Depois de ser colocada num saco de lixo, usada como bola numa partida de futebol e mordida por um cachorro, num vídeo viral de 2020, a réplica da cabeça do presidente Jair Bolsonaro (PL) feita pelo coletivo americano Indecline voltou a aparecer. Desta vez, numa outra pelada, na tarde deste domingo, dia 21, no Minhocão, o elevado Presidente João Goulart, em São Paulo.
POR MARINA LOURENÇO
Assim como na vez anterior, a ação faz parte da ação "Freedom Kick", ou chute da liberdade, do grupo de arte de rua. Nela, réplicas de silicone de cabeças de líderes considerados populistas pelo coletivo se tornam bolas de futebol. Nomes como o russo Vladimir Putin e o americano Donald Trump, por exemplo, também já estiveram em campo. As cabeças são obras do artista plástico espanhol Eugenio Merino.
A performance funciona como uma forma de protesto e costuma gerar enxurrada de curtidas, elogios, críticas e até mesmo ameaças de morte, sobretudo nas redes sociais, afirma o Indecline.
Em 2020, pouco após o grupo publicar o vídeo com Bolsonaro, mais de 3.000 comentários surgiram na publicação do Instagram --o perfil hoje está extinto. Muitos deles afirmavam que a obra desrespeitava o presidente, incitava o ódio e cometia crime. Outros diziam que se tratava de liberdade de expressão e endossavam as críticas contra o governante.
Agora que a cabeça de Bolsonaro protagoniza uma nova partida de futebol, esse debate volta a ser aceso, sobretudo pelo clima acalorado das vésperas da eleição presidencial.
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Vitor Rhein Schirato afirma que, primeiramente, é importante ter em mente que essa é uma discussão complexa. "Liberdade de expressão é um assunto nebuloso, porque pode haver conflito de princípios", diz ele.
Há uma linha tênue entre a liberdade de dizer o que se pensa e ferir as leis. "É claro que há casos evidentes. Se alguém falar 'matem o Bolsonaro', isso é um discurso de ódio. Agora, fazer uma bola de futebol com a cabeça do presidente não é a mesma coisa."
Ele avalia que Bolsonaro não só é uma figura pública, mas também é o chefe de Estado, o que, inevitavelmente, faz com que ele possa ser alvo de protestos.
Schirato analisa que o "Freedom Kick" é, de fato, "uma ação jocosa que está depreciando Bolsonaro" e, por isso, até pode ser interpretada como discurso de ódio. Mas o ato de barrá-la também pode ser lido como censura, já que os brasileiros são livres para protestarem contra o governo.
O professor também ressalta que depreciar líderes políticos não é uma novidade. "Teve manifestação jocosa contra FHC, Lula, Dilma, Temer. Quantas pessoas desenharam o Temer como o mordomo do Drácula? Por que com Bolsonaro seria diferente?", diz.
Para Schirato, outro fato para ser levado em conta é o fato de o presidente, que agora tenta se reeleger ao cargo, dar declarações que também podem ser acusadas de incitar violência, como quando prometeu "fuzilizar a petralhada", em 2018. Com isso, iniciativas como as do coletivo Indecline tampouco deveriam surpreender, afirma.
Com dois quilos e meio, uma réplica ultrarrealista da cabeça do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi usada como bola de futebol no começo da tarde deste domingo, dia 21, no Minhocão, o elevado Presidente João Goulart, em São Paulo. O evento, organizado pelo coletivo americano Indecline, foi uma mistura de performance e protesto contra o governante, que neste ano tenta reeleição.
Por Folha de São Paulo
"Vamos chutar a cabeça desse verme", dizia uma mulher, apontando para a bola com o rosto de Bolsonaro, que era jogada de um lado para o outro. "Venham, pessoal, é gostoso demais. É terapêutico."
O evento reuniu um número pequeno de pessoas. Os termômetros não passavam dos 19 ºC na capital. Mas a pelada atraía a atenção de quem passava ao redor, fosse andando, correndo ou pedalando. Surpresos com a réplica, muitos paravam para fotografar o jogo, que ocorreu sobre um tapete de grama artificial, estendida sobre o asfalto.
Palavras de ordem como "fora, Bolsonaro" eram ouvidas. E quem quisesse entrar em campo para marcar gols tinha a vida fácil, já que não havia goleiros para defender a réplica do presidente.
