Goiânia, aos seis dias do mês de setembro de 2021

 

Por Edson Rodrigues

 

A Câmara dos Deputados enxertou tantos “jabutis” na Reforme Eleitoral, pautada e votada “a toque de caixa”, tirando poderes do Tribunal Superior Eleitoral na fiscalização da aplicação dos recursos do Fundo Eleitoral, que o Supremo Tribunal Federal – STF – foi acionado e acatou a denúncia de que a aprovação da Reforma Política “pulou” várias etapas constitucionais e regimentais, obrigatórias e parte do rito de tramitação.  A avaliação de especialistas é que o STF pode anular quase tudo o que foi aprovado na Câmara.

 

A tramitação da PEC da Reforma Política corre um risco calculado em 99% de não ser votada a tempo de ser enviada para o Senado apreciar, votar e promulgar.  Dentre os “jabutis” consta uma modificação que, praticamente, proibiria o TSE de fiscalizar a aplicação dos recursos do Fundo Eleitoral distribuído entre os partidos com registro no TSE, de acordo com sua representatividade na Câmara Federal.

 

Dentre outras aberrações, havia, também, a desobrigação da destinação de 30% dos recursos do Fundo Partidário para candidatos negros ou mulheres.

 

COLIGAÇÕES PROPORCIONAIS NA UTI DA REFORMA NO SENADO

 

A cada dia que passa as possibilidades da aprovação das coligações proporcionais caminham em direção ao “marco zero”.  Zero chances de o Senado pautar e votar favoravelmente pela aprovação.  Principalmente porque os principais líderes na Câmara Alta são contrários à reforma como foi aprovada, inclusive o próprio presidente, Rodrigo Pacheco, que já deu declarações à imprensa em que afirmou considerar o retorno das coligações proporcionais um “retrocesso político”.

 

 

A perspectiva, agora, é que a Reforma Política “morra na própria maternidade”, após decisão colegiada do STF.

 

A partir dessa possibilidade concreta, novas estratégias deverão ser postas em prática após o próximo dia três de outubro.  O grande impasse e as dúvidas sobre o ressuscitamento das coligações proporcionais para as eleições de 2022 terminam no dia dois de outubro, dando início extra-oficial às movimentações efetivas visando o pleito.  Será a hora de demarcar território, fincar bandeira e preparar o discurso, traçando uma linha reta até o dia das eleições.

 

TOCANTINS

 

Caso sejam confirmadas as mesmas regras das eleições proporcionais, “enfiadas goela abaixo” dos vereadores em 2020, cerca de 60% dos atuais deputados federais correm o risco de não conseguirem se reeleger, principalmente os “donos” de siglas partidárias que “colocaram o partido debaixo do braço” como se fossem sua propriedade, e não deixaram que o partido crescesse, seguindo o curso natural das legendas políticas, recebendo novas filiações aglutinando novas lideranças, pois mantiveram suas mentes ocupadas em formas de gastar o Fundo Partidário em seu benefício, engessando a si mesmos por não se manter conectados com o que acontecia a sua volta.

 

A esses “donos de partidos”, só um milagre poderia resultar em uma reeleição e, como dizia o saudoso Franco Montoro “a cada dia fica mais difícil acontecer um milagre em eleições. Chegará  o dia em que em hipótese nenhuma um milagre acontecerá em uma eleição”.

 

Pelo visto, chegamos ao segundo momento, o da “hipótese nenhuma” em relação ás eleições proporcionais de 2022 para os deputados federais. Já para os deputados estaduais, o risco de não se reeleger é menor, girando em torno de 25%.

 

“COLETE SALVA-VIDAS”

 

Caso as novas regras não sejam implantadas, após derrota no Senado ou ação do TSE, os deputados federais ainda podem tentar um “colete salva-vidas, assim que for aberta, em abril de 2022, a “janela” para que haja mudança de partido sem risco de perda do mandato.  A manobra consistiria em todos os ameaçados migrarem para um mesmo partido, onde todos teriam as mesmas chances, partindo para o “cada um por si e Deus por todos”, aumentando um pouco as chances de alguns deles se salvarem.

 

Mas, não, sem momentos de agonia geral.

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 está acompanhando todo esse processo bem de perto, com fontes de dentro doa Câmara Federal e do Senado.  Assim que a situação estiver definida, faremos uma análise profunda sobre a situação, dando nome aos deputados “donos de partidos” e suas chances de serem reeleitos.

