Por João Brandão

O Instituto Paraná Pesquisas divulgou nesta terça-feira (31) três cenários com nomes diferentes do PT para a presidência. Tanto na simulação com Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, como com o ex-governador da Bahia Jaques Wagner sendo candidatos do PT, Jair Bolsonaro (PSL) lidera, mas perde a dianteira quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece no levantamento.

Na primeira simulação (com Haddad), ele aparece com 23,6% das intenções de voto. Na segunda (com Jaques Wagner), Bolsonaro tem 23,5% da intenção de voto. Os petistas teriam 2,8% dos votos. Com Lula, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente teria 29% dos votos, contra 21,8% de Bolsonaro. Os demais candidatos teriam menos de 10% das intenções de voto cada.

Ainda sem Lula, Bolsonaro iria para o segundo turno ou com Marina Silva (Rede) ou com Ciro Gomes (PDT), que estão tecnicamente empatados, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. A pesquisa mostra a candidata da Rede com 14,4% dos votos no cenário com Haddad e 14,3% na simulação com Jaques Wagner. Já Ciro tem 10,7% no cenário com Haddad e 10,8% na simulação com Wagner.

Mais da metade afirmou que “não votaria de jeito nenhum” em sete candidatos: Lula (54,1%), Jair Bolsonaro (54,3%), Marina Silva (55,2%), Ciro Gomes (58,9%), o candidato do PSDB Geraldo Alckmin(63,3%), Fernando Haddad (67%) e Henrique Meirelles (62,3%), ex-ministro da Fazenda e candidato do MDB.

A pesquisa foi realizada com 2.240 eleitores em 170 municípios. Registro no TSE: BR-00884/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

Posted On Terça, 31 Julho 2018 14:29 Escrito por

Durante a noite da segunda-feira (30/7), personalidades, jornalistas, youtubers, apoiadores e pessoas contrárias ao pré-candidato movimentaram a rede social

 

Por Amanda Miranda

Pré-candidato à presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) criticou a política de cotas raciais e afirmou que pode propor a redução desse direito em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (30). “Que dívida? Eu nunca escravizei ninguém”, afirmou. “O português nunca nem pisou na África. Os próprios negros entregavam”. O parlamentar negou que seja racista, apesar das declarações, e reafirmou a fala que o levou a ser denunciado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por racismo ao Supremo Tribunal Federal (STF). “É na brincadeira”, minimizou as ofensas aos quilombolas.

 

Bolsonaro afirmou durante uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, que tinha ido a um quilombo e que o “afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. “Não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”, disse ainda, no ano passado.

 

Na entrevista, Bolsonaro citou como exemplo para justificar a opinião sobre a política de cotas o caso dos filhos de um paraibano branco e um negro que não fosse nordestino prestando o mesmo vestibular. “O do paraibano tira 9 e não entra e o do afrodescendente tira 5 e entra. Isso é justo?”, exagerou nas contas.

 

Críticas à Câmara
O deputado criticou o Congresso Nacional, onde está desde 1991, e o fundo eleitoral. “São os mesmos que quase nada fizeram pelo Brasil”, afirmou o deputado. Na Câmara há 27 anos, teve apenas dois projetos de lei aprovados, de 162 apresentados. “Ciro Gomes apresentou 0 projetos”, comparou com o futuro adversário na corrida presidencial, que cumpriu apenas um mandato na Casa, na legislatura passada.

 

“O projeto mais importante que eu aprovei lamentavelmente o Supremo julgou inconstitucional, que foi o voto impresso”, minimizou. “Quantas coisas ruins eu evitei que fossem aprovadas, como o kit gay? Por que o projeto da castração química não vai para a frente”, questionou, citando propostas questionadas por organizações de direitos humanos.

 

“Nunca integrei a maioria das comissões da Câmara. Lá é um mundo, é impossível fazer tudo”, reconheceu ao ser questionado sobre admitir não entender de economia e, ao mesmo tempo, ter a função, como parlamentar, de aprovar o orçamento do País.