"Filha, é aqui que você deve fazer cocô", disse uma das jogadoras à sua cadela, indicando a bola. Outros cachorros também foram incentivados a urinar e defecar sobre ela, que terminou o jogo descabelada, esfolada e com a carcaça rasgada.
A ação é parte do projeto "Freedom Kick", ou chute da liberdade, e já havia gerado o video "Brazil". Publicado em 2020, ele mostra uma réplica parecida da cabeça de Bolsonaro sendo colocada num saco de lixo, usada como bola de futebol e mordida por um cachorro.
"A gente quer mostrar que esse cara realmente não presta", afirmou Tiely, um dos que chutaram a réplica. Com meião com as cores da bandeira LGBTQIA+, ele é um jogador transexual, atleta do time Tamanduás Bandeiras e preferiu ser identificado apenas pelo nome. Apoiador do Indecline, jogou tanto na partida de 2020 como na deste domingo.
"Nós estamos aqui fazendo algo lúdico. Enquanto isso, tem gente que invade festa dos outros para dar tiro", diz Tiely, em referência ao assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda pelo policial bolsonarista Jorge Guaranho, no mês passado.
"Tenho certeza de que quem parou hoje no Minhocão para chutar essa bola melhorou o seu estado de espírito", completa.
Fundado em 2001 por grafiteiros, fotógrafos e ativistas, o coletivo americano coleciona polêmicas com projetos que cutucam personalidades e líderes políticos que são, segundo o grupo, fascistas. Nomes como o russo Vladimir Putin e o americano Donald Trump, por exemplo, também já tiveram suas cabeças replicadas e chutadas.
Além disso, o coletivo já pendurou bonecos vestidos com a roupa da Ku Klux Klan em árvores, como se estivessem enforcados, e fez uma estátua de Trump nu, com um micropênis e sem testículos, por exemplo.
Um porta-voz americano do coletivo acompanhou a ação em São Paulo. Ele se manteve anônimo --o Indecline não revela a identidade de seus integrantes. Na opinião do representante, o presidente brasileiro é comparável a Donald Trump e flerta com o fascismo. E diz que, nesta eleição presidencial, o país deve ter em mente que votar no Lula não significa idolatrá-lo, mas escolher um candidato possível.
Ele afirma que o jogo com a réplica da cabeça é uma metáfora. E que, se Bolsonaro der um golpe para permanecer no cargo, as pessoas de verdade vão se machucar --não as réplicas.
Em 2020, pouco após o Indecline publicar o vídeo "Brazil", mais de 3.000 comentários brotaram na publicação do Instagram --o perfil hoje está extinto. Muitos deles afirmavam que a obra desrespeitava o presidente, incitava o ódio e cometia crime.
Um inquérito chegou até a ser aberto, mas foi arquivado pelo Ministério Público Federal, que alegou que a Constituição Federal garante a liberdade de expressão da atividade artística.
Além disso, membros do Indecline disseram ter sofrido ameaças de morte, algo que ocorre com frequência no coletivo. Mesmo assim, seus membros afirmam que continuarão a promover as ações.
"Quatro anos atrás Venezuela era o exemplo, em 2022 temos mais a Argentina", publicou o empresário Luciano Hang, conhecido como "Véio da Havan", no último dia 11 de agosto.
Com CNN
A frase escrita por um dos empresários mais alinhados ao presidente Jair Bolsonaro ilustra bem um fenômeno que vem ganhando força nas redes sociais: o uso da crise argentina como estratégia eleitoral.
Um levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedidos da BBC News Brasil, mostra que o volume de menções sobre a Argentina no debate político no Twitter já é maior do que o da Venezuela, um país cuja crise foi amplamente utilizada por políticos brasileiros nos últimos anos.
De janeiro a agosto de 2022, foram 494,4 mil menções à Argentina, contra 483,6 mil à Venezuela, em posts que envolvem o debate eleitoral. Levando em conta o período entre o fim de julho e começo de agosto, com a proximidade das eleições, a Argentina já é mencionada mais que o dobro de vezes.
"Os posts com mais retuítes foram feitos por contas bolsonaristas. O movimento é todo puxado por declarações do presidente e posts de seus apoiadores", diz Victor Piaia, pesquisador responsável pelo levantamento na FGV.
O Twitter, diz Piaia, é representativo por ser "a plataforma que reúne mais condições para a disputa de narrativas e visões entre diferentes grupos políticos".