 

Até breve!

 

Posted On Segunda, 06 Setembro 2021 15:20 Escrito por

O juiz federal Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara da Justiça Federal do DF, ordenou na sexta-feira, 3, o trancamento da ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era acusado de suposta corrupção em troca do aumento do limite da linha de crédito da Odebrecht junto ao BNDES para financiamento da exportação de bens e serviços entre Brasil e Angola.

 

Com Estadão

 

A decisão foi divulgada nesta segunda-feira, 6, e atinge os outros réus do processo, entre eles o empresário Marcelo Odebrecht e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo de Souza.

 

Na decisão, Viana argumentou que, apesar de ação ser baseada em elementos que teriam a capacidade de indicar eventuais condutas criminosas atribuídas aos réus, devem ser desconsideradas todas as provas que subsidiavam a denúncia e foram atingidas pela decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal que declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro para julgar o caso do triplex do Guarujá, anulando todas as provas contidas naquele processo.

 

"A continuidade do presente processo, que de fato deve ser um caminhar para frente, como bem destacado pelo MPF, foi prejudicada. Persistir com a instrução de uma ação penal cuja justa causa já não se faz nítida seria envidar esforços em processo nulo. Afinal, a existência de justa causa mínima é elemento essencial não apenas para o recebimento da denúncia, mas se consubstancia também em condição imprescindível para sua prosseguibilidade.", escreveu Viana no despacho.

 

O juiz entendeu que o cerne da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal está relacionado ao inquérito do chamado "Quadrilhão do PT". O ex-presidente já foi absolvido no âmbito de tal investigação, sendo que para o magistrado 10ª Vara da Justiça Federal do DF, a apuração e sua respectiva denúncia era, em grande medida, proveniente dos atos da ação do triplex. "A contaminação causada pela anulação desta ação penal acaba, portanto, por gerar a ilegitimidade do próprio núcleo fundamentador da justa causa da presente ação penal", ponderou Viana sobre o caso.

 

Nessa linha, o magistrado acolheu o pedido da defesa para que fossem desconsideradas as provas coletadas no inquérito sobre suposta organização criminosa formada por integrantes do PT. Lula, Palocci, e Paulo Bernardes eram acusados de terem articulado recebimentos, entre 2009 e 2010, de R$ 64 milhões (sem correção pela inflação) em troca de beneficiamento indevido à Odebrecht junto ao banco estatal.

 

COM A PALAVRA, A DEFESA DE LULA

 

Na última sexta-feira (03/09/2021), o juiz Frederico Botelho de Barros Viana, em Auxílio à 10ª Vara Federal de Brasília, proferiu sentença acolhendo o pedido que fizemos em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para determinar o trancamento da Ação Penal nº 1004454-59.2019.4.01.3400 - que trata da 4ª. linha de crédito do BNDES obtida pela Odebrecht para a exportação de bens e serviços para Angola. Com a determinação de trancamento a ação penal será imediatamente encerrada.

 

Posted On Segunda, 06 Setembro 2021 15:18 Escrito por

 

Por Edson Rodrigues

Goiânia, aos seis dias do mês de setembro de 2021

 

 

O Instituto Paraná Pesquisas, um dos mais renomados do Brasil na atualidade, divulgou o resultado de um levantamento feito entre os dias 26 e 30 de agosto no Tocantins, para os cargos de governador e senador, em que ouviu 1.526 eleitores em 72 municípios por meio de entrevistas pessoais telefônicas (sem o uso de robôs).

 

Os resultados apresentados deixam a entender que o foco da pesquisa foram os municípios da Região Norte do Estado, incluindo os municípios do Bico do Papagaio e Araguaína, uma vez que apresentam superioridade numérica para os candidatos dessa Região para os cargos pesquisados, apesar de o Instituto não especificar onde foi realizado o levantamento.

 

Outra particularidade do levantamento, é o nome da deputada estadual Luana Ribeiro como candidata ao Senado, coisa que nem a própria Luana ventilou.  Se levarmos em conta que Luana Ribeiro é natural de Araguaína e que seu desempenho na última eleição para deputada estadual não apresenta um bom desempenho nos municípios das regiões Central, Sul e Sudeste, fica cristalino que a pesquisa foi realizada em municípios da Região Norte.

