Por Luiz Antonio Alves de Souza
Em uma passagem de “O Nome da Rosa”, magistral ficção de Umberto Eco, o aprendiz, Adso de Melk, indaga o protagonista, Guilherme de Basckerville, o que este mais temia. Surpreendente resposta: “a pressa”.
Paralelamente, o inquisidor, adicionado à legação papal, agia com urgência para impedir a possibilidade de algum consenso entre aquela e a Legação de Frederico da Baviera a respeito do processo de escolha do imperador romano-germânico. Conseguiu gerando fogueiras, nas quais foram queimados hereges.
Mais de uma vez já se disse que “a vida imita a arte”. É essa a imitação que se quer evitar quando se pleiteia que o projeto de lei, que modifica substancialmente o vigente Código Civil Brasileiro, promulgado em 2002, seja processado no Parlamento como um projeto de código, possibilitando ampla discussão com a sociedade civil, notadamente por seus setores acadêmicos e profissionais do direito, além, é claro, de ser submetido às várias comissões temáticas ligadas à vastidão das matérias a serem reguladas, ou a terem sua regulação modificada.
Entendeu-se necessário gerar propostas de alterações do direito comum, do direito do cidadão frente ao cidadão. Talvez porque, apesar de ter sido promulgado em 2002, o projeto original do Código Civil é bastante anterior, originado da redação de juristas capitaneados por Miguel Reale. Contudo, a redação foi atualizada antes de ser discutida e votada pelo Congresso Nacional. A velocidade das transformações sociais e tecnológicas certamente poderia justificar esta ou aquela modificação, episódica, mas não na quantidade proposta.
Experiência estrangeira
Rápida mirada na experiência estrangeira mostra a perplexidade de o Código de 2002, tido como grandemente inspirado no Código Civil Italiano de 1942, não encontrar similitude nas reformas deste. Em que somos mais perspicazes que nossos inspiradores peninsulares, que justifique essa proposta de reforma? Os italianos não produziram qualquer proposta como essa em curso no Senado do Brasil.
Aliás, poucos anos passados, no Brasil surgiram duas propostas de adoção de um novo Código Comercial, pois o nosso vetusto Código Comercial, de 1850, foi absorvido pelo Civil, tal qual ocorreu na Itália, em 1942. Até hoje, ou seja, decorridos 83 anos, a doutrina jurídica comercialista, naquele país, segue seu caminho sem propor um novo Código Comercial. Entre nós, felizmente, tais propostas foram rejeitadas (sem embargo de a proposta ora visada altear significativamente a disciplina empresarial contida no Código Civil).
Spacca
A chamada modernização do Código Civil Alemão, que alterou significativamente o direito das obrigações, foi iniciada em 1981, passou por alguns projetos e redações, processo que foi interrompido e retomado, até entrar em vigor em 1º de janeiro de 2002. O Código Civil Alemão (BGB) havia resultado de um processo legislativo que tramitou entre os anos de 1874 e 1896.
Reforma requer discussão ampla e democrática
Com essas reflexões não se quer — longe disso — propugnar um longo processo de tramitação do projeto, a exemplo do Código hoje vigente. O pleito é de tempo proporcional a uma discussão ampla, democrática e participativa, que resulte em um consenso possível, suficientemente maduro. Tempo proporcional, o que se pede lembrando que Miguel Reale inseriu, em seu precioso “Lições Preliminares de Direito”, a definição de Dante: “O Direito é uma proporção real e pessoal, de homem para homem, que, conservada, conserva a sociedade; corrompida, corrompe-a”. Não se pode cogitar de alteração legislativa que não seja para conservar a sociedade, razão suficiente para que seja devida e suficientemente debatida.
Por óbvio, não se pode confundir a pretensão de que o projeto seja debatido com o desejo de seu arquivamento, proposta feita por opositores da reforma, sem embargo de que é tão legitima quanto a pretensão de que seja adotado. Muito menos ver na adequada tramitação críticas à comissão de redação, no seu conjunto ou a dela integrantes, isoladamente. A comissão certamente não se opõe a debater a proposta que fez.
