Duas pesquisas feitas no Brasil aparecem na fase pré-clínica no relatório da OMS

Por Marcelo Braga, G1 — São Paulo

 

Relatório publicado no site da Organização Mundial de Saúde (OMS) com dados até esta terça-feira (2) mostra que estão em desenvolvimento pelo menos 133 candidatas a vacina contra o vírus SARS-Cov-2, causador da Covid-19, sendo que dez delas estão na fase clínica, ou seja, sendo testadas em humanos.

 

Embora os estudos avancem em todo o planeta, muitos especialistas acreditam que a vacina não estará disponível em 2020. Projeções otimistas falam num prazo de 12 a 18 meses, que já seria recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou pelo menos quatro anos para ficar pronta.

 

Outra hipótese contra a qual todos os pesquisadores lutam é a de que uma vacina efetiva e segura nunca seja encontrada. O vírus do HIV, que causa a Aids, é conhecido há cerca de 30 anos, mas suas constantes mutações nunca permitiram uma vacina.

 

"Está todo mundo muito otimista, mas estudo de vacina é algo muito complicado. A maioria deles para na fase 3, de testes clínicos, pelos problemas que aparecem. É importante discutir essa possibilidade (de não se ter uma vacina)", admite Álvaro Furtado Costa, médico infectologista do HC-FMUSP.

Gustavo Cabral, imunologista que lidera um estudo na USP e no Incor (leia mais abaixo) concorda: “A vacina é o melhor caminho profilático (preventivo), mas não é o único caminho, há também os tratamentos. Para o HIV não há vacina e as pessoas que têm o vírus podem ter uma vida normal. Sabemos que aproximadamente 80% das pessoas infectadas com o SARS-CoV-2 não desenvolvem a Covid-19 ou têm sintomas leves. O problema são os outros 20% e o risco de fatalidade, hoje de 6%. Mas há centenas de estudos sobre medicamentos neste momento”, disse.

A busca pela vacina

Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas para testar segurança e resposta imune. Primeiro há uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos). O segundo momento é de fase pré-clínica, em que ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (ratos, por exemplo).

 

Só então é chegada à fase clínica, em humanos, dividida em três momentos:

Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;

Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;

Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário

Das dez vacinas em testes em fase clínica, algumas aparecem em estágio mais avançado, como a desenvolvida pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, que vai iniciar testes na 3 e que imunizará mais de 10.260 voluntários no Reino Unido.

 

Essa vacina é produzida a partir de um vírus (ChAdOx1), que é uma versão enfraquecida de um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés. A esse imunizante foi adicionado material genético usado para produzir a a proteína spike do SARS-Cov-2 (que ele usa para invadir as células), induzindo a criação de anticorpos.

 

A empresa AstraZeneca já fechou com EUA e Reino Unido para produzi-la em escala mundial. O CEO da farmacêutica disse à rede britânica BBC, no domingo, que a população pode ter acesso a 100 milhões de doses da vacina já em setembro.

 

"De forma prática: é possível que uma vacina fique disponível em cerca de 18 meses por causa do investimento no mundo inteiro. O mundo parou. Mas eu diria que é impossível até setembro", opina o brasileiro Gustavo Cabral.

 

Álvaro Furtado Costa também recomenda cautela com anúncios muito otimistas sobre vacinas. Ele acredita que não se pode desprezar, por exemplo, que uma novidade nesse campo impulsiona as ações da empresa que a anuncia.

 

 

A empresa norte-americana Moderna relatou que encontrou níveis de anticorpos semelhantes aos de curados nos primeiros testes clínicos. A companhia usa RNA mensageiro (mRNA). Uma vacina chinesa, do Instituto de Tecnologia de Pequim, feita com adenovírus recombinante tipo 5 (ad5), também mostrou bons resultados. Ambas estão neste momento no início da fase 2.

 

“Quando se começa um estudo de vacina, a fase 1 tem resultados bem preliminares e rápidos, para começar a avaliar se é segura, se não tem grandes efeitos adversos, mas você testa pouca gente. Nas fases 2 e 3 você testa 10 mil, 20 mil pessoas, isso é mais demorado. Aí você vê se realmente protege. O mundo testou vacinas de HIV que chegaram à fase 3 e aí falharam. É preciso ter calma”, disse Costa.

