Cerco aos hackers: PF segue no encalço dos criminosos que violaram as conversas mantidas entre Moro e integrantes da Lava Jato; pistas estão sendo seguidas no Brasil e no exterior, e agentes veem respostas próximas
Por IstoÉ - Germano Oliveira
Desde que o site The Intercept Brasil revelou as trocas de mensagens privadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e os procuradores da Lava Jato em Curitiba, o Brasil acompanha apreensivo à divulgação, em doses homeopáticas, do teor das interceptações – fruto da violação de celulares de autoridades brasileiras.
O constrangimento ao qual foram expostos os integrantes da Lava Jato e o ex-juiz que se tornou símbolo do combate à corrupção no País pode mudar de lado. A Polícia Federal planeja-se para, nas próximas semanas, tentar emitir uma contundente resposta ao que classifica de ação orquestrada perpetrada por criminosos de alto calibre. Sob a coordenação do diretor-geral Maurício Valeixo, a PF acredita ter se aproximado dos hackers que invadiram a privacidade dos procuradores e expuseram as vísceras da Lava Jato.
Em investigações preliminares, os agentes da Polícia Federal já identificaram conexões no Brasil, em especial em Santa Catarina, e no exterior, com o suposto envolvimento de agentes na Rússia e até em Dubai, nos Emirados Árabes. Segundo agentes ouvidos por IstoÉ , a PF pode estar perto de alcançar os responsáveis pelo hackeamento ilegal, o que, se confirmado, constituiria uma bomba capaz de provocar uma reviravolta no caso.
As pistas da principal linha de investigação levam à Rússia. É onde reside o americano Edward Snowden , notório aliado do jornalista Glenn Greenwald , dono do site The Intercept Brasil . Em 2013, Snowden se aproximou dos irmãos bilionários Nikolai e Pavel Durov, que criaram o Telegram, um sistema de comunicação por mensagens similar ao WhatsApp. A PF suspeita que Snowden possa estar por trás do esquema de bisbilhotagem e divulgação das mensagens de membros do Ministério Público Federal. Recentemente, Snowden elogiou o Telegram por sua resiliência na Rússia, depois que o governo proibiu o aplicativo e pressionou para que liberasse o acesso às mensagens privadas dos usuários. Na PF,há quem acredite que o americano refugiado na Rússia possa ter se valido de recentes contatos com os Durov para ter acesso aos diálogos envolvendo as autoridades brasileiras.
Condinome: “lucky12345”
A partir da investigação sobre os passos de Snowden, informantes do Brasil na Rússia puxaram um outro fio do novelo: o que leva a Evgeniy Mikhailovich Bogachev, de 33 anos. Criador do vírus Cryptolocker e do ardiloso código Zeus, ele é procurado pelo FBI americano por crimes cibernéticos. Um rastreamento identificou que Slavic ou “lucky12345”, como é conhecido, teria recebido US$ 308 mil em bitcoins (a moeda virtual). Resta saber se o depósito foi realmente a contrapartida financeira por ele ter participado do processo de quebra do sigilo telefônico dos procuradores. O dinheiro teria circulado pelo Panamá antes de chegar a Anapa, na Rússia, onde foi transformado em rublos. Na última semana, o nome do agente russo veio à tona pela primeira vez através de um perfil anônimo no Twitter .
Embora parecesse inverossímil num primeiro momento, por conter erros de grafia e tradução, IstoÉ confirmou que a PF segue sim o rastro da pista, considerada importante pelos agentes hoje à frente do caso. Em especial, pelos indícios de que Slavic, uma espécie de laranja no esquema, possa estar ligado a Snowden. Um relatório de segurança da Ucrânia aponta que “lucky12345” atua sob a supervisão de uma unidade da espionagem russa.