 

Deputada Luana Ribeiro liderando para o senado

 

Outro dado que reforça esta análise é o fraco desempenho da senadora Kátia Abreu, que já está em seu segundo mandato na Câmara Alta, foi ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento durante o segundo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e foi candidata à vice-presidente da República nas Eleições presidenciais de 2018. 

 

Mesmo com todo esse cacife, Kátia aparece com 14,2% das intenções de voto e está numericamente atrás da deputada estadual Luana Ribeiro, com 15,8%; da deputada federal Dorinha Rezende (DEM), com 14,9%; e à frente do governador Mauro Carlesse (PSL), com 14% — todos estão dentro da margem de erro.

 

POSIÇÃO DE CARLESSE É CONFORTÁVEL

 

Utilizando os mesmos critérios de avaliação, quem aparece muito bem nessa pesquisa é o governador Mauro Carlesse, que obteve 14% das intenções de voto, segundo a pesquisa do Instituto Paraná, sem sequer ter colocado seu nome como pleiteante à única vaga em disputa no Senado.

 

Seu desempenho na pesquisa é uma espécie de “selo de bons serviços prestados”, uma vez que Carlesse passou praticamente a metade de seu governo – dois anos e nove meses – enfrentando uma pandemia, logo após ter sido obrigado a cortar na própria carne para reenquadrar o Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal, demitindo milhares de servidores contratados ou comissionados, extinguir gratificações, fundir ou extinguir órgãos e recolocar a máquina estatal nos eixos, depois de herdar um Estado praticamente falido, vindo de um governo retirado do poder a partir de um impeachment, que impossibilitou Marcelo Miranda de terminar seu governo, o jogou na cadeia por 120 dias para, depois, a Justiça Federal se declarar impossibilitada de dar uma sentença pela ausência ou fragilidade de provas, devolvendo o caso ao TSE que, depois, restituiu a elegibilidade ao ex-governador, mas deixou milhares de fornecedores e prestadores de serviço com atrasos de até 120 dias em seus pagamentos, num dos casos mais nebulosos da história política do Tocantins.

 

Governador Mauro Carlesse e deputados em lançamento de obras

 

Hoje, mauro Carlesse comanda um Estado apto a receber recursos e celebrar convênios com o governo Federal, tem as contas públicas equilibradas e dinheiro em caixa para iniciar o maior programa de obras que o Tocantins já foi palco, com ordens de serviços para os 139 municípios e “obras de estado” como a construção dos hospitais regionais de Araguaína e Gurupi, a nova ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional e recuperação e recapeamento de rodovias e estradas vicinais.

 

A gestão de Mauro Carlesse tem 50% de aprovação popular e, a projeção é que, após a conclusão ou com o andamento das obras que implantou, chegue à casa dos 68% a 70% de aprovação.

 

Mesmo sem lançar seu nome para o Senado, Carlesse está com seu nome bem lembrado pela população, e o resultado dessa pesquisa é uma comprovação de que, mesmo tendo seu reduto eleitoral na Região Sul do Estado, a Região Norte também está reconhecendo seu trabalho, que levou várias obras, algumas entregues, outras ainda em andamento, que beneficiam todos os municípios, desde o Bico do Papagaio até Araguaína.

 

A permanecer nesse ritmo, com as obras sendo vinculados a quem de direito,  e com o programa Tocantins Tocando em Frente em pleno desenvolvimento, Mauro Carlesse tem um potencial fortíssimo para ser o candidato vitorioso à única vaga disponível no Senado Federal para o Tocantins. O tempo e o futuro dirão!

 

EDUARDO GOMES

 

Outro que não tem nada a reclamar sobre os resultados apresentados pela pesquisa do Instituto Paraná é o senador Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. Primeiro que, historicamente, seu nome sempre aparece nas últimas colocações nas pesquisas de intenção de voto no início dos levantamentos, mas ele sempre acaba eleito, como foi o caso da sua eleição para o Senado, em que era o quarto colocado nas pesquisas e acabou como o senador mais bem votado do Estado, causando até certo desconforto aos institutos.

Senador Eduardo Gomes com prefeitos

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 vem acompanhando a definição dos nomes para o governo do Estado e Eduardo Gomes, até hoje, trata sua candidatura ao Executivo Estadual como “apenas uma possibilidade” para 2022, mesmo que dezenas de prefeitos e vereadores, deputados federais e estaduais, dirigentes partidários, lideranças classistas e o povo em geral, o tenham como “objeto de desejo” no cargo de governador a partir de 2023.