 

Economia e Previdência
Bolsonaro anunciou que, se for eleito, terá o economista Paulo Guedes como ministro da Fazenda. Com um País em meio a uma crise econômica, o pré-candidato recorre ao auxiliar para os temas da área que admite desconhecer. Questionado se teria um ‘plano b’, afirmou: “Para a tristeza da esquerda, dos estatizantes, nós não morreremos, não”.

 

O deputado federal defendeu uma reforma da Previdência, mas não a que foi proposta pelo presidente Michel Temer (MDB). “Dá para aprovar, sim. Paulatinamente”, enfatizou.

Posted On Terça, 31 Julho 2018 05:49 Escrito por

Candidatos ao parlamento do mesmo partido em palanques diferentes e campanhas do “eu sozinho” são as marcas do pleito

 

Por Edson Rodrigues

 

Uma eleição marca o momento em que todos os cidadãos, do mais rico ao mais pobre, do analfabeto ao doutor, passam a ter o mesmo valor e o mesmo poder.  O poder do voto, da escolha de quem estará no poder e quem estará como satélite do poder, nos parlamentos estaduais e no nacional.

 

A única diferença que vai separar os eleitores está na forma com que vão definir seus votos.  Uns o trocarão por um botijão de gás, uma caixa de cerveja, uma conta de energia paga, um jogo de camisas para seu time de futebol, enquanto outros estão estudando os melhores nomes, analisando suas vidas pregressas e separando os potencialmente honestos dos que já tem processos judiciais.

 

A questão mostra que os partidos vêm perdendo força. No momento em que serão eleitos os cargos mais importantes para o comando do País e dos Estados, os eleitores, a população, está concentrada na história dos políticos e, não dos partidos.  Os “pes” que iniciam e os adjetivos que terminam os nomes das legendas, pouco importam, muito menos suas ideologias.

 

A maior prova disso são os “matrimônios” eleitorais, com divórcio pré-datado que estão sendo “arranjados” entre os partidos, visando tão somente o “dote” do tempo de Rádio e TV gratuitos durante a campanha.

 

Partidos de esquerda se unem aos de direita, ideologias socialistas andam de mãos dadas com direitistas, comunistas com liberais...transformando as coligações em verdadeiras “casas da mãe Joana”, e, por conseguinte, afastando os eleitores que ficam desconfiados e enojados com a falta de vergonha com que os matrimônios são “acertados”.

Esse arranjos empurram por goela abaixo dos eleitores candidatos que, normalmente, estariam fora de suas opções de escolha, o que leva o cidadão mais precavido a precisar fazer uma lista de suas opções, sem olhar para as legendas, o que explica os níveis estratosféricos de rejeição que alguns políticos vêm apresentando nas pesquisas.

 

Logo, esta será, de longe, a eleição do “cada um por si e Deus por todos”. Quem ganhar será por mérito próprio, sem apoio dos “cabeças de chapa”.  Quem perder será por escolhas erradas de alianças.

 

”AMORES DESFEITOS”

No Tocantins, todos sabem que o segundo turno é inevitável.  Com três candidaturas bem posicionadas – Carlesse, Amastha e Márlon Reis – ainda é impossível cravar um prognóstico de qual deles vai focar de fora, pois, como dissemos, o voto não é vinculado e os casamentos são arranjados, com data certa para divórcio, como um casamento sem amor.  Mero negócio, espalhado por coligações improváveis em todo o Brasil, com o Tocantins, é claro, incluído.

Temos o exemplo mais claro disso no PSDB do Tocantins, que terá candidatos a deputado estadual e federal distribuídos entre os palanques de Carlos Amastha e Mauro Carlesse, sem unidade nenhuma e nenhum compromisso com a ideologia , apenas com a preocupação de ter mais tempo no horário de Rádio e TV e mais recursos do Fundo Partidário, o que cria uma situação prá lá de inusitada que é o candidato aparecer no propaganda eleitoral de um candidato a governador no Rádio e na TV e no palanque de outro nos dias de comício. 

 

Será que o eleitor engole mais essa prova de inconfiabilidade dos nossos políticos?

