Empresas estão sendo acusadas de impulsionar conteúdo irregularmente
Com Agências
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira, 2, que a Polícia Federal (PF) colha os depoimentos dos presidentes do Google, do Spotify, da Meta e da Brasil Paralelo. As companhias teriam impulsionado, em suas plataformas, conteúdo contra a aprovação do Projeto da Censura.
Moraes quer saber por que essas empresas supostamente utilizaram mecanismos que podem constituir “abuso de poder econômico” e “contribuição para a desinformação”.
Na decisão, Moraes cita um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ), publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, segundo o qual “o Google vem usando os resultados de busca para influenciar negativamente a percepção dos usuários sobre o projeto de lei”.
Conforme o levantamento da UERJ, “as perguntas mais comuns feitas pelos usuários no Google relacionadas a PL2630 não utilizam o termo PL da Censura”. Além disso, “os dados sugerem que o Google vem usando os resultados de busca para influenciar negativamente a percepção dos usuários sobre o projeto de lei”.
“A análise da UERJ indica que ‘o faturamento com anúncios publicitários é a principal fonte de financiamento das plataformas'”, observa a decisão de Moraes. “Sem a devida transparência, não é possível saber qual o porcentual desses valores advém de anúncios criminosos e irregulares, que seriam impactados com o PL 2630, razão pela qual as plataformas são contra a regulamentação proposta pelo referido projeto de lei.”
O Projeto da Censura deve ser votado hoje na Câmara dos Deputados.
Apesar de Arthur Lira ter cravado a análise em plenário, o clima sobre a admissibilidade do parecer pelos deputados é de dúvida
Por Camila Costa
Apesar de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter cravado a votação projeto de lei das Fake News em plenário para esta terça-feira (2), o clima entre os deputados é de dúvida sobre o conteúdo do parecer do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Lira deve ter um posicionamento mais claro após a reunião de líderes.
Outro ponto que também pode adiar a votação da proposta é o entrave com a bancada evangélica, que questiona algumas mudanças no texto. O parecer preliminar do PL 2.630/2020 foi protocolado na última quinta-feira (27) na Câmara dos Deputados. O projeto é de autoria do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE).
Regulamentação
O PL das Fake News é um primeiro passo na regulamentação das redes sociais e buscadores de internet. O texto prevê regras de uso, gestão e punições — no caso de divulgação de informações falsas, por exemplo.
Leia também: PL das Fake News ignora sugestão de Moraes e mantém imunidade parlamentar na internet
O PL estabelece prisão de um a três anos e multa a quem promover ou financiar a disseminação em massa de mensagens que contenham "fato que se sabe inverídico" e que possa comprometer a "higidez" do processo eleitoral ou causar dano à integridade física de agentes públicos. Além disso, as plataformas terão de publicar regularmente relatórios semestrais de transparência com informações sobre a moderação de conteúdo falso.
Texto apresentado à Câmara não prevê punição a membros do Legislativo que compartilharem conteúdo ilegal on-line
Por Hellen Leitea
A versão do projeto de lei das Fake News apresentado pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) estabeleceu que a imunidade parlamentar deve ser estendida para o ambiente on-line. Assim, deputados e senadores não serão punidos por compartilhar conteúdo, mesmo que ilegal, nas plataformas digitais.
O projeto, que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados, deve ser votado no plenário na próxima terça-feira (2).
A posição sobre a imunidade parlamentar na internet contrapõe a visão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que defende que o direito à liberdade de expressão não pode ser usado como alegação para cometer agressões contra as instituições democráticas.
O ministro entregou ao Congresso Nacional uma proposta com quatro sugestões ao projeto de lei. Uma delas é a inserção de crimes tipificados no Código Penal que poderiam autorizar a remoção de conteúdo sobre "fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral".
Pela proposta de Moraes, a Justiça Eleitoral poderia, além de remover o conteúdo, aplicar multa de R$ 100 mil a R$ 150 mil aos provedores de redes sociais por hora de descumprimento.
Natália Piasentin, membro da Comissão de Direito Digital, Tecnologias Disruptivas e Startups da OAB-DF, afirma que a garantia da imunidade parlamentar às redes sociais pode desvirtuar a essência do projeto de lei.
"Admitir que manifestações parlamentares deliberadamente desproporcionais devam ser mantidas em alguma plataforma de acesso a informação, por conjecturar proteger falácias e fraudes pelo manto da imunidade parlamentar, inviabiliza a autorregulação e dá tratamento diferenciado a uma classe 'privilegiada', que estaria liberada a propagação fake news", afirma.
