Decreto será publicado na edição desta sexta do DOE
Por Jesuino Santana Jr.
Em razão do avanço da Covid-19 no Tocantins, o governador do Estado, Mauro Carlesse, resolveu, nesta sexta-feira, 26, manter a redução da jornada de trabalho dos servidores públicos do Executivo Estadual em 6 horas, das 8 às 14 horas, ou no horário alternativo, das 14 às 20 horas, até o dia 31 de março deste ano. A medida não se aplica às unidades do É Pra Já, uma vez que os servidores já cumprem a jornada laboral em turnos, de segunda a sexta-feira, das 7 às 13 horas, e das 13 às 19 horas, e aos sábados, das 8 às 12 horas.
O trabalho de forma remota segue assegurado aos idosos, com idade igual ou superior a 60 anos; gestantes e lactantes, considerando-se para estas o lactente de até um ano de vida; aqueles que mantenham sob sua guarda criança com idade inferior a seis meses de vida; e aos portadores de doenças respiratórias crônicas, cardiopatias, diabetes, hipertensão ou outras afecções que deprimam o sistema imunológico.
O decreto também mantém vetado, por tempo indeterminado, a realização de eventos e de reuniões de qualquer natureza, de caráter público ou privado, incluídas excursões, em que ocorra a aglomeração de pessoas, excetuando-se os casos expressamente autorizados por ato do Chefe do Poder Executivo Municipal, respeitados os respectivos planos de contingência e as regras para enfrentamento do novo Coronavírus.
O governador Carlesse afirmou que as medidas contidas no decreto reforçam o compromisso da Gestão Estadual em conter a proliferação da Covid-19 no Estado. “Temos visto que a nova variante do vírus é mais contagiosa. Precisamos continuar seguindo todas as recomendações dos órgãos de Saúde para conter a proliferação do vírus, senão nosso sistema de saúde irá entrar em colapso. Estamos fazendo a nossa parte, mas é necessário que as pessoas também estejam comprometidas e tomando todos os cuidados necessários”, frisou.
O decreto com as medidas será publicado na edição desta sexta-feira, 26, do Diário Oficial do Estado (DOE).
Regra para transporte
O decreto também veda, até 31 de março de 2020, em todo o território do Tocantins, a prestação de serviço de transporte coletivo urbano e rural, bem como o de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, público e privado, que exceda à metade da capacidade de usuários sentados.
Mais leitos de UTIs Covid
Além das medidas que visam conter a proliferação da Covid-19 no Tocantins, o Governo do Tocantins segue trabalhando para aumentar a capacidade de atendimento dos hospitais do Estado às vítimas do novo Coronavírus. Na última terça-feira, 23, o governador Carlesse determinou que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) tome todas as providências necessárias para a instalação de 16 novos leitos de UTI Covid no Hospital Geral de Palmas (HGP) e outros 20 no Hospital Geral de Gurupi (HGG).
Já na quarta-feira, 24, o Governador determinou que a SES adote as providências necessárias para a contratação de novos 90 leitos de UTI Covid-19 na rede privada do Estado, de forma a complementar a oferta existente no Sistema Único de Saúde (SUS). A SES já trabalha no credenciamento de instituições privadas com ou sem fins lucrativos para oferta destes leitos no âmbito do SUS.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Governo do Tocantins implantou 365 leitos Covid nos hospitais estaduais e também por meio de contratação de leitos na rede privada, todos atendendo pacientes do SUS. Destes, 138 leitos são de UTI. Assim que os 16 leitos do HGP e os 20 leitos do HGG estiverem em operação, o Tocantins chegará a 174 leitos de UTI exclusivos para o tratamento da Covid-19, todos sob a gestão estadual.
Vacinação
Dados da Saúde apontam que o Tocantins recebeu, até o momento, 112.400 doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 97.400 CoronaVac e 15.000 AstraZeneca. Destas 69.013 já foram entregues aos 139 municípios. 43.646 pessoas receberam a primeira dose e 8.156 a segunda. As últimas remessas recebidas pelo Tocantins, na última semana, serão entregues aos 139 municípios, a partir de segunda-feira, 1º de março.
De acordo com o Consórcio de Veículos de Imprensa do Brasil, o Tocantins encerra esta semana como o 12º ente da Federação em imunização de pessoas contra a Covid-19. Até esta sexta-feira, 26, 51.802 doses da 1ª e 2ª fase já foram aplicadas e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) segue orientando a vacinação e a alimentação do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização.