 

Tal qual as novelas e folhetins da televisão, caberá aos eleitores/telespectadores, escolher quem será o mocinho e quem será o vilão nessa história de “amores desfeitos” e casamentos arranjados.

 

SEGUNDO TURNO

Dentro de toda essa “salada mista” que está se configurando a eleição no Brasil e no Tocantins, aqui, pelo menos, temos uma certeza:  se Márlon Reis chegar ao segundo turno, ele será inevitavelmente o novo governador do Tocantins.

 

Diante do quadro sucessório a ser apresentado no próximo dia cinco, após as convenções e coligações sacramentadas, em que 98% dos postulantes a cargos eletivos proporcionais querem, unicamente, seu registro de candidatura, seja por “chapão” ou por “chapinha”, esses candidatos terão a seu favor apenas suas estruturas de campanha.

 

As estruturas bem fundamentadas e com poderio econômico tendem a sair vitoriosas, enquanto que as candidaturas sem organização ou coordenação, não devem decolar, ficando o mérito de ser eleito ou não unicamente para o candidato.

 

Lembrando que uma boa infraestrutura de campanha só funciona se o candidato tiver serviços prestados ao Estado, não ser “ficha suja” e contar com apoio de prefeitos e deputados estaduais e federais e, o principal, ter uma plataforma com propostas consistentes e realizáveis.

 

E é justamente nesse contexto que Márlon Reis tem suas chances aumentadas, pois tem pouca ou quase nenhuma rejeição, não pertence a grupo ou família política e, como não tem alianças com candidatos ao Legislativo Estadual, pode, chegando ao segundo turno, ter condições de articular um pacto para a formação de um governo de coalizão, com deputados estaduais e federais eleitos pela chapa derrotada, criando uma situação que lhe permita ganhar a eleição no segundo turno.

 

Isso é cristalino.

 

SIQUEIRA E O ENIGMA DO SENADO

Já para as postulações ao Senado, a configuração é exatamente a mesma: quem tiver mais estrutura, leva, já que os votos não estão mais vinculados a partidos e os eleitores irão votar em dois senadores.  Com seis nomes fortes na disputa, o diferencial será, exatamente a estrutura individual de cada um.

 

Nos 30 anos de Tocantins, esta disputa para o senado será a mais disputada de todos os tempos e colocará em evidência muito positiva o nome dos eleitos.

 

O grande enigma diz respeito à candidatura de José Wilson Siqueira Campos, que completa 90 anos no próximo dia 1º de agosto.

 

Com cinco mandatos de deputado federal, no último dos quais foi autor da Emenda Constitucional que criou o Estado do Tocantins, e três mandatos de governador, todos eleito pelo voto do povo tocantinense, que ainda nutre um grande apelo de gratidão pelo “velho Siqueira”.

 

A pergunta que não quer calar é se, aos 90 anos, Siqueira ainda terá a mesma vitalidade e atitudes que demonstrou durante toda a sua vida pública.

 

A lucidez e a inteligência ainda estão intactas.  A grande dúvida paira sobre a saúde, em grande parte por conta de boatos que frequentemente circulam pelos bastidores políticos.

 

Neste próximo dia primeiro de agosto, como todos os anos, uma missa será celebrada em homenagem a mais um ano de vida de Siqueira Campos.  Um evento especial que vai sanar as dúvidas sobre a saúde e a vontade de Siqueira em servir, mais uma vez, o povo tocantinense.

 

Sem sombra de dúvidas, será um evento disputadíssimo pela imprensa, no ensejo de, enfim, poder responder a essa pergunta.

 

Estamos de olho!

 

Até o próximo capítulo!                