Nos últimos meses, o presidente e pessoas próximas, como o filho Eduardo Bolsonaro, dedicaram espaço em várias redes sociais para falar do país vizinho.
"Essa atual crise passa, a que não passa é a do Socialismo, que o PT ajudou a implementar na Venezuela, está em andamento na Argentina", escreveu o presidente em maio.
Eduardo fez recentemente uma live no Facebook e Twitter sobre "O fracasso político na Argentina" e pediu para seus seguidores combaterem a "desinformação" compartilhando a situação no país vizinho.
Nas eleições de 2018, a situação era diferente. Nos meses que antecederam o pleito, o então candidato Bolsonaro fazia várias menções à Venezuela no Twitter e nenhuma à Argentina, na época governada pelo direitista Mauricio Macri. Já Eduardo mencionava os vizinhos em comentários pontuais sobre futebol.
Naquele ano, sob o governo Macri, a Argentina entrou em recessão, com recuo do PIB. Um ano mais tarde, o próprio presidente admitiu o fracasso econômico do seu governo, após perder nas urnas para o atual mandatário, Alberto Fernández. Atualmente, o país enfrenta problemas como inflação recorde (entenda mais abaixo).
Muda o país, mas o tom segue o mesmo: um "alerta" ou uma "ameaça" de que, se o candidato rival vencer, o destino do Brasil será aquele de vídeos e imagens compartilhadas.
Crise na Venezuela levou milhões a deixaram o país. Na foto, ponte na fronteira com a Colômbia
Uma análise feita por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostrou que, em 150 grupos de Whatsapp ligados ao bolsonarismo nas eleições de 2018, o número de menções à crise na Venezuela disparou nos meses que antecederam a votação.
O professor Viktor Chagas, coautor do artigo "O Brasil vai virar Venezuela: medo, memes e enquadramentos emocionais no WhatsaApp pró-Bolsonaro", ressalta que esse tipo de comparação com as crises venezuelanas vem desde 2002, na campanha de José Serra (PSDB) contra Lula.
A campanha tucana utilizou a situação da Venezuela na época (com greve geral e tentativa de deposição de Hugo Chávez), para atacar Lula, sinalizando que o posicionamento do petista levaria a uma crise similar à vivenciada pelo país vizinho. Lula acabou sendo eleito.
"Bolsonaro resgata isso, justamente porque o bordão 'Brasil vai virar Venezuela' é capaz de evocar o imaginário antipetista que, para 2018, foi exatamente o mote da campanha", diz Chagas.
Por que, então, os holofotes se voltam agora à Argentina?
A crise na Argentina
De fato, a Argentina passa por um momento de crise — algo que não é incomum no país nas últimas décadas, seja em governos de esquerda ou direita.
A Argentina sofre historicamente com uma falta de fio condutor em sua economia. Nas últimas quatro décadas, os modelos de crescimento têm oscilado bastante entre um governo e outro, indo muitas vezes em direções opostas — como aconteceu, mais recentemente, com o governo liberal de Macri, que sucedeu os dois mandatos de Cristina Kirchner, marcados por um viés mais protecionista.
O resultado é que os principais problemas (como inflação, dívida externa e a desvalorização do peso) tiveram bons momentos, mas nunca solução de médio prazo.
"Na Argentina, a profunda divisão causada no Peronismo [o movimento político criado pelo presidente Juan Domingo Perón na década de 1940] faz com que, quem assume quer destruir o que o outro fez", explica Carlos Eduardo Vidigal, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e especialista nas relações entre Brasil e Argentina.
No momento atual, a inflação é o grande pesadelo no país. Em julho, o índice dos últimos 12 meses atingiu 71%, recorde nos últimos 30 anos. No Brasil, esse índice está em 10,07%.
A ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Maria Claudia Bucchianeri negou neste sábado (20) um pedido da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse obrigado a excluir postagens em que associa o petista à facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
POR RENATO MACHADO
Bolsonaro postou em suas redes sociais um vídeo com reportagem da TV Record que mostrava um áudio de integrante da facção, captado em intercepção telefônica feita pela Polícia Federal na Operação Cravada.
O integrante do PCC fala na gravação que "com o PT nois (sic) tinha diálogo. O PT tinha com nois (sic) diálogo cabuloso".
