Patrícia Campos Mello
O chanceler Ernesto Araújo teve um chilique na frente de outros ministros por causa da participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no encontro privado entre os presidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Donald Trump (EUA) nesta terça-feira (19).
Araújo não participou da reunião privada entre os dois líderes realizada no Salão Oval da Casa Branca, em Washington.
Segundo pessoas que estavam presentes no momento descreveram à Folha, Araújo ficou especialmente irritado após ler o blog da jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo.
No texto, ela afirma que o Itamaraty saiu rebaixado com ida de Eduardo para o encontro com Trump e diz que, se Araújo tivesse “alguma fibra”, ele pediria para deixar o cargo.
A percepção dos presentes foi de que o ministro às vezes tem comportamento instável. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou acalmá-lo.
Como o secretário de Estado dos EUA (cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores), Mike Pompeo, não estava presente no encontro, não seria esperado que Araújo estivesse. Pompeo estava em viagem no exterior e