Na próxima semana as entregas serão nos polos de Dianópolis e Gurupi

 

Por Cláudio Duarte

 

Dando continuidade à entrega de cestas básicas para a população tocantinense em situação de vulnerabilidade, o Governo do Tocantins atende 23 cidades do polo de Guaraí com 7,9 mil kits de alimentos. A ação realizada por meio da Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) ocorre de segunda-feira, 17, até esta sexta, 21.

 

A distribuição dos kits de alimentos ocorre por meio dos polos de Araguaína, Araguatins, Dianópolis, Guaraí, Gurupi, Palmas e Paraíso. Cada município é responsável pelo condicionamento dos alimentos que atenderá a sua comunidade, e a distribuição nos municípios será realizada pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

 

O secretário da Setas, José Messias Araújo, lembrou que Guaraí já é o terceiro polo a receber os kits de alimentos nesta etapa, e que a ação prosseguirá até que todas as 139 cidades sejam atendidas. “O governador Wanderlei Barbosa anunciou a entrega de 200 mil kits de alimentos em todos os municípios tocantinenses. Semana passada nossa equipe atendeu 42 municípios nos polos de Araguaína e Araguatins; esta ação atual atende 23 municípios do polo Guaraí, e na próxima semana será a vez dos polos de Dianópolis e Gurupi”, ressaltou.

 

Os recursos para essas 200 mil cestas básicas e os 200 mil frangos congelados a serem entregues são oriundos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza (Fecoep).

 

Municípios atendidos

 

Nesta ação são contemplados os municípios de Arapoema, Bandeirantes, Bernardo Sayão, Bom Jesus, Brasilândia, Centenário, Colmeia, Couto Magalhães, Dois Irmãos, Goianorte, Guaraí, Itacajá, Itapiratins, Itaporã, Juarina, Pau D´Arco,

Pequizeiro, Pedro Afonso, Presidente Kennedy, Recursolândia, Tabocão, Tupirama e Tupiratins.

Em Brasilândia do Tocantins, a cerca de 200 km da Capital, foram entregues 300 kits de alimentos e a mesma quantidade de frangos. A secretária de Assistência Social do município, Marlene Pereira de Almeida, destacou que as famílias a serem beneficiadas já são cadastradas nas bases de dados da assistência social e que vivem em situação de pobreza e vulnerabilidade social, agravada neste momento de chuvas e alagamentos.

 

Em Guaraí foram 650 kits de alimentos e frangos entregues ao município. A secretária de Assistência Social, Maria José Ferreira da Silva Curcino, agradeceu a sensibilidade do Governo do Tocantins em encaminhar essas cestas com alimentos e os frangos, e afirmou que “muitas pessoas que não dependiam do auxílio do Governo para se alimentar passou a depender, por conta do momento difícil. As famílias mais vulneráveis encontram-se desprovidas de alimentos e as cestas são fundamentais; e ainda tem os frangos que agregam mais importância a esses kits”.

 

Próximas ações

 

Na próxima semana estão previstas as entregas nos polos de Dianópolis e Gurupi. São mais de 12 mil kits de alimentos para atender os municípios dos dois polos.

 

Ação emergencial

 

A ação de entrega de cestas básicas executada pelo Governo do Tocantins teve início com o Decreto n° 6.070, de 18 de março de 2020, que determinou situação de emergência no Estado, em virtude dos impactos da pandemia da covid-19.

 

Desde o início da ação, em março de 2020, já foram distribuídas cerca de 1,6 milhão de cestas básicas nos 139 municípios do Estado, por meio da Setas e de outros órgãos estaduais como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) e a Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc).

 

Transparência e controle

 

Os processos referentes às aquisições e aos contratos realizados no contexto da covid-19 estão disponíveis no Portal da Transparência pelo endereço www.transparencia.to.gov.br. Para consultar, acesse na página principal a aba azul - Consulta Contratos Emergenciais -, e a aba verde - Gráficos dos Empenhos e Pagamentos -, e informe-se sobre todos os trâmites.

 

É importante ressaltar que compras diretas, ou seja, sem licitação, estão autorizadas pela Lei Federal n° 13.979/2020 – de enfrentamento à covid-19, somente para atender a situação emergencial provocada pela pandemia.

