Em entrevista ao Correio Brasiliense de hoje o Presidente afirma que é besteira os parlamentares ficarem contra as mudanças nas regras de aposentadoria com receio de perder votos. Durante 50 minutos, falou sobre a Lava-Jato, desafios da gestão e polêmicas
Equipe do Correio Brasiliense
Às vésperas do bombardeio da Lava-Jato sobre ao sistema político nacional, que promete tirar o sono de muitos integrantes da base de seu governo, o presidente Michel Temer demonstra otimismo sobre as realizações dos nove meses de gestão e avisa que, em relação à sua equipe, a situação está “regrada” ou seja: denunciados estarão sujeitos ao afastamento temporário, e quem virar réu de sair definitivamente, conforme já havia estabelecido.
Ele acredita que não precisará demitir ninguém, porque crê que quem estiver citado pedirá para sair. Mas não esconde uma torcida pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha: “Ele faz muita falta ao governo, espero que volte logo.” Enquanto a Lava-Jato e as ações no Tribunal Superior Eleitoral seguem seus cursos, o presidente traça o que chama de metas para o período de dois anos e meio e faz questão de manter um diálogo constante com parlamentares para explicar o que já foi feito e os projetos.
“A expectativa era a de que as coisas só começassem a melhorar no segundo semestre. Mas, felizmente, já vemos bons resultados agora. Algumas áreas começam a respirar. O que significa que, ainda neste semestre, vamos começar a retomar o crescimento”.
Temer recebeu equipe do Estado de Minas/Correio Braziliense para uma conversa informal durante um almoço, sem gravadores nem celulares, apenas caneta e bloquinhos, como nos velhos tempos. A temporada é de reformas. Primeiro, a trabalhista, que começa a ser votada na Câmara na semana que vem, com o projeto de terceirização e do trabalho temporário. Depois, a Previdência.
Para o segundo semestre, desembarcam no Congresso as propostas de simplificação tributária. E, se sobrar tempo, virá a reforma política que terá que ser de iniciativa do Parlamento. Em meio de tudo isso, ele ainda terá que pacificar o país. “Quero entregar um país reformado em 2018. O Congresso é hoje senhor da reforma previdenciária, mas fiz a minha parte, de propor. E propus por necessidade do país. Quem ficar contra as reformas está contra o Brasil”, diz ele. Confira os os principais trechos da conversa:
FUTURO
Espero que reconheçam lá na frente que fiz o que deveria fazer. Poderia não mexer em nada, fazer só umas medidas populistas e deixar passar o tempo, mas não combina comigo. No futuro, que eu seja visto como alguém que teve coragem para fazer as reformas necessárias, recuperar a economia e colocar o país no caminho certo. Que seja visto como alguém que não teve medo de mudar, que restabeleceu as relações entre as instituições. Falava-se, por exemplo, na reforma do ensino médio. Há 20 anos falava-se nisso. Apesar de todas as críticas, nós implementamos.
PREVIDÊNCIA
É bastante provável que passe. Quem dá a palavra final da reforma previdenciária é o Congresso, mas vamos examinar o que será necessário para aprovar. A gente está vendo que não terá problema, vamos conversando. Fui relator da primeira reforma da Previdência. Era líder do PMDB na Câmara, e o presidente Fernando Henrique, diante das dificuldades, pediu que eu assumisse a relatoria e articulasse a aprovação da reforma. Na época, meu irmão me falou que eu não me reelegeria por causa disso. Eu tinha sido eleito com 71 mil votos. Na eleição seguinte, fui eleito com 206 mil. Essa história de que perde eleição quem vota a favor da reforma é uma bobagem. A continuar as boas notícias na economia, vamos ter mais facilidades para aprovar reformas na Previdência. E, aí, as coisas vão começar a melhorar.
