Afipe, comandada pelo Padre Robson, movimentou R$ 2 bilhões e comprou fazendas e casa de praia
Com Estadão
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) atualizou os valores relacionados à movimentação na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) nos últimos nove anos. A entidade é alvo da Operação Vendilhões, que apura desvio de R$ 120 milhões de doações feitas por fiéis.
Segundo reportagem do portal G1, entre entradas e saídas, a entidade movimentou R$ 2,2 bilhões. Conforme a promotoria, grande parte é fruto de 1,2 mil transações imobiliárias, como a compra de mais de 50 fazendas. Uma delas custou R$ 90 milhões.
Padre investigado
O padre Robson Oliveira Pereira, de 46 anos, que comandava a Basílica do Divino Pai Eterno em Trindade e fundador da entidade, teria sido alvo de extorsão de dois hackers, com quem teve supostos casos amorosos. A informação consta de depoimentos colhidos pela Justiça junto ao Ministério Público de Goiás e à Polícia Civil, que investigam o caso.
Ao ser chantageado, o padre teria pago R$ 2,9 milhões aos chantagistas desviando verbas da Associação dos Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe) A soma desviada gerou suspeita e deu-se início ao processo que desencadeou a operação de desvio das doações de fiéis.
Durante sua passagem por Ipatinga (MG), por três vezes, chamou o jornalista de O Globo, que cobria a viagem, de “otário”
Com Estadão Conteúdo
Nesta quarta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro voltou a se irritar e xingar profissionais de imprensa que o acompanhavam na cerimônia de reativação do alto-forno da Usiminas, ao ser questionado sobre os depósitos feitos na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz.
Durante sua passagem por Ipatinga (MG), por três vezes, chamou o jornalista de O Globo, que cobria a viagem, de “otário”. Outros jornalistas também fizeram a pergunta, que não foi respondida. Os valores na conta da primeira-dama descobertos até agora somam R$ 89 mil. Bolsonaro retrucou fazendo perguntas sobre movimentações financeiras da família Marinho, proprietária do jornal.
Em apenas uma semana, esta é a terceira vez que o presidente protagoniza ataques do tipo. No domingo, durante visita à Catedral de Brasília, Bolsonaro foi perguntado por um repórter do O Globo sobre o motivo dos depósitos feitos a Michelle. Em resposta, o mandatário afirmou: “A vontade que eu tenho é de encher sua boca de porrada”.
Na segunda (24), durante um evento, ele se referiu a jornalistas como ‘bundões’ ao afirmar que ele próprio tem mais chances de sobreviver à Covid-19 do que profissionais de imprensa. “Aquela história de atleta né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega num ‘bundão’ de vocês a chance de sobreviver é bem menor”, disse.
Bolsonaro: “Indecente”
Nesta tarde, a pergunta de um repórter do jornal Estado de Minas, que questionou se Bolsonaro havia se arrependido de ataques anteriores a repórteres, também foi classificada pelo presidente como “indecente”.
Antes dos novos ataques a jornalistas, feitos durante entrevista coletiva ao longo de grades que o separavam dos repórteres, o presidente abriu o discurso no fim da manhã em cerimônia na Usiminas também criticando os meios de comunicação.
“O dia em que eu for elogiado pela imprensa, podem saber que o Brasil está indo mal”, disse. Sem máscara, ele voltou a causar aglomeração ao posar para fotos com funcionários dentro do empreendimento. Ipatinga é a terceira cidade de Minas em número de casos de covid-19, com 7.031 diagnósticos para a doença, segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (26), pela Secretaria de Estado de Saúde.
Ao fim da cerimônia, ao se despedir, Bolsonaro tentou mencionar o nome da cidade, mas ficou em dúvida. Ele olhou para trás, onde estavam outros participantes do evento e perguntou: “Ipatinga, né”?.
Com informações do Estadão
Mais de 2,90 milhões de brasileiros já se recuperaram da doença
Com Agência Brasil
O Brasil atingiu 117.666 mortes e 3.717.156 casos acumulados de covid-19. Os dados foram divulgados hoje (26) pelo Ministério da Saúde durante entrevista online de apresentação do Boletim Epidemiológico semanal.