Encerra-se com uma anedota histórica, muito conhecida dos juristas. Napoleão Bonaparte, ao tomar conhecimento de decisões judiciais aplicando preceitos do Code Civil, teria dito: “On detruí mon Code”. Como se sabe, o Código Civil Francês, de 1804, portanto com mais de 200 anos de existência, também é denominado “Code Napoleon”, em referência ao seu propugnador. Sabendo que o imperador francês participou, inclusive, de debates sobre o então projeto, torna-se compreensivo que ele, o que aqui se diz parodiando Erasmo Carlos, “precisasse de um código para chamar de seu”.
Na República Federativa do Brasil, não soa exagerado pretender que o Estatuto da Vida Civil seja reformado com a participação de todos os que se interessarem em fazê-lo, e que o Parlamento, ao discuti-lo e votá-lo, tenha tido tempo suficiente para amadurecer a decisão, proporcionalmente às dimensões da proposta.
Luiz Antonio Alves de Souza - é advogado, graduado pela USP, diretor administrativo do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) e ex-secretário-adjunto da Segurança Pública do Estado de São Paulo (1995-1998).
Corte também revisitará o processo sobre a validade de decisões trabalhistas que garantem pausas de 10 minutos a cada 90 minutos trabalhados para funcionários de empresas avícolas
Com Jovem Pan
O STF (Supremo Tribunal Federal) enfrenta uma semana agitada, com uma série de temas de grande importância para o cenário nacional em sua pauta. Entre os assuntos que serão discutidos, destaca-se a questão da contribuição sindical, que deixou de ser obrigatória em 2017. O tribunal julgará uma ação que questiona a destinação de 10% dessa contribuição para as centrais sindicais. O partido União Brasil, agora parte da Federação União Progressista, argumenta que os recursos da contribuição sindical têm uma finalidade específica e constitucional, não podendo ser usados para custear atividades fora dos limites das categorias profissionais.
Outro tema em destaque é a validade do teto para os valores de serviços funerários no município de São Paulo. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) contesta duas leis municipais que permitiram à iniciativa privada explorar cemitérios, crematórios e serviços funerários. Segundo a legenda, essas normas violam a Lei Orgânica do Município de São Paulo, que atribui ao poder público municipal a responsabilidade pela administração dos serviços funerários. A decisão do STF sobre este caso poderá ter implicações significativas para a gestão de serviços públicos em outras cidades brasileiras.
Além disso, o STF revisitará o processo sobre a validade de decisões trabalhistas que garantem pausas de 10 minutos a cada 90 minutos trabalhados para funcionários de empresas avícolas. A Associação Brasileira de Proteína Animal propôs a ação, alegando que a jurisprudência trabalhista que permite essas pausas compromete o princípio constitucional da livre iniciativa. Segundo a associação, essa prática dificulta a flexibilização e adequação do processo produtivo e da estratégia negocial exigidas atualmente, impactando diretamente a competitividade do setor.
*Com informações de André Anelli
ABERTURA AGROTINS DIA 15, NA PRAÇA DOS GIRASSÓIS
O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado do Turismo (Sectur), fará a abertura oficial da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins 25 anos) em uma noite de grandes shows na quinta-feira, 15, na Praça dos Girassóis, em Palmas.
As apresentações começam às 20h com os artistas regionais Rafa do Piseiro e Rony Sertão. Bruno e Marrone devem subir ao palco por volta das 23h e logo em seguida a festa é comandada pela banda de forró Limão com Mel.
O evento terá entrada gratuita e a população poderá contribuir com a doação de 1 kg de alimento não perecível para o projeto Agrotins Alimenta Quem Precisa.
CAFÉ E BETO
A organização de toda a Agrotins tem a participação direta de dois competentes auxiliares do governador Wanderlei Barbosa. Os secretários Jaime Café, da Agricultura e Beto Lima, da Indústria, Comércio e Serviços.
Seguindo as orientações de Wanderlei Barbosa, os dois não têm medido esforços para que pela 25ª vez, o Tocantins realize com sucesso a maior feira de Agronegócios da Região Norte do Brasil.
A Agrotins 2025 conta, ainda, com a participação da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt) e da Tocantins Parcerias, em conjunto com empresas do agro, órgãos públicos e instituições de pesquisas e educacionais em sua organização.