Posted On Domingo, 29 Julho 2018 22:56 Escrito por

Da redação 

 

Veja

…E não era bolha

Na primeira vez em que Jair Bolsonaro bateu nos 8% de intenções de voto, ombreando com veteranos como o tucano Geraldo Alckmin e o pedetista Ciro Gomes, a maioria dos analistas disse que sua candidatura à Presidência da República não passava de uma bolha que o vento se encarregaria de levar. Quando o ex- capitão do Exército chegou aos dois dígitos, os mesmos analistas armaram que ele havia batido no teto e, daí em diante, a gravidade se encarregaria de colocá-lo em seu devido lugar. Na última semana, no entanto, Bolsonaro — que oficializou sua candidatura pelo PSL sem vice, sem coligação e sem dinheiro — mostrou que, contrariando vaticínios, desejos e esconjuros, continua de pé, e crescendo. A pesquisa realizada pela Ideia Big Data, encomendada por VEJA, revela que

 

Bolsonaro está se consolidando como líder no primeiro turno — na hipótese eleitoral mais provável, em que o ex-presidente Lula não concorre — e é, nesse mesmo cenário, o candidato com mais chances de chegar ao segundo turno.

 

EUA x China

 

O Império do Meio X o Império do Norte

China disputa a hegemonia em todos os campos, mas Trump não quer lições históricas, muito menos entregar a taça do mundo de mão beijada ao adversário.

 

Em toda a Terra, e até fora dela, China e Estados Unidos competem para decidir se a primeira tomará da segunda o título, além dos louros e os ouros, de superpotência hegemônica. É uma disputa em que, como nos campeonatos esportivos, o segundo  lugar equivale a perda total, sem valor algum. O motivo é que a potência única tem uma constelação de vantagens incomparáveis: a primazia econômica; a projeção de poder em terra, mar, ar e espaço; as tecnologias mais avançadas e inovadoras, sem distinção de uso bélico ou civil; o domínio sobre o fluxo das matrizes energéticas que movem tudo isso; e a moeda-padrão do mundo que paga a conta. Sem contar o conjunto de conceitos criativos, artísticos, comportamentais e ideológicos que constituem o coração do soft power, o poder cultural tão importante quanto o representado por todos os elementos anteriores, que faz com que milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo chineses, ambicionem morar em Nova York, e não em Xangai.

 

Golpe nas mentiras

 

O Facebook tira do ar centenas de páginas ligadas ao MBL, grupo de direita que espalha fake news, mas os critérios seguem pouco transparentes.

Leia mais em Veja.

Época

O homem de Xiririca

Por volta das 11 horas de uma manhã de junho, a estrada esburacada que leva a Eldorado, no Vale do Ribeira, em São Paulo, estava vazia. Com 15 mil habitantes, a 245 quilômetros de São Paulo, a cidade se resume a uma montanha a beira-rio, cujo topo é preenchido pela típica igreja em frente à praça com nome de santa. Fundada na segunda metade do século XVIII, foi chamada primeiramente de Xiririca — uma onomatopeia guarani que imita o barulho de água corrente. O nome de batismo foi alterado para Eldorado em 1948, em referência ao ciclo do ouro, que também inspirou os municípios vizinhos de Sete Barras, onde sete barras de ouro foram retiradas da terra, e Registro, onde o ouro era registrado. Não há quem não conheça Bolsonaro por ali.

 

Quarto maior município paulista em extensão territorial, segundo maior índice de mortalidade infantil no estado e com 40% de seus moradores com renda abaixo de dois salários mínimos, Eldorado parece ter parado no tempo, com indicadores que contradizem o próprio nome. Os homens trabalham fora, as mulheres cuidam da casa, e a diversão se limita a comer, beber, pescar e dar voltas em torno da praça. Não fosse a Caverna do Diabo, que, com 6,5 quilômetros de extensão, é a maior do estado, nenhum turista teria motivo para aparecer na cidade.

 

As construções antigas em ruas largas e empoeiradas são as mesmas do tempo em que o dentista prático Percy Geraldo Bolsonaro chegou de Glicério, município do noroeste paulista, com a mulher e seis filhos — o sétimo morrera pouco depois de nascer prematuro. Terceiro dos seis irmãos (Angelo, Maria Denise, Jair, Solange, Renato e Vânia), Bolsonaro, nascido em Campinas, viveu em Eldorado até os 18 anos. Saiu de lá para ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Só costuma voltar à cidade em que foi criado em datas festivas, para ver a família e alguns colegas com quem passou a infância e a adolescência nas escolas estaduais Professora Maria Aparecida Viana Muniz e Doutor Jayme Almeida Paiva.