 

Legislações federal e estadual, referentes a este contexto, estão disponíveis para consulta no site da Controladoria-Geral do Estado (CGE-TO) pelo link https://www.cge.to.gov.br/legislacao/legislacao-aplicada-a-covid-19/.

 

 

Posted On Sexta, 21 Janeiro 2022 15:50 Escrito por

Bruno Dantas, ministro do TCU, atendeu a um pedido do MP para afastar o sigilo de documentos com a remuneração de Moro na Alvarez & Marsal

Por Guilherme Amado

 

O Tribunal de Contas da União (TCU) retirou nesta sexta-feira (21/1) o sigilo de documentos que mostram qual era o salário pago ao ex-juiz Sergio Moro pela consultoria Alvarez & Marsal.

 

A decisão foi assinada pelo ministro Bruno Dantas, relator da ação que apura irregularidades envolvendo a Lava Jato e a Odebrecht. Dantas também tirou o sigilo de peças relacionadas à empreiteira que até então eram confidenciais.

 

O pedido foi apresentado pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público de Contas.

 

Na ação, Furtado diz que é necessário investigar “prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz Sergio Moro, mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e lawfare, conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da chamada Operação Lava Jato.”

 

Posted On Sexta, 21 Janeiro 2022 15:36 Escrito por

Por Edson Rodrigues

 

O Paralelo 13 vem, há tempos, insistindo na mesma tecla em suas análises políticas, seus panoramas políticos e em sua Coluna Fique Por Dentro que os efeitos colaterais das Federações Partidárias, a serem “engolidas goela abaixo” nos Estados, iriam provocar a criação de “Titanics” e de “Arcas de Noé” pelo “ajuntamento aleatório” de partidos que suas composições iram forçar que acontecesses.

 

Pois, mais uma vez, estávamos certos.

 

Senão, vejamos.

 

A senadora Kátia Abreu vem jogando o jogo político de forma correta, dentro das quatro linhas, respeitando a Legislação Eleitoral, mandando às favas as vontades de lideranças regionais do PT e seguindo as orientações de vôo, em que os comissários de bordo avisam veementemente: “ao caírem as máscaras, coloque primeiro sobre seu rosto para, depois, tentar colocar nos demais passageiros”.

 

É evidente que Kátia Abreu já “sente falta de ar” em relação ao apoio de grupos políticos e, por isso, já que a “máscara de oxigênio” está à sua disposição, já tratou de colocá-la para, depois, pensar nos demais.

kÁTIA com dirigentes nacionais do PT (Lula, Dilma e Gleisi Hoffmann) HÁ ÉPOCA ELA ESCREVEU: ...para falarmos sobre o apoio do partido no Tocantins. Mais do que tempo de televisão em uma campanha eleitoral, o importante são as propostas que cada partido tem a oferecer em prol do desenvolvimento do nosso estado. Precisamos unir forças de forma responsável e consciente a fim de termos uma gestão eficiente, honesta e transparente, retomarmos o crescimento e, sobretudo, recuperamos o emprego dos tocantinenses.

 

Kátia tem uma história interessante com o Partido dos Trabalhadores.  De “inimiga número um” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem derrotou em plena Câmara Federal na tentativa do ex-presidente em ressuscitar a CPMF, a senadora tocantinense tornou-se amiga íntima da sucessora de Lula, Dilma Rousseff, de quem acabou ministra da Agricultura e permaneceu fiel até o último suspiro do impeachment, muito mais leal que a grande maioria dos petistas, incluindo a atual presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

 

Logo, Kátia tem “crédito” no PT.  Tanto crédito a ponto de Dilma Rousseff ter exigido de Lula o compromisso de total apoio do PT nacional à candidatura da senadora tocantinense à reeleição.  Apoio, inclusive, que já foi avisado pela cúpula nacional à cúpula estadual do partido no Tocantins.

 

NADA PESSOAL

 

Logo, o “tratoraço” que haverá no PT tocantinense em favor de Kátia Abreu e em desfavor de Paulo Mourão, até então o candidato do partido ao governo do Estado, não deve ser tratado como algo pessoal, de Kátia contra Mourão.

 

Já ficou claro que o PT é a “máscara” que irá oxigenar a candidatura de Kátia Abreu, por isso, segundo os comissários de bordo, ela vai procurar, depois de ter colocado a sua, oxigenar os seus companheiros e Paulo Mourão, definitivamente, não está entre eles.  PT, saudações.

