Ele não quis dar prazo; ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou não se importar com a possibilidade de ser preso
Por Leonardo Ribbeiro
O advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), confirmou à CNN que pedirá a anulação do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Ele não quis dar prazo.
Nesta quinta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou público as gravações da delação.
O conteúdo das gravações foi usado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em denúncia contra Bolsonaro no caso da tentativa de golpe de estado, após as eleições de 2022.
“Caguei para prisão”
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, também nesta quinta-feira (20), não se importar com a possibilidade de ser preso.
“O tempo todo isso de vamos prender Bolsonaro. Eu caguei para prisão”, disse durante Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, em Brasília.
A declaração vem dois dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar 34 pessoas, entre elas o ex-presidente, pelo suposto plano golpista. No evento com a legenda, o ex-mandatário chegou a se defender das acusações:
“Estou com a consciência tranquila, não tem nada contra a gente além das narrativas. Agora investiram nessa última de golpe. Geralmente quem dá golpe é quem ganha. Agora o duro é quando você é golpeado e te acusam de dar golpe. Eu estou tranquilo”, afirmou.
Na cerimônia, também serão anunciados investimentos do Fundo da Marinha Mercante para a indústria de construção naval
Por Ana Isabel Mansur
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta sexta-feira (21) a privatização da quarta parte do Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Ao lado do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o presidente vai formalizar a concessão à empresa Cedro Participações, que arrematou o lote no leilão feito em dezembro, por R$ 3,58 bilhões. Com essa privatização, o porto passará a ter quatro terminais — os outros três já são concedidos à iniciativa privada.
De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos, o valor da concessão é o maior já visto em leilões do setor. O quarto terminal tem quase 350 mil m² de área, e a expectativa é que o local movimente 20 milhões de toneladas por ano de sólidos minerais. Segundo a PortosRio, empresa pública federal que administra os portos do estado, a ampliação pode consolidar o Porto de Itaguaí como um dos grandes polos exportadores de minério de ferro do país.
Na cerimônia de assinatura, também serão anunciados R$ 5,49 bilhões do Fundo da Marinha Mercante para impulsionar o desenvolvimento da indústria de construção naval brasileira. O valor é o maior desde 2012 e vai incluir 15 novos contratos, com 565 obras de navegação interior, apoio portuário e cabotagem, apoio marítimo e reparação naval.
Depois do evento, Lula vai para a capital carioca, onde participa, no sábado (22), das comemorações de 45 anos do PT.
Investimentos no setor
No mês passado, Costa Filho divulgou o balanço anual do ministério de 2024 e as metas estratégicas da pasta para os próximos dois anos. Com foco no crescimento econômico e na modernização da infraestrutura de transporte, o ministro destacou o papel dos investimentos públicos e privados em portos, aeroportos e hidrovias para impulsionar a economia e otimizar o escoamento da produção nacional.
Segundo o ministro, o setor portuário se consolidou como prioridade para o desenvolvimento econômico do país. “Em dois anos, já investimos R$ 20,8 bilhões, mais que o dobro do governo anterior. Até o fim do governo do presidente Lula, teremos mais de R$ 50 bilhões em investimentos vindos do setor privado”, afirmou.
O setor portuário encerrou o ano passado com crescimento de 7,42% e atingiu movimentação recorde de 437,73 milhões de toneladas. Esse resultado foi impulsionado pelo agronegócio e pelo aumento significativo de produtos como trigo (+40%), açúcar (+27,68%) e fertilizantes (+9,4%). Além disso, avanços em infraestrutura, sustentabilidade e conectividade fortaleceram o setor como um pilar do desenvolvimento econômico nacional.
Costa Filho também ressaltou que, entre 2003 e 2022, foram realizados 43 leilões portuários no Brasil, o que resultou em R$ 6 bilhões de investimentos. Até 2026, sob o governo Lula, a expectativa é fazer mais 50 leilões.
Para 13 localidades, rendimento médio é recorde, diz IBGE
POR BRUNO DE FREITAS MOURA
Oito estados e o Distrito Federal terminaram o ano de 2024 com o rendimento médio dos trabalhadores acima da média do país, que alcançou R$ 3.225, o maior já registrado na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012.
De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Distrito Federal (DF) tem o maior rendimento médio do país, atingindo R$ 5.043. Esse valor é 56% acima da média do Brasil e 146% maior que o indicador do Maranhão, o menor do país (R$ 2.049).
O destaque do Distrito Federal se explica pelo grande contingente de funcionários públicos na capital federal, que conseguem uma remuneração acima da média da iniciativa privada.
As outras localidades com rendimento médio do trabalhador maior que a média nacional são São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo.