Mas por que os bilionários irmãos Nikolai e Pavel Durov, do Telegram, se aliariam a Snowden e Slavic na tentativa de desqualificar a principal operação de combate à corrupção da história recente do Brasil? Agentes da PF colheram informações que os levam a crer que os Durov, atualmente abrigados em Dubai, podem ter agido com motivações puramente ideológicas. Adeptos do islã, eles teriam ficado enfurecidos com a proverbial predileção do presidente Jair Bolsonaro por Israel em detrimento aos árabes. Em abril, depois de recebido com honras pelo premiê Benjamin Netanyahu, o presidente anunciou a criação de um escritório de negócios em Jerusalém “para a promoção de comércio, investimentos e intercâmbio” bilaterais. Netanyahu saudou a abertura de um gabinete brasileiro na cidade e pediu que aquele fosse o primeiro passo para a abertura da embaixada brasileira em Jerusalém – o que provocou a ira dos islâmicos e, consequentemente, dos Durov. Bolsonaro, ao alcançar o poder, foi o principal beneficiário da Lava Jato, conduzida por Moro. Desmoralizar o juiz e a Lava Jato significaria enfraquecer o bolsonarismo e trazer a esquerda lulista de volta ao jogo. Confirmada a tese, Greenwald teria sido a ponta final da operação comandada pelo trio Snowden, Slavic e Durov.
Maurício Valeixo, diretor-geral da PF, está à frente da operação para achar responsáveis pela violação das conversas
Não custa lembrar que Greenwald e Snowden foram parceiros num trabalho desenvolvido em 2013 e que expôs dados secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA), do governo dos EUA. O material interceptado por Snowden, também de forma ilegal, foi divulgado por Greenwald no jornal inglês The Guardian e em outros jornais pelo mundo afora, como O Globo , no Brasil. Graças aos documentos vazados, o jornalista ganhou os prêmios Pulitzer e Esso. Pressionado a divulgar detalhes de sua operação, Snowden acabou se asilando na Rússia, onde passou a ser protegido pelo presidente Vladimir Putin. Enquanto que Greenwald se refugiou no Brasil, casando-se com o brasileiro David Miranda, atual deputado federal pelo PSOL e acabou fixando residência no Rio de Janeiro, de onde opera o The Intercept Brasil . Atualmente, Snowden é presidente da Freedom of the Press Foundation. Um dos co-fundadores é Greenwald. Na última semana, a PF considerou realizar uma operação de busca e apreensão dos computadores do dono do The Intercept e conduzi-lo para prestar depoimento, mas fontes ligadas ao ministro entenderam que esse fato poderia transformar o jornalista em mártir e o governo ainda corria o risco de ser acusado de cercear a liberdade de imprensa.
Trabalho de profissional
Algo é certo: a PF já sabe que o acesso ilegal ao aplicativo Telegram dos procuradores não foi realizado por amadores. “Não foi uma ação de um adolescente por trás de um computador. Tratou-se de um trabalho feito por uma organização criminosa altamente especializada”, endossou Moro em depoimento que prestou no Senado na quarta-feira (19) . De fato, segundo fontes da PF, o trabalho de hackers na quebra de sigilo de celulares e computadores foi coisa de profissional. Além de envolver equipamentos caríssimos que alcançam a casa dos milhões de dólares, fogem completamente do padrão de hackers de menor poder destrutivo, conhecidos como “defacements”, que se notabilizaram por fazer as chamadas “pichações políticas” em sites e organizar malfadados ataques a transações bancárias. No dia 4, o suposto hacker tentou se passar pelo ministro da Justiça enviando uma mensagem a um funcionário do gabinete de Moro, depois de ativar uma conta no Telegram.
Sem descartar as pistas que surgem pelo caminho, na última semana, a PF adicionou uma organização criminosa que operava em Santa Catarina ao rol dos suspeitos. Na terça-feira 18, a PF desencadeou a operação “Chabu” (vulgo “deu errado”) em Florianópolis, com o cumprimento de sete mandados de prisão e 23 de busca e apreensão. O objetivo foi a desarticulação de uma quadrilha que vinha quebrando sigilos de autoridades no estado para o vazamento de operações policiais e ações de órgãos públicos. Para a PF, a quadrilha pode estar envolvida na operação de hackeamento dos celulares dos procuradores do Paraná.
Entre os presos, está o delegado da PF Fernando Amaro de Moraes Caieron e o policial rodoviário federal Marcelo Roberto Paiva Winter, ambos especializados em crimes cibernéticos e tráfico de drogas. Foram presos ainda o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), e o ex-chefe da Casa Civil Luciano Veloso Lima.
