O novo processador Majorana 1, no qual a Microsoft espera colocar um milhão de qubits no futuro
Por João Pedro Adania
A Microsoft acredita ter feito um avanço fundamental na computação quântica ao desbloquear o potencial desses dispositivos para resolverem problemas de escala industrial - e acriar o que está chamando de “quarto estado da matéria”. A gigante trabalhou os últimos 17 anos em um projeto de pesquisa para criar um material e arquitetura para computação quântica. O resultado? O processador Majorana 1.
Na computação clássica, usada em PCs e smartphones atuais, todas as informações são armazenas ou processadas na forma de bits – que são binários, representados por 0 ou 1. Porém, na quântica, os chamados qubits, ou bits quânticos, podem assumir inúmeros estados entre 0 e 1. Esse fenômeno se chama superposição e aumenta exponencialmente a quantidade de dados que podem ser processados ao mesmo tempo.
Empresas com IBM, Microsoft e Google tentam tornar os qubits tão confiáveis quanto os bits binários há anos, isso porque eles são bem mais delicados e sensíveis a ruídos que podem criar erros ou perder informações.
O Majorana 1 deve potencialmente acomodar um milhão de qubits no mesmo chip, que não é muito maior do que as CPUs de PCs e servidores de desktop convencionais. A Microsoft não usa elétrons para o processamento desse novo chip, mas sim uma partícula Majorana que o físico Ettore Majorana descreveu em 1937.
A Microsoft afirma agora ter criado um novo estado da matéria em sua busca por uma máquina poderosa, que poderia acelerar o desenvolvimento de tudo, desde baterias a medicamentos e inteligência artificial. A gigante alcançou este marco ao desenvolver o que chama de “primeiro topocondutor do mundo”, um novo tipo de material que além de observar, controla as partículas de Majorana para criar qubits confiáveis.
Em um artigo publicado pela Microsoft e revisado por membros da revista cientifica Nature, a empresa diz que conseguiu criar o qubit topológico com um material a base de arsenieto de índio e alumínio.
Como parte de sua pesquisa, a empresa construiu vários qubits topológicos dentro de um novo tipo de chip de computador que combina os pontos fortes dos semicondutores que alimentam os computadores clássicos com os supercondutores normalmente usados para construir um computador quântico.
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Quando esse chip é resfriado a temperaturas extremamente baixas, ele se comporta de maneiras incomuns e poderosas que, segundo a Microsoft, permitirão que ele resolva problemas tecnológicos, matemáticos e científicos que as máquinas clássicas nunca conseguiram resolver. A tecnologia não é tão volátil quanto outras tecnologias quânticas, disse a empresa, o que facilita a exploração de seu poder.
A Microsoft já colocou oito qubits topológicos em um único chip. Esse é um passo importante e mostra que a tecnologia funciona. O objetivo, no entanto, é bem mais ambicioso: a gigante espera que essa abordagem possa ser escalada para um milhão de qubits em um único chip no futuro.
Se a expectativa da empresa de Satya Nadella for concretizada, um único chip com um milhão de qubits poderia realizar simulações bem mais precisas. A empresa também acredita que seu topocondutor (ou supercondutor topológico) é o próximo grande avanço da tecnologia.
“Nossa liderança trabalha nesse programa há 17 anos. É o programa de pesquisa mais antigo da empresa”, explicou Zulfi Alam, vice-presidente corporativo de computação quântica da Microsoft, ao The Verge. “Após 17 anos, estamos apresentando resultados que não são apenas incríveis, mas reais. Eles redefinirão fundamentalmente como será a próxima etapa da jornada quântica”.
A equipe de computação quântica da Microsoft é composta por pesquisadores, cientistas e fellows técnicos.
“Demos um passo atrás e dissemos: ‘Ok, vamos inventar o transistor para a era quântica. Quais propriedades ele precisa ter?”, disse Chetan Nayak, um dos engenheiros da Microsoft, ao The Verge. “E foi assim que chegamos até aqui – a combinação particular, a qualidade e os detalhes importantes da nossa nova pilha de materiais permitiram um novo tipo de qubit e toda a nossa arquitetura”.
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) selecionou a Microsoft como uma das empresas que avançarão para a última fase do programa Underexplored Systems for Utility-Scale Quantum Computing (US2QC). Agora, a gigante construirá um protótipo de computador quântico tolerante a falhas baseado em qubits topológicos “em anos, não décadas”.