 

Vale ressaltar que a “fritura” de Paulo Mourão não é coisa de Kátia Abreu.  O “candidato” do PT ao governo, apesar de ser um político sem máculas, empresário bem-sucedido e ficha-limpa, manteve um silencia de monge até agora, em plena pré-campanha, não participou de nenhuma reunião do partido em Brasília e sequer foi convidado a participar de qualquer evento da cúpula estadual. Mas esse é, mesmo, o estilo de Paulo Mourão e não se podia esperar algo diferente.

 

Quanto á sua relação com Kátia Abreu, um dos episódios mais marcantes foi uma viagem, em que dividiam o avião com o então governador Siqueira Campos, em que os dois tiveram um forte desentendimento e Mourão ou desceu, espontaneamente, ou foi obrigado a descer da aeronave, enquanto Kátia continuou viagem.

 

Cabe, também, ressaltar, que Paulo Mourão não costuma levar dois socos sem reagir, logo, vamos esperar que o ex-deputado federal se pronuncie sobre o caso.

 

WANDERLEI BARBOSA E O CONGLOMERADO DO PALÁCIO ARAGUAIA

 

Por outro lado, o governador em exercício, Wanderlei Barbosa segue sendo cortejado pela senadora Kátia Abreu enquanto administra o conglomerado do Palácio Araguaia, com o apoio da grande maioria dos deputados estaduais, dos quais muitos sentem náuseas quando ouvem falar no nome da senadora ou se lembram do seu jeito “gerentona” de ser.

 

Senadores Kátia Abreu e o filho senador Irajá Abreu em entrega de maquinas com o governados Wanderlei Barbosa 

 

Wanderlei demonstra estar “com um olho no peixe, outro no jacaré”, ou seja, cuidando das prioridades do Tocantins em época de enchentes e de pandemia de covid-19 – agravada pela gripe e pela dengue – recuperando estradas vicinais e dando condições para que o socorro chegue mais rápido aos impactados, enquanto fica atento às movimentações acerca da sucessão estadual.

 

Sua administração vem acontecendo de forma discreta, focada no controle financeiro, cujo Orçamento será liberado na próxima semana e que tem pela frente reivindicações de progressões de servidores, com aumentos que chegam á casa dos 30 mil reais mensais.

 

Ao mesmo tempo, não tem como fugir do término do prazo para a filiação a um partido político para que possa se candidatar em outubro, mantendo as atenções sobre o comportamento que tomarão os deputados estaduais de sua base, caso a hipótese de uma composição com Kátia Abreu seja colocada à mesa, pois sabe que, para muitos, a convivência seria impossível.

 

Principalmente quando a situação afunila para que o comando de todo o processo esteja nas mãos da própria Kátia Abreu. Há a questão delicada com Paulo Mourão, no que seria sua terceira tentativa frustrada de se eleger governador do Tocantins pelo PT.

 

Não se pode descartar, também, a possibilidade de o PT sair humilhado da eleição, tendo como única serventia ser “barriga de aluguel” de Kátia Abreu e não eleger nenhum deputado federal, sequer estadual.

 

O certo é que as entrelinhas deixam claro que Kátia Abreu tem o comando da campanha de Lula no Tocantins e, conforme afirmou a própria presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a união entre o PT e o PSB em uma Federação Partidária já é fato e é sempre bom lembrar que o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, está “vivinho da silva”, louco por uma vaga de deputado federal e no comando dessa união entre o PSB e o PT.

 

Kátia Abreu e o ex-prefeito Carlos Amastha 

 

No mesmo bloco partidári, viriam o PV, o PC do B, 90% do PSD (comandado no Tocantins pelo senador Irajá Abreu que, nos bastidores, já tem uma chapa de candidatos a deputado federal).  Ou seja, sobra pouco espaço para os próprios quadros do PT tocantinense nessa Federação Partidária.

 

Ainda mais quando se vê, em rede nacional, o candidato a presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, fazendo “afagos pessoais” ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ressaltando suas qualidades políticas e afirmando em alto e bom tom que os dois partidos, juntos, teriam condições de “construir um projeto de futuro para o Brasil”.