Estão em Eldorado-Xiririca os anos de formação do político que assombra grande parte do país, enquanto arrola número significativo de simpatizantes. Candidato a presidente pelo nanico PSL, Jair Messias Bolsonaro, de 63 anos, atinge 20% das intenções de voto, postando-se como nome forte na sucessão. Com 30 anos de atuação político-parlamentar e passagem por sete partidos, Bolsonaro cultivou a polêmica para destacar-se. Entrou na política depois de ser acusado de liderar um plano para colocar bombas em quartéis como forma de pressionar a União por aumentos salariais para a tropa. Usou a fama repentina para tornar-se a voz dos militares, primeiro como vereador e depois como deputado federal.

 

Em 1993, mesmo no Parlamento defendia a ditadura e o fechamento temporário do Congresso Nacional. Alegava o deputado que a existência de muitas leis atrapalhava o exercício do poder e que, “num regime de exceção, o chefe, que não precisa ser um militar, pega uma caneta e risca a lei que está atrapalhando”. No ano seguinte, disse preferir “sobreviver no regime militar a morrer na democracia”. Afirmou que “a situação do país seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente”, incluindo na lista o então presidente Fernando Henrique Cardoso.

 

No início de 2000, Bolsonaro defendeu a pena de morte para qualquer crime premeditado e a tortura em casos de tráfico de drogas, afirmando que “um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem de ser colocado no pau de arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso”. Para sequestradores, indicava: “O cara tem de ser arrebentado para abrir o bico”. Atacou homossexuais, dizendo não admitir “abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso”. Reclamou dos que têm pouco dinheiro: “Pobre não sabe fazer nada”.

 

Deputado federal em sétimo mandato, fez discursos no plenário em que qualificava adversários como “canalha”, “patife”, “imoral”, “terrorista” e “delator”. Cunhou cartazes debochados quando da discussão legislativa sobre desarmamento — “Entregue suas armas: os vagabundos agradecem” — e desaparecidos políticos — “Araguaia: quem procura osso é cachorro”.

 

Ria com prazer ao ver seu nome associado à violação dos direitos humanos. Abertamente já defendeu a pena de morte, a prisão perpétua, o regime de trabalhos forçados para condenados, a redução da maioridade para 16 anos e um rígido controle da natalidade como maneira eficaz de combate à miséria e à violência.

 

Debochou das acusações de nepotismo quando empregou parentes em seu gabinete e procura transferir prestígio para os filhos na política — Flávio, de 37 anos, é deputado estadual fluminense e candidato ao Senado; Eduardo, de 34, é deputado federal por São Paulo; Carlos, de 32, é vereador no Rio de Janeiro. Bolsonaro se refere aos filhos como 01, 02 e 03, na ordem crescente de idade.

 

Seu passado antes da carreira política estridente segue nebuloso. Em busca dele, ÉPOCA investigou por dois meses as origens dos Bolsonaros, flor emergente de Eldorado-Xiririca.

 

No fim da estrada de acesso à cidade, num posto de combustíveis, o frentista estudou com Jair Bolsonaro. “Ele era goleiro”, contou Tirço. “Ruim de bola.” Da turma, só o presidenciável ficou famoso. Os outros tornaram-se frentistas, secretárias, agricultores e donas de casa. Narcisa dos Santos, de 63 anos, mesma idade de Bolsonaro, rememorou o tempo em que o presidenciável, ainda menino, corria nu pela praça da cidade, irritado com as irmãs. “De mim ele apanhava”, disse ela. Já naquele tempo, Bolsonaro tinha uma metralhadora na língua. “Batia nele quando me chamava de gorda, baleia, saco de areia”, contou Narcisa. “Ele saía louco correndo sem calça na praça.”

 

O negócio do hoje presidenciável era estudar e pescar, lembrou outro colega de escola, Celso Leite. “Era quietão”, disse. “Mas já falava que ia ser presidente do Brasil, porque naquele tempo os presidentes eram militares.” Quando soldados baixaram em Eldorado à procura do guerrilheiro Carlos Lamarca, no início dos anos 1970, Bolsonaro passou a admirar o Exército — até hoje se orgulha de ter ajudado a guiar os militares pelas matas que conhecia desde criança na caça ao comunista Lamarca.