“Um computador quântico de um milhão de qubits não é apenas um marco, mas um portal para resolver alguns dos problemas difíceis no mundo”, afirmou Nayak./COM NYT
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é alvo de uma ação na Justiça dos Estados Unidos por suposta violação à soberania americana
DIRETO DA REDAÇÃO
A ação judicial é movida pelas empresas Trump Media, ligada ao presidente Donald Trump, e pela plataforma Rumble. O caso tramita em um tribunal de Justiça Federal sediado na Flórida. A informação é do jornal Folha de S.Paulo. Moraes não se posicionou sobre o caso. O Estadão contatou o ministro via assessoria de imprensa do STF.
Rumble é uma plataforma para o compartilhamento de vídeos que funciona de forma similar ao YouTube. A rede já foi citada em decisões do STF para a remoção de conteúdo, mas não cumpriu as determinações da Justiça brasileira por não contar com representação no País. Com a proposta de ser “imune à cultura do cancelamento”, o Rumble passou a abrigar produtores de conteúdo restritos em outras redes sociais, como os bolsonaristas Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Bruno Aiub, conhecido como Monark.
ORDENS SIGILOSAS
Segundo as empresas autoras da ação conjunta, Moraes violou a legislação americana ao ordenar à Rumble a suspensão da conta do blogueiro Allan dos Santos.
“Moraes agora está tentando contornar completamente o sistema legal americano, utilizando ordens sigilosas de censura para pressionar redes sociais americanas a banir o dissidente político (Allan dos Santos) em nível global”, afirmou à Folha Chris Pavlovski, CEO da Rumble.
Allan dos Santos é investigado pelo STF por propagação de desinformação e por ofensas à ministros da Corte brasileira. Contra ele, há um mandado de prisão preventiva, mas o blogueiro mora nos Estados Unidos e está foragido da Justiça brasileira.
O endereço residencial de Allan no Brasil já foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF). Um pedido da justiça brasileira para a extradição de Santos foi negado pelo governo americano em março do ano passado.
A Trump Media se aliou à Rumble na ação. Os advogados da empresa ligada ao presidente americano argumentam que a restrição das operações do Rumble no Brasil também a prejudica, pois a plataforma de vídeos fornece à Trump Media serviços necessários à manutenção da rede social Truth Social.
DESBLOQUEIO ANTES DE AVALIAÇÃO SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Alexandre de Moraes determinou o desbloqueio das redes sociais do influenciador Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark. A decisão levou à reativação de outros perfis bloqueados por ordem do magistrado.
No sábado (8), voltou ao ar a conta no X do empresário Luciano Hang, bloqueada desde 2020. O mesmo ocorreu com os perfis do jornalista Guilherme Fiuza e do influenciador Bernardo Küster, suspensos no âmbito do Inquérito das Fake News, conduzido pelo STF.
O desbloqueio aconteceu na véspera da chegada da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão (RELE) da CIDH ao Brasil. A equipe veio ao Brasil para avaliar a situação da liberdade de expressão no país.
CORTINA DE FUMAÇA?
A ação de Trump contra Moraes acontece após a denúncia, via PGR, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de estado. Analistas políticos já fazem a associação do momento escolhido para que o anúncio, justamente quando o governo Lula III vive seu pior momento, com queda acentuada e constante de popularidade, alta da inflação e descontrole nos gastos públicos, e tendo o ministro da Economia, Fernando Haddad sendo fritado por “companheiros” de partido e de governo, durante uma reunião da qual não estava presente.
Segundo esses analistas, se a associação entre os dois fatos – denúncia contra o ex-presidente enquanto o atual governo desce ladeira abaixo nas pesquisas – ficar clara para o grande público, a polarização entre Direita e Esquerda pode ser agravada, criando um clima de tensão jamais visto no País.
Agora, é rezar para não acontecer algo de pior, ainda, para o Brasil.
Grupo foi criado em 1960 e possui 13 membros; adesão brasileira se dá no grupo de aliados, de acordo com Alexandre Silveira
Por Plínio Aguiar
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informou nesta terça-feira (18) que o Brasil vai ingressar no fórum da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A adesão brasileira se dá como aliada, e não como membro pleno. A decisão foi tomada durante reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).
“O Brasil foi convidado para que nós fizéssemos parte da carta de cooperação. O que fizemos hoje foi exatamente discutir a entrada do Brasil em três organismos internacionais. Autorizamos iniciar o processo de adesão à Agência Internacional de Energia. A continuação do que foi suspenso no governo anterior, que é a adesão à Agência Internacional de Energias Renováveis. Ficou decidido: início da adesão à EIA, Irena e Opep+“, disse Silveira.