Deputado foi preso em flagrante por ordem do STF porque divulgou vídeo no qual defendeu o AI-5, mais duro ato da ditadura militar, e atacou com ofensas e ameaças ministros do tribunal
Com Agência Câmara
A Câmara dos Deputados decidiu nesta sexta-feira (19) manter a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Foram 364 votos a favor da manutenção da prisão, 130 contra e 3 abstenções.
O placar superou em 107 votos o mínimo exigido para a aprovação do parecer da relatora, deputada Magda Mofatto (PP-GO), que recomendou manter preso o parlamentar — eram necessários pelo menos 257 votos (maioria absoluta; metade mais um) dos 513 deputados.
A Câmara dos Deputados decidiu manter a prisão em flagrante e sem fiança do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), detido desde terça-feira (16) no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga notícias falsas (fake news), calúnias, ameaças e infrações contra o tribunal e seus membros. A decisão foi transformada em resolução promulgada na própria sessão.
No parecer da relatora pela Comissão de Constituição e Justiça, deputada Magda Mofatto (PL-GO), que recomendou a manutenção da prisão considerando “gravíssimas” as acusações imputadas ao parlamentar. Foram 130 votos contra e 3 abstenções.
Daniel Silveira gravou e divulgou vídeo em que faz críticas aos ministros do Supremo, defende o Ato Institucional nº 5 (AI-5) e a substituição imediata de seus integrantes.
Após a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes e referendada pelo Supremo, coube à Câmara decidir se ele continua preso ou não, conforme determina a Constituição.
Defesa
Em sua defesa, Daniel Silveira pediu desculpas pelo ato diversas vezes e afirmou estar arrependido.
"Já disse que me arrependi. E me arrependi, de fato. Não estou sendo demagogo ou hipócrita. Já solicitei aos pares a desculpa, a quem se sentiu ofendido. E também pedi desculpas a todo o povo brasileiro, que assim se sentiu ofendido", disse o deputado por vídeo da prisão onde se encontra, no Rio de Janeiro.
Ele também apelou aos colegas que "não relativizem" a imunidade parlamentar. "Pode abrir precedências catastróficas", disse Silveira.
Pró e contra
Durante a sessão, vários deputados se manifestaram sobre a situação de Daniel Silveira.
Fernanda Melchionna (PSOL-RS) defendeu a manutenção da prisão do deputado.
“Eu acho que o relatório da deputada Magda apontou bem vários ataques às liberdades democráticas cometidos pelo Daniel Silveira. Portanto, nós do PSOL votaremos e lutaremos pela manutenção da prisão desse criminoso delinquente. Votaremos também no Conselho de Ética. Aliás, representamos já pela cassação do seu mandato”, disse a parlamentar gaúcha.
Bibo Nunes (PSL-RS) discursou favoravelmente à soltura do colega de partido.
“Não estamos julgando o que ele falou. Ele mesmo disse que errou. Estamos aqui para dizer se a prisão é certa ou errada. Na minha opinião, essa prisão é totalmente despótica, autoritária”, disse Nunes.
Por Luciano Moreira
Após dez anos, foi encerrada uma ação da na qual um promotor do Ministério Público requeria ao jornalista Allan de Abreu– e depois a toda a redação do seu jornal – a revelação da fonte de reportagens sobre um inquérito da Polícia Federal em andamento.
Em outubro de 2020 a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito do jornalista em preservar a identidade de quem forneceu a informação. Os ministros também determinaram a retirada dos diálogos telefônicos pedidos pelo MP. Agora, a decisão transitou em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.
O sigilo da fonte jornalística é uma garantia constitucional prevista no art. 5º, inciso XIV, in fine, da Constituição Federal. Se algum fato chegou até o profissional da imprensa, por meio de uma fonte, e aquele, após checagem prévia, verifica que se trata de notícia verdadeira e de interesse público, é esperada a divulgação da informação.
E, por expressa determinação da Constituição, o jornalista não é obrigado a revelar a sua fonte, mesmo que o material entregue seja objeto de crime.
Não pode, também, por via indireta, quebrar-se o sigilo telefônico do jornalista e nem haver a busca e apreensão de seus instrumentos de trabalhos. Ora, se a autoridade policial quer saber quem é a fonte sigilosa, que investigue os fatos por outros meios lícitos, respeitando-se, assim, a garantia constitucional do sigilo da fonte jornalística.
