miranda vai precisar de muito jogo de cintura para contar com o apoio dos senadores tocantinenses, com os quais não tem um relacionamento, digamos, amistoso.
Com a senadora Kátia Abreu não há um mínimo de harmonia, apesar de pertencerem ao mesmo partido. Com os senadores não tem Vicentinho Alves e Ataídes Oliveira, a relação é apenas republicana, e olhe lá.
UMA “PIMENTA” CHAMADA JOÃO OLIVEIRA
Outro tempero nesse “cozimento” foi a recente declaração de apoio do ex-vice governador João Oliveira ao governador Marcelo Miranda.
Todos conhecem o relacionamento de longo tempo de Oliveira com a senadora Kátia Abreu, que sofreu um forte baque quando da renúncia antecipada de Oliveira, juntamente com o ex-governador Siqueira Campos.
Oliveira se antecipou aos movimentos políticos de Kátia Abreu e a “indisciplina” rendeu uma discussão acalorada entre os dois.
Ora, a indicação de João Oliveira para vice-governador saiu do bolso de Kátia Abreu, então alinhada ao ex-governador Siqueira Campos. Fora isso, Oliveira é apenas um bom político, centrado, ficha-limpa, ex-prefeito, deputado estadual e federal, mas hoje, encontra-se no limbo da terceira suplência.
Marcelo Miranda sabe que a força política de Oliveira é praticamente nula, mas, segundo analistas de plantão, fez questão que sua assessoria de imprensa anunciasse o apoio de João Oliveira como “uma conquista”, literalmente institucionalizando um mero movimento político, demonstrando um aclara provocação à antiga “madrinha” de Oliveira, a Senadora Kátia Abreu, acirrando ainda mais os ânimos.
Ante essa situação, ainda não se sabe qual estratégia Marcelo Miranda vai usar para obter o apoio dos outros dois senadores tocantinenses para viabilizar os tão necessários recursos internacionais para o Tocantins.
CABEÇA FORA DO BURACO
A seu favor, Marcelo Miranda pode usar o fato de que, mesmo com todas as dificuldades alegadas de como recebeu a máquina pública, ele começa a mostrar algum serviço, como é o caso das estradas recuperadas e algumas outras obras pontuais, o que mostra que o Estado está conseguindo “colocar a cabeça fora do buraco”.
Mas o grande feito de Marcelo Miranda, que o povo que ver realizado é que ele consiga provar que o bem-estar da população esteja em primeiro lugar da sua escala de prioridades.
O povo tocantinense não agüenta mais ver suas necessidades preteridas por acordos e ajuntamentos meramente políticos, que em nada resultam de prático para a população.
O recente caso do Rio Grande do Sul, em que o governo do estado parcelou o pagamento dos salários dos servidores públicos reacendeu o alerta dos sindicatos tocantinenses. O sindicato dos servidores da Saúde, por exemplo, já tem data marcada para uma assembléia para discutir a possibilidade de greve, já que o governo de Marcelo Miranda não vem cumprindo os acordos firmados com a categoria.
Um conselho para Marcelo Miranda seria seguir o exemplo do governador de Goiás, Marconi Perillo, que vem passando por cima de picuinhas políticas para aprovar projetos que beneficiam a sociedade, conseguindo apoio de seus opositores quando o assunto é o bem do povo.
O OUTRO LADO DA MOEDA
Pode-se afirmar que, hoje, as maiores lideranças políticas do Tocantins são Kátia Abreu, Marcelo Miranda e Vicentinho Alves.
Kátia Abreu sai na frente por seu posicionamento privilegiado junto ao governo federal e á classe dos produtores rurais.
Vicentinho, além de prestigiado no Congresso Nacional, tem seu filho que reforça suas ideias e ideais.
Já Marcelo Miranda é liderança pois é governador, mas não consegue deslanchar junto à opinião pública por causa da economia do estado e das dificuldades em resolver alguns problemas relacionados à promessas de campanha. Mas Marcelo ainda tem algum tempo para consertar os pontos mais cruciais e sair com alguma credibilidade recuperada.
Enquanto isso, Derval de Paiva, atual presidente do PMDB tocantinense, dissolveu todos os diretórios municipais que eram comandados por correligionários de Kátia Abreu, num movimento que pode ser o fiel da balança das próximas eleições municipais.
Isso porque o grupo de Kátia que permanece no PMDB tem só até o início de outubro para decidir se permanecem no partido ou mudam de legenda para poder ser candidatos em 2016.