 

O Rio Ribeira do Iguape continua limpo, e a pacata Eldorado um deserto no horário de almoço. No cemitério, um mausoléu simples em granito, sem qualquer imagem de santo, nem cruz, nem flor, constitui a homenagem feita pela família Bolsonaro ao patriarca, Percy, morto em 1995. Antes de perder o pai, lembrou Gilmar Alves, Bolsonaro também quis aproveitar o ouro de Eldorado. Durante a juventude, o deputado chegou a investir em equipamentos para explorar o garimpo de ouro no Vale do Ribeira — ele já declarou ter garimpado ouro na Bahia. O tesouro que encontrou, no entanto, parece ter sido outro.

 

Atualmente, a família Bolsonaro controla um pequeno império no comércio de eletrodomésticos, sapatos e materiais para construção em parte do Vale do Ribeira. Um levantamento feito por ÉPOCA na Junta Comercial de São Paulo mostra ao menos 19 empresas registradas em oito municípios: Eldorado, Miracatu, Jacupiranga, Apiaí, Juquiá, Iguape, Pariquera-Açu e Barra do Turvo. As empresas estão registradas em nome dos irmãos Renato Antonio Bolsonaro e Angelo Guido Bonturi Bolsonaro, da mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, e dos sobrinhos Vitória Leite Bolsonaro, Angelo Guido Bolsonaro, Orestes Campos Bolsonaro e Osvaldo Campos Bolsonaro.

 

Somando-se o número de filiais espalhadas por um total de 13 municípios, a família Bolsonaro tem pelo menos 30 lojas no Vale do Ribeira.

 

Bolsonaro deixou Eldorado na metade dos anos 1970, ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, depois na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e chegou a Brasília, como deputado federal, em 1991. Foi lá, na Quadra 103 Norte, que conheceu a segunda ex-mulher, Ana Cristina Valle. Ambos se apaixonaram enquanto eram casados — ele com Rogéria Nantes Nunes Braga, a mãe de seus três filhos; ela com um coronel da reserva do Exército.

 

O relacionamento começou a desmoronar quando Ana Cristina comprou um apartamento em um hotel na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, supostamente com o dinheiro de Bolsonaro sem que ele soubesse, segundo contou um assessor próximo da família. “É claro que ele sabia”, disse ela. “Comprei com o dinheiro de uma conta conjunta.” Ela se comprometeu a mostrar a matrícula do imóvel, mas nunca o fez. Uma busca em cartórios de registro de imóveis revela que, nos últimos 35 anos, nenhum apartamento no endereço mencionado foi inscrito no nome de Jair Bolsonaro.

 

Quando o casal se separou, em 2008 — algo que “foi muito doído e ainda é”, segundo ela —, Ana Cristina levou o filho, Jair Renan, para a Noruega, onde viveu por cinco anos. Bolsonaro entrou na Justiça para reaver a guarda do menino. “Ele não permitiu a ida do meu filho para a Noruega, seria bom para ele”, contou a ex-mulher. De volta ao Brasil, ela se prepara para concorrer, a convite do senador Romário, a uma vaga de deputada federal em outubro, pelo Podemos. O nome nas urnas será Cris Bolsonaro.

 

O assessor também contou que, ao contrário dos três irmãos e da mãe, Jair Renan ainda não mostrou disposição para a política. Isso, de certa maneira, intriga o pai. Mais ainda depois que percebeu que o filho, enquanto morava com o presidenciável na Barra da Tijuca, vinha frequentando a Pedra do Arpoador. “Fazer o que no Arpoador?”, questionou o assessor, logo acrescentando: “Fumar”. Por esse motivo, Bolsonaro teria mandado o filho para morar com a mãe em Resende.

 

Bolsonaro também não quis que o nome do filho fosse escolhido pela mãe. “Eu queria só Renan”, conta Ana Cristina. “Fui lá e botei Renan. Ele voltou e modificou”. Típico mandachuva de Xiririca.