 

 

Há cerca de oito abordagens diferentes sendo testadas neste momento.

 

As iniciativas brasileiras

Duas pesquisas feitas no Brasil aparecem na fase pré-clínica no relatório da OMS.

 

Um dos projetos é liderado por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

 

Pesquisador responsável pelo estudo, Gustavo Cabral é imunologista pela USP e pós-doutor pela Universidade Oxford e na Universidade de Berna, na Suíça. Seu grupo trabalha com plataforma de vacina baseada em partículas semelhantes ao vírus (VLP, em inglês). Já há testes com animais.

 

“Quando um vírus entra nosso corpo, o sistema imunológico ataca. Não queremos utilizar o vírus, queremos usar partículas semelhantes ao vírus. Fizemos com chikungunya, Streptococcus e agora Covid-19. Essas partículas são apenas uma base que estimula o sistema imunológico. Nele, a gente coloca alguns pedaços do coronavírus, fragmentos proteicos ou proteína inteira, dando estímulo ao sistema imunológico para produzir anticorpo.”

 

Também em fase pré-clínica está uma vacina pesquisada pelo INCTV (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas), que tem base técnica elaborada pelo Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fundação Oswaldo Cruz-MG.

 

“Nossa técnica consiste em usar o vírus da influenza como vetor vacinal. Como se trata de um vírus defectivo para a multiplicação, ele não causa a doença, mas gera produção de anticorpos. Com esse processo, uma das possibilidades é desenvolver uma vacina bivalente, que possa ser usada contra influenza e contra o coronavírus”, explica o pesquisador Ricardo Gazzinelli, líder do Grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas e coordenador do INCTV.

Há trocas de informações entre os dois grupos de pesquisadores.

 

Iniciativa global

Nesta semana, a Casa Civil tinha prevista uma reunião interministerial para tratar da entrada do Brasil no ACT Accelerator, iniciativa global gerida pela OMS que pesquisa uma vacina para o coronavírus e que conta com a adesão de cerca de 40 países, incluindo ao bloco da União Europeia.

 

Há uma preocupação de o Brasil não ficar "no fim da fila" no acesso à vacina caso não se engaje no esforço internacional.

 

O Brasil, até o momento, se mantém alinhado ao governo dos Estados Unidos, que não está no ACT Accelerator, mas, dada a forma como o governo americano trata as questões de propriedade intelectual, não há nenhuma garantia de que o brasileiros se beneficiariam caso uma empresa americana desenvolva a vacina.

 

"Temos que desenvolver nossa própria vacina, estamos atrás da fila, não estamos envolvidos com a União Europeia. O país que desenvolver a vacina vai priorizar seu povo, seus associados e, depois, quem pagar mais", projetou o imunologista Gustavo Cabral.

 

Por que a demora?

Especialistas dizem que as vacinas demoram, em média, dez anos para ficarem disponíveis ao público após o início dos estudos.

 

Uma vacina ideal protege contra infecções, impede a propagação e faz tudo isso com segurança. Ou seja, é preciso que os efeitos colaterais sejam todos previstos e administrados pelos agentes licenciadores, evitando que as consequências sejam ainda mais perigosas para os infectados.

 

"O exército americano desenvolveu uma vacina usando vírus atenuado contra a chikungunya. Quando estava na fase 2, perto do estudo de larga escala e de licenciar para seres humanos, descobriram que 6% ou 8% dos vacinados desenvolvia fase mais crítica da doença. Em termos técnicos, se a gente pula de fase, quando chega bem próximo, precisa retomar tudo de novo", exemplificou Gustavo Cabral.

E o que fazer sem vacina?

Enquanto não há vacina, a busca é por medicações que possam diminuir a taxa de mortalidade e, portanto, recuperar infectados pelo vírus SARS-Cov-2. O ensaio clínico iternacional Solidarity, da OMS, é desenvolvido também no Brasil pela Fiocruz em 18 hospitais e 12 estados, com pesquisa de diferentes medicações.

 

Medicamentos usados para outros tratamentos podem ser adequados para combater o Covid-19. A adaptação, porém, também exige muita pesquisa e precisa ter erros minimizados.