Confira o ranking completo do rendimento médio anual dos trabalhadores nas unidades da federação:
Distrito Federal, R$ 5.043
São Paulo, R$ 3.907
Paraná, R$ 3.758
Rio de Janeiro, R$ 3.733
Santa Catarina, R$ 3.698
Rio Grande do Sul, R$ 3.633
Mato Grosso, R$ 3.510
Mato Grosso do Sul, R$ 3.390
Espírito Santo, R$ 3.231
Brasil, R$ 3.225
Goiás, R$ 3.196
Rondônia, R$ 3.011
Minas Gerais, R$ 2.910
Amapá, R$ 2.851
Roraima, R$ 2.823
Tocantins, R$ 2.786
Rio Grande do Norte, R$ 2.668
Acre, R$ 2.563
Pernambuco, R$ 2.422
Alagoas, R$ 2.406
Sergipe, R$ 2.401
Amazonas, R$ 2.293
Paraíba, R$ 2.287
Pará, R$ 2.268
Piauí, R$ 2.203
Bahia, R$ 2.165
Ceará, R$ 2.071
Maranhão, R$ 2.049
Recorde
Apesar de liderar o ranking, o Distrito Federal não superou o maior valor já alcançado, fato que ocorreu com a média nacional e 13 estados. No DF, o recorde foi em 2015, com R$ 5.590. Os dados da pesquisa são deflacionados, ou seja, a inflação no período é descontada, de forma que seja adequada uma comparação real.
Assim como a média do Brasil, alcançaram o recorde de rendimento anual dos trabalhadores os estados Rondônia, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, e os três da região Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A pesquisa do IBGE apura o comportamento no mercado de trabalho para pessoas com 14 anos ou mais e leva em conta todas as formas de ocupação, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo. São visitados 211 mil domicílios em todos os estados e no Distrito Federal.
O levantamento aponta que, em 14 estados, o desemprego médio de 2024 foi o menor da série histórica.
Polícia diz que celular de Charlotte Alice Peet está ligado, mas que as ligações não são atendidas desde o dia do desaparecimento
Por Alexia Elias
Desde o dia 8 de fevereiro, familiares e amigos da jornalista britânica Charlotte Alice Peet, de 32 anos, não tiveram mais notícias do paradeiro dela, que estava em São Paulo mas tinha planos de seguir para o Rio de Janeiro. O desaparecimento foi denunciado por uma amiga da britânica na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat) do Rio de Janeiro. As informações são do O Globo e do g1.
Apesar de ter sido registrado no Rio de Janeiro, o caso foi encaminhado para São Paulo, já que este foi o último local em que Charlotte disse que estava à amiga. Não há informações sobre o estabelecimento em que a britânica estava hospedada na capital paulista mas a amiga relatou que ela procurava lugar para ficar no Rio de Janeiro.
Apesar da amiga morar na capital carioca, ela disse à Charlotte que não poderia abrigá-la em sua casa pois a residência já estava cheia. A notícia do desaparecimento chegou dias depois, pela família da jornalista, que disse que não teve mais contato com ela.
Segundo a mulher, Charlotte passou uma temporada no Brasil e logo retornou para Londres. No entanto, em novembro de 2024, voltou ao território brasileiro. Elas se conhecem há cerca de dois anos e já haviam se encontrado após o retorno da britânica, em Santa Teresa, no Centro do Rio.
De acordo com informações, a britânica é fluente em português e, segundo a rede social LinkedIn, trabalha como jornalista freelancer para veículos como Al Jazeera, The Telegraph, The Evening Standard, The Times e The Independent. Desde março de 2024, ela atuava como líder de equipe editorial na plataforma Mindrift.
No perfil na rede social, ela disse que se considera fluente/nativa em português, com mais de nove anos de experiência no jornalismo.
Apelo da ACIE
A Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE) pediu, por meio de uma nota, que as autoridades brasileiras continuem procurando por Charlotte.
“O ACIE e sua liderança apelam às autoridades competentes para que intensifiquem seu trabalho para tentar encontrar o jornalista britânico desaparecido o mais rápido possível. Como jornalista freelancer, Charlotte conheceu alguns dos correspondentes estrangeiros que são membros da Associação Brasileira de Imprensa Estrangeira”, diz o documento.
Polícia investiga o desaparecimento
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo publicou uma nota afirmando que o desaparecimento é investigado pela 5ª Delegacia de Pessoas Desaparecidas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que “realiza diligências para localizar a desaparecida e esclarecer os fatos”.
A família da jornalista, de acordo com informações da Folha de São Paulo, forneceu dados do voo de Charlotte para o Brasil e uma foto do passaporte da britânica com o objetivo de ajudar nas buscas.
Ainda segundo a Folha de São Paulo, o celular da jornalista está ligado, mas as chamadas feitas desde segunda-feira (17) não estão sendo atendidas. A polícia não descarta a possibilidade de o motivo do desaparecimento ser o corte de relações com a família e amigos.