Já o grupo de peemedebistas aliado a Marcelo Miranda, fica a mercê de uma possível ação da cúpula federal do partido, que pode, eventualmente, lançar uma nova intervenção branca e recolocar Kátia no comando.
Dessa forma, os Marcelistas, fatalmente, ficariam sem legenda para as eleições municipais do ano que vem.
Mas, política é política, e tudo é possível. A própria Kátia Abreu pisou no Palácio Araguaia em um evento governamental e ombreou com Marcelo Miranda na hora dos rapapés, deixando espaço para todos os tipos de especulações, se foi apenas um ato republicano ou um primeiro passo para uma aproximação.
Isso porque o presidente do Senado, Renan Calheiros, pode trazer surpresas quanto à janela de desfiliações, por causa da sua reaproximação com o Palácio do Planalto. O próprio Renan afirmou na noite desta terça-feira (4), que não é nem oposição nem situação, é independente, mas demonstrou estar propenso a defender os interesses do governo e evitar a aprovação da janela de desfiliações partidárias no Senado, deixando a ver navios todos os que pretendem mudar de partido, reacendendo o alerta da perda do mandato e evitando um esvaziamento da base aliada da presidente Dilma.
FORTALECIMENTO DE KÁTIA ABREU
Correm rumores em Brasília que a presidente Dilma Rousseff fará um enxugamento em seus ministérios, com fusões e extinções de pastas.
Quem vai sair fortalecida nesse movimento será Kátia Abreu, que deve receber em seu colo os ministérios da Pesca e do Meio Ambiente, que devem se fundir ao da Agricultura.
O vice-presidente, Michel Temer, passaria a ser o articulador político, no lugar de Aluizio Mercadante e o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha também mudaria de função.
MARCELO ACOMPANHA
No Tocantins, também são esperadas mudanças profundas no secretariado, com Marcelo Miranda adequando sua equipe para os cenários que se horizontam.
O tempo é o senhor de tudo, e....
Quem viver, verá!
Por Edson Rodrigues
José Wilson Siqueira Campos completou 87 anos no último dia 1º. Seu aniversário foi comemorado como qualquer outra festa de comemoração por mais um ano de vida. Parentes e amigos presentes, comes e bebes tradicionais, felicitações e um “parabéns pra você” entoado com a emoção coerente com 87 anos completos de vida.
Mas, Siqueira Campos merecia mais.
Nascido em Crato (CE), filho de um seleiro e sapateiro com uma dona de casa, Siqueira Campos, como ficou conhecido, traz na história desses 87 anos, feitos que poucos homens, até mais idosos, mais conhecidos e mais comemorados, têm em seu currículo.
De um jovem que ficou órfão de mãe aos 12 anos e chegou a viver nas ruas em suas viagens ao Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, foi seringueiro no Amazonas e que não tinha uma profissão definida, pouco poderia se esperar nos idos dos anos 40 e 50.
POLÍTICA
E foi no trabalho no campo que Siqueira encontrou sua verdadeira vocação: a política.
Já estamos na então Colinas de Goiás, na década de 1960. Nessa cidade, hoje Colinas do Tocantins – não por acaso –, fundou a Cooperativa Goiana de Agricultores e iniciou, ali, um movimento popular pela criação do estado do Tocantins. Daí a se eleger como vereador mais votado nas eleições de 1965 pela Arena.
Sua luta pela causa tocantinense lhe rendeu uma prisão, que durou 21 dias, e o encheu de coragem para disputar o cargo de deputado federal. Eleito para a Câmara Federal, se reelegeu por mais quatro mandatos, permanecendo de 1971 até 1988.
Foi na Câmara dos deputados que Siqueira Campos enfrentou sua maior batalha.
Como representante do norte goiano iniciou a tramitação efetiva pela criação do Tocantins. Chegou a fazer uma greve de fome de 98 horas em favor da causa separatista. Siqueira foi, inclusive, deputado federal Constituinte e relator da Subcomissão dos Estados da Assembleia Nacional Constituinte, tendo redigido e entregado ao presidente da Assembleia (deputado Ulisses Guimarães) a fusão de emendas (conhecida como Emenda Siqueira Campos) que, aprovada, deu origem ao Estado do Tocantins, com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
A criação do Tocantins, pelos deputados membros Assembléia Constituinte, finalizou uma luta de quase 200 anos dos moradores do então Norte de Goiás em prol da divisão do Estado, trazendo a perspectiva de desenvolvimento para uma região que viveu séculos de relativo isolamento. Com o Tocantins finalmente criado, Siqueira Campos se elegeu o primeiro governador, para mandato de dois anos (de 1º de janeiro de 1989 a 15 de março de 1991).