POPULARIDADE
Dizem que a minha popularidade é baixa, que não conto com apoio da imprensa. Ao menos tenho que ter boa relação com o Congresso. Não querer reformar é ir contra o país. Não querer mudar é trabalhar pelo declínio. Se eu não tivesse coragem, ou melhor, ousadia, não faria as reformas. Não teria o menor sentido ficar dois anos e meio e não fazer nada. Passar por aqui e não deixar uma marca. Farei o que devo fazer. Cumprir meu papel. Não tenho objetivo eleitoral.
JUROS
A expectativa é de que as coisas só começassem a melhorar no segundo semestre. Mas, felizmente, já vemos bons resultados agora. Algumas áreas começam a respirar. O que significa que, ainda neste semestre, vamos começar a retomar o crescimento.
RENAN CALHEIROS
Conheço o Renan (a propósito das declarações recentes sobre a reforma previdenciária, Eduardo Cunha e Eliseu Padilha). Ele fez isso a vida toda: vem de uma forma mais feroz e depois se alinha. Tem sido um bom aliado em momentos cruciais. Ele almoça comigo na semana que vem. Ele sempre foi assim, um político habilidoso. (O que ele quer?) Vamos esperar passar uns dias que a gente fica sabendo.
BRIGA DO PMDB
Não posso me meter nisso. Até por uma razão objetiva. Tenho uma base enorme. Não participei das eleições municipais, porque criaria problemas. Não vou entrar na briga dos partidos.
RADICALIZAÇÃO
Tem que acabar com esta divisão raivosa. As coisas estão caminhando bem. E vão melhorar. Ninguém sai ganhando nesse tipo de disputa. Precisamos pacificar o país bem antes das eleições, restabelecer o diálogo. Essa história de fulano não falar com beltrano no mundo político é falta de civilidade.
PARLAMENTARISMO
Falam em consciência parlamentarista. Se quiserem chamar meu governo de parlamentarista, não vejo problema. Temos que mudar essa imagem de que o presidente manda em tudo. Num presidencialismo democrático, tem que governar com o Congresso. Daqui a pouco, viveremos em um país efetivamente parlamentarista.
GURU
O indiano (Sri Sri Ravi Shankar). que esteve por aqui com a atriz Maria Paula, disse que, no fim de março, depois de muitos percalços, tudo vai melhorar. Ele sugeriu que mudasse algumas móveis aqui na sala. Tentamos mudar aquela mesa redonda, mas não deu certo. Decidi deixar do jeito que estava. Continuo trabalhando na mesa redonda.
LULA
Fui visitar o Lula no Sírio-Libanês (quando dona Marisa teve diagnosticada a morte cerebral) depois de falar com ele. Levei alguns ministros. Ele me disse que estaria aberto a uma conversa com todos os ex-presidentes. Vamos dar tempo ao tempo. Talvez ainda não seja a hora de conversarmos. O doutor Kalil me disse que Lula falou para ele: “Conheço Temer há 40 anos, quem veio me dar um abraço na despedida da Marisa não foi o Temer. Foi o presidente da República”.
OPOSIÇÃO
Eu tenho a impressão de que logo essa conversa pode acontecer. Até porque é assim que tem de ser a política. O diálogo é a base de tudo. Amanhã, eles podem estar no poder. Críticas de adversários eu dou importância quando é questão de mérito. Quando é só xingamento, não presto atenção. Não posso me preocupar com isso nem deixar de falar com as pessoas por causa disso. Mais importante é o interesse do país.
LAVA-JATO
Fixei uma regra compatível com o Estado de Direito. Criamos um critério, não há pacto, há regras. Se não criasse esse critério, viveríamos sob pressão a cada denúncia. Bastaria o sujeito condenar previamente e as coisas seriam resolvidas em cima de pressupostos e não de uma investigação séria. A regra vale para todos, inclusive os amigos. Não pretendo exonerar ninguém, até porque, até hoje não precisei demitir ninguém. Quem perdeu as condições políticas, tomou a iniciativa de pedir para sair.
ELISEU PADILHA
É um grande colaborador. Reassumirá a Casa Civil a hora que quiser. Espero que possa continuar, porque me faz muita falta. Só o demito em caso de denúncia. Se estabeleci uma regra fixa e não cumpro o que disse, causo uma insegurança jurídica. Vale também para os meus amigos.
