Presidente fez a declaração na abertura da sessão plenária “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global”, do Brics
Por Victória Melo
As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o conflito entre Israel e Palestina durante a 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro neste domingo (6), provocaram reações da comunidade judaica no Brasil. A Federação Israelita do Estado de São Paulo se manifestou por meio de nota e afirmou que declarações "isolam o Brasil no cenário internacional".
"Ao voltar a acusar Israel de genocídio e defender que a solução do conflito passa exclusivamente pelo fim da 'ocupação israelense', o presidente ignora, mais uma vez, a realidade dos fatos, escolhendo o caminho da retórica ideológica, e não da responsabilidade diplomática", diz o texto.
A Fisesp afirma que Lula não mencionou o Hamas, nem exigiu a libertação dos reféns sequestrados, tampouco condenou os ataques de mísseis lançados contra civis israelenses. "Quem realmente busca a paz precisa ter coragem para apontar os verdadeiros culpados" pelo conflito.
A entidade destacou ainda que a postura do presidente brasileiro ignora o "sofrimento das vítimas de ataques terroristas" e reforçou que "Israel tem o direito de se defender".
Leia a nota na íntegra:
A Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP) manifesta profunda indignação diante das recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a sessão "Paz e Segurança e Reforma da Governança Global" do BRICS, neste domingo (6). Ao voltar a acusar Israel de genocídio e defender que a solução do conflito passa exclusivamente pelo fim da "ocupação israelense", o presidente ignora, mais uma vez, a realidade dos fatos, escolhendo o caminho da retórica ideológica, e não da responsabilidade diplomática.
Desde o massacre promovido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, Israel vive sob ataque. Famílias foram destruídas. Mulheres foram estupradas. Crianças foram executadas. 50 pessoas seguem sequestradas há mais de 630 dias em Gaza, sendo vítimas diárias de tortura física e psicológica. No entanto, para o presidente da República, esse horror parece invisível.
Lula não menciona o Hamas. Não exige a libertação dos reféns. Não condena os mísseis lançados sobre civis israelenses. Mas condena Israel, a única democracia do Oriente Médio, por defender sua população.
Ao falar em "genocídio", o presidente desrespeita mais uma vez a memória das vítimas do Holocausto e banaliza um dos crimes mais graves da história da humanidade. Sua fala não é apenas falsa, é perigosa. Ela legitima o terrorismo, estimula o antissemitismo e isola o Brasil no cenário internacional ao colocá-lo ao lado de regimes ditatoriais que sufocam liberdades.
A recente reportagem da revista The Economist, classifica com precisão a atual política externa brasileira como "incoerente" e "hostil ao Ocidente". Um país que condena ataques a instalações iranianas, ignorando o fato de que o Irã financia o Hamas e reprime brutalmente mulheres e minorias, não está promovendo a paz. Está escolhendo lados. E escolheu o lado errado.
Lula se aproxima da Rússia, da Venezuela e do Irã, mas se afasta de democracias e ignora o sofrimento de civis israelenses. Participa de cúpulas ao lado de ditadores, mas não aperta a mão do presidente dos Estados Unidos. Se diz mediador da paz, mas só aponta o dedo para um lado do conflito. Isso não é neutralidade. É cumplicidade.
A Federação Israelita de do Estado de São Paulo reafirma que Israel e os judeus ao redor do mundo desejam, sim, um Estado Palestino, mas livre do terrorismo do Hamas e sem o financiamento antissemita do Irã. O Hamas não quer dois Estados. Não quer coexistência. Quer destruição. E, diante da paz, o terror perde sua razão de existir.
O presidente da República deve lealdade ao povo brasileiro, não aos regimes que patrocinam o terror. Em nome das vítimas do 7 de outubro, dos reféns ainda vivos e da verdade histórica, exigimos responsabilidade, equilíbrio e humanidade por parte do Chefe de Estado. O Brasil, que já foi referência diplomática no mundo, não pode ser porta-voz do ódio.
Paz se constrói com verdade. E a verdade é que não há paz possível enquanto o Hamas existir.
Federação Israelita do Estado de São Paulo
O bilionário deu detalhes sobre o Partido da América logo após da aprovação, pelo Congresso norte-americano, de um megapacote tributário e orçamentário
Por Hariane Bittencourt
O bilionário Elon Musk anunciou a criação de um novo partido político nos Estados Unidos. O anúncio foi feito nesse sábado (5), em uma publicação na rede social X. Segundo ele, a legenda foi batizada de America Party (Partido da América).
"Quando se trata de levar nosso país à falência com desperdício e corrupção, vivemos em um sistema de partido único, não em uma democracia. Hoje, o Partido da América foi criado para devolver sua liberdade", escreveu o bilionário.
Antes dessa publicação, na sexta-feira (4) o empresário abriu uma enquete em seu perfil no X perguntando aos internautas se eles gostariam de ver um novo partido em atividade nos EUA. "O Dia da Independência é o momento perfeito para perguntar se você quer independência do sistema bipartidário. Deveríamos criar o Partido da América?", perguntou. A enquete teve mais de 65% votos "sim" contra cerca de 34% votos "não".