O ministro de Minas e Energia destaca que a entrada se dá no forum da organização, em que são discutidas ações do tema. Silveira afirmou ainda que o Brasil é responsável pela produção de petróleo, que é um produto de demanda global. “Eu também sou ambientalista, também defendo a preservação do meio ambiente”.
“O petróleo ainda é uma forma energética global e nós não vamos, por uma decisão nacional, resolver o problema da descarbonização das matrizes alto intensivas, princiaplmente mobilidade e transporte. O petróleo é uma questão de demanda global. Enquanto alguém demandar, alguém vai oferecer”, argumentou o ministro.
A organização, criada em 1960, possui atualmente 13 membros. Entre os exemplos, estão Arábia Saudita, Venezuela e Iraque. O grupo conta também com outras nações aliadas, como Rússia e México. O processo de adesão do Brasil se iniciou em 2023 e se dá no setor de aliados, não de membro pleno.
Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não ver contradição com a adesão brasileira ao grupo econômico. A participação do Brasil é uma forma, segundo o petista, de discutir o investimento de países. Paralelamente, o governo recebeu duras críticas de organizações ambientais por ter aceitado o convite.
“Eu acho que é participando desse fórum que a gente vai convencer as pessoas que uma parte dos recursos deve ser investido para a gente ir anulando o petróleo e criando alternativas. É isso que nós vamos fazer e é muito importante. Não tem nenhuma contradição. O Brasil não será membro efetivo da OPEP nunca, porque nós não queremos. O que nós queremos é influir”, disse Lula em dezembro de 2023.
Em sessão solene no Salão Negro do Senado, o presidente de Portugal foi recebido pelo vice-presidente do Senado
Com Assessoria
O presidente falou da importância das relações relações entre Brasil e Portugal e parabenizou o senador Eduardo Gomes por sua recente eleição para a mesa do Senado e desejou-lhe sorte em sua nova missão. Fez uma ampla análise da conjuntura mundial e ressaltou a importância do Brasil no cenário internacional.
E destacou que Portugal será sempre um parceiro do Brasil no continente europeu. Recordou do tempo em que cinquenta anos atrás, aos vinte e poucos anos de idade foi um constituinte e acompanhou a transformação dessa constituição ao longo do tempo.
“Quero saudar Sua Excelência, senador Eduardo Gomes, e dizer que Portugal agradece ao Brasil por ter se tornado independente e se transformar nessa grande nação”, finalizou o presidente.
O vice-presidente Eduardo Gomes encerrando o encontro registrou o carinho e respeito que tem por Portugal, onde tem uma filha que é professora. “É uma honra recebê-lo na casa do povo brasileiro”, concluiu o senador. O presidente foi acompanhado por uma comitiva que incluiu o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos; o chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo e outros assessores.
Participaram também, o senador Humberto Costa, segundo vice-presidente do Senado; Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso Nacional; Sérgio Moro; Alan Rick; Augusta Brito; Laércio Oliveira; Chico Rodrigues; Margareth Buzetti; Dra Eudócia; Ivete da Silveira; Zequinha Marinho e Jaime Bagattoli; embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro; diretor de Relações Internacionais da presidência do Senado, embaixador Nilo Barroso.
“Os EUA, depois da Segunda Guerra Mundial, se comportaram como símbolo da democracia. Era o sonho americano", disse Lula
Por Luiza Gonçalves
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (17) que Donald Trump chegou à Casa Branca para destruir a imagem que os EUA tinham de um país democrático. Segundo o petista, o discurso do novo presidente dos EUA — de que o país é para os estadunidenses, de que taxará todas as importações e de que expulsará os imigrantes que ajudaram a construir a nação — contraria o conceito de democracia amplamente reconhecido.
“Os EUA, depois da Segunda Guerra Mundial, se comportaram como símbolo da democracia. Era o sonho americano. Essa era a imagem que a gente tinha dos EUA até outro dia, até que chegou o novo presidente para destruir essa imagem”, disse Lula, de acordo com o Valor. A declaração foi feita durante o lançamento da licitação, pela Transpetro, de oito navios gaseiros e do protocolo de intenções para a revitalização de plataformas em fim de vida útil.
“Cadê a democracia? Cadê o livre comércio? Todo dia tem uma ameaça”, acrescentou Lula. As declarações do presidente foram feitas em meio a um cenário de aumento das tarifas de importação de produtos pelos EUA.
Na semana passada, Trump anunciou um plano para elevar para 25% as tarifas de importação de aço e alumínio, o que afeta países fornecedores como Brasil, Canadá e México.