O novo processador Majorana 1, no qual a Microsoft espera colocar um milhão de qubits no futuro
Por João Pedro Adania
A Microsoft acredita ter feito um avanço fundamental na computação quântica ao desbloquear o potencial desses dispositivos para resolverem problemas de escala industrial - e acriar o que está chamando de “quarto estado da matéria”. A gigante trabalhou os últimos 17 anos em um projeto de pesquisa para criar um material e arquitetura para computação quântica. O resultado? O processador Majorana 1.
Na computação clássica, usada em PCs e smartphones atuais, todas as informações são armazenas ou processadas na forma de bits – que são binários, representados por 0 ou 1. Porém, na quântica, os chamados qubits, ou bits quânticos, podem assumir inúmeros estados entre 0 e 1. Esse fenômeno se chama superposição e aumenta exponencialmente a quantidade de dados que podem ser processados ao mesmo tempo.
Empresas com IBM, Microsoft e Google tentam tornar os qubits tão confiáveis quanto os bits binários há anos, isso porque eles são bem mais delicados e sensíveis a ruídos que podem criar erros ou perder informações.
O Majorana 1 deve potencialmente acomodar um milhão de qubits no mesmo chip, que não é muito maior do que as CPUs de PCs e servidores de desktop convencionais. A Microsoft não usa elétrons para o processamento desse novo chip, mas sim uma partícula Majorana que o físico Ettore Majorana descreveu em 1937.
A Microsoft afirma agora ter criado um novo estado da matéria em sua busca por uma máquina poderosa, que poderia acelerar o desenvolvimento de tudo, desde baterias a medicamentos e inteligência artificial. A gigante alcançou este marco ao desenvolver o que chama de “primeiro topocondutor do mundo”, um novo tipo de material que além de observar, controla as partículas de Majorana para criar qubits confiáveis.
Em um artigo publicado pela Microsoft e revisado por membros da revista cientifica Nature, a empresa diz que conseguiu criar o qubit topológico com um material a base de arsenieto de índio e alumínio.
Como parte de sua pesquisa, a empresa construiu vários qubits topológicos dentro de um novo tipo de chip de computador que combina os pontos fortes dos semicondutores que alimentam os computadores clássicos com os supercondutores normalmente usados para construir um computador quântico.
Japão planeja restringir exportação de chips e tecnologia de computação quântica
Novo computador quântico do Google não é capaz de destruir a segurança digital mundial; entenda
Quando esse chip é resfriado a temperaturas extremamente baixas, ele se comporta de maneiras incomuns e poderosas que, segundo a Microsoft, permitirão que ele resolva problemas tecnológicos, matemáticos e científicos que as máquinas clássicas nunca conseguiram resolver. A tecnologia não é tão volátil quanto outras tecnologias quânticas, disse a empresa, o que facilita a exploração de seu poder.
A Microsoft já colocou oito qubits topológicos em um único chip. Esse é um passo importante e mostra que a tecnologia funciona. O objetivo, no entanto, é bem mais ambicioso: a gigante espera que essa abordagem possa ser escalada para um milhão de qubits em um único chip no futuro.
Se a expectativa da empresa de Satya Nadella for concretizada, um único chip com um milhão de qubits poderia realizar simulações bem mais precisas. A empresa também acredita que seu topocondutor (ou supercondutor topológico) é o próximo grande avanço da tecnologia.
“Nossa liderança trabalha nesse programa há 17 anos. É o programa de pesquisa mais antigo da empresa”, explicou Zulfi Alam, vice-presidente corporativo de computação quântica da Microsoft, ao The Verge. “Após 17 anos, estamos apresentando resultados que não são apenas incríveis, mas reais. Eles redefinirão fundamentalmente como será a próxima etapa da jornada quântica”.
A equipe de computação quântica da Microsoft é composta por pesquisadores, cientistas e fellows técnicos.
“Demos um passo atrás e dissemos: ‘Ok, vamos inventar o transistor para a era quântica. Quais propriedades ele precisa ter?”, disse Chetan Nayak, um dos engenheiros da Microsoft, ao The Verge. “E foi assim que chegamos até aqui – a combinação particular, a qualidade e os detalhes importantes da nossa nova pilha de materiais permitiram um novo tipo de qubit e toda a nossa arquitetura”.
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) selecionou a Microsoft como uma das empresas que avançarão para a última fase do programa Underexplored Systems for Utility-Scale Quantum Computing (US2QC). Agora, a gigante construirá um protótipo de computador quântico tolerante a falhas baseado em qubits topológicos “em anos, não décadas”.
“Um computador quântico de um milhão de qubits não é apenas um marco, mas um portal para resolver alguns dos problemas difíceis no mundo”, afirmou Nayak./COM NYT