O anúncio da criação da nova legenda veio depois da aprovação, pelo Congresso dos Estados Unidos, de um megapacote tributário e orçamentário. A iniciativa, bastante criticada por Musk, marcou uma nova etapa da briga entre o bilionário e o presidente norte-americano, que têm trocado farpas nas últimas semanas.
O bilionário foi um defensor de Donald Trump durante a eleição do ano passado e, em 2025, chegou a ocupar o cargo de funcionário especial do governo. Ele comandou o Departamento de Eficiência Governamental até o fim de maio, quando deixou a Casa Branca e começou a fazer uma série de críticas à gestão de Trump.
Na última terça-feira (1º), o presidente dos EUA não descartou a possibilidade de deportação de Musk, que é natural da África do Sul. “Vamos dar uma olhada nisso”, disse o republicano aos jornalistas.
O fórum se tornou um evento tradicional no calendário político brasileiro, no qual os principais atores políticos se deslocam para Portugal e participam de palestras e eventos sociais. A diferença é que em Lisboa é muito mais difícil para a imprensa presenciar e noticiar o que acontece, observa Bilenky
Por José Roberto de Toledo, Thais Bilenky - UOL
A dinâmica do evento revela uma estrutura hierárquica complexa, com diferentes níveis de exclusividade. "O Fórum de Lisboa é dividido em castas", conta Bilenky, descrevendo como existem eventos oficiais e uma programação paralela com coquetéis, jantares, almoços e eventos exclusivos. Um exemplo emblemático foi o jantar oferecido pelo BTG Pactual, banco de André Esteves, no restaurante Suba, recomendado pelo Guia Michelin.
A exclusividade deste jantar foi tal que nem todos os participantes da programação oficial do fórum sabiam de sua existência. Um evento "top AAA", brinca José Roberto de Toledo no podcast.
No centro das negociações estão figuras-chave do cenário político brasileiro. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, ex-presidentes da Câmara e do Senado, além de Hugo Motta, sucessor de Lira, participam de jantares e eventos exclusivos com Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. É nesse contexto que personagens importantes dos três poderes discutem desde emendas parlamentares até indicações para agências reguladoras e cargos de estatais.
O governo Lula, porém, tem representação limitada nessas conversas decisivas. "Não tem nenhum representante de primeiro time do governo", observa Toledo, destacando que apenas Jorge Messias, da Advocacia Geral da União, e o deputado Odair Cunha, representam o Palácio do Planalto. "Não está lá o ministro da Fazenda, não está lá o ministro chefe da Casa Civil, não está nem sequer a Gleisi Hoffmann", complementa.
As negociações em Lisboa têm impacto direto na disputa em torno do decreto que aumenta o IOF, que foi derrubado pelo Congresso através de um PDL (Projeto de Decreto Legislativo). O Congresso, no entanto, pode reagir diante da ofensiva do governo se fizer avançar o projeto de anistia, que ficou adormecido em meio aos últimos embates entre Legislativo e Executivo.
A estratégia do governo de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para derrubar o PDL também foi calculada. "O governo só entrou no Supremo depois que uma ação do PSOL contra esse PDL já tinha sido distribuída para o Alexandre de Moraes", explica Bilenky.
O que está em jogo vai além do decreto do IOF. As conversas em Lisboa buscam recuperar a governabilidade perdida, mas de forma mais tortuosa do que uma simples discussão sobre alíquotas. "A defesa da Câmara dos Deputados não vai ser feita pelo advogado da Câmara, lá no Supremo, junto ao Alexandre de Moraes, no Plenário do Tribunal. Já está sendo feita nos jantares lisboetas", analisa Toledo.
O presidente Lula deixou claro que considera a questão crucial, afirmando que se ele não fosse ao Supremo, perderia a governabilidade porque derrubaram um PDL. A lógica por trás da derrubada do decreto, para Toledo, foi apenas mostrar para Lula que ele não manda mais.
Enquanto isso, o Congresso mantém suas cartas na manga, incluindo não apenas o projeto de anistia, mas também o marco civil da internet, com projetos patrocinados pelas redes sociais para mudar o entendimento selado pelo Supremo na semana passada.
Operador de TI da C&M foi preso pela Polícia Civil de São Paulo e confessou crime
Por Elijonas Maia
A Divisão de Combate a Crime Cibernético aponta que, no decorrer das investigações, foi possível identificar que um funcionário da empresa C&M, que custodia/acautela transações via PIX entre a empresa vítima BMP e o Banco Central, estaria envolvido neste esquema, facilitando que demais indivíduos da organização realizassem transferências eletrônicas em massa.
Com base no caminho do dinheiro e na senha de acesso do operador de TI João Nazareno Roque, a PCSP o localizou e o prendeu na noite desta quinta-feira (3), na capital paulista. Na casa dele, a polícia apreendeu equipamentos eletrônicos que devem ajudar na investigação.
A Justiça também determinou bloqueio no valor de R$ 270 milhões de uma conta que teria sido a que recebeu parte dos valores desviados.