 

Quem fala na candidatura de Eduardo Gomes a governador são essas pessoas, enquanto que, com a humildade que lhe é característica, o senador segue tocando o seu trabalho, mantendo o foco em beneficiar, sempre que possível, ao povo tocantinense e dirimir suas demandas, se dividindo entre Brasília e o Tocantins, aonde vem mantendo reuniões regionais com prefeitos e vereadores e viajando para as cidades que recebem os frutos de sua atuação parlamentar, com entrega de maquinário pesado, recursos para a Saúde Pública, equipamentos para lavouras comunitárias e verba para outras ações, sempre sem tocar no assunto candidatura.

 

Mesmo assim, todo o meio político comenta que uma das duas vagas no segundo turno é de Eduardo Gomes, caso ele responda positivamente aos chamamentos que ecoam por todo o Tocantins.

 

Sua presença em uma chapa com outros bons nomes, com o diverso grupo político que o apóia, parece ser a única maneira de se evitar um segundo turno nas eleições para o governo do Estado em 2022.

 

Mas, até lá, ainda há muita coisa para acontecer.

 

RESULTADO CASTRATRÓFICO PARA KÁTIA E IRAJÁ

Quem não está comemorando o resultado da pesquisa do Instituto Paraná, certamente, é o clã dos Abreu.  Duas vezes senadora da república, uma vez deputada federal, ex-ministra da agricultura, ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura, ex-presidente da Federação da Agricultura do Tocantins por vários mandatos, atual presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu aparece atrás da deputada estadual Luana Ribeiro.  Já seu filho, senador Irajá Abreu, aparece na última colocação na corrida pelo governo do Estado, o que inclui, se não for ele o candidato, a pessoa que resolver apoiar.

 

Pode-se considerar o resultado da pesquisa do Instituto Paraná como um “soco na boca do estômago” das pretensões políticas do clã dos Abreu, que deixa à senadora a vaga como ministra do Tribunal de Contas da União, como sua melhor alternativa política no momento.  Se, por acaso, sua indicação não ocorrer, só resta à senadora calças “as sandálias da humildade” e tentar uma vaga de deputada federal, pois o Senado, para ela, parece ser uma coisa distante.

 

A pesquisa demonstra, também, que Irajá Abreu não tem votos para transferir, seja para ele mesmo, seja para o candidato que, porventura, resolver apoiar para o governo do Estado, colocando o futuro político dos Abreu contra a parede, numa situação de instabilidade política em relação á sua representatividade no Estado.

 

RETRATO REGIONAL DO MOMENTO

 

Trocando em miúdos, não se pode tomar a pesquisa do Instituto Paraná que ora se apresenta, como um indicativo geral do Estado, mas, sim, como um retrato de um momento regional, restando aguardar um levantamento que priorize os municípios da Região Sul do Tocantins, para, só então, podermos medir as forças de cada grupo político em relação às eleições de 2022.

 

Ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas

 

Tendo foco na Região Norte, como tudo indica que foi este levantamento, é absolutamente natural que os resultados tragam os nomes que representam a região pesquisada nas primeiras colocações. Ressaltando que Ronaldo Dimas, que aparece em primeiro lugar para o governo do Estado é, também, o único declaradamente pré-candidato ao governo desde que deixou a prefeitura de Araguaína, onde desenvolveu uma ótima administração, mas que deve dividir essa condição aos apoios políticos do próprio senador Eduardo Gomes, que empenhou 102 milhões de reais para obras no município, além de outros 100 milhões de reais transferidos para os cofres municipais da cidade por intermédio das ações dos deputados federais César Halum e Lázaro Botelho, por meio de emendas impositivas.

 

A habilidade de Dimas trouxe, também, apoio do governo de Mauro Carlesse, que firmou parcerias com o município, facilitando o bom desempenho de Ronaldo Dimas frente à prefeitura de Araguaína, o que, obviamente, teve reflexos em todos os municípios do entorno e da Região do Bico do Papagaio, que dependem de Araguaína em vários setores, como a Saúde Pública.