EDUARDO SIQUEIRA E A HERANÇA MALDITA
O prefeit0o de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, em seu discurso na abertura da Agrotins, fez questão de esclarecer que recebeu uma herança maldita de mais de 200 milhões de reais da gestão anterior, de Cinthia Ribeiro, e ressaltou que demitiu “um bocado de fofoqueiros”.
Eduardo foi enfático ao afirmar que essa herança o vem impedindo de realizar e executar vários projetos da sua gestão.
Por outro lado, o prefeito de Palmas ressaltou o excelente relacionamento que vem tendo com o Executivo Estadual, na pessoa do governador Wanderlei Barbosa.
CARLOS BRAGA, O ÚNICO
Segundo fontes, ex-secretário da Agricultura de Palmas, Carlos Braga, foi o único da gestão de Cinthia Ribeiro a não deixar um centavo sequer a pagar.
Por isso, Carlos Braga não “vestiu a carapuça” de ter feito parte dessa herança maldita encontrada pela gestão de Eduardo Siqueira Campos.
FUSÃO PSDB/PODEMOS I
E, pelo visto, não haverá espaço físico dentro do partido que surgirá com a fusão do PSDB com o Podemos, para abrigar sob o mesmo teto Cinthia Ribeiro (PSDB) e Eduardo Siqueira Campos (Podemos).
Levando-se em conta essa situação da herança maldita e da transição comprometida por Cinthia Ribeiro com as “pressas” em nomeações de diretores de escolas e convocação de professores concursados, além dos atos anulados, corretamente, por Eduardo Siqueira Campos, o “aperto” tende a piorar...
FUSÃO PSDB/PODEMOS II
A situação encontrada por Eduardo Siqueira Campos em relação ao transporte público urbano de Palmas, que tem gerado muitas e constantes críticas do atual prefeito em seus pronunciamentos, parece ter sido a gota d’água para eliminar qualquer chance de “perdão”.
Tudo leva a crer que “a porta da frente será serventia da casa” para Cinthia Ribeiro após a fusão....
QUAL SERÁ O CAMINHO DE CINTHIA RIBEIRO???? I
A fusão, marcada para ser oficializada no início de junho, exigirá, portanto, uma decisão de Cinthia Ribeiro em relação à sua filiação partidária, tendo em vista que ela é a atual presidente nacional do PSDB Mulher e presidente da Comissão Provisória da legenda no Tocantins.
Será improvável que Cinthia escolha permanecer após a fusão e “brigar” por espaço com Eduardo Siqueira Campos, uma briga que já nasce perdida para a ex-prefeita...
QUAL SERÁ O CAMINHO DE CINTHIA RIBEIRO???? II
Vale lembrar que Cinthia Ribeiro é uma forte candidata a deputada federal e o novo partido que surgirá da fusão entre PSDB e Podemos já terá Tiago Dimas de volta à Câmara Federal, beneficiado pela mudança do STF em relação às sobras eleitorais.
Como as chances do novo partido se desenham para a eleição de apenas um deputado federal pelo Tocantins, o “espaço físico” tende a diminuir ainda mais para Cinthia Ribeiro, pois Tiago Dimas é o presidente estadual do Podemos....
CHEGADA DE ANTONIO CESAR RODRIGUES PÓVOA
Evely Póvoa e Dona Neide Rodrigues são só alegria com o nascimento de mais um herdeiro.
Ex-vereador e secretário municipal de Ipueiras, Evely agora, também, é pai de Antônio Rodrigues Póvoa, que nasceu no sábado, 10 de maio, em Porto Nacional, Capital da Cultura Tocantinense.
Que o mais novo herdeiro tenha muita saúde e seja muito bem-vindo!
GLEISI PEDIU AJUDA A BANQUEIROS PARA CONTER NIKOLAS I
A ministra Gleisi Hoffmann (PT), da Secretaria das Relações Institucionais, pediu ajuda ao presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, para conter o impacto provocado pelo vídeo em que o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirma que o escândalo do INSS envolve empréstimos consignados e chega a R$ 90 bilhões.