 

As pesquisas hoje são, por exemplo, com antivirais como o remdesivir, adotado inicialmente para tratar ebola e hepatite C, e testado em Reino Unido, EUA e Japão: "Existem muitos estudos acontecendo com drogas na entrada do vírus, mas todos estudos ainda iniciais. Por enquanto não há nenhuma droga que resolva 100%", ressaltou Álvaro Furtado Costa.

 

A hidroxicloroquina segue liberada pelo Ministério da Saúde brasileiro para o tratamento de pacientes no estágio inicial da Covid-19, embora tenha tido testes interrompidos pela OMS, já que tem efeitos colaterais graves, como maior chance de parada cardíaca. E não há estudos que atestem sua eficácia contra o novo coronavírus.

 

Mas e se além de não acharem a vacina ideal nenhum remédio se mostrar eficaz para curar uma pessoa infectada? Quando a maioria das pessoas for contaminada ela pode ser erradicada por não ter mais quem infectar? Ou poderá voltar numa nova onda de pandemia em breve, se o vírus sofrer mutação? "Há perguntas que só são respondidas com o tempo", pondera Gustavo Cabral.

 

 

Posted On Quarta, 03 Junho 2020 12:48 Escrito por

General do Exército comanda a pasta desde que Nelson Teich pediu demissão do cargo, em 15 de maio. Em meio à pandemia do novo coronavírus, ministério está sem titular

 

Por G1 — Brasília

 

Foi publicado no "Diário Oficial da União" (DOU) desta quarta-feira (3) decreto do presidente da República, Jair Bolsonaro, nomeando Eduardo Pazuello ministro interino da Saúde.

 

No mesmo texto foi oficializada a exoneração de Pazuello da secretaria-executiva da pasta, cargo ocupado por ele anteriormente. Em meio à pandemia do novo coronavírus, a nomeação do ministro interino só foi publicada 18 dias após ele assumir o cargo.

 

Pazuello comanda o Ministério da Saúde desde o dia 15 de maio quando Nelson Teich anunciou sua saída do governo.

 

Em 20 de maio, Bolsonaro afirmou que Pazuello ficará “por muito tempo” à frente da pasta. Ainda de acordo com o presidente, o general, que não tem formação na área de saúde, seria auxiliado no ministério por uma “equipe boa” de médicos.

 

Dois dias depois, em 22 de maio, o ministro da Casa Civil, Braga Netto, afirmou que Pazuello está no cargo de ministro da Saúde “por tempo determinado”, com o objetivo de "acertar" a logística da pasta.

 

Embora tenha se referido a "tempo determinado", Braga Netto não disse qual será o prazo de interinidade de Pazuello na pasta.

 

Perfil

O ministro interino nasceu no Rio de Janeiro, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1984. Bolsonaro também se formou na instituição.

 

Na academia, fez cursos de operações na selva, paraquedista e aperfeiçoamento de oficiais.

 

General de Divisão desde 2018, Pazuello atuou como coordenador operacional da Força-Tarefa Logística Humanitária Operação Acolhida, responsável pelos trabalhos relacionados aos cidadãos venezuelanos que chegaram ao Brasil por Roraima, fugindo na crise no país vizinho.

 

Ex-comandante da Base de Apoio Logístico do Exército, o novo secretário-executivo do ministério trabalhou como coordenador logístico das tropas do Exército na Olimpíada de 2016.

Posted On Quarta, 03 Junho 2020 12:45 Escrito por

Estudo motivou a OMS a suspender os testes com as substâncias em ensaios clínicos internacionais. Uma manifestação de preocupação pode ser utilizada para registrar que há dúvidas sobre um artigo publicado em uma revista, mas ainda não há evidências conclusivas suficientes para uma retratação ou outra medida a tomar.

 

Por G1 

 

A revista científica "The Lancet" publicou, nesta terça-feira (2), uma nota na qual manifesta "preocupação" com o estudo sobre cloroquina e hidroxicloroquina que foi publicado na própria revista no dia 22 de maio. O estudo, feito com 96 mil pacientes de Covid-19, motivou a OMS a suspender os testes com as substâncias em ensaios clínicos internacionais.