Relator do projeto deputado Orlando Silva (PC do B)
Ao defender a manutenção da imunidade parlamentar na internet, Orlando Silva afirmou que a lei não tem a intenção de censurar empresas ou usuários de redes sociais, e que casos de disseminação de notícias falsas devem ser investigados.
"Está escrito no texto que a imunidade parlamentar é extensiva às redes sociais. Nós vamos construir um caminho para produzir provas para investigação de quem for responsável pela disseminação de fake news", disse.
Para o advogado e professor de direito constitucional Antônio Carlos Freitas Junior, as redes sociais são uma extensão da tribuna política, e a liberdade de opinião dos parlamentares é uma garantia constitucional.
"Acho importante isso estar no texto para inibir interpretações diversas, mas, na verdade, esse texto apenas clarifica a irradiação direta da imunidade parlamentar no mundo virtual", opina.
"Lembrando que a imunidade parlamentar não é uma regalia. Os parlamentares têm como trabalho emitir a opinião dos seus eleitores e representados, então, esse é um jeito de garantir a ferramenta da palavra, que é a principal ferramenta de um parlamentar", completa.
PL das Fake News
O projeto conhecido como PL das Fake News cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Em linhas gerais, redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas e plataformas de busca deverão agir para sinalizar, retirar ou diminuir o alcance de contas e publicações acusadas de propagar conteúdo criminoso e que configurem ou incitem golpes de Estado, atos de terrorismo, suicídios, crimes contra crianças e adolescentes, discriminação e preconceito, violência contra a mulher e infrações sanitárias.
Outra mudança no relatório final foi a retirada da criação de uma agência reguladora para as plataformas digitais no país. O órgão seria responsável pela fiscalização e punição de empresas que descumprissem a lei. Esse foi o último ponto a ser discutido no texto, e era motivo de desentendimento na própria base do governo.
O MST (Movimento dos Sem Terra) aceitou o convite feito pelo presidente Lula (PT) e estará representado na nova versão do Conselhão grupo consultivo com expoentes da sociedade civil e do empresariado criado no primeiro governo do petista e retomado agora.
Com Estadão
A participação do MST foi confirmada neste sábado (29) pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), em publicação no Twitter.
O movimento vem sendo um dos principais alvos da extrema direita desde a posse de Lula, sendo alvo de diversas notícias falsas.
O convite ao MST foi mantido mesmo com a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o movimento na Câmara dos Deputados, articulada pela oposição.
As assinaturas para criar a CPI foram coletadas após o abril vermelho, período em que o movimento ampliou as ocupações de propriedades e sedes do Incra.
A CPI foi articulada por integrantes da bancada ruralista, que são antagonistas históricos do MST.
O movimento diz que só ocupou fazendas improdutivas, que pela legislação podem ser desapropriadas para assentar famílias.
Padilha criticou a CPI, que, segundo o ministro, não tem "fato determinado".
O QUE É O CONSELHÃO?
O grupo serve para dar sugestões ao presidente da República e é composto por representantes de vários segmentos da sociedade civil, incluindo economia, educação, inovação, saúde, entre outros.
Estes conselheiros prestam assessoria direta a Lula em todas as áreas de atuação do Governo, e esta é a principal diferença para outros conselhos, focados em uma área específica.
O Conselhão foi criado por Lula em 2003 e extinto por Jair Bolsonaro.
Os conselheiros são escolhidos pelo presidente e não são remunerados pela participação.
Os ministros analisaram um recurso do município de Salvador contra uma decisão da Justiça da Bahia
Relator defendeu que pagamento é responsabilidade do governo federal
Por André Richter
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (27) validar o pagamento do piso salarial nacional aos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias. Atualmente, o valor é de R$ R$ 2.424.
O pagamento do salário dos agentes foi definido com base na Lei Federal 12.994 de 2014, norma que estabeleceu o piso nacional da categoria, que deve ser seguido em todo o país.
A maioria dos ministros seguiu voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator, Para o ministro, o piso está previsto na Constituição e o pagamento é de responsabilidade do governo federal. Dessa forma, não há invasão de competência na autonomia dos estados.
Segundo a Federação Nacional de Agentes Comunitários de Saúde (Fenasce), o país tem cerca de 291 mil agentes de saúde e 100 mil profissionais para combate às endemias.
A constitucionalidade do piso nacional foi definida em um caso envolvendo a prefeitura de Salvador, que contestou uma decisão da Justiça Federal determinando o pagamento do salário dos agentes municipais com base na lei federal e definiu o alcance da expressão do piso salarial.