 

Enquanto isso, há uma força-tarefa multipartidária trabalhando a filiação de Geraldo Alckmin, considerado “o vice perfeito” por Lula, ao mesmo PSD, de Kassab e Irajá Abreu.

 

Trocando em miúdos, alguém tem alguma dúvida de que o PT será “barriga de aluguel” das pretensões políticas de Kátia Abreu no Tocantins?

 

Só não vê quem não quer!!

 

Posted On Sexta, 21 Janeiro 2022 08:32 Escrito por

Para o político mais poderoso do Brasil em 2021, a eleição para presidente é importante, mas não essencial. O fundamental para Arthur César Pereira de Lira, 52 anos, filho de senador, político profissional há trinta anos, é a coalização de forças no Congresso Nacional. Lira, assim como outros líderes políticos, acredita que o presidente a assumir o cargo em 2023, seja ele Jair Bolsonaro, Lula da Silva, Sergio Moro, Ciro Gomes ou João Doria, podem ser antípodas em centenas de políticas públicas, menos em uma: o vencedor vai precisar do Congresso para governar. E ninguém domina o Congresso hoje quanto Arthur Lira.

 

Por Thomas Traumann

 

Lira é o presidente da Câmara dos Deputados mais poderoso desde que Ulysses Guimarães acumulou o cargo com a direção da Assembleia Constituinte, entre 1987 e 88. Seu estilo, no entanto, lembra um contemporânea de Ulysses, o senador Antonio Carlos Magalhães, o político baiano fortalecido no regime militar, que no fim da ditadura saltou para o barco de Tancredo Neves, garantiu a governabilidade de Sarney, ajudou a eleger Collor e FHC. Nada acontece na Câmara sem autorização de Lira, que exerce o poder com doses iguais de pragmatismo, gratidão com aliados e truculência com adversários.

 

O segredo de Lira é simples: dinheiro. Através das agora famosas “emendas do relator do Orçamento”, Lira controla qual projeto de qual deputado vai receber recursos públicos. Como o orçamento do próprio governo federal está quase todo comprometido com gastos de pessoal e manutenção da máquina, as verbas distribuídas pelo relator do Orçamento se tonaram mais volumosas que as do governo federal.

 

 

Deputado Artur Lira presidente da Câmara federal

 

Isso significa que um deputado aliado de Lira não precisa mais gastar saliva para convencer um ministro a liberar verbas para a sua zona eleitoral. Se ele tiver Lira ao seu lado, o dinheiro chega. Por isso os deputados não disputam mais a honra de serem ministros. É muito mais importante serem amigos de Lira.

 

Até a chegada de Lira, o sistema democrático brasileiro vivia um fenômeno estudado pelos cientistas políticos Sergio Abranches, Argelina Figueiredo, Fernando Limongi e Fabiano Santos no qual o modelo eleitoral gerava necessariamente um Congresso multipartidário fragmentado e sem que a votação para presidente se refletisse em uma maioria clara na Câmara e no Senado. Paradoxalmente, esse sistema funcionou razoavelmente bem nos governos FHC e Lula, que montaram maiorias à base da troca de apoio no Congresso por ministérios e liberação de emendas.

 

 

Ex-senador Benedito de Lira ou Biu é um político brasileiro de Alagoas filiado ao Progressistas, atualmente, Prefeito de Barra de São Miguel. É pai do também político e atual Presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira

 

Em 2015, esse sistema entrou em erosão quando o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, usou o cargo para assumir mais poderes para os congressistas, inicialmente obrigando o Executivo a liberar obrigatoriamente um montante pré-determinado de emendas de deputados e senadores (hoje esse valor é de R$16,5 milhões por parlamentar). Era só o início. Dilma Rousseff foi afastada em 2016 e Michel Temer só não o foi também por ter cedido 19 ministérios ao Congresso.

 

Em março, dois meses depois de ter sido eleito presidente da Câmara com apoio ostensivo de Jair Bolsonaro, Lira fez um pronunciamento intencionalmente vago. O momento era crítico. Em janeiro, haviam sido registrados 31 mil mortes por Covid; em fevereiro, 28 mil; em março, 73 mil. O governo Bolsonaro boicotava a compra de vacinas e havia suspendido o Auxílio Emergencial, deixando milhões de pessoas sem renda e forçados a se expor numa pandemia em crescente. Disse Lira:

 

“Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se fora daqui erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados. Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais”.