No entanto, a responsabilidade pela veracidade do que for divulgado passa a ser do jornalista, que assume que seu conteúdo é verdadeiro e, por sua vez, exerce o dever ético para com a sua fonte, de não divulgar o seu nome.
FAKE NEWS
De outra forma, se as autoridades policiais conseguirem indícios de prova de que os jornalistas estavam mancomunados com a sua fonte (possível hacker) na produção das chamadas fake news, a garantia do sigilo da fonte é inaplicável e tais profissionais de imprensa devem também ser investigados.
E a razão é simples: nenhuma garantia constitucional deve ser utilizada como escudo para cometimento de atos ilícitos. É um pressuposto básico de direito constitucional que é esquecido nos debates ideológicos radicais de hoje em dia. Logo, se os referidos jornalistas usarem a garantia do sigilo da fonte para cometer crimes, a Constituição não vai protegê-los.
Finalmente, ao contrário do que se possa parecer, o sigilo da fonte jornalística não se trata de privilégio da imprensa. A Constituição, ao proteger o trabalho do jornalista sério, garante, na verdade, o direito à informação e a preservação da liberdade de imprensa, a qual é oxigênio para a própria democracia, pois significa a existência de uma população bem informada sobre qualquer assunto de interesse público e verdadeiro.
A preservação da liberdade de expressão e de imprensa constitui pilar do sistema democrático, garantidos não só pela Constituição brasileira, mas por instrumentos de proteção internacional de direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário. Entre eles, a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana e o Pacto de San José da Costa Rica.
Enfim, "não há jornalismo e nem liberdade de imprensa sem sigilo da fonte, pressuposto para o pleno exercício do direito à informação" como já predizia Ruy Barbosa e reverberaram a ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), a ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Não se combate ao crime cometendo outro crime!
“Numa negociação muito delicada, não se deve apresentar de uma só vez as condições ou exigências estabelecidas por cada parte”
TANCREDO NEVES
Por Edson Rodrigues
Apesar de seu comportamento explosivo, natural da sua personalidade, falando sempre o que pensa, sem meias-palavras, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro sabia que precisaria fazer o que pudesse, ao extremo, para evitar que o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) fosse eleito presidente do Congresso, como queria o ex-presidente, Rodrigo Maia, pois a vitória de candidato “oposicionista” significaria caminho aberto para a instalação de processo de impeachment.
Rodrigo Maia e Baleia Rossi
Mais que isso, mesmo sem o impeachment, seriam mais dois anos tendo seu governo “amarrado” como foi nos dois anos com Rodrigo Maia comandando o parlamento.
E, conhecendo Jair Bolsonaro como passamos a conhecer depois de eleito presidente da República, as chances de as rusgas com o Congresso virarem uma justificativa para uma tentativa de ditadura, o que não seria bom para absolutamente ninguém no País.
CENTRÃO X CORRUPÇÃO
Para um especialista em política muito respeitado, que conhece a convivência dos poderes e acompanha diariamente os fatos políticos em Brasília, ao contrário do que muitos vêm falando, o ”renascimento” do centrão com a chegada de Arthur Lira à presidência da Câmara Federal, pode significar, até, um governo mais tranquilo para Jair Bolsonaro, mas pode ser, também, uma faca de dois gumes, uma vez que o próprio Lira não terá condições de cumprir as promessas que ele, pessoalmente, fez, para angariar os votos que necessitava, logo, se por um lado o presidente da República pode endurecer o jogo com os parlamentares do centrão em relação à voracidade por cargos e recursos, por outro, o próprio presidente da Casa, Arthur Lira vai precisar do auxílio do Planalto para manter seus compromissos.
Pensando dessa forma, não há uma relação direta entre a aproximação com o centrão e um hipotético relaxamento no combate à corrupção, aquela relação “toma-lá-dá-cá” que a grande mídia tanto alardeia ao lembrar frases do ministro Paulo Guedes, associando, claramente, o centrão à corrupção.
Neste caso, precisaremos esperar para ver como cada lado vai agir, até podermos suscitar um posicionamento ou tecer análises.