SINDICATOS
As corporações tomaram conta do Brasil. Existem 18 mil sindicatos no Brasil. Mas as reformas serão aprovadas, inclusive a trabalhista. Sairá com facilidade. Foi acordada antes com vários segmentos sociais. Vai sair, sim. Gosto de estudar a Constituição. Reli o capítulo dos direitos sociais. Lá está escrito que os acordos e convenções coletivos de trabalho são direitos assegurados. Se reconhecemos o acordo, estamos prestigiando a vontade das partes. A reforma trabalhista, na verdade, é uma regulamentação desse dispositivo constitucional.
ESTADOS
A situação dos estados é gravíssima. O Brasil é um estado em maior escala. Temos de tomar todos os cuidados para evitar que isso se repita.
CULTURA
Conversei com (o ministro da Cultura) Roberto Freire, ele me disse que está auditando os contratos da Lei Rouanet. São 20 mil contratos com artistas de todo o Brasil, sem qualquer cobrança ou prestação de contas nos últimos anos.
SEGURANÇA
Não vamos abrir mão da garantia da lei e da ordem. Isso é uma responsabilidade de todos. Mas também tem a ver com autoridade presidencial. Reuni os comandantes militares com o ministro da Defesa (Raul Jungmann) no momento crítico da crise dos presídios e discuti esse assunto com eles. Pedi a presença das Forças Armadas em alguns estados: Amazonas, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Se até a PM estava aquartelada, a situação poderia ficar ainda mais grave. Conversei com os três comandantes para saber a opinião deles. Eles disseram: “O senhor é o comandante-chefe, não é? O que o senhor decidir, nós faremos”. O Rio de Janeiro só teve Olimpíada porque mandamos 38 mil homens das Forças Armadas para lá. As Forças Armadas foram para os estados resolver os problemas, mas eles não podem ficar permanentemente. Passada a crise, eles saem.
IMPOSTOS
Pedi um levantamento sobre todos os projetos em discussão no Congresso para estudar o que pode ser feito aí, obviamente, sem aumentar tarifas. Ainda não está pronto. Depois de tudo, ainda podemos pensar na reforma política. Isso é com o Congresso, não vou mandar um projeto, quando resolvermos todas as outras reformas, podemos pensar nisso.
CAIXA 1
Não quero interferir na decisão do Supremo Tribunal Federal, não conheço os pormenores. Ses for para julgar caixa 1, é preciso saber dos detalhes do processo.
O governador Marcelo Miranda assinou o Termo de Adesão do Tocantins ao programa Criança Feliz, do governo federal. O ato foi realizado na tarde desta quinta-feira, 9, no auditório do Palácio Araguaia, em Palmas. Lançado em outubro de 2016, o programa tem como foco o desenvolvimento integral da criança.
Por Jarbas Coutinho
Na ocasião, Marcelo Miranda assinou o Decreto que institui o Comitê Gestor Estadual do Programa Criança Feliz, que vai nortear as diretrizes em todo o Tocantins. O organismo conta com representantes dos setores de Assistência Social, Saúde, Educação Cidadania e Justiça. O evento contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Gasparini Terra; do secretário nacional do Desenvolvimento Humano do MDS, Halim Girade; e autoridades regionais.
Segundo o governador, a iniciativa é uma importante ferramenta para fortalecer as políticas sociais voltadas para as crianças em situação de vulnerabilidade social. “Com a adesão ao programa Criança Feliz, o Tocantins fortalece, de maneira integral, as políticas públicas direcionadas à primeira infância.
Marcelo Miranda disse também que o Brasil tem bons exemplos no combate à mortalidade infantil, mas adiantou que para o êxito do programa é importante o comprometimento de todos os setores. “É fundamental o engajamento de todos e, para isso, montaremos uma equipe técnica bem preparada para que as ações cheguem a todo o Estado”.