 

No texto, a revista afirma que "importantes questões científicas foram levantadas sobre os dados relatados" no estudo.
Na pesquisa, os autores haviam concluído que o uso dos dois remédios, normalmente usados para tratar malária ou doenças autoimunes, não trazia benefícios contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Eles também constataram que o uso desses medicamentos trazia um risco de arritmia cardíaca.

 

A "The Lancet" informou que uma auditoria independente dos dados do estudo está ocorrendo, e os resultados são esperados "muito em breve".

 

Veja a íntegra da nota da 'The Lancet':

"Manifestação de preocupação: Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem um macrólido para tratamento de COVID-19: uma análise de registro multinacional

 

Importantes questões científicas foram levantadas sobre dados relatados no artigo de Mandeep Mehra et al. — Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem um macrolídeo para tratamento de COVID-19: uma análise de registro multinacional — publicado na The Lancet em 22 de maio de 2020. Embora uma auditoria independente da proveniência e da validade dos dados tenha sido encomendada pelos autores não afiliados ao Surgisphere e esteja em andamento, com os resultados esperados muito em breve, estamos emitindo uma manifestação de preocupação para alertar os leitores para o fato de que sérias questões científicas foram trazidas à nosso atenção. Atualizaremos este aviso assim que tivermos outras informações.

 

Os editores"

A manifestação de preocupação é um recurso que pode ser utilizado pelo editor para registrar que há dúvidas sobre um artigo publicado em um periódico, mas ainda não há evidências conclusivas suficientes para uma retratação ou outra medida a tomar.

Base de dados

O estudo publicado na "The Lancet" queria analisar se a cloroquina ou a hidroxicloroquina tinham algum benefício no tratamento de Covid-19 — acompanhadas ou não de macrolídeos (classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte).

 

Para isso, os pesquisadores analisaram uma base de dados de uma empresa chamada "Surgisphere", de Chicago, cujo dono é um dos autores da pesquisa. A compilação incluía informações de 671 hospitais em seis continentes.

 

 

A preocupação, agora, é com a qualidade desses dados. Na sexta-feira (29), a "The Lancet" havia emitido uma nota de correção sobre dados do estudo — entre eles a classificação geográfica de um hospital — que, no entanto, não alteraram o resultado dele.

No mesmo dia, em nota publicada no site da "Surgisphere", os cientistas afirmaram que uma auditoria dos dados estava em andamento.

 

New England Journal of Medicine

A revista científica "New England Journal of Medicine" também publicou uma manifestação de preocupação nesta terça-feira (2) em relação aos resultados de uma segunda pesquisa, não relacionada ao estudo da "The Lancet", que também foram constatados com base nos dados da "Surgisphere".

 

O estudo, publicado em 1º de maio, investigava os efeitos que medicamentos para tratar problemas cardiovasculares poderiam ter na Covid-19. Foram usados os dados de 169 hospitais em 3 continentes.

"Recentemente, foram levantadas preocupações substantivas sobre a qualidade das informações nesse banco de dados", destacou a revista. "Pedimos aos autores que forneçam evidências de que os dados são confiáveis. Enquanto isso, e para o benefício de nossos leitores, estamos publicando esta manifestação de preocupação sobre a confiabilidade de suas conclusões".

 

Veja a íntegra da nota:

"Manifestação de preocupação: Mehra MR et al. Doença cardiovascular, terapia medicamentosa e mortalidade em Covid-19. N Engl J Med. DOI: 10.1056 / NEJMoa2007621

 

Em 1º de maio de 2020, publicamos “Doença cardiovascular, terapia medicamentosa e mortalidade em Covid-19” , um estudo sobre o efeito do tratamento pré-existente com inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRAs) em Covid-19.

 

Este estudo retrospectivo utilizou dados de um banco de dados internacional que incluía registros eletrônicos de saúde de 169 hospitais em três continentes. Recentemente, foram levantadas preocupações substantivas sobre a qualidade das informações nesse banco de dados.

 

Pedimos aos autores que forneçam evidências de que os dados são confiáveis. Enquanto isso, e para o benefício de nossos leitores, estamos publicando esta manifestação de preocupação sobre a confiabilidade de suas conclusões.