DESEJO X NECESSIDADE
Esse mesmo especialista faz uma análise precisa do que vem sendo a “era Bolsonaro”. Segundo ele, logo depois que o presidente assumiu, o Brasil vinha muito bem, obrigado, em termos de desenvolvimento, com a economia equilibrada, a corrupção sendo combatida quase que em tempo real, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES registrando lucros, estatais, com9o a Petrobras, se recuperando da era PT de governo, privatizações em curso dos aeroportos, ferrovias, empregos em crescimento, investimentos internacionais chegando a todo momento, preços dos combustíveis sob controle e, principalmente a inflação controlada, com o Real mantendo uma valorização constante, oxigenando e fazendo a economia crescer.
Era o desejo de todo brasileiro, o governo com que todos contavam.
De repente, aconteceu a pandemia, e tudo o que era desejo, virou necessidade.
Junto com a Covid-19, veio a saída conturbada do ministro Sérgio Moro, que caiu atirando para todos os lados, atiçando os poderosos no Congresso Nacional a pressionar o governo, a Justiça Federal e o STF por conta das operações e prisões da Polícia Federal, mas nada que fosse mais pesado e urgente que o avanço do coronavírus no País.
Bolsonaro não teve uma visão perfeita da situação acerca da pandemia, talvez influenciado pelas ações de seu “espelho”, o ex-presidente americano Donald Trump. Primeiro veio o negacionismo, depois, a aposta na cloroquina, os embates com o ex-ministro da Saúde que via a pandemia com olhos diferentes e apresentava bons resultados e, por isso, acabou demitido e substituído por outro, que nem chegou a “esquentar a cadeira”.
O resultado disso foi um aumento exponencial no número de mortes, a entrada no Brasil em um vergonhoso grupo de países que não tomaram medidas nem a tempo nem necessárias para o combate ao inimigo invisível, e um isolamento do País pela comunidade internacional.
A partir desse momento, a pandemia saiu do controle, a crise de saúde tomou grandes proporções, com reflexos imediatos na economia, com a necessidade do pagamento do auxílio emergencial aos que foram proibidos de sair às ruas para trabalhar, o que acabou com as reservas monetárias do País e foi iniciada uma guerra entre os que defendiam a permanência dos cidadãos em casa e os que queriam comércio e indústrias funcionando.
OPORTUNISMO NEFASTO
Os gatos com o auxílio emergencial já chegam a mais de 400 bilhões de reais, saídos dos cofres públicos sem que houvesse um fundo prévio para isso, beneficiando mais de 70 milhões de brasileiros. Mas, o dinheiro acabou, os repasses foram diminuindo, filtrando cada vez mais as pessoas que teriam direito, sofreu fraudes, deixou muita gente que precisava, legitimamente, dessa ajuda, de fora do programa de pagamentos e, com isso, a popularidade do presidente Bolsonaro que já vinha cambaleando, caiu drasticamente, colocando seus atos e ações do governo sob os holofotes mais críticos da mídia.
O dinheiro que o governo destinou, paralelamente, ao combate da pandemia, foi desviado por gestores que agiram sob um oportunismo nefasto, ignorando as milhares de vidas que se iam a cada centavo desviado. Foram mais de 200 bilhões de reais enviados a estados e municípios. Um terço disso, desapareceu nas mãos de corruptos da pior espécie, aquela que joga com vidas humanas em benefício dos próprios bolsos.
Esse descontrole quanto aos gastos das verbas federais levou os políticos a outro tipo de oportunismo perverso, que foi usar a bandidagem de seus pares, gestores, contra o governo que se via sem outra opção, senão a de enviar recursos na tentativa de salvar vidas.
Se o prefeito ou o governador desviou recursos, para esses políticos da oposição, a culpa era do presidente Bolsonaro, que lhes enviou dinheiro.
A explosão no número de mortos pela Covid chegou à casa do milhar, por dia, no Brasil. A paralização econômica gerou desemprego, falências e protestos e as eleições na Câmara Federal e no Senado estavam próximas de acontecer. Assim, o governo se viu de mãos atadas, tendo apenas um caminho a seguir: cooptar votos do chamado centrão, para garantir que as presidências do senado e da Câmara fossem, ao menos, neutras em relação ás ações da presidência da República.