Nas últimas 24 horas, foram registrados 1.086 novos óbitos. Ontem o sistema do Ministério da Saúde marcava 116.580. Ainda há 2.889 falecimentos em investigação pelas equipes das secretarias de saúde.
O balanço do ministério também recebeu notificações de 47.161 novas pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Ontem, o painel da pasta trazia 3.669.995 casos desde o início da pandemia no Brasil.
Ainda de acordo com a atualização de hoje, 690.642 pessoas estão em acompanhamento e outras 2.908.848 já se recuperaram da doença.
Covid-19 nos estados
Os estados com mais mortes por covid-19 foram: São Paulo (29.194), Rio de Janeiro (15.700), Ceará (8.351), Pernambuco (7.460) e Pará (6.097). As Unidades da Federação com menos óbitos até o momento são Roraima (582), Acre (607), Tocantins (621), Amapá (647) e Mato Grosso do Sul (783).
Tocantins
O Tocantins contabilizou 982 diagnósticos de coronavírus e 11 novas mortes causadas pela Covid-19 nesta quarta-feira (26). Os dados estão disponíveis no boletim epidemiológico estadual. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES) os novos casos registrados incluem vários dias de coletas de exames. O total de infectados no estado agora é de 46.364
Até o assassinato do pastor Anderson, em junho do ano passado, casal exibia vida de superação e solidariedade, mas tudo ruiu
POR RAPHAEL VELEDA
Criada em uma favela carioca e evangélica desde jovem, a cantora, pastora, deputada e agora ré Flordelis dos Santos de Souza, de 59 anos, nunca teve tantos holofotes quanto hoje, mas várias passagens de sua vida dariam (mais) um filme. E o gênero seria o terror, segundo um dos 55 filhos de Flordelis com o pastor Anderson do Carmo, que mudou de nome após denunciar ter sido ameaçado pela mãe adotiva.
Até já houve um filme, em 2009. Uma cinebiografia cheia de globais, quando a artista e religiosa era festejada por ter acolhido dezenas de sobreviventes de uma chacina e criado uma grande família baseada nos preceitos cristãos. Hoje, com Flordelis e mais 10 pessoas indiciadas pela morte de Anderson a tiros, o diretor Marco Antônio Ferraz lamenta ter realizado o que chama de “uma mentira”.
Mas qual é verdade? A Polícia Civil carioca tem certeza de que, no seio dessa grande família, havia uma quadrilha que tramou o assassinato do pastor e tentou executar o crime por mais de dois anos, até ter sucesso em 16 de junho de 2019, quando ele foi executado em casa com 30 tiros, a maioria na região da pélvis.
Apontado como extremamente controlador – o que teria motivado o crime, segundo as investigações –, o pastor não teria desconfiado do plano nem diante das diversas vezes em que teve de buscar atendimento médico por causa dos efeitos do veneno que a esposa e filhos colocavam em sua comida e bebida – também de acordo com a polícia.
A história
Até a morte de Anderson, as aparências indicavam que ia tudo muito bem para o casal. A eleição para a Câmara pelo PSD, com a quinta maior votação no Rio de Janeiro (196 mil votos), coroava uma carreira de sucesso na música gospel e como líder religiosa de sua própria igreja, o Ministério Flordelis.
Também pastor na congregação, Anderson não tinha o carisma da esposa, mas atuava nos bastidores para controlar tudo em volta dela.
Clientes de casa de swing
Muito unido na igreja e na vida pública, o casal se entregava aos prazeres da carne em casas de swing e até em uma parte privada da residência onde eram criadas as dezenas de filhos – segundo denúncias que vieram à tona nos últimos meses.
Em junho deste ano, o jornal Extra revelou o conteúdo do depoimento de uma ex-fiel da igreja fundada por Flordelis, que dizia ter acesso à intimidade do casal. A mulher contou à polícia, em setembro de 2019, durante as investigações, que os pastores eram frequentadores assíduos de uma casa de swing na Barra da Tijuca, no Rio, e que até seriam donos de uma espécie de cabine vip no local.