O ministro Gasparini explicou que o programa se baseia nas últimas descobertas científicas sobre o desenvolvimento humano, que apontam o início da vida como o período mais importante para se desenvolver as competências. “Todos nós somos frutos dos primeiros momentos de vida, daí a importância de proporcionar uma riqueza de estímulos para que ela chegue à idade escolar em igualdade de condições com as outras”, disse, justificando a necessidade de implantação do programa.
O Programa
O Programa Criança Feliz tem o intuito de desenvolver políticas públicas para melhorar a qualidade de vida na primeira infância, afim de promover o desenvolvimento infantil integral e incentivar as famílias a cuidarem melhor das suas crianças. No Tocantins, 44 municípios já aderiram à iniciativa.
O programa tem como público-alvo gestantes, crianças de até 3 anos e suas famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; crianças de até 6 anos que recebem o Benefício de Prestação Comunitária (BPC) e suas famílias; e crianças de até 6 anos afastadas do convívio familiar em razão da aplicação de medidas de proteção.
ACOMPANHAMENTO
O acompanhamento pelas equipes do Criança Feliz será feito por meio de visitas domiciliares às famílias participantes do Bolsa Família. Formada por profissionais de áreas como saúde, educação, serviço social, direitos humanos e cultura, essas equipes ficarão encarregadas de dar aos beneficiários orientações visando ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
O secretário de Estado da Fazenda, Paulo Antenor de Oliveira, esclareceu nesta terça-feira, 7, os motivos que levaram o Tocantins a adotar uma política de reciprocidade fiscal com os estados do Maranhão e do Pará.
Por Jesuino Santana Jr
De acordo com o gestor, a medida foi adotada para proteger a competitividade e os empregos gerados aqui no Estado. “Para defender as empresas tocantinenses, nós tivemos que ser recíprocos em relação à política fiscal adotada por eles com os nossos produtos. No caso do Maranhão, aplicamos uma taxa até menor do que a praticada por eles. A proposta do Governo do Tocantins nesta questão é muito simples, ambas as partes deveriam praticar o mesmo valor para não prejudicar o comércio local, mas infelizmente não há consenso dos outros estados em relação a isso”, disse. De acordo com Paulo Antenor, uma carga avaliada em R$ 100 mil saindo do Tocantins para o Maranhão pagaria uma sobretaxa de 11% de imposto, ou seja, R$ 11 mil a mais. Quando acontecia o contrário, o custo ficava em 7%. “Atualmente, o Tocantins cobra 10% das mercadorias vindas do Maranhão, ainda assim, um valor menor do que o praticado por eles, que é de 11%. Tomamos essa medida para proteger e tornar o comércio local mais competitivo”, garantiu. Paulo Antenor explicou que a decisão adotada pelo Maranhão prejudicou diversos segmentos da indústria tocantinense, gerando prejuízos, fechamento de empresas e, consequentemente, a diminuição de vagas de empregos, principalmente nas empresas que ficam no norte do Tocantins. “Essa decisão de sobretaxar nossos produtos e retirar os benefícios fiscais afetou bastante as empresas tocantinenses que mantém negócios com o Maranhão. O setor atacadista, moveleiro e de autopeças, por exemplo, reclamaram muito que perderam competitividade. Pessoas também perderam emprego ali e empresas fecharam as portas”, afirmou. Benefício Fiscal Sobre o anúncio de fechamento de uma grande rede de supermercado maranhense instalada na Capital, Paulo Antenor garantiu que eles nunca tiveram nenhum tipo de benefício fiscal do Governo