Com toda essa conjectura socioeconômica e política, Jair Bolsonaro não teve alternativa, senão colocar seu time de líderes no Congresso e no Senado, e seus principais auxiliares, para mobilizar os aliados e convencer parlamentares de que ou seus candidatos venciam as eleições nas duas Casas de Lei, o seu governo estaria à mercê de um impeachment, e o Brasil à beira do caos e do retrocesso.
A tarefa foi cumprida com louvor por políticos como o senador tocantinense Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara Federal, pelos demais líderes e vice-líderes na Câmara Federal, ministros e os próprios candidatos, coordenados pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, e tanto Eduardo Pacheco, no Senado e Arthur Lira, na Câmara dos Deputados, foram eleitos com sobras.
Mas, Bolsonaro sabe dos riscos que essa aproximação forçada com o centrão podem acarretar ao seu governo.
Senador Eduardo Gomes e o presidente Jair Bolsonaro
Como já foi explanado acima, essa aproximação não significa portas abertas à corrupção ou à satisfação dos desejos dos componentes do centrão. Algumas concessões terão que ser feitas, mas tudo dentro do aceitável, da constituição, da moral e da ética.
Bolsonaro se livrou do risco do impeachment, mas tomou para si o compromisso de não se deixar cair em tentação, fazendo aprovar as reformas tributária, fiscal e trabalhista, passar as privatizações, ao mesmo tempo em que terá que fazer o Brasil avançar na vacinação contra a Covid-19 de forma rápida e eficaz, o que permitirá a volta da vida normal, o aquecimento econômico e o desenvolvimento do País.
Do contrário, todo o trabalho e desgaste para vencer as eleições na Câmara e no Senado terão sido apenas um adiamento de um fim que nem Bolsonaro nem seu grupo político, muito menos a população brasileira, querem.
Por hoje é só!
“O futuro é feito da mesma substância do presente”
SIMONE WEIL
Por Edson Rodrigues
Após um período de muito trabalho, totalmente concentrado em alinhavar acordos, criar pontes para diálogos improváveis, articular e buscar a vitória dos candidatos do presidente Jair Bolsonaro para as presidências da Câmara Federal e do Senado, exercendo com perfeição sua função de líder do governo no Congresso, o senador tocantinense Eduardo Gomes finalmente pode fazer uma pausa para nos trabalhos para definir o seu próprio futuro.
Um dos nomes mais fortes para assumir a vice-presidência da Mesa-Diretora do Senado, Eduardo Gomes concedeu entrevista à jornalista Maju Coutinho, do jornal Gazeta do Cerrado, em que revelou que abriu mão de assumir a vice-presidência do Senado para dar continuidade aos seus trabalhos como líder do governo Jair Bolsonaro, onde tem mais condições de continuar carreando recursos federais para os municípios e para o Estado do Tocantins, mostrando ser um político acima das vaidades pessoais e comprometido com a população tocantinense.
Senador Eduardo Gomes com a jornalista jornalista Maju Coutinho, do jornal Gazeta do Cerrado/ redes sociais
Perguntado sobre quais seriam seus planos a partir de agora, Gomes, que escolhe cada palavra antes de pronunciá-la e que se policia para não melindrar, atacar ou desagradar ninguém, mesmo o seu mais declarado adversário político, deixou de lado a retórica política e “encaixou” mensagens em cada entrelinha de suas declarações.
CASA ABERTA
A entrevista ocorreu na casa do senador, em Brasília, local em que recebeu todos os 139 prefeitos eleitos no Tocantins no ano passado, e foi aos prefeitos – e ao governador Mauro Carlesse – que a primeira “mensagem” foi direcionada: “nesses dois anos de mandato, conseguimos carrear mais de 400 milhões de reais. Chegou a hora de acompanhar esses benefícios com os prefeitos, com o Estado, o que foi feito com esses recursos”.
Gomes citou a consolidação da Codevasf, a revitalização do Projeto Rio Formoso, o Projeto Calha Norte, a duplicação da BR 153, em suas passagens urbanas e o início do projeto da BR-235, que ligará o litoral do Nordeste do País à região do Jalapão, impulsionando o turismo na região e de grande importância para o escoamento da produção agrícola do Estado.
Ou seja, sua casa está sempre aberta para receber os gestores e suas demandas, mas os olhos estão bem abertos para conferir como os recursos liberados estão sendo aplicados.
CARAVANA PELO ESTADO
O senador anunciou que, neste mês de fevereiro, estará realizando uma caravana pelo interior do Tocantins, respeitando as orientações de restrições sanitárias e de saúde, por conta da pandemia. Sua primeira intenção será garantir a vacinação de toda a população tocantinense, área em que, mesmo após enviar milhões em recursos, equipamentos, respiradores e aparelhos hospitalares, ainda considera que pode fazer mais pela população, mas pretende fazer isso da forma mais segura para todos.
“Eu não chamaria isso de ‘caravana política’ ou ‘caravana de políticos’. Na verdade, é uma caravana de obras. Primeiro a gente entrega o benefício, depois visita o município. É assim que a gente trabalha em nossos mandatos”.
FUTURO POLÍTICO
Mas foi na hora em que foi perguntado sobre suas intenções políticas e as citações de seu nome para concorrer ao governo do Estado em 2022, que Eduardo Gomes mostrou sua verve mais segura, versando com humildade e galhardia sobre as eleições do ano que vem.
Senador Irajá Abreu, Marcelo Miranda, Siqueira Campos, Moises Avelino, Ronaldo Dimas e Kátia Abreu
Eduardo falou que o panorama eleitoral para 2022 é o mais positivo possível, citando os nomes de Ronaldo Dimas, seu amigo e aliado de longa data, do vice-governador, Wanderlei Barbosa e dos senadores Irajá e Kátia Abreu, como lideranças legítimas e com possibilidades de disputar o cargo de governador.
Porém, Eduardo Gomes deu uma aula de entendimento político, de leitura do momento atual e, sem citar a si próprio, deixou claro que será preciso muito mais que bons nomes para “seduzir” o eleitorado tocantinense.
“Muito mais que os candidatos, o que será eleito em 2022 será o projeto para o Tocantins, as propostas e como isso será apresentado aos eleitores. É o fim do improviso. Tenho certeza que, depois de 32 anos, o Tocantins não pode mais passar por “interrupções” (de governo), pois são muito caras para o Estado. Nem o governador Carlesse nem as demais lideranças, eu acredito, querem que o Tocantins passe por momentos como o que acabamos de passar, com três eleições em um mesmo ano. A democracia reza que todos que quiserem ser candidatos a governador do Tocantins, podem fazê-lo, mas que seja com planejamento, com projeto, uma eleição em que saibamos exatamente o dia em que vai acontecer, sem improvisos. ”
“Se eu puder colaborar e contribuir, como senador da República, eleito pelo povo do Tocantins, junto com meus colegas de bancada, para que a gente melhore e que a gente tenha uma escolha de governo soberana e tranquila, em torno de um projeto que possa atravessar décadas para o Estado tomara que aconteça desse jeito, pois nós precisamos retomar o planejamento do Estado”.
RECUPERAÇÃO
Gomes encerrou a entrevista com uma aula sobre a história política do Tocantins, mostrando que o Estado deve, sempre, vir à frente dos interesses pessoais.
“Os momentos em que o Tocantins mais cresceu, em que conseguimos fazer mais de quatro mil quilômetros de estradas asfaltadas e outra série de benefícios, foi porque, independente da questão política, os governadores Siqueira Campos, Moisés Avelino e, até, em um certo momento, Marcelo Miranda, tiveram condições de fazer projeções para o futuro. Nós todos, independente de partido, temos que recuperar esse compromisso com o planejamento do Estado, com o projeto de Estado. Que seja eleito aquele ou aquela que apresentar a melhor proposta para o planejamento e para a consolidação econômica e social do Tocantins. Eu sei que, no Tocantins, se fizermos um esforço concentrado, a gente consegue reunir uma série de pessoas que pensam que estão em lados opostos. O Estado é muito grande e dá para discutir uma política de convergência. Eu quero apostar nisso e ajudar, afinal de contas, o importante é que a gente continue sendo um estado protagonista do crescimento no País e que a gente recupere o sentimento de “ser Tocantins” maior que o sentimento de “ser do partido A ou B ou da pessoa A ou pessoa B. Isso atrapalha muito. E que todos nós tenhamos a compreensão de que esse processo político não será feito ‘de cima para baixo’. Será um processo político concentrado em políticas públicas permanentes e que recuperem o desenvolvimento do estado e a capacidade de planejar, pois todos sabemos que quando o Tocantins se dividiu demais, sofreu demais”, finalizou.
Para bom entendedor, meia palavra basta...