Ao postar o áudio, o presidente da República ainda acrescentou: "líder de facção criminosa (irraaa) reclama de Jair Bolsonaro e revela que com o Partido dos (iirruuuuu) o diálogo com o crime organizado era 'cabuloso'".
"É o grupo praticante de atividades ilícitas coordenadas denominado pela décima sexta e terceira letra do alfabeto com saudades do grupo do animal invertebrado cefalópode pertencente ao filo dos moluscos", completou o presidente.
A ministra argumenta que não fez juízo de valor sobre a gravação, se era verdadeira ou não. No entanto, sustenta que esse áudio foi efetivamente objeto de reportagens jornalísticas recentes e ano passado, sendo que jamais foram desmentidas.
"Dessa forma, sem exercer qualquer juízo de valor sobre o conteúdo da conversa interceptada, se verdadeira ou não, o fato é o de que a interceptação telefônica trazida na matéria jornalística compartilhada e comentada pelo representado é real, ocorreu no contexto de determinada operação coordenada pela Polícia Federal, de sorte que a gravação respectiva é autêntica, o que não implica, volto a dizer, qualquer análise de mérito sobre a procedência, ou não, daquilo o quanto dito pelas pessoas cujas conversas estavam sendo monitoradas", afirmou a ministra na decisão.
A ministra acrescenta que a situação seria diferente se a narrativa política estivesse construída a partir de fatos inverídicos ou gravemente descontextualizados.
A ação ingressada pelo PT pedia a retirada das postagens alegando que se tratava de propaganda eleitoral antecipada negativa e desinformativa. Além disso, argumentava que as postagens configurariam "narrativa maliciosa e desinformativa que teria o objetivo de traçar algum vínculo entre o pré-candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva e a organização criminosa denominada Primeiro Comando Capital, também conhecida como "PCC"".
O PT também pedia a remoção de uma terceira postagem, na qual o presidente divulga a informação de que Lula venceu as eleições em 2018 nos presídios.
"Não sou eu, mas o próprio crime organizado que demonstra tê-lo como aliado e a mim como inimigo", escreveu Bolsonaro.
Novamente, a ministra afirma que se trata da construção de narrativa "política, crítica, sarcástica, desagradável e desfavorável". No entanto, acrescenta que as informações não são falsas.
Marcelo Miranda lembra conversa com o pai, que comparou Ronaldo Dimas a Iris Rezende
Com Assessoria
Coordenador da campanha do candidato a governador Ronaldo Dimas (PL), presidente estadual do PL e líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, Eduardo Gomes afirmou que o evento deste sábado, 20 de agosto, em Araguaína, foi o “primeiro passo de uma caminhada que vai revolucionar o Tocantins”.
Caminhada da coligação A transformação que o Tocantins Precisa, a atividade política reuniu mais de 10 mil pessoas no centro da cidade.
Eduardo Gomes lembrou do senador João Ribeiro, ex-prefeito da cidade e falecido em 2013. “Tenho certeza Ronaldo, que onde ele está, ele te deseja sorte”, destacou.
Ele fez questão de destacar os candidatos a deputado da coligação, afirmando que todos serão importantíssimos no processo eleitoral. Além disso, lembrou que a transformação só se dá com a união de forças e participação de todos.
Marcelo Miranda lembra conversa com o pai, que comparou Ronaldo Dimas a Iris Rezende
Ex-governador e presidente estadual do MDB, Marcelo Miranda lembrou, neste sábado, 20 de agosto, de conversa no ano passado com o seu pai, Brito Miranda. Brito, que faleceu em dezembro, comparou o candidato a governador Ronaldo Dimas (PL-MDB-Podemos) ao histórico emedebista ìris Rezende, principal responsável pelo crescimento e transformação de Goiânia.
“Meu saudoso pai se foi há oito meses. Eu lembro de uma das conversas que tive com ele no ano passado: ‘Estive em Araguaína e conheci um novo Iris Rezende e ele se chama Ronaldo Dimas’”, lembrou Marcelo Miranda, durante caminhada da coligação A Transformação que o Tocantins Precisa realizada em Araguaína.
Marcelo Miranda também recordou ter iniciado sua história política em Araguaína, falou de todo seu carinho pela cidade e ressaltou que o grupo de aliados tem a maior das responsabilidades: fazer uma campanha de debate para levar a transformação realizada por Dimas em Araguaína para todo o Estado.