 

Ameaçado, Bolsonaro reagiu. Apresentou o projeto de um novo Auxílio Emergencial e assistiu quieto o Congresso derrubar o seu veto sobre o projeto que criava as emendas de relator no Orçamento de 2021. Isso mudou tudo. Numa votação, os congressistas ganharam o poder de decisão sobre o destino de R$ 18,5 bilhões em emendas.

 

Em julho, o principal aliado de Lira, o senador Ciro Nogueira, se tornou chefe da Casa Civil, o ministério responsável final pela liberação de recursos do Orçamento. Lira e Nogueira tinham o controle das duas pontas do orçamento. Foi quando Lira passou a ser chamado de rei Arthur nos corredores da Câmara.

 

 

 

Nomes do Centrão, Lira e Nogueira comandam a Câmara e o senado

 

Em maio, o repórter Breno Pires, do Estadão , começou a série de reportagens mostrando a falta de transparência, as fraudes, os superfaturamentos e o uso político na distribuição das emendas de relator. Por motivos variados, em muitos momentos o Estadão ficou isolado como único veículo a noticiar o escândalo.

 

Com poder nas mãos, Lira fez o que quis. Removeu a sede do Comitê de Imprensa, que ficava no caminho entre seu gabinete e a Câmara, obrigando o presidente a ser assediado pelos repórteres; impediu que a oposição tivesse qualquer cargo na direção da Casa; e vetou a eleição do seu antecessor e atual adversário deputado Rodrigo Maia como líder da minoria. Por semanas, nenhum deputado dirigia a palavra a Maia, que terminou se licenciado do cargo. A obsessão era tanta que Lira chegou a reclamar com o executivo de um banco de investimento que ele não seria mais recebido por ter mantido boas relações com Maia.

 

Foi no comando das votações, no entanto, que Lira mostrou-se acima do bem e do mal. Na votação da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios, Maia criou uma manobra de tratar cada dispositivo da PEC como se fosse independente, e não parte de um todo. A PEC que não tinha votos suficientes para ser aprovada foi promulgada em fatias, uma manobra irregular ainda mais se tratando de mudança da Constituição.

 

Em outra PEC, a das mudanças do Imposto de Renda, Lira primeiro humilhou o ministro Paulo Guedes e mudou o projeto original de cabeça para baixo. Depois, Lira circulou por associações de empresários e bancos negociando as alíquotas de taxação de lucros da nova lei. O texto mudou tantas vezes que, quando foi votado, não havia um documento final e os deputados votaram sem saber o que estava sendo votado. Só no dia seguinte, soube-se que o projeto enviado para aumentar a arrecadação terminava em tirar receita de R$ 21,8 bilhões para a União e de R$ 19,3 bilhões para Estados e municípios. Quando o Senado não votou o projeto, Lira insinuou colocar em pauta projetos que prejudicam as empresas de refrigerantes, aliadas históricas da bancada do MDB.

 

Sob Lira, a Câmara aprovou a autonomia do Banco Central, a privatização da Eletrobras, a autorização para o leilão dos Correios (parado no Senado), a mudança na Lei da Improbidade para reduzir as penas de condenados por malversação de verbas públicas e o aumento para R$ 5 bilhões nas verbas públicas para as despesas eleitorais dos partidos. Em 2021, Lira perdeu apenas uma votação, o projeto que ampliava a influência do Congresso no Conselho Nacional do Ministério Público.

 

Um erro comum quando se analisa o poder de Lira é vinculá-lo ao Centrão, o grupamento de partidos que apoiou todos os governos. O Centrão tem cerca de 200 deputados, todas na base bolsonarista, mas Lira é muito maior que isso. Com a máquina das emendas, ele controla as bancadas de partidos que supostamente não são governistas, como o PSDB e o PSD, e tem aliados entre os oposicionistas PDT e PSB. A base de Lira na Câmara é de quase 300 deputados.

 

 

Presidente Bolsonaro e o vice Mourão

 

Em setembro, quando Bolsonaro ensaiou uma intervenção militar contra o Supremo Tribunal Federal, Arthur Lira passou a circular nos bancos com a versão de que ele seria o responsável por “domar” os ímpetos golpistas de Bolsonaro. O argumento era pragmático, a primeira ação de qualquer governo autoritário é tirar poder do Congresso, justamente o oposto do projeto do deputado. Em novembro, ele passou a defender junto aos empresários o semipresidencialismo, um outro nome para um regime parlamentarista.