 

Ou seja, Ronaldo Dimas, por enquanto, é o único candidato real ao governo do Estado, e só o é, por conta dos apoios que recebeu em sua gestão na prefeitura de Araguaína, de nomes que podem ser inseridos na disputa eleitoral de 2022 e que devem ter seus papéis destacados e valorizados para a atual situação de Dimas nas pesquisas.

 

Na hora em que for “dado a César o que é de César”, muitos da “intenção de voto” em Ronaldo Dimas será diluído entre os que o apoiaram.

 

Como pesquisa eleitoral, tudo “ok” com os dados apresentados pelo Instituto Paraná Pesquisas. 

 

Já como indicador geral, de todo o Estado, o levantamento é só uma parte de um todo que, certamente, terá outros resultados.

 

Por enquanto, é só!

 

Posted On Segunda, 06 Setembro 2021 07:04 Escrito por

O Movimento Batistas por Princípios criticou líderes religiosos em declarar apoio a 'iniciativas autoritárias e pouco democráticas' de Bolsonaro

 

Por Natasha Werneck

 

O Movimento Batistas por Princípios, um grupo de religiosos, emitiu nota para desconvocar os fiéis para as manifestações do feriado de 7 de Setembro, Dia da Independência. Eles lamentaram o posicionamento de líderes religiosos em declarar apoio a “iniciativas autoritárias e pouco democráticas do atual presidente da República” Jair Bolsonaro (sem partido).

 

Na nota, o grupo demonstrou preocupação com as ameaças de fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), quando as convocações são feitas “em nome da defesa da liberdade”. O movimento também afirmou que o presidente deve satisfações das últimas acusações divulgadas na mídia.

 

Por fim, eles pedem para que fiéis, especialmente batistas “que sempre defenderam

princípios de verdadeira democracia e separação entre Igreja e Estado” a não comparecerem nas manifestações de 7 de Setembro. O movimento afirma que outras atividades podem ser mais “recompensadoras”.

Confira a nota na íntegra:

 

Diante da convocação feita às igrejas evangélicas, por diversas lideranças, para saírem às ruas em apoio às manifestações do próximo dia 7 de setembro, fazemos as seguintes considerações:

 

1. Defendemos e propagamos a liberdade de expressão e opinião, garantidas pela Constituição Brasileira, na convicção de que nenhum cidadão do nosso país está acima das normas constitucionais;

 

2. Estranhamos o lamentável fato de que pastores, embora ensinem em suas igrejas uma eclesiologia democrático-congregacional, expressem sua solidariedade a uma manifestação de claro apoio a iniciativas autoritárias e pouco democráticas do atual Presidente da República;

 

3. Denunciamos, com perplexidade, o evidente caráter contraditório da manifestação, uma vez que — em nome da defesa da liberdade — faz a apologia inconstitucional do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal;

 

4. Expomos nossa desconfiança em relação a um movimento que pretende dar salvo-conduto a um presidente que, juntamente com seus filhos, ainda deve explicações a sérios e graves indícios de corrupção e uso indevido de verbas de gabinete constituídas por dinheiro público — indícios que estão sendo investigados e, por si, revelam situações que parecem desmontar discursos hipócritas contra a corrupção;

 

5. Discordamos de todo e qualquer apoio acrítico ao atual governo — bem como à voluntária submissão ao papel de massa de manobra que se tem visto em vários setores da sociedade, em especial no ambiente evangélico — tendo em vista:

a) o fracasso na condução da crise de saúde no país como resultado da pandemia do Coronavírus;

b) o fracasso da política econômica, que se confirma pelo aumento do desemprego, da fome e da miséria, bem como de outras diversas maneiras, inclusive no crescente abandono do país por multinacionais muito conhecidas e aqui presentes há várias décadas;

c) o fracasso no controle inflacionário, resultando no absurdo e crescente aumento de preços, cujos mais notórios são dos alimentos, gás de cozinha e combustíveis, situação que deixa ainda mais vulneráveis aqueles que, de alguma forma, já se encontram prejudicados pela pandemia;

d) o fracasso no prometido combate à política predatória do chamado Centrão, cujo maior representante está hoje assentado num dos gabinetes do Palácio do Planalto, na qualidade de Ministro da Casa Civil;

e) o fracasso na estabilização política;

f) o fracasso nas políticas educacionais;

g) o fracasso no plano de prevenção à crise hídrica e de energia elétrica que, depois de claros sinais, agora se avizinha.