A depoente disse que soube disso em 2007 por meio de outra fiel, que também seria adepta da troca de casais e teria visto os pastores no local.
A mesma ex-fiel contou ainda que, numa ida à casa da família, viu Flordelis, Anderson, uma filha biológica da deputada e o marido dela saindo de um quarto, todos de toalhas brancas.
A filha é Simone Rodrigues, uma das presas, e o que apimenta o relato é o fato de Anderson, que era 16 anos mais novo que Flordelis, ter namorado a mulher antes de se casar com Flordelis, em 1994.
A Rede Globo do Rio de Janeiro noticiou que Anderson chegou a ser filho adotivo da “primeira geração” da família de Flordelis, mas isso não foi confirmado pelas autoridades. Segundo apuração do UOL, ele frequentava a casa, época em que chegou a namorar Simone, mas não chegou a ser adotado oficialmente por ela.
Os privilegiados
O que a investigação considera “primeira geração” são três filhos biológicos de Flordelis, três filhos da já citada Simone e os primeiros 5 adotados.
Esses e o casal, segundo a polícia, viviam como privilegiados no segundo andar da casa, com acesso a comida melhor, mais espaço e uma cozinha exclusiva. Os outros 47 filhos das gerações seguintes, a maioria resgatados das ruas, ficariam no pão sem manteiga e arroz com macarrão e salsicha.
O planejamento do crime
No total, são 11 denunciados no caso Flordelis – 10 membros da família e um ex-policial. Um dos filhos adotivos, Lucas Cezar dos Santos, foi preso pouco depois do assassinato do pastor, acusado de associação criminosa. Lucas teria facilitado a compra da arma usada no assassinato.
O filho biológico de Flordelis Flávio dos Santos Rodrigues é acusado de ser o autor dos disparos. Ele já estava preso. Na última terça (25/8), foram presos três filhos adotivos, dois filhos biológicos e uma neta de Flordelis, que estava no apartamento funcional da deputada em Brasília. Entre os filhos biológicos estão Simone, Flávio e Adriano dos Santos Rodrigues. Os adotivos presos são Marzy Teixeira da Silva, André Luiz de Oliveira e Carlos Ubiraci Francisco da Silva.
Além de responderem por homicídio triplamente qualificado, como os demais, Flordelis e Lucas ainda respondem por uso de documento falso, por tentarem, através de carta redigida pelo filho, mas ditada pela mãe, atribuir a autoria do crime a outras pessoas.
Os possíveis castigos
Flordelis não foi presa porque parlamentares só podem ser presos em flagrante ou após condenados. A Câmara poderá abrir processo de cassação de seu mandato, porém. Do PSD, seu partido, Flordelis já foi suspensa.
A defesa
Flordelis tem se mantido em silêncio desde que foi indiciada. Ela sempre negou participação no crime e também já negou ser adepta do swing, a troca de casais.
Seu advogado, Anderson Rollemberg, diz que a denúncia é fantasiosa. “Ao ver da defesa, não há elementos, mínimos que fossem, para ela receber esse tratamento de ser indiciada, denunciada, como mandante desse terrível crime”, disse Rollemberg, em registro da Agência Brasil.
“Pela leitura rápida que tivemos, os elementos que ali apontam a autoridade policial, ao ver da defesa, não são suficientes para que ela fosse denunciada, muito menos presa. Foi feita uma ginástica muito grande para colocar a deputada como mandante desse crime e também para prender os filhos”, declarou.
Meta é atender 1,6 milhão de famílias de baixa renda até 2024
Por Andreia Verdélio
O presidente Jair Bolsonaro lançou hoje (25) o novo programa habitacional do governo federal. Chamado de Casa Verde e Amarela, o programa é uma reformulação do Minha Casa Minha Vida, com foco na regularização fundiária e na redução da taxa de juros, para aumentar o acesso dos cidadãos ao financiamento da casa própria.