do Estado. “O Tocantins oferece diversos tipos de benefícios fiscais para empresas que desejam investir e se instalar no Estado, mas o Grupo Mateus não contava com nenhum tipo de incentivo. O que aconteceu é que eles foram enquadrados dentro da política de reciprocidade fiscal adotada pelo Governo. Isso é defesa da economia. Esse fato causou grande repercussão porque a empresa está instalada na Capital e fica dentro do principal shopping da cidade. O que muitos não veem é o que está acontecendo com as empresas tocantinenses que ficam nas regiões de divisas. O Maranhão tem tratado isso como periférico, porque tem uma economia maior, sua arrecadação de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços] é mais que duas vezes a nossa, e então isso pouco afeta eles. Ao passo, que para a economia do Tocantins afeta em muito”, explanou Paulo Antenor. De acordo com o secretário, o fechamento ou a abertura de uma empresa é uma decisão do seu dono. “Empresas abrem e fecham todos os dias. Apenas no dia de hoje [terça-feira, 7], eu autorizei seis empresas de fora a se instalarem aqui no Estado. O que eu posso dizer é que uma empresa que tem sede no Maranhão para operar no Tocantins vai ter as mesmas condições que uma empresa do Tocantins que vai operar no Maranhão. Nós não estamos colocando nenhuma dificuldade extra para uma empresa específica, eu estou tratando aqui de um assunto global. Nós não trabalhamos aqui gostando ou deixando gostar de empresas”, concluiu Paulo Antenor. Geração de Emprego e Renda O secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden), Alexandro de Castro, explicou os aspectos econômicos que essas medidas de reciprocidade fiscal podem causar. “A empregabilidade é determinada por vários fatores. E o principal deles é a demanda. Então, se houver a demanda de qualquer produto ou serviço a empregabilidade não irá diminuir e, no caso do fechamento do Grupo Mateus a demanda não vai ser afetada por essa medida. A necessidade de compra dos consumidores continuará e certamente eles buscarão outras alternativas existentes no mercado ou até mesmo outras empresas que possam vir. Então, desta forma boa parte dessa mão de obra será empregada no próprio setor varejista”, explicou. Alexandro de Castro acredita que grande parte dos postos de empregos perdidos em razão do fechamento do Grupo Mateus deve ser absorvida por empresas do mesmo segmento. “Eu não diria que possa haver novos postos de trabalho, mas esses postos perdidos serão necessariamente repostos em outras unidades que trabalham no mesmo segmento. Talvez não na mesma proporção, mas como a demanda existe nesse serviço, essa procura, aumentará em outros estabelecimentos. Me permita também outra análise importante: todas as empresas de qualquer segmento estão sujeitas a esta normativa, então o que nós vemos aqui é a necessidade cada vez maior de que as empresas deixem de fazer suas matrizes de custos baseadas basicamente em incentivos fiscais. Por que toda vez que acontecer determinada mudança fiscal, ela pode, a qualquer momento, perder os incentivos”, opinou. O secretário falou também sobre os objetivos das políticas de incentivo fiscal adotadas pelo Governo do Tocantins. “Os incentivos fiscais que já existem no Estado sempre buscam o critério de aliviar a carga tributária, desde que justificada, para que isso se transforme em investimento. É fazer com que aquele gasto que num primeiro momento seria destinado a impostos possa ser investido na própria empresa, gerando renda e emprego para as pessoas”, finalizou Alexandro de Castro.