Todos eles utilizavam a estrutura da empresa Nexxera, de tecnologia, para cometer as ilegalidades. Segundo fontes ligadas ao diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, a análise dos documentos apreendidos será decisiva para apontar a existência do elo do grupo com os hackers da Lava Jato . Assim como a conexão Brasil-Rússia-Dubai, o elucidamento do caso parece estar próximo. Quem acompanha as investigações assegura: se os indícios encontrados até agora se confirmarem, a PF estará bem perto mudar o rumo do rumoroso episódio que monopolizou as atenções dos brasileiros nas últimas semanas.
Nota de esclarecimento da Nexxera:
O Grupo NeXXera, empresa com mais de 27 anos de história, vem a público repudiar e contestar a matéria denominada “Cerco aos Hackers”, da revista IstoÉ, assinada pelo jornalista Germano Oliveira e reproduzida pelo portal de notícias IG.
Na última terça-feira, 18 de junho, o Grupo NeXXera colaborou espontaneamente com depoimentos para a Polícia Federal sobre a “Operação Chabu”. O papel do Grupo NeXXera, de fato, no caso, foi de contribuição ao processo.
Vale ressaltar, também, que ao contrário do que a matéria diz “O PREFEITO DE FLORIANÓPOLIS, GEAN LOUREIRO (SEM PARTIDO), E O EX-CHEFE DA CASA CIVIL LUCIANO VELOSO LIMA, UTILIZAVAM A ESTRUTURA DA EMPRESA NEXXERA, DE
TECNOLOGIA, PARA COMETER AS ILEGALIDADES”, pode se comprovar equivocada pois, no próprio depoimento do prefeito, quando perguntado sobre NeXXera, o mesmo diz: “QUE FOI PROCURADO POR ELES, NO ANO PASSADO, NA PREFEITURA, MOMENTO EM QUE OFERECERAM GRATUITAMENTE UM PROJETO PILOTO QUE POSSIBILITARIA O PAGAMENTO DOS TRIBUTOS MUNICIPAIS ATRAVÉS DE CARTÃO DE CRÉDITO; QUE ESSA TRATATIVA NÃO EVOLUIU, POIS A CAIXA CONTINUA SENDO A INSTITUIÇÃO
BANCÁRIA QUE CONCENTRA O RECOLHIMENTOS DESSES TRIBUTOS; QUE NUNCA FOI NA SEDE DA EMPRESA NEXXERA; QUE ESSE FOI O ÚNICO ENCONTRO QUE TINHA POSSIBILIDADE DE CONJUNÇÃO DE INTERESSES ENTRE A INICIATIVA PRIVADA E A
PREFEITURA”.
Além disso, outros dois pontos que comprovam que a matéria foi de pura concepção imaginária é que, primeiramente, o Grupo NeXXera conta somente com clientes privados e não possui nenhum cliente na administração pública. Outro ponto é que a empresa é um gateway de pagamento além de outras tecnologias para empresas e não uma companhia de investigação de dados.
Ciente de sua inocência e vítima de uma falácia sem provas, o Grupo NeXXera está à disposição para mais esclarecimentos e contribuirá sempre que preciso for com as autoridades competentes.
Em manifestação enviada ao STF, Raquel Dodge afirma que não é possível verificar autenticidade de mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil
Com iG Brasília
A Procuradoria-Geral da República ( PGR ) afirmou ao Supremo Tribunal Federal ( STF ) ser contra o pedido de anulação da sentença proferida pelo juiz Sergio Moro contra o ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá.
Em resposta a habeas corpus movido pela defesa de Lula argumentando a suspeição de Moro para conduzir o caso, que foi reforçado por mensagens divulgadas pelo site “The Intercept” que supostamente mostrariam Moro orientando a força-tarefa da Lava-Jato, a procuradora-geral Raquel Dodge afirmou que não é possível verificar a autenticidade das mensagens nem saber se houve adulteração, porque o material não foi entregue às autoridades do Judiciário.
“É que o material publicado pelo site The Intercept Brasil, a que se refere a petição feita pela defesa do paciente, ainda não foi apresentado às autoridades públicas para que sua integridade seja aferida. Diante disso, a sua autenticidade não foi analisada e muito menos confirmada”, escreveu Dodge.
A PGR ressaltou que, diante dos atuais elementos, existe “fundada dúvida jurídica” que impede o aproveitamento do material como prova neste momento.
Dodge afirmou ainda que há suspeitas de que o material tenha sido obtido por meio de ataques de hackers, o que, segundo ela, caracterizaria uma origem criminosa das informações.