 

ISTOÉ

A vez de Alckmin

O candidato tucano ao Planalto promoveu uma virada no tabuleiro eleitoral ao unir dez partidos em torno da sua candidatura, criando as condições políticas para, finalmente, decolar. Se, de fato, essa portentosa aliança resultará em votos, só o tempo dirá.

 

Caciques do PSDB, Geraldo Alkimin, Aécio Neves e João Dória

Depois de passar meses estacionado nas pesquisas, sendo ferozmente criticado até por seus aliados por “jogar parado”, ou seja, não se mover no sentido de firmar alianças para compor um palanque robusto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), enfim, saiu da inércia e fez o movimento mais arrojado até agora na conturbada e imprevisível eleição presidencial de 2018. Celebrou, na quinta-feira 26, um amplo e avassalador arco de apoios partidários, a partir da união de dez legendas, incluindo as quatro do chamado “Centrão” (DEM, PP, PR e Solidariedade), que se somarão ao PSD, PTB, PRB, PPS e PV, siglas com as quais o PSDB já estava coligado. Com esse verdadeiro exército marchando a seu favor, o tucano passará a dispor de quase 6 minutos de tempo na propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV (os principais adversários terão menos de 30 segundos cada) e terá ao seu lado quase 300 deputados e a metade dos prefeitos brasileiros. Mais: a colossal aliança vai render ao candidato R$ 852,8 milhões de fundo partidário. Para quem até bem pouco tempo era dado como natimorto, pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que Alckmin vive o mais alvissareiro momento desde que oficializou seu nome na corrida presidencial.

Posted On Domingo, 29 Julho 2018 22:33 Escrito por

Presidente da Câmara dos Deputados disse que 'arquiva momentaneamente' os seus planos de chegar ao cargo mais elevado do Poder Executivo no Brasil

 

Por iG São Paulo

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), definitivamente não estará entre as opções de candidato à Presidência da República nas eleições de 2018. Isso porque, nesta quinta-feira (26), ele oficializou, por meio que uma carta lida pelo presidente do DEM, ACM Neto, que desistiu de concorrer ao cargo.

 

Além de definir que não será mais candidato à Presidência em outubro, o deputado anunciou o seu apoio à pré-candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) – acompanhando o movimento do bloco do "Centrão", os partidos que não se consideram nem de esquerda e nem de direita.

 

"Adotamos o caminho da unidade em torno de um projeto político que hoje parece o mais viável para evitar marchas a ré ainda maiores e mais trágicas para o Brasil. A história não nos dá o direito de andar para trás”, disse Maia, em sua carta. A leitura do documento foi feita em meio à cúpula do DEM, na manhã desta quinta-feira.

 

De acordo com o jornal O Globo , que divulgou tal decisão, Rodrigo Maia defendeu ainda que a política e a democracia são as únicas saídas para os problemas do Brasil e que o movimento de apoio de DEM, PP, PRB, PR e SD é de "centro", porque esse "é o ambiente onde as pessoas não abrem mão de seus princípios e suas ideias", mas conseguem discutir e convergir para um consenso ou para a decisão da maioria.

 

Em março deste ano, Maia tinha dito que sua candidatura 'iria decolar', "pode escrever”, ele disse, com otimismo aos jornalistas. Sua candidatura ao Planalto, contudo, foi vista com ressalvas por seus apoiadores – inclusive por Cesar Maia, seu pai, inequívoca expressão da "política tradicional" e ex-prefeito do Rio de Janeiro, que em entrevista recente declarou que o melhor para o filho seria se reeleger deputado.

 

Ao anunciar a sua desistência sobre ser candidato à Presidência , o presidente da Câmara disse que vai "arquivar momentaneamente" o projeto de chegar ao cargo mais elevado do Poder Executivo no Brasil. Maia deve, portanto, seguir o conselho paterno e se preocupar em ficar na Câmara dos Deputados a partir de 2019.

 

Posted On Sexta, 27 Julho 2018 06:59 Escrito por
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