Foto: João Di Pietro
(colaboraram Arlete Carvalho e Fernando Ferreira)
Lula quer que principais nomes do PT disputem por uma vaga a Federal
Com receio de que o desgaste do PT provoque uma drástica diminuição da sua bancada na Câmara em 2018, o ex-presidente Lula elaborou um plano para lançar os principais nomes do partido na disputa por uma vaga de deputado federal. A estratégia, porém, está ameaçada pela resistência de alguns nomes de aceitar a tarefa. Se perder parlamentares, o PT terá menos tempo de televisão e repasses do fundo partidário, o que pode inviabilizar o seu futuro. A legenda elegeu 68 deputados em 2014, a maior bancada da Câmara. Debandadas provocadas pela crise originada da Lava Jato e do impeachment da presidente Dilma Rousseff já reduziram o número de parlamentares para 58, permitindo que o PMDB se tornasse a legenda como mais representantes na Câmara: 65. “Se o número de deputados cair para em torno de 20, vamos virar um partido pequeno e a recuperação, mesmo no futuro, fica difícil. Agora, se fizermos uma boa bancada, podemos manter a estrutura partidária e aí dá para recuperar, mesmo que a gente perca a eleição presidencial”, diz um cacique petista. Na eleição municipal do ano passado, o número de prefeitos petistas eleitos caiu 60% em relação a 2012. O PT foi apenas o 10º na lista dos partidos que mais elegeram prefeitos, com 256. O temor é que o fenômeno se repita em 2018 com os deputados federais. O sistema de disputa das vagas na Câmara permite que um candidato bem votado ajude, por causa do quociente eleitoral, a eleger outros integrantes do mesmo partido ou da mesma coligação. Assim, se a sigla tiver nomes bem votados, pode compensar uma perda de votos na legenda e nos atuais parlamentares. A ideia de Lula é ter na disputa ex-governadores como Jaques Wagner, Tarso Genro, Olívio Dutra e ex-prefeitos de capitais como Fernando Haddad e João Paulo. “É uma das nossas prioridades pegar os principais quadros, ex-prefeitos que encerraram o mandato no ano passado, vereadores que tiveram uma votação grande, e colocar todos como candidatos a deputado federal para formar uma boa bancada. Essa é a nossa estratégia”, afirmou o vice-presidente nacional do partido, Alberto Cantalice. Em São Paulo, Estado que possui o maior de números deputados (70), os preparativos para montagem da chapa estão sendo conduzidos pelo ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho, amigo próximo de Lula. Marinho será indicado pela CNB, a corrente majoritária da legenda, para assumir o comando do diretório estadual na eleição interna. Pelo menos três nomes apontados pela cúpula do PT como possíveis puxadores de voto na disputa por uma vaga na Câmara colocam empecilhos para entrar na disputa. A ideia de brigar por um mandato no ano que vem não agrada ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, ao ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro e ao ex-senador Eduardo Suplicy. Vereador mais votado de São Paulo no ano passado, com 300 mil votos, Suplicy tem afirmado que gostaria de disputar o governo do Estado, o Senado ou até uma prévia para a Presidência da República, se Lula não for candidato. A imagem de político honesto do ex-senador é vista como o principal trunfo do partido em São Paulo. O cálculo de petistas é que o ex-senador poderia garantir a eleição de pelo menos mais dois nomes, caso se candidatasse à Câmara. Um outro possível puxador de votos em São Paulo seria Haddad, que, apesar de ter sido derrotado no primeiro turno ao tentar se reeleger prefeito no ano passado, teve 967 mil votos. Mas o ex-prefeito avalia que não tem perfil para cargos no Legislativo. Já Tarso afirma que só aceitaria concorrer a deputado se fosse convocada uma Constituinte.
Antes das definições das chapas para o Legislativo, o PT deve lançar a candidatura de Lula à Presidência. A expectativa é que o ex-presidente seja apresentado como candidato nas próximas semanas.
Com a antecipação do processo sucessório, os políticos tocantinenses devem evitar ataques como o que expôs a família do presidente Michel Temer. Mensagem do Papa Francisco reforça importância do respeito, do perdão e da misericórdia
Por Edson Rodrigues
Estamos acompanhando, estarrecidos, os fatos relacionados ao roubo e vazamento de imagens íntimas da primeira-dama do Brasil, Marcela Temer, um tipo de prática nefasta, pontualmente utilizada na política brasileira para causar o pior dos efeitos possíveis, que é a exposição e execração pública das famílias de políticos que, por algum motivo tornam-se alvos de seus pares na busca insana pelo poder.
Expor fotos íntimas da esposa do presidente não atinge apenas “o” presidente. Atinge a mulher, a cidadã, Marcela. A mãe, que é Marcela. A filha que é Marcela, neta, prima, irmã...
Atinge uma pessoa que não pediu para ser esposa de político, mas que se revestiu de toda a dignidade e perseverança que a posição de primeira-dama exige, assim como os sacrifícios de ter menos tempo de convivência com o restante da família e de deixar de lado suas vontades e necessidades em benefício da liturgia que sua posição exige.