O vídeo de Nikolas foi divulgado na última terça-feira (6/5) e ultrapassou 100 milhões de visualizações nas redes sociais no dia seguinte. A Controladoria-Geral da União (CGU) já rebateu o deputado, afirmando que a investigação da Polícia Federal (PF) mira descontos de mensalidade associativa que somam R$ 6,3 bilhões.
GLEISI PEDIU AJUDA A BANQUEIROS PARA CONTER NIKOLAS II
Durante a reunião na Febraban, na quinta-feira (8/5), Gleisi solicitou que os bancos divulguem números que o PT acha corretos sobre os valores de empréstimos consignados.
As investigações chegaram ao valor de mais de 9 bilhões de reais, mas, também, revelaram que o rombo poder ser muito maior já que a mesma quadrilha vinha operando outro método de golpe, além do investigado.
O caso dos empréstimos consignados é especialmente sensível para o governo porque o crédito fácil e barato é uma bandeira da gestão petista. O primeiro mandato de Lula (2003-2006) é considerado o período da grande expansão de consignados.
LULA E PT TRABALHAM PARA EVITAR INSTALAÇÃO DE CPI
Lula ficou sem reação, quando a Policia Federal revelou o espantoso roubo aos aposentados do INSS. Sequer conseguiu demitir o ministro enrolado, logo de cara. Mas se fixou no “culpado de sempre”: o antecessor. Logo surgiu a proposta de CPI e ele, mais que prontamente, deu ordens ao PT para impedir a todo custo a instalação da comissão.
A ordem de Lula e o desespero dos petistas foram interpretados como autêntica confissão de culpa: afinal, se “a culpa é do Bolsonaro”, eles nada teriam a temer.
A “confissão de culpa” turbinou a CPI, que recebeu 270 assinaturas, bem mais que o necessário. Mas tinha Hugo Motta no meio do caminho, e o empenho dele em tentar evitar a CPI acabou por revelar o “rabo preso” do presidente da Casa com o governo petista.
KASSAB DIZ QUE PSB NÃO FAZ PARTE DO GOVERNO LULA
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab afirmou que “não é do governo Lula” e que o partido deseja ter candidato próprio à Presidência da República em 2026. Atualmente, a legenda tem três ministérios no governo federal.
“O que tem balizado a postura do PSD é a coerência. (…) Eu, aqui, fiquei com o Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], não estou no governo Lula. Quando o governo me chamou para conversar, eu disse ao presidente: o nosso líder Antônio Brito [deputado federal, líder do PSD na Câmara dos Deputados] e o líder Otto Alencar [senador] apoiaram o senhor, converse com eles. Terá nossa compreensão”, disse Kassab durante evento de filiação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao PSD.
PAPA LEÃO XIV REVELA MOTIVO DA ESCOLHA DO NOME
Durante um encontro com cardeais, neste sábado (10/5), o papa Leão XIV revelou o motivo da escolha do seu nome papal. Segundo ele, a decisão se baseou em seu compromisso com as questões sociais diante dos desafios da nova revolução industrial e da inteligência artificial.
"Considerei adotar o nome de Leão XIV. Há várias razões, mas a principal é que o papa Leão XIII, com a histórica encíclica Rerum Novarum, abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial", disse.
"Hoje, a Igreja oferece a todos seu patrimônio de doutrina social para responder a mais uma revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que colocam novos desafios na defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho", acrescentou o pontífice de 69 anos.
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A abertura da Agrotins 2025, maior feira do agronegócio da região Norte, foi muito mais que um evento técnico. Tornou-se, simbolicamente, o palco da nova engenharia política que começa a tomar forma no Tocantins. Em vez de ataques, vaidades e ruídos internos, os discursos das principais lideranças do Estado ecoaram acenos mútuos, apelos à unidade e recados milimetricamente calculados, tudo com a contundência que se insinua nas entrelinhas
Por Edson Rodrigues
Quem prestou atenção às falas das lideranças presentes percebeu que há um novo clima no ar. O tom combativo, agressivo que por décadas emperrou projetos e dissolveu alianças estratégicas cede espaço a uma tentativa, ainda inicial, de convivência madura. Cada qual segue seu próprio roteiro eleitoral para 2026, mas com um pacto de não agressão.