 

6. Afirmamos com ênfase que a convocação para tal manifestação pública, embora exiba como fachada a defesa da liberdade e da democracia, na verdade se revela como astuta tentativa do atual governo de provocar rupturas institucionais e criar ambiente favorável a instalação de um governo autoritário e personalista.

 

Sendo assim, conclamamos aos irmãos e irmãs, especialmente aos batistas que sempre defenderam princípios de verdadeira democracia e separação entre Igreja e Estado, a não comparecerem às ruas na próxima terça-feira, dia 7 de setembro, aproveitando melhor o seu tempo com outras atividades mais recompensadoras e que, ao fim e ao cabo, demonstrem o autêntico respeito que temos pelo Dia da Independência."

 

 

Posted On Segunda, 06 Setembro 2021 06:18 Escrito por

A indicação de André Mendonça ao STF foi publicada no Diário Oficial da União no dia 13 de julho pelo presidente Jair Bolsonaro

 

Por Letícia Casado

 

Não é apenas o ex-advogado-geral da União André Mendonça que está incomodado com a longa demora do Senado em apreciar seu nome para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O desconforto com a postura do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), responsável por conduzir o processo de Mendonça na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa, também chegou ao STF. Ministros ouvidos reservadamente por VEJA avaliam que o impasse é um desrespeito à própria Corte, que está desfalcada com uma cadeira vaga desde a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em julho. A indefinição não apenas pode levar a empates em julgamentos sensíveis em andamento, como faz aumentar o volume de processos distribuídos diariamente nos gabinetes do STF.

 

Para um ministro com bom trânsito no Congresso, a postura de Alcolumbre é um “desrespeito à própria Corte”. A resistência do senador amapaense já fez dois integrantes do STF entrarem em contato com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tentar resolver a situação. “Ele (Alcolumbre) está fazendo crescer o André, ao invés de diminuí-lo. Os senadores estão se chateando com ele”, afirmou um outro magistrado, que pediu para não ser identificado.

 

Uma data-chave que pode estravar o processo é o próximo Sete de Setembro, quando milhares de militantes bolsonaristas são aguardados nas ruas, insuflados pelos discursos beligerantes do chefe do Executivo. Se os protestos não forem explosivos, o ambiente pode ser (temporariamente) distensionado, abrindo caminho para a apreciação do nome de Mendonça.

 

Na avaliação de um aliado de Mendonça, a escolha impacta os três poderes como um todo: o Palácio do Planalto, por se tratar de um indicado do presidente Jair Bolsonaro; o Senado, por impedir que os 81 integrantes da Casa apreciem o nome escolhido pelo chefe do Executivo; e, por fim, o STF, que trabalha desfalcado há mais de um mês.

 

Senadores avaliam que a resistência de Alcolumbre a Mendonça é resultado do crescente desgaste da relação entre o parlamentar e Bolsonaro. Nos dois anos em que presidiu o Senado, até fevereiro, Alcolumbre manteve boa interlocução com o chefe do Executivo. Ao deixar o cargo, Alcolumbre perdeu influência sobre a distribuição de emendas parlamentares, que agora ficam concentradas no Executivo, com os ministros Ciro Nogueira (PP-PI) e Flávia Arruda (PL-DF), e tampouco conseguiu emplacar aliados a cargos que precisam do apoio do Executivo. “Vamos derrotar o governo”, disse Alcolumbre a um senador, ao tratar recentemente de derrubar a indicação de Mendonça.

 

Colegas de Alcolumbre também relatam sua insatisfação com Bolsonaro em dois momentos cruciais no fim do ano passado e que afetaram sua base eleitoral no Amapá. O Estado sofreu uma crise energética por quase um mês. A demora do poder público para resolver o problema local, às vésperas da eleição municipal, afetou a campanha do irmão do senador, Josiel (DEM), para a prefeitura de Macapá, e ele perdeu o pleito.

 

Dono da cadeira que deve ir para Mendonça, o ministro aposentado Marco Aurélio Mello critica a postura de Alcolumbre: “Tempos estranhos. Pouco zelo pela coisa pública que não pertence a este ou àquele cidadão. Sofrida República em que princípios institucionais não são respeitados. O André Mendonça não pode ser utilizado como instrumento de retaliação. Isso não é cristão.”

 

Posted On Segunda, 06 Setembro 2021 06:14 Escrito por