 

Como deputado, Lira apoiou os governos Dilma Rousseff e Michel Temer. Quando Bolsonaro foi eleito com o discurso contra a política tradicional, Lira manteve uma distância protocolar, mas em poucos meses já frequentava o Palácio do Planalto. Em julho, quando Ciro Nogueira foi para a Casa Civil, Bolsonaro já havia se esquecido de seus ataques à velha política. Em dezembro, o presidente se filiou ao Partido Liberal e acertou a coligação com os Progressistas de Lira e o Republicanos, vinculado à Igreja Universal.

 

Lira vai trabalhar pela campanha da reeleição de Bolsonaro, mas é um segundo erro comum considerar que o destino de ambos está colado. A vida do presidente Bolsonaro é uma. A minha vida é outra”, disse à Folha, em novembro.

 

O orçamento de 2022 destina R$ 20 bilhões para as emendas do relator, distribuição que será controlada por Lira. Os deputados que o apoiam certamente serão premiados. Com uma economia estagnada como em 2022, fazer chegar dinheiro nas cidades e, assim, obter apoio dos prefeitos será a diferença de vida e morte para os deputados. O medo do fracasso eleitoral é enorme. Em 2018, a renovação na Câmara foi de 47%. Se Lira ajudar a sua base a se reeleger, ele seguirá poderoso, não importa quem for o presidente.

 

“A eleição da Câmara tem diversos componentes. Tem os nomes apresentados. Tem a situação política do momento. Tem toda uma estrutura pretérita de perfil, do que um pensa, o outro não pensa. É determinante o apoio do governo? É. Às vezes um governo se elege e quer ter um candidato, e ajuda. Mas não só isso. Muitos governos foram derrotados nas suas iniciativas, inclusive recentemente”, disse. Não erre. Lira não deixará o poder tão rápido.

 

Bolsonaro e a falta de opção da direita

 

Saudado anos atrás como o guru do bolsonarismo, o escritor Olavo de Carvalho passou as últimas semanas falando mal do governo que ajudou a eleger. Reclamou que ter sido usado como um “poster boy”. “Ele (Bolsonaro) me usou para se promover, para se eleger. E, depois disso, não só esqueceu tudo o que dizia como até os meus amigos que estavam no governo, ele tirou”, se referindo às demissões dos amigos Abraham Weintraub, Ernesto Araújo e Ricardo Salles do ministério. Disse que a reeleição de Bolsonaro estava perdida porque “tudo que ele faz é para perder a guerra”. Ao contrário de outras vezes nas quais os muxoxos de Olavo Carvalho viraram problema de Estado, dessa vez a repercussão foi nula. Dias depois, Olavo reclamou que o presidente não entende nada “da luta contra o comunismo” e que “gosta de ser achincalhado, insultado”. Zero resposta do presidente. Nas redes sociais, bolsonaristas passaram a atacar o escritor o chamando de “comunista” (“Vocês devem estar loucos”, foi a reação de Abraham Weintraub). Até que no dia 28, respondendo a uma seguidora, concedeu que iria votar em Bolsonaro de novo “por falta de opções”.

 

O ciclo de reclamação, ameaça de rompimento e, finalmente, concessão de Olavo Carvalho explica um pouco o comportamento de Jair Bolsonaro nas últimas semanas do ano. Até para o comportamento geralmente insensível do presidente, foi um choque. Ele provocou um adiamento na decisão do Ministério da Saúde para iniciar a vacinação de crianças, fazendo ressurgir toda a força das críticas à sua postura antivax, e depois fez questão de não visitar a Bahia, onde quase 500 mil pessoas estão desabrigadas pelas chuvas. “Espero que eu não tenha que retornar antes (de Santa Catarina)”, disse num vídeo do dia 28 de dezembro. A comparação da sua imagem dirigindo um jet-ski no mesmo dia no qual milhares de baianos fugiam das casas alagadas é um retrato da sua gestão.