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro assinou a medida provisória (MP) que cria o programa e disse que, agora, “a bola está com o Parlamento”. “Não tenho muito a dizer, apenas cumprimentar os ministros que trabalharam incansavelmente nessa questão, bem como o nosso Parlamento, que agora recebe essa MP e a aprovará, com toda certeza e, se for o caso, fará aperfeiçoamentos. Assim é que se fazem as leis, assim que nos apresentamos para atender a nossa sociedade”, disse.
A meta é atender 1,6 milhão de famílias de baixa renda com o financiamento habitacional até 2024, um incremento de 350 mil residências em relação ao que se conseguiria atender com os parâmetros atuais. Isso será possível em função de negociações com o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que subsidia o programa, e com a Caixa Econômica Federal, que é o agente financeiro.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, as Regiões Norte e Nordeste serão contempladas com a redução nas taxas em até 0,5 ponto percentual para famílias com renda de até R$ 2 mil mensais e 0,25 ponto para quem ganha entre R$ 2 mil e R$ 2,6 mil. Nessas localidades, os juros poderão chegar a 4,25% ao ano e, nas demais regiões, a 4,5% ao ano.
“Nós teremos um tratamento diferenciado para as regiões que historicamente têm uma condição menor em relação aos seus índices de desenvolvimento humano”, disse o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O limite do valor dos imóveis financiados no Casa Verde e Amarela também foi ampliado, com o objetivo de estimular a construção civil a atuar nessas localidades.
Ao longo de quatro anos, o subsídio do FGTS vai cair de R$ 9 bilhões ao ano para R$ 7,5 bilhões ao ano. Ainda assim, segundo o ministro, com a diminuição da taxa de juros e da prestação do financiamento, famílias que antes não eram atendidas em razão da faixa de renda, poderão acessar os benefícios, já que a legislação prevê que as famílias podem comprometer apenas 30% da sua renda com prestação habitacional.
Ao mesmo tempo, a Caixa aceitou reduzir a taxa de remuneração para a prestação dos serviços. “Isso é eficiência e saber gerir os recursos públicos, e tendo zelo pelo dinheiro da população. Isso vai permitir que mais 350 mil unidades sejam construídas com menos dinheiro”, disse Marinho, destacando que o governo prevê agregar mais de 2 milhões de novos empregos diretos e indiretos e mais de R$ 11 bilhões de recursos à arrecadação.
Programa pretende regularizar 2 milhões de moradias até 2024 - Agência Brasil/Tomaz Silva
O ministro explicou ainda que o Casa Verde e Amarela permite a renegociação de dívidas dos mutuários da faixa 1, de baixa renda, o que o Minha Casa Minha Vida não permitia. “Falamos de inadimplência beirando 40% dessas famílias. E são os mais pobres, os que ganham até R$ 1,8 mil”, disse. Um mutirão de renegociação deverá ser organizado após o fim da pandemia de covid-19.
Em negociação com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o governo federal também vai destinar R$ 500 milhões para programas de regularização fundiária e pequenas melhorias habitacionais em inadequações. São recursos do Fundo de Desenvolvimento Social, fundo privado alimentado por mais de 30 bancos.
Marinho estima que mais de 40% dos 70 milhões de habitações do país não tenham escritura pública. A meta é regularizar 2 milhões de moradias e promover melhorias em 400 mil até 2024. Esse programa será realizado por meio de editais, em parceria com os governos locais, para famílias com renda de até R$ 5 mil mensais que vivam em núcleos urbanos informais.
Até então, as prefeituras realizavam programas próprios de acordo com o Estatuto das Cidades, de 2000, e o Reurb, de 2017. “O que não havia era uma política de apoio do governo federal. Vamos disponibilizar os recursos e auxílio técnico, levando em consideração o que deu errado em uma série de programas por todo o país”, explicou o ministro.
Em relação à melhoria dos imóveis, o programa prevê reforma e ampliação do imóvel, como construção de telhado, quarto extra, banheiro, instalações elétricas ou hidráulicas, colocação de piso e acabamentos em geral. Também poderão ser instalados equipamentos de aquecimento solar ou eficiência energética. Serão atendidos proprietários de imóveis escolhidos para regularização fundiária, com renda mensal de até R$ 2 mil.