“Por fim, a Procuradora-Geral da República manifesta preocupação com a circunstância de que as supostas mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil tenham sido obtidas de maneira criminosa, e que ferem a garantia constitucional à privacidade das comunicações, a caracterizar grave atentado às autoridades constituídas brasileiras. Requisitei inquérito policial para investigar este fato e determinei providências administrativas no âmbito do MPF sobre o tema”, escreveu a PGR.
O julgamento do habeas corpus está agendado para o próximo dia 25 pelo Supremo Tribunal Federal. O pedido da defesa de Lula havia sido feito antes da divulgação das mensagens pelo site, mas, após as reportagens, a defesa do ex-presidente acrescentou o material para reforçar os argumentos do habeas corpus.
Segundo relatório, Cuba não tomou medidas contra as denúncias de exploração dos participantes de convênios do governo cubano com programas internacionais, entre eles o Mais Médicos – do qual o país caribenho saiu após Bolsonaro pedir alterações. Com aparelhos de TV e muita bagagem, médicos cubanos que trabalhavam no Mais Médicos embarcam no Aeroporto de Brasília (DF) rumo a Cuba, após governo cubano se retirar do prograna
Com G1
Os Estados Unidos incluíram Cuba na categoria mais severa de países com tráfico de pessoas, segundo relatório apresentado nesta quinta-feira (20) pelo governo norte-americano.
Uma das razões, de acordo com o documento, são os convênios do governo cubano com programas de saúde em outros países – incluindo a parceria com o Mais Médicos, encerrada em novembro do ano passado.
De acordo com o relatório, Cuba se retirou do programa após os pedidos do então presidente eleito Jair Bolsonaro para "melhorar o tratamento e as condições de emprego dos profissionais de saúde cubanos depois de denúncias de coerção, não pagamento de salários, retenção de passaportes e restrições no movimento".
"O governo [cubano] não tomou medidas contra o trabalho forçado em programas médicos estrangeiros, mesmo com denúncias persistentes de que funcionários do governo cubano ameaçavam e coagiam alguns dos participantes a permanecerem no programa", diz o relatório.
Após a decisão do governo cubano em retirar o país do Mais Médicos, em novembro de 2018, Bolsonaro disse que "Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos cubanos e restringe a liberdade desses profissionais e de seus familiares".
"Eles estão se retirando do Mais Médicos por não aceitarem rever esta situação absurda que viola direitos humanos. Lamentável!", escreveu no Twitter, na ocasião.
Além de questionar as missões médicas, o relatório apresentado pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, diz que o governo cubano "não criminalizou todas as formas de trabalho forçado ou tráfico sexual de jovens de 16 e 17 anos".
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, respondeu pelo Twitter:
"Isto é o que as ideias conservadoras que imperam nos EUA confundem com tráfico de pessoas. Denunciamos esta acusação imoral, mentirosa e perversa".
Assim, Cuba passou do nível 2 para o nível 3 – o mais alto – da lista sobre tráfico humano. Nessa colocação, estão países que não cumprem os padrões mínimos de proteção a vítimas de tráfico estipulados pela lei norte-americana, como China, Coreia do Norte, Rússia, Venezuela, e, agora, a Arábia Saudita.
Países no nível 3 podem sofrer sanções e ficar sem ajuda econômica dos Estados Unidos no Fundo Monetário Internacional (FMI) ou outros órgãos de desenvolvimento global. O Brasil se manteve no nível 2.
"Essas medidas e a mensagem que as acompanha são muito claros: se vocês não se opõem ao tráfico, os Estados Unidos farão isso", disse Pompeo, segundo a agência France Presse.
Governo diz que decisão se deu por razões de interesse público
Com Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro vetou hoje (17) a regulamentação de franquia de bagagem inserida por emenda parlamentar na tramitação da Medida Provisória (MP) 863. A MP, que foi apresentada pelo governo de Michel Temer, autoriza até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas e foi aprovada pelo Congresso Nacional em maio deste ano. Segundo informações da assessoria de imprensa do governo, o veto se deu por razões de interesse público e violação ao devido processo legislativo.