Eduardo Siqueira
O prefeito da capital não economizou nos recados. Acenou ao governador Wanderlei Barbosa, alfinetou a gestão passada sem citar nomes, mirando claramente a ex-prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) e mandou mensagens internas. Falou de um “rombo de mais de R$ 200 milhões” herdado da administração anterior e lamentou o impacto nas ações da prefeitura.
Deixou no ar que a máquina só começou a funcionar quando “fofoqueiros” e “gente que faz intriga” foram afastados. A fala soou mais como desabafo do que como protocolo. Eduardo exaltou o bom relacionamento com Wanderlei, chamou o governador de generoso e destacou que nunca teve uma parceria tão fluida. Fez ainda um alerta contra a “vaidade política” e defendeu a humildade como princípio de governo.
Eduardo Gomes
Um dos grandes viabilizadores de recursos federais para o Tocantins, o senador Eduardo Gomes, hoje no topo da hierarquia do Congresso como primeiro vice-presidente do Senado, não participou da abertura da Agrotins este ano, uma vez que cumpria outras agendas enquanto presidente do Senado em exercício. No entanto, no decorrer da semana, o presidente do senado em exercício participou da assinatura da Ordem de Serviço para a construção da Maternidade da Mulher em Palmas e da entrega de mais de 140 ônibus zero quilômetro para o transporte urbano na Capital. Nestas agendas, Eduardo Siqueira, Wanderlei Barbosa e Eduardo Gomes estavam juntos e falando a mesma língua.
Com trânsito privilegiado em Brasília, Gomes já garantiu, só neste mandato, mais de R$ 700 milhões em emendas e R$ 1,4 bilhão diretamente dos ministérios, valores que irrigaram as gestões de Mauro Carlesse, de Wanderlei Barbosa e dos 139 municípios.
Dorinha, Irajá e o tabuleiro de 2026
A senadora Professora Dorinha (União Brasil) segue pavimentando sua pré-candidatura ao governo. Com apoio do chamado G5+, que reúne cinco prefeitos das principais cidades do Tocantins, além do apoio de gestores da região do Vale do Araguaia, e boa articulação interna no União Brasil, Dorinha vem se apresentando como alternativa viável para a disputa majoritária. Um encontro com o Observatório Político de O Paralelo 13, na próxima terça-feira, pode revelar mais detalhes da estratégia e dos aliados que ela busca reunir.
Já o senador Irajá Abreu (PSD) escolheu outro caminho: oposição clara ao Palácio Araguaia. Sua atuação tem sido marcada por firmeza e por manter distância política do governador. Irajá tem liberdade para isso e a usa com estratégia. Mas, ao se afastar de um núcleo que busca agregar, corre o risco de perder centralidade. Mesmo assim, mantém apoio de mais de 20 prefeitos eleitos pelo PSD e ótimo relacionamento com gestores de Araguaína, Paraíso e Porto Nacional. Ainda não definiu se será candidato à reeleição ou à Câmara Federal. É uma carta no baralho sucessório de 2026 que ninguém deve subestimar.
Vicentinho, Laurez e Amélio: política sem trincas
O deputado federal Vicentinho Júnior (Progressistas), em sua fala durante a Agrotins, foi direto ao ponto: “briga e desavença não fazem parte do meu vocabulário”. Seu discurso reforçou o tom pacificador que tem marcado o ambiente político recente no Tocantins. Já o vice-governador Laurez Moreira (PDT), embora também adote uma postura de diálogo com diversas correntes, enfrenta um momento politicamente sensível. A crise nacional que atingiu o PDT, após a revelação de um rombo de mais de R$ 6,5 bilhões no INSS, provocou turbulência na sigla. A exoneração do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, acusado de omissão mesmo após alertas do TCU em 2023, escancarou o desgaste. Embora o PDT tocantinense não tenha qualquer envolvimento no escândalo, o silêncio de Laurez, que preside o partido no Estado sobre o caso tem gerado desconforto entre aliados.
Enquanto isso, o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos), segue numa linha estratégica e ambiciosa, quer ser candidato ao governo com o apoio direto do governador Wanderlei Barbosa já no início de 2026. Para isso, tem intensificado os diálogos com prefeitos, dirigentes partidários e lideranças da base aliada, buscando consolidar seu nome como opção viável dentro do próprio grupo governista. Amélio evita confrontos públicos e tenta pavimentar seu projeto com base na lealdade, na construção de alianças e no compromisso de seguir o caminho coletivo.