No Tocantins, já tivemos casos parecidos no passado, em que familiares, que nem participavam da vida pública de seus parentes políticos, viram-se perseguidos, expostos, tiveram suas privacidades invadidas e, em alguns casos, chegaram até a mudar-se para outros estados e países para fugir de uma perseguição que não lhes cabia, que não lhes era justificada, mas que foi a arma usada pelos políticos inescrupulosos para tentar abalar as bases de seus adversários, apostando em que, na política, vale tudo e tudo é aceito.
MENSAGEM DO PAPA
Em meio à vergonha e ao estarrecimento que me causaram os ataques à família do presidente Michel temer, me deparo com uma mensagem do Papa Francisco, em que ele lembra que “o perdão é a maior Porta Santa”, em um texto sobre o sacramento da reconciliação.
Em seu discurso, o Pontífice destacou que a celebração deste Sacramento requer uma adequada e atualizada preparação, para que quem se aproxima dele “possa tocar com a mão a grandeza da misericórdia”.
De fato, acrescentou o Papa, a possibilidade do perdão está realmente aberta a todos, ou melhor, escancarada, como a maior das “portas santas”, porque coincide com o coração próprio do Pai, que ama e aguarda todos os seus filhos, de modo especial os que erraram mais e estão distantes.
A misericórdia do Pai, explicou Francisco, pode alcançar toda pessoa de diferentes maneiras, mas há, todavia, um caminho certo: Jesus, que tem o poder na terra de perdoar todos os pecados e transmitiu esta missão à Igreja.
PACTO DE MORAL E ÉTICA
Queremos aproveitar a proximidade da Semana Santa e o período da Quaresma, para sugerir que os políticos tocantinenses façam um pacto de moral e ética, e que deixem de lado os ataques pessoais, as picuinhas, as perseguições, às injúrias, as calúnias, e partam para o debate de ideias e projetos que venham ao encontro das vontades e necessidades do povo.
Ainda citando o Papa Francisco, ele exemplifica com muita lucidez esses tipos de ataques políticos ao falar das pessoas que se passam por cordeiros, mas que atacam como lobos: “ falo da penitência a que somos convidados a fazer no tempo da Quaresma” para aproximar-nos ao Senhor. A Deus agrada “o coração penitente” – diz o Salmo – “o coração que se sente pecador e sabe ser pecador”.
Na primeira leitura – tirada do Livro do Profeta Isaías – Deus repreende a falsa religiosidade dos hipócritas que jejuam enquanto cuidam dos próprios negócios, oprimem os operários e brigam “ferindo com punhos iníquos”.
Por um lado fazem penitência e por outro cometem injustiças, fazendo “negócios sujos”. O Senhor, ao contrário, pede um jejum verdadeiro, atento ao próximo: “o outro é o jejum “hipócrita” – é a palavra que Jesus tanto usa – é um jejum para se mostrar ou para sentir-se justo, mas ao mesmo tempo cometem injustiças, não são justos, exploram as pessoas. “Mas eu sou generoso, farei uma bela oferta à Igreja” – 'Mas me diga, tu pagas o justo às tuas domésticas? Paga teus funcionários sem assinar a carteira? Ou como quer a lei, para que possam dar de comer aos seus filhos?’”.
Essas sábias palavras do Papa nos dão a liberdade de incluir os ataques pessoais e os direcionados aos familiares dos políticos adversários. Será que se lembram os que atacam que também têm família. E que, mesmo que suas famílias não sejam atacadas, elas podem se envergonhar das suas atitudes?
Apelamos aos políticos de pratiquem a boa política do debate de ideias e de projetos, deixando de lado as atitudes espúrias e a patifaria.
E apelamos, também, aos cidadãos tocantinenses, que ignorem os políticos que atentarem contra a família e contra os valores éticos e morais, eliminando-os do cenário político do nosso estado, impedindo que nossas famílias sejam testemunhas de tão maus-exemplos.
O Tocantins merece mais que isso. O Brasil merece mais que isso!