 

Por que Bolsonaro é incapaz de um gesto mínimo de empatia? A resposta é porque ele pode. Na sua avaliação, o seu eleitor como Olavo de Carvalho pode até reclamar da sua atitude, mas ao final não tem opção a não ser votar pela reeleição.

 

Poucos políticos têm tanta convicção de dominar seu eleitorado quanto Bolsonaro. Sua postura guarda semelhanças com a famosa declaração de Donald Trump durante as primárias de Iowa para se tornar o candidato republicano em 2016: “Eu poderia ir para o meio da Quinta Avenida, atirar em alguém e não perderia nenhum eleitor, ok? É incrível”, gabou-se.

 

Como se viu durante a eleição de 2016, Trump realmente poderia fazer qualquer coisa, assim como Bolsonaro podia em 2018 ameaçar “metralhar a petralhada” e ficar por isso, mas 2020 mostrou o limite para Trump, o que pode ser um prenúncio para Bolsonaro.

 

Nas pesquisas, Bolsonaro está claramente em segundo lugar, entre 22% (Datafolha e Ipec) e 30% (Ideia e PoderData). Nas espontâneas (quando o entrevistado não é informado quem são os candidatos), Bolsonaro pontua entre 15% (Quaest) e 20% (Ideia). Nessa categoria, os candidatos menores variam com taxas desprezíveis de 1% a 2%.

 

Bolsonaro acredita que está no seu piso e que a partir da distribuição do Auxílio Emergencial e da liberação de verbas para prefeituras a sua popularidade tende a subir. “Nossos problemas até agora eram economia, pandemia, as pessoas com medo de pegar Covid e morrer. Daqui a um ano, vamos estar discutindo a inflação, que me parece será o tema que vai perseverar. A avaliação do governo vai estar sendo feita sobre outros parâmetros”, argumentou ao jornal O Globo o líder do governo Ricardo Barros.

 

Bolsonaro age como se fosse a única opção para parar Lula. Com as demais candidaturas fracionas, a chance de o presidente ir ao segundo turno com pouco mais de 20% são grandes, disse Barros. “O centro vai estar pulverizado em várias candidaturas. Se nós tivermos várias candidaturas, é muito difícil que alguém tenha espaço para chegar à frente de Lula ou Bolsonaro para estar no segundo turno. E, no segundo turno, Bolsonaro é o franco favorito”. Bolsonaro aposta sua carreira nisso.

 

 

Posted On Sexta, 21 Janeiro 2022 06:30 Escrito por

'Com pesar o passamento da minha querida mãe. Que Deus a acolha em sua infinita bondade', escreveu o presidente da República

 

Por Afonso Marangoni

 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou na madrugada desta sexta-feira, 21, a morte de sua mãe, Olinda Bolsonaro, aos 94 anos.

 

Pelas redes sociais, o presidente escreveu: “Com pesar o passamento da minha querida mãe. Que Deus a acolha em sua infinita bondade”.

 

Bolsonaro, que está no Suriname em viagem oficial, também informou que vai voltar imediatamente. “Nesse momento me preparo para retornar ao Brasil”.

 

O presidente da República publicou um vídeo em que ele aparece em vários momentos ao lado da mãe.

 

Mais cedo, Oeste noticiou que a mãe de Bolsonaro estava internada no Hospital São João, em Registro, no interior de São Paulo, desde a última segunda-feira 17.

 

A informação foi confirmada pelo hospital, mas a unidade de saúde disse que informações sobre o estado de saúde dela eram restritas à família.

 

Olinda morava em Eldorado, que fica a aproximadamente 52 quilômetros de distância de Registro e não conta com hospital de referência.

 

Em agosto, Bolsonaro foi à cidade e fez uma visita à sua mãe. Na ocasião, o mandatário ficou emocionado ao dizer que ela já não o reconhecia mais. Ele estava acompanhado dos três filhos mais velhos.

 

“Ela teve um problema grave de sangramento nos últimos dias e resolvi visitá-la por que, pode ser, que seja a última vez. É a vida, é o nosso destino”, lamentou à época.

 

O presidente disse que sua mãe sorria o tempo todo, estava de bom humor, mas sofria de esquecimento. “Graças a Deus, ela está sem dor, sem sofrimento. Espero que visite por muito tempo”.

 

Posted On Sexta, 21 Janeiro 2022 06:22 Escrito por