Wanderlei: maestro da sinfonia pela união
No centro de tudo está o governador Wanderlei Barbosa, que assumiu, por ora, o papel de maestro de uma orquestra onde todos querem tocar a mesma música: a da gestão, da entrega de resultados e da coesão política. Com mais de 80% de aprovação, o governador evita antecipar o debate de 2026. Reitera que não boicotará ninguém que deseje disputar o governo ou o Senado. “Este é o ano da gestão, não da disputa”, repete.
O recado da Agrotins
A Agrotins 2025 foi mais do que a abertura de uma feira: foi a abertura de uma nova temporada política. O tom do diálogo e da composição substitui, ao menos por agora, o ruído das intrigas. O Tocantins parece começar a experimentar uma política feita com responsabilidade, maturidade e menos combustão. Aos pré-candidatos ao governo e ao Senado é hora de colocar a mão na massa, manter o fogo médio e pé na estrada. O jogo já começou! E o eleitor tocantinense está mais atento do que nunca.
Ação levou serviços de bem-estar e saúde, promovidos pelo Governo do Tocantins, para homenagear centenas de mães da região e incluiu também uma visita a uma família da comunidade
Por Rafael de Oliveira
Em um gesto de carinho e solidariedade, a primeira-dama e secretária extraordinária de Participações Sociais, Karynne Sotero, celebrou o Dia das Mães ao lado de centenas de mulheres em situação de vulnerabilidade social, pertencentes à comunidade tradicional Torrãozeiros, que vive às margens do Rio do Coco, no Parque Estadual do Cantão, no município de Caseara. A visita integra a ação promovida pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria Extraordinária de Participações Sociais (Seps), neste sábado, 10, para oferecer serviços gratuitos de beleza, saúde e cultura na região, em alusão à data comemorada neste domingo, 11.
A primeira-dama Karynne Sotero iniciou sua visita pela sede do Parque Estadual do Cantão, onde foram ofertados atendimentos ao longo deste sábado, 10
Esta é a primeira iniciativa realizada para a comunidade ribeirinha, dedicada especificamente à promoção de políticas públicas voltadas à valorização e autocuidado das mulheres. Com foco em prestar uma homenagem especial às mães, a ação proporcionou assistência, reforçando o compromisso social do Governo do Tocantins com as comunidades tradicionais que vivem da agricultura de subsistência, pesca e extrativismo, com base nos produtos da biodiversidade local.
A primeira-dama Karynne Sotero iniciou sua visita pela sede do Parque Estadual do Cantão, onde foram ofertados atendimentos ao longo deste sábado, 10. Em seguida, ela embarcou para um dos chamados Torrões, como os moradores denominam as porções de terra habitadas por cada família dentro do Parque Estadual do Cantão, termo que deu origem ao nome da comunidade dos Torrãozeiros.
No torrão de dona Régina Pastora Dias Fonseca e de seu esposo, Elpídio Sousa Fonseca, a recepção foi calorosa.
“Esse momento, para mim, é um dos mais gratificantes do nosso trabalho. Tivemos um momento maravilhoso na sede do Cantão com as mães interagindo, em que distribuímos brindes, cestas básicas e atendimentos. Agora, estamos aqui, em uma comunidade torrãozeira, comemorando com a família da dona Régina o Dia das Mães, conhecendo a sua luta e história de superação. Eu faço questão de vir acompanhar porque é uma oportunidade que temos de estar perto das comunidades, saber das dificuldades que eles passam, levar o afeto, o carinho e também a assistência. Os projetos sociais do Estado têm que chegar à ponta, e esse é o nosso desafio em conjunto com o governador Wanderlei Barbosa. É engrandecedor e gratificante chegarmos nas comunidades e conhecermos as realidades. Desejo um feliz Dia das Mães a todas as mães tocantinenses”, destacou a primeira-dama Karynne Sotero.