 

Estudos de inibidores da ECA e de BRAs em Covid-19 podem desempenhar um papel importante no atendimento ao paciente. Incentivamos os leitores a consultar outros dois estudos publicados em 1º de maio de 2020, que usaram dados independentes para chegar a suas conclusões."

 

Brasil

Depois da decisão da OMS de suspender o uso da hidroxicloroquina em ensaios internacionais de Covid-19, o Ministério da Saúde brasileiro manteve a recomendação dela e da cloroquina para a doença.

 

Ao comunicar a decisão, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou que o estudo não tinha uma metodologia "aceitável para servir de referência".

 

"O estudo [da Lancet] não é um ensaio clínico, é apenas um banco de dados coletado de vários países. Não entra em um estudo metodologicamente aceitável para servir de referência para outros países, muito menos para o Brasil", declarou Pinheiro.

'Não invalida' resultados anteriores, afirma especialista

 

Para a microbiologista Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, os problemas encontrados no estudo da "The Lancet" não invalidam resultados anteriores, que já apontavam que a cloroquina e a hidroxicloroquina não têm benefício no tratamento da Covid-19.

 

"Isso não invalida os resultados anteriores que foram bem conduzidos, que foram publicados nas outras revistas, e todos indicam para o não funcionamento da hidroxicloroquina, com a azitromicina ou sem", destaca Pasternak.

"As conclusões que a gente tem até agora não foram alteradas porque o paper da Lancet tem problemas", afirma a cientista.

 

Para a microbiologista, a reflexão necessária é sobre a qualidade do conhecimento científico que está sendo gerado durante a pandemia. Pasternak lembra que a revisão de uma pesquisa por outros cientistas (a chamada "revisão por pares", ou "peer review", em inglês, que é necessária para um estudo ser publicado) leva tempo.

 

"A revisão pelos pares não foi desenhada para funcionar em 'fast-track' [de forma acelerada]. É uma revisão que tem que ser cuidadosa, e, por isso, ela demora", pondera.

"Eu acho que essa situação toda mostra como nós estamos despreparados para lidar com situações de emergência. A nossa primeira reação é o pânico. Desde o começo da pandemia a gente tem escutado pessoas dizerem 'não dá tempo de fazer um ensaio clínico controlado, randomizado e com grupo placebo'. Bom, já teria dado tempo. Se tivesse sido feito desde o começo, em vez de um monte de trabalhos incompletos, a gente já teria uma resposta muito mais confiável", avalia Pasternak.

 

 

Posted On Quarta, 03 Junho 2020 12:40 Escrito por

Declarações do procurador-geral da República durante entrevista endossaram atuação política das Forças Armadas e geraram críticas

 

Por Renato Souza

 

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou, nesta terça-feira (2/6), por meio de nota, que a Constituição Federal não abarca a hipótese de intervenção militar, como pregam determinados grupos e até políticos pelo país. As declarações ocorrem em meio a um clima de tensão entre o Poder Executivo e o Judiciário.

 

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro são alvos de um inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a prática de fake news e ataques contra a Corte. Bolsonaro contesta uma ação da Polícia Federal que mirou blogueiros, empresários e deputados que o apoiam. Ele também tem participado de atos que pedem o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional e chegou a citar que "as Forças Armadas" estão ao seu lado.

 

Durante entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, Augusto Aras chegou a citar que os militares podem agir para garantir a competência dos Três Poderes. “As Forças Armadas, no plano constitucional, atuam como garantes da Constituição. Quando o artigo 142 estabelece que as Forças Armadas devem garantir o funcionamento dos Poderes constituídos, esta garantia é nos limites da competência de cada Poder. Um Poder que invade a competência de outro Poder, em tese, não há de merecer a proteção desse garante da Constituição, porque, se esses Poderes constituídos se manifestarem, dentro das suas competências, sem invadir a competência dos demais Poderes, não precisamos enfrentar uma crise que exija dos garantes uma ação efetiva de qualquer natureza”, disse.