Veio, então, sua segunda batalha: a construção de Palmas.
PALMAS PARA SUAS OBRAS
À época, a decisão da construção de uma nova cidade para abrigar a capital foi amplamente criticada, sobretudo pelos prefeitos das maiores cidades do Tocantins e pelos maiores líderes que enxergavam na proposta um desperdício de recursos.
Mas Siqueira foi em frente e foi nessa cidade tão criticada no começo e tão elogiada hoje, que ele comemorou, 60 anos depois do início da sua carreira política, seus 87 anos.
Nesse meio tempo, foi governador do Tocantins por quatro mandatos, nos quais deu sua alma para emplacar seus projetos e mais acertou que errou. Acertou quando apostou no Tocantins como um novo celeiro e um elo entre os estados da federação. Errou quando trouxe um quadro da oposição e o elegeu governador. Acertou quando procurou investimentos internacionais para alavancar a economia. Errou quando sacrificou alguns anos de mandato para que seu principal herdeiro político, seu filho Eduardo Siqueira Campos, pudesse se candidatar a governador – ou, pelo menos, ter condições de chegar à principal cadeira do Palácio Araguaia.
Foi um período em que o Estado saiu da total precariedade até chegar ao início de sua industrialização, com obras importantes como a interligação das principais cidades do estado com pavimentação, os Hospitais Regionais das maiores cidades, principalmente o de Palmas, os principais hospitais do estado únicos construídos até os dias atuais.
No entanto, foi na cidade que fundou, Palmas, que Siqueira Campos mais realizou. Além da construção da UHE Luís Eduardo Magalhães e do Hospital Geral de Palmas, o governador Siqueira Campos idealizou e executou um grande programa de obras que deram forma definitiva de Palmas como a principal cidade do estado. Foi construído um amplo e moderno aeroporto, o projeto orla, a ponte sobre o lago de Palmas (8 km de extensão), a praça dos girassóis, o memorial da coluna prestes, dentre outras obras que são os principais cartões portais do estado.
ESTADISTA
É por isso que falamos, no início deste artigo, que Siqueira Campos merecia mais em sua festa de aniversário.
Merecia a presença de todo o povo tocantinense, que só o é por ter encabeçado a luta pela criação do estado.
Merecia a presença de toda a classe política do Tocantins que, em sua maioria, saiu do anonimato e chegou aos quadros partidários por suas mãos.
Merecia a presença da imprensa nacional, por ser um político com tantos anos de carreira, tantos feitos, tantas obras, e nenhum processo, nenhuma mácula e, principalmente, nenhuma indício de enriquecimento ilícito em seu currículo.
Merecia mais por ser o último estadista que este país conheceu.
Enfim: José Wilson Siqueira Campos teve uma bela festa de 87 anos de idade. Mas, merecia mais. Muito mais!
Operação denominada de Pixuleco esta sendo é realizada desde as 6h desta segunda-feira (3), em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Serão cumpridos 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. A operação foi batizada de Pixuleco, em alusão ao termo utilizada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que esta preso por corrupção.
Vaccari já é réu em processo na Justiça Federal do Paraná que investiga as denúncias da Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propina em esquema de corrupção que atuou dentro da Petrobras.
O ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou em delação premiada que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava Jato. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira.
Um dos presos é o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.
Laudos da PF mostram que, de 2009 a 2014, durante a vigência do contrato de obras da refinaria, a Camargo Corrêa repassou R$ 67,7 milhões a duas empresas do consultor Julio Camargo, a Piemonte (que recebeu R$ 22,7 milhões) e Treviso (para a qual foram repassados R$ 45,048 milhões). Júlio Camargo já assinou um acordo de delação premiada com a Justiça e, em depoimento, confessou os crimes.
No mesmo período, essas duas empresas depositaram R$ 1,375 milhão a Pascowitch. Ele afirmou ainda que era o próprio Dirceu quem fazia “insistentes” pedidos de dinheiro, necessários para garantir a manutenção dos contratos da Engevix com a Petrobras.
As dez horas na sede da PF em Curitiba outras informações deram levadas ao imprensa pelo procuradores da Republica e delegados da Polícia Federal.
Com informações de O Estado de São Paulo e G1