A polícia diz que o detido confessou ter sido aliciado por outros indivíduos e os auxiliou a ingressarem no sistema e realizarem as solicitações de transferências via PIX diretamente ao Banco Central.
O Banco Central esclareceu em nota que nem a C&M nem os seus representantes e empregados atuam como seus terceirizados ou com ele mantêm vínculo contratual de qualquer espécie. “A empresa é uma prestadora de serviços para instituições provedoras de contas transacionais”, destacou.
A empresa se manifestou por nota. Veja na íntegra:
"A C&M Software informa que segue colaborando de forma proativa com as autoridades competentes nas investigações sobre o incidente ocorrido em julho de 2025.
Desde o primeiro momento, foram adotadas todas as medidas técnicas e legais cabíveis, mantendo os sistemas da empresa sob rigoroso monitoramento e controle de segurança.
A estrutura robusta de proteção da CMSW foi decisiva para identificar a origem do acesso indevido e contribuir com o avanço das apurações em curso.
Até o momento, as evidências apontam que o incidente decorreu do uso de técnicas de engenharia social para o compartilhamento indevido de credenciais de acesso, e não de falhas nos sistemas ou na tecnologia da CMSW.
Reforçamos que a CMSW não foi a origem do incidente e permanece plenamente operacional, com todos os seus produtos e serviços funcionando normalmente.
Em respeito ao trabalho das autoridades e ao sigilo necessário às investigações, a empresa manterá discrição e não se pronunciará publicamente enquanto os procedimentos estiverem em andamento.
A CMSW reafirma seu compromisso com a integridade, a transparência e a segurança de todo o ecossistema financeiro do qual faz parte princípios que norteiam sua atuação ética e responsável ao longo de 25 anos de história."
Nova medida amplia gratuidade para famílias do CadÚnico e traz descontos adicionais, beneficiando cerca de 60 milhões de brasileiros
Com G1
A nova tarifa social de energia elétrica, que prevê gratuidade para famílias beneficiárias do Cadastro Único (CadÚnico) e que tenham consumo mensal de até 80 kWh, passa a valer neste sábado (5).
A MP foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em maio. Câmara e Senado terão de aprovar o texto em até 120 dias, a contar da publicação do ato. Caso a MP não seja chancelada, as mudanças perderão a validade.
Segundo dados do governo, cerca de 55 milhões de brasileiros serão beneficiados com desconto e 60 milhões com a isenção na conta de luz.
Nesta reportagem, você vai saber mais detalhes sobre o que está previsto na MP. Veja algumas perguntas e respostas abaixo:
Quem tem direito à tarifa social ampliada
De acordo com a nova MP, terão direito à tarifa social famílias beneficiárias do CadÚnico com renda até meio salário mínimo per capita, idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência inscritas no Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de comunidades indígenas e quilombolas do CadÚnico. Também estão inclusas famílias em sistemas isolados com geração offgrid.
Como funciona atualmente e o que muda
Até então, apenas indígenas e quilombolas tinham gratuidade na conta de luz. Para famílias de baixa renda cadastradas no CadÚnico, o desconto podia chegar a 65% da conta, dependendo do consumo. Com a MP, essa regra se amplia para garantir a gratuidade para mais beneficiários, atingindo aproximadamente 55 milhões de brasileiros beneficiados com descontos e cerca de 60 milhões com a isenção total.
Implicações econômicas e sociais
O governo estima um custo de R$ 3,6 bilhões anuais com a isenção da tarifa, valor que será compensado com a abertura do mercado de energia de baixa tensão e estratégias de reequilíbrio do setor. Os benefícios da nova medida devem ajudar na redução da vulnerabilidade energética de famílias de baixa renda, promovendo maior inclusão social.
Diferença entre isenção e desconto na tarifa de energia
A tarifa social amplia a gratuidade para famílias com consumo até 80 kWh, enquanto o desconto na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) reduz em até 12% o valor para famílias com consumo de até 120 kWh, que possuem renda entre meio e um salário mínimo. A CDE é responsável por cerca de 12% da conta de luz, refletindo o valor do subsídio no preço final.
Abertura do mercado de baixa tensão e novos direitos do consumidor
Outro avanço previsto na MP é a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores a partir de 2026. Inicialmente, em agosto de 2026, empresas industriais e comerciais de grande porte poderão escolher seus fornecedores. A partir de dezembro de 2027, essa possibilidade será estendida a todos os consumidores residenciais e pequenos estabelecimentos.
Propostas para equilibrar o setor elétrico
O governo também anunciou medidas para equilibrar as contas do setor, incluindo a inclusão de consumidores livres na base de adquirentes de energia das usinas Angra 1 e 2, além de ajustes na distribuição de encargos e limites na autoprodução de energia, buscando distribuir os custos de forma mais justa entre os consumidores.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o objetivo com essas ações é garantir a sustentabilidade financeira do setor elétrico, ao mesmo tempo em que amplia o acesso à energia para as populações mais vulneráveis.