 

As declarações, que foram vistas como endosso a intervenção militar e quebra do regime democrático, repercutiram no mundo político e na internet. Em nota, Aras mudou o discurso e rechaçou qualquer atuação política das Forças Armadas. "A Constituição não admite intervenção militar. Ademais, as instituições funcionam normalmente. Os Poderes são harmônicos e independentes entre si. Cada um deles há de praticar a autocontenção para que não se venha a contribuir para uma crise institucional. Conflitos entre Poderes constituídos, associados a uma calamidade pública e a outros fatores sociais concomitantes, podem culminar em desordem social", diz o texto.

 

O procurador completa, destacando que as Forças Armadas devem preservar a democracia. "As Forças Armadas existem para a defesa da pátria, para a garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de quaisquer destes, para a garantia da lei e da ordem, a fim de preservar o regime da democracia participativa brasileira", completa o texto.

 

Posted On Quarta, 03 Junho 2020 05:29 Escrito por

Ao retornar as atividades presenciais, o presidente Câmara Municipal de Palmas Marilon Barbosa (DEM) pautou e foi aprovada, na sessão da terça-feira, 02, a Medida Provisória nº 01/2020  

 

Por Paulo de Deus; Dock Junior

 

A Câmara Municipal de Palmas retomou suas atividades e sessões presenciais no plenário na terça-feira, 02, suspensas desde o inicio do mês de maio, em razão da pandemia decorrente da Convid-19. As atividades ainda serão realizadas observando o número limitado de servidores e o distanciamento, como também, a utilização de equipamentos de proteção individual, além de todos os cuidados necessários com a higiene, no intuito de preservar a saúde dos profissionais e dos parlamentares.

 

O presidente Marilon Barbosa (DEM) pautou e foi aprovada, na sessão desta terça-feira, 02, a Medida Provisória nº 01/2020, de autoria do Poder Executivo Municipal, que dispõe sobre a revisão anual dos vencimentos e subsídios dos servidores públicos da administração direta e indireta da Prefeitura Municipal de Palmas. Foi aplicado o reajuste de 4,48%, com base no resultado da apuração do índice do INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado do período de janeiro a dezembro de 2019. A propositura de reposição salarial dos vencimentos e subsídios dos servidores municipais cumpre o disposto no inciso X do artigo nº. 37 da Constituição Federal, assim como o inciso II do artigo nº. 42 da Lei Orgânica do Município de Palmas, devendo ser observada a disponibilidade orçamentária e financeira do município.

 

Extinto o 3º turno de votação

Ainda durante a sessão, foi aprovada a proposta, de autoria do vereador Tiago Andrino (PSB) e subscrita por outros parlamentares, que altera o artigo nº. 41 da Lei Orgânica do Município de Palmas. A partir de agora, as leis submetidas à apreciação da Câmara Municipal deverão ser votadas em dois turnos, e não mais em três, como era anteriormente. Para as leis complementares, será exigido o voto favorável da maioria absoluta dos membros. Segundo Andrino é importante fazer essas atualizações. “É muito salutar e necessário a gente fazer essa revisão na Lei Orgânica e deixarmos ela atualizada, em consonância com as normas das Constituições Federal e Estadual”, destacou o pessebista.

 

Abertura de Templos religiosos

Outra discussão acalorada se deu em torno da flexibilização para reabertura dos templos religiosos e envolveu os vereadores Diogo Fernandes (MDB), Rogerio Freitas (MDB), Rogério Santos (Republicanos), Erivelton Santos (PV) e Vandim do Povo (PSC), que são favoráveis a imediata retomada das atividades religiosas. Já Filipe Martins (PSDB) defendeu a gestão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), salientando que “as atividades pastorais, eclesiásticas, episcopais, não estão sendo furtadas. Eu quero aqui me colocar à disposição para a gente entrar em um denominador comum, mas o entendimento de que foi proibido os cultos, que foi fechado as igrejas, isto eu discordo. Temos relatos de vários pastores e padres fazendo os horários, fazendo os atendimentos, o controle via Whatsapp”, pontuou. Já Folha Filho (Patriotas) também participou do debate para reiterar que já era para ter sido publicado um Decreto para especificar o funcionamento das Igrejas e templos, salientando que a norma será publicada ainda esta semana.

 

 

Posted On Quarta, 03 Junho 2020 05:20 Escrito por