No torrão de dona Régina Pastora Dias Fonseca e de seu esposo, Elpídio Sousa Fonseca, a recepção foi calorosa. Mãe de três filhos e avó de quatro netos, dona Régina, de 59 anos, recebeu a primeira-dama Karynne Sotero com simplicidade e carinho, misturados ao orgulho de acolher uma presença tão especial. “É um privilégio muito grande receber a primeira-dama na nossa terra, onde já trabalhei muito, para conhecer a nossa história. Eu adoro viver aqui, plantamos banana, mandioca, feijão e tudo o que precisamos para nos alimentar. Nossa vida é simples, gostamos de receber muitas pessoas e somos muito felizes”, expressou a matriarca.
Ação de Dia das Mães
Coordenada pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria Extraordinária de Participações Sociais (Seps), a ação conta com o apoio da Secretaria Executiva da Governadoria (Segov); do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins); Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social do Tocantins (Setas); Corpo de Bombeiros Militar (CBMTO); Polícia Militar (PMTO); Secretaria do Turismo (Setur); Secretaria da Comunicação (Secom) e da Secretaria da Saúde (SES/TO).
Serviços de saúde, beleza e cultura marcaram a homenagem promovida pelo Governo do Tocantins às mães no Parque Estadual do Cantão;
A programação do evento proporcionou um dia especial para as mães da comunidade, com atendimentos de cabeleireiro, maquiagem e sobrancelha realizados pela Setas; aferição de pressão arterial e testes de glicemia, promovidos pela Segov; e entrega de cestas básicas por meio do programa Tocantins Alimenta Quem Precisa. A iniciativa também contou com sorteios de brindes, homenagens às mães; exposição de artesanato produzido por mulheres da região e apresentações culturais, com música ao vivo do sexteto da PMTO e declamação de poesias com Josafá Miranda, além de plataformas interativas de foto e vídeo 360°, permitindo aos moradores registrar os momentos vivenciados.
Supervisora do Naturatins, Aline Vilarinho, destaca a importância da ação para as famílias ribeirinhas da comunidade;
A supervisora do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) no Parque Estadual do Cantão, Aline Vilarinho, ressaltou a importância da ação para a região. “A ação é a primeira realizada para a comunidade de torrãozeiros que vive no Parque Estadual do Cantão, o que trará mais visibilidade para eles. Então, é um momento muito importante. O Naturatins está fazendo um trabalho de levantamento de informações sobre as 86 famílias que vivem na unidade, aplicando formulários de caracterização para diagnosticar como utilizam a terra e averiguar se esses usos estão em conformidade com a conservação ambiental, conforme termo de compromisso com o MPF [Ministério Público Federal]. Após essa fase teórica, vamos validar os dados e elaborar o diagnóstico sobre a situação atual da região”, informou a supervisora do Naturatins.
Creuza Pinto Gomes tem 63 anos, é mãe e avó e carrega o orgulho de suas raízes. Natural de Barreira do Campo, município do Pará que faz divisa com o Tocantins, marcada pelo rio Araguaia, ela herdou do pai um torrão, onde vive desde criança e que cuida com carinho. “Meu torrãozinho meu pai deixou para nós e tenho muito orgulho dele, que coloquei o nome de Seja bem-vindo. Lá temos plantações e fico muito feliz por ter meu cantinho e por estar aqui. Quando recebi a mensagem de que teria esse evento com salão de beleza, fiquei muito feliz, nunca tivemos aqui um evento assim. Parabenizo o governador Wanderlei Barbosa e a primeira-dama Karynne e todos que organizaram essa festa para nós. Deus é tão maravilhoso, estou muito grata”, compartilhou Creuza, que também é uma liderança política na região.
Comunidade Torrãozeiros
A comunidade Torrãozeiros é formada por grupos tradicionais que habitam o Parque Estadual do Cantão desde antes da criação da unidade de conservação, em 1998. O nome tem origem nos chamados torrões, que são pequenas porções de terra ocupadas por famílias que vivem dos recursos da floresta. Eles são exemplos de convivência harmônica entre o povo e o ecossistema, com práticas enraizadas no respeito ao ambiente e na preservação de suas tradições.
Reconhecidos legalmente, os Torrãozeiros são parceiros na conservação do parque e contribuem ativamente para a proteção de um dos ecossistemas mais ricos da Amazônia tocantinense.