Os deputados incluiram no texto original da MP a volta da franquia mínima de bagagem no transporte aéreo doméstico e internacional. De acordo com o destaque, que foi vetado por Jair Bolsonaro, o passageiro poderia levar, sem cobrança adicional, uma mala de até 23 kg nas aeronaves a partir de 31 assentos. Essa é a mesma franquia existente à época em que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) editou resolução permitindo a cobrança.
Na Câmara dos Deputados, parlamentares contrários à volta da franquia alertaram para o fato de que o setor tem liberdade tarifária, o que implicaria o aumento das passagens. Os deputados que votaram a favor da volta da franquia destacaram que o argumento de diminuição do preço para justificar a cobrança pelo despacho de malas não se concretizou desde 2017.
O porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, disse que a decisão do presidente foi tomada analisando vários aspectos, por razões de interesse público e suas consequências para o mercado nacional e que não há existe previsão da emissão de outra medida provisória. A partir do veto o tema continua sendo objeto da resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
VEJA, ISTOÉ E ÉPOCA ABORDAM DE DIFERENTES MANEIRAS O VAZAMENTO DAS CONVERSAS DE MORO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Desmoronando
As sentenças do juiz Sérgio Moro ainda serão objeto de estudo de juristas, sociólogos e cientistas políticos. Um fato, porém, é inquestionável: por meio delas, o Brasil mudou. Desde que Moro assumiu o papel de protagonista, a Justiça do país da impunidade levou à cadeia dois ex-presidentes da República (Lula e Michel Temer), processou outros dois (Dilma Rousseff e Fernando Collor) e praticamente dizimou a carreira de mais de uma centena de outros políticos, entre ministros, governadores, deputados, senadores e dirigentes partidários, ao desvendar o maior esquema de corrupção do planeta.
Moro tornou- se símbolo da Lava-Jato. A popularidade fez dele candidato natural a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, ele foi escolhido pelo presidente para comandar o Ministério da Justiça. Prevalecia até agora certa benevolência com determinadas decisões do então juiz, que eram consideradas menores diante de um bem maior: seu empenho no combate à corrupção. O herói parecia inatingível, a ponto de alguns já vislumbrarem até a possibilidade de ele se engajar em projetos pessoais mais ambiciosos, como a própria sucessão de Bolsonaro. Mas essa situação começou a mudar.
Na semana passada, a imagem de Moro como guardião da lei e da ordem ficou seriamente comprometida depois da divulgação pelo site The Intercept Brasil de mensagens que ele trocou com o procurador Deltan Dallagnol, o chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, enquanto julgava os processos. Os diálogos são inequívocos: mostram o estabelecimento de uma relação de cooperação incompatível com a imparcialidade exigida por lei de qualquer juiz.
Governo: os bastidores da queda do ministro Santos Cruz
O ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, cometeu um grande erro estratégico: abriu várias frentes de batalha simultâneas, e perdeu todas.
Saúde: adolescentes brasileiros bebem cada vez mais cedo
o longo de duas semanas, a reportagem de VEJA conversou com dezenas de jovens em três estados do país, São Paulo, Rio de Janeiro e Acre, acompanhou-os nas ruas, à noite, em bares e em ambientes domésticos. A constatação: debaixo do guarda-chuva paterno, supostamente protegido e saudável, ou fora dele, os adolescentes estão bebendo muito precocemente, e como adultos. É problema recorrente, que atravessa gerações e nunca saiu do olhar das entidades de controle da saúde e de vigilância policial, mas que agora ganha as cores fortes de levantamentos minuciosos.
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Istoé
A provação de Moro
A divulgação de conversas privadas com procuradores da Lava Jato expõe o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Por ora, no entanto, há muita espuma em torno do caso e um desejo irrefreável de setores do judiciário de desmoralizar a Lava Jato e criar um ambiente favorável à soltura de Lula.
Os diálogos revelados, na última semana, pelo site The Intercept Brasil sacudiram a República por envolverem o suprassumo da operação Lava Jato, em especial, o ministro da Justiça, Sérgio Moro – ex-juiz até então acima de qualquer suspeita e elevado à condição de herói nacional depois de mandar para a cadeia empresários e políticos poderosos. A reportagem, no entanto, deixa uma série de os desencapados expostos. A origem do material, obtido provavelmente de forma ilícita, a maneira como foi divulgado e por quem – um jornalista que jamais escondeu ser partidário da causa lulista – abrem margem para dúvidas. Divulgada a íntegra, observou-se que algumas trocas de mensagens foram descontextualizadas na edição. Ainda há, portanto, uma nuvem de mistérios e contradições a pairar sobre o caso ao qual se pretende dar ares de escândalo.
Algo, no entanto, já é possível depreender das conversas até agora reveladas: como a figura mitológica Antígona que enterrou o irmão à revelia do rei, o ex-juiz Sergio Moro parece ter admitido, movido pelo dever, flexibilizar os limites das normas que regem o convívio dos magistrados com os procuradores. Aparentemente, o juiz entendeu que, para desmantelar quadrilhas, enjaular empreiteiros e apanhar os mais altos hierarcas do País, não bastaria agir candidamente, sob pena de perder a batalha para criminosos donos de conhecidos tentáculos no Judiciário, Executivo e Legislativo. A julgar pelos efusivos aplausos recebidos pelo magistrado durante o jogo do Flamengo, em Brasília, na quarta-feira (12), a sociedade nutre semelhante compreensão. Por isso, ao m e ao cabo, fatalmente Sérgio Moro tende a ser absolvido no tribunal do povo. Ocorre que o desenlace do rumoroso episódio não constituirá um referendo popular. E essa é a nossa tragédia grega: é possível condenar um juiz que pode ter colocado a ética da convicção acima da ética da responsabilidade, de que falava o sociólogo Max Weber, na hora de enviar para trás das grades corruptos – muitas vezes confessos – agrados no maior assalto aos cofres públicos da história recente do Brasil?
Uma coisa é certa: existe um desejo incontido de setores do Judiciário para anular os processos da Lava Jato. Os que sempre acalentaram o sonho de desmoralizar a operação, mas receavam virar alvo de críticas, agora rasgaram de vez a fantasia. A campanha está aberta.
As manobras para libertar Lula
Com o beneplácito de ministros do STF, advogados se articulam para Lula ser solto em dez dias. Se não obtiverem sucesso na trama, pedirão para que ele vá para o regime semiaberto: trabalho de dia e detenção à noite.
Políticos corruptos e, sobretudo, os advogados de Lula se assanharam com a divulgação dos diálogos mantidos entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e os procuradores de Curitiba. Anal, o episódio está sendo usado pelos criminosos que sempre defenderam o m da Lava Jato para atingir o objetivo que perseguem desde o dia 7 de abril de 2018, quando o ex-presidente foi preso: a desmoralização da maior operação de combate à corrupção no País e a consequente libertação do petista. A banca de defensores de Lula já havia tentado obter sucesso em dezenas de pedidos de habeas corpus (HC) para o considerado “chefe da quadrilha do PT”, mas a Justiça sempre lhe fechou a porta. Agora, com a vinda à tona das conversas do ex-juiz, os rábulas petistas apostam todas as fichas na libertação de seu líder máximo. A sociedade, no entanto, está atenta para que ele não seja solto com o uso de expedientes marotos, como parecem ser os que alguns ministros do STF desejam.
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Época
O futuro da Lava Jato
Desde o começo da operação, em 2014, esse questionamento foi feito várias vezes. Surgiu quando houve uma tentativa do meio político de enfraquecer as investigações e quando membros do próprio Supremo, Mendes talvez o mais notório deles, começaram a fazer críticas aos métodos jurídicos aplicados pelo então juiz Sergio Moro, como o prolongamento de prisões preventivas. Direta ou indiretamente, Moro era chamado de parcial e Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato, de ativista, pelo tom de cruzada com que se referia à luta contra a corrupção. Nada do que aconteceu nestes últimos cinco anos se compara ao momento atual. A pergunta sobre o futuro da Lava Jato ganhou uma dimensão inédita a partir do domingo 9, quando o site The Intercept Brasil publicou mensagens trocadas entre os procuradores de Curitiba e entre Moro e Dallagnol pelo aplicativo Telegram entre 2015 e 2018. E mais: prometeu que há milhares de informações a serem divulgadas.
Sexo é consentimento
O que o caso Neymar vs. Najila ensina sobre o feminismo, segundo Kristen Roupenian. Escritora americana é autora do conto “Cat Person”, que causou sensação nas redes sociais ao ser publicado em dezembro de 2017 na revista “The New Yorker”.
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