Campanha de doação arrecadou R$ 93,47 milhões
Por Alex Rodrigues
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, confirmou nesta segunda-feira (13) que a maior parte dos R$ 93,47 milhões doados por pessoas de todo o Brasil e do exterior via Pix serão distribuídos na forma de um auxílio emergencial de R$ 2 mil para 45 mil famílias afetadas pelas fortes chuvas que atingem o estado desde o final de abril.
“Estamos estimando ajudar cerca de 45 mil famílias”, informou Leite, durante coletiva de imprensa, na manhã de hoje. Segundo ele, parte do valor recebido será dividido entre famílias desabrigadas ou desalojadas de cidades em situação de calamidade pública reconhecida pela Defesa Civil estadual.
“Os recursos irão diretamente para as mãos das pessoas. Para estimulá-las a reconstruir suas vidas”, comentou Leite, acrescentando que também poderão requerer o auxílio as famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) ou no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF).
Para ser contemplada, a família não pode ter renda superior a três salários-mínimos, nem ser beneficiária do programa estadual Volta Por Cima, que destina R$ 2,5 mil para famílias pobres e extremamente pobres – e para o qual o governo gaúcho afirma já ter liberado cerca de R$ 50 milhões.
Para acelerar a chegada de recursos às vítimas de enchentes, o critério de distribuição começará pelas áreas mais afetadas que já tenham condições de iniciar o processo de recuperação e reconstrução.
“Claro que R$ 2 mil reais não resolve tudo, mas é uma ajuda importante para muita gente que perdeu tudo. E haverá outros programas feitos em parceria com o governo federal e com as prefeituras para podermos atender pessoas com renda familiar até 3 salários-mínimos.”
Leite prometeu que a aplicação dos recursos será feita com total transparência, com a publicação de informações nos portais oficiais, incluindo a relação das famílias atendidas. Além disso, a empresa de consultoria Ernest Young vai auditar a prestação de contas do comitê gestor.
O auxílio será creditado em um cartão pré-pago, emitido pela Caixa Econômica Federal, em nome do responsável familiar. O valor poderá ser sacado em agências ou pontos de atendimento da Caixa, além de ser utilizado para pagamentos em lojas através da função débito.
A decisão de dividir o valor arrecadado por meio da campanha de doações Pix, destinando R$ 2 mil para cada família, foi tomada pelo Comitê Gestor dos recursos, que reúne representantes do governo estadual e da sociedade civil organizada, como a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no estado, Rotary e Lions Club, além da Central Única das Favelas (Cufa) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), entre outras entidades.
O Comitê Gestor também decidiu que uma pequena parte do dinheiro já arrecadado será usado para a compra de 30 mil cobertores, que ajudarão os atingidos pelas chuvas a enfrentar o frio. As peças estão sendo adquiridas por R$ 660 mil, de um fornecedor de Três Lagoas (MS), e devem ser entregues no estado entre hoje e amanhã (14).
Defesa Civil divulgou novas atualizações sobre o temporal na noite deste domingo, 12
Com Agências
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualizou, no começo da noite deste domingo, 12, o balanço das chuvas que assolam o Estado desde o dia 29 de abril. Com cidades sob risco de novas enchentes, o número de municípios afetados pelo temporal passou para 447. Mais de 619 mil pessoas tiveram de deixar suas casas.
Inicialmente, a Defesa Civil informou que o número de mortes tinham permanecido o mesmo em relação à atualização anterior, em 143 e 125, respectivamente. No entanto, às 20h50 deste domingo, o órgão informou que foram notificados 145 óbitos e 132 desaparecimentos.
Ao todo, o Rio Grande do Sul tem 2.115.703 habitantes afetados pelo temporal. 538.743 estão desalojados e 81.200 pessoas estão em abrigos públicos. Os feridos estão em 806.
Ainda segundo o órgão, 76.399 pessoas foram resgatadas em meio às enchentes. Com relação a animais, a Defesa Civil contabiliza 10.555 resgates.
Veja números:
Municípios afetados: 447
Pessoas em abrigos: 81.200
Desalojados: 538.743
Afetados: 2.115.703
Feridos: 806
Desaparecidos: 132
Óbitos confirmados: 145
Óbitos em investigação*: 0
Pessoas resgatadas: 76.399
Animais resgatados: 10.555
O presidente da Câmara participou, nesta sexta-feira (10/5), da entrega de 914 apartamentos do Conjunto Residencial Parque da Lagoa, em Maceió
Com Correio Braziliense
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi vaiado novamente, nesta sexta-feira (10/5), enquanto discursava no evento de entrega de 914 apartamentos do Conjunto Residencial Parque da Lagoa, em Maceió (AL), junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As unidades habitacionais são parte do programa Minha Casa, Minha Vida.
O deputado já havia levado uma vaia ontem (9), durante o evento de assinatura da ordem de serviço do trecho V do canal do Sertão Alagoano em São João da Tapera, também em Alagoas. Lira falou após seu aliado, o prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas (PL), o JHC.
“Muitos aplaudem e muitos vaiam, mas eu duvido que um morador que seja atendido por essas casas esteja vaiando hoje. Isso é uma falta de respeito. Isso é uma falta de respeito”, reclamou, mencionando o ex-senador Benedito de Lira (PP-AL), que atualmente é prefeito de Barra de São Miguel (AL).
Lula reagiu e se levantou de onde estava para ficar ao lado do parlamentar, um gesto comum do presidente em situações como esta. “Ontem (quinta), foi um dia de muita dificuldade, porque o senador Biu (apelido do pai), que lutou junto comigo, desde 2015, para que governo após governo e ministro após ministro, presidente após presidente, começou esse projeto da Lagoa, foi protocolado ainda no governo Dilma, selecionado no governo Temer, quase se perde e foi aprovado no governo Bolsonaro. Hoje, continua firme no governo Lula”, afirmou Lira, que avaliou o Minha Casa, Minha Vida como um “projeto transversal”.
“O Minha Casa, Minha Vida é um projeto transversal, porque o senhor, como eu e meu pai, que está no quarto de hospital porque ontem sofreu acidente e operou o fêmur, queria muito estar aqui. Em homenagem a ele, que entregou nove em cada 10 casas em Alagoas. Ninguém entregou mais casas em Alagoas do que o senador Benedito e o deputado Arthur Lira”, declarou.
O evento também contou com a participação do governador do estado, Paulo Dantas (MDB), e do ministro dos Transportes, Renan Filho, ex-governador de Alagoas e filho do desafeto político de Lira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
“Mais do que vaias e aplausos, a função do parlamentar é trabalhar pelo seu estado, continuar aprovando matérias no Congresso Nacional, dar suporte para tudo que aconteça nas políticas públicas. E a Câmara dos Deputados faz o seu papel. O presidente Lula tem uma coisa parecida com o que eu faço e com o que meu pai faz: ele cuida das pessoas mais humildes”, afirmou.
Lula criticou as vaias da plateia logo no começo de seu pronunciamento. “Aqui é um ato que não tem partido político, é institucional. É um ato que não é um ato que a gente vai fazer a disputa na eleição. Vai ter o momento que eu vou viajar algumas cidades para apoiar um candidato. A gente não vai estar junto em todos os lugares, mas a gente precisa aprender a respeitar o ato quando é institucional”, disse o petista. “Senão fica difícil para um presidente viajar para inaugurar coisas, porque as pessoas que vêm aqui são convidadas por nós. E ninguém leva ninguém na sua casa para ser vaiado ou maltratado. É apenas uma questão de comportamento que me incomoda muito.”
São mais de 327 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas
Por Agência Brasil
A quantidade de pessoas desalojadas no Rio Grande do Sul mais que dobrou em 24 horas, passando de mais de 163 mil nessa quarta-feira (8) para 327.105 nesta quinta-feira (9), conforme o último boletim da Defesa Civil estadual, com dados divulgados às 18h.
São pessoas que tiveram, em algum momento, deixar suas casas e buscar abrigo nas residências de parentes, amigos ou em abrigos públicos.
Os abrigos do estado receberam 68.519 pessoas.
No total, 1,74 milhão de gaúchos já foram afetados de alguma forma pelas enchentes, ou seja, perderam casas, estão sem luz, água ou comida.
Em relação aos municípios atingidos, o número chega a 431, o equivalente a mais de 80% das cidades do estado.
As mortes causadas pelas chuvas chegam a 107. Há 134 desaparecidos e 754 feridos.
Chuva e frio
As autoridades estão em alerta para agravamento da situação no estado.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas fortes no Rio Grande do Sul a partir desta sexta-feira (10). A expectativa é de que se prolongue até o domingo (12) com maior intensidade entre o centro-norte e leste do estado, incluindo o litoral norte e o sul de Santa Catarina.
O nível do rio Guaíba está abaixo dos 5 metros, porém os rios do sul do estado começaram a subir e transbordar.
Ministério da Agricultura ficará responsável pela liberação dos pesticidas, tirando o poder da Anvisa e do Ibama
Por Camila Stucaluc
O Congresso Nacional derrubou parcialmente, na quinta-feira (9), o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) referente à nova Lei dos Agrotóxicos. Agora, o Ministério da Agricultura passará a ter competência exclusiva para o registro de pesticidas – substâncias químicas de controle ambiental para pragas, utilizadas em setores agrícolas.
Outro trecho derrubado flexibiliza o uso dos agrotóxicos no Brasil. Produtos que estiverem em reanálise poderão ser autorizados pelo órgão federal responsável mesmo sem a conclusão da reavaliação. Lula havia vetado o trecho alegando que o dispositivo ofende o princípio da precaução, já que coloca em risco a vida humana e o meio ambiente.
O projeto que deu origem à nova Lei dos Agrotóxicos foi aprovado pelo Congresso em novembro de 2023 e promulgado por Lula um mês depois, em dezembro. O presidente vetou 14 trechos do texto, após consulta com diversos ministérios, o que desagradou a indústria e a bancada ruralista. A lei, portanto, voltou ao Congresso para análise.
O texto trata de pesquisa, produção, comercialização, importação e exportação e fiscalização dos agrotóxicos. Entre as principais medidas está a concentração da liberação do produto pelo Ministério da Agricultura, retirando o poder da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Chamado de "Pacote de Veneno", o projeto tem sido alvo de polêmica e intenso debate durante os 23 anos de tramitação. Enquanto os defensores dizem que o texto moderniza o setor e oferece mais transparência ao processo de autorização dos agrotóxicos, os críticos defendem que a matéria pode ser prejudicial ao meio ambiente e à saúde humana.
Enquanto estava em tramitação, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a enviar um parecer ao Senado, pedindo que a Casa rejeitasse o projeto. A nota foi escrita por especialistas, que apontaram que a matéria representa um retrocesso para os direitos humanos, uma vez que as substâncias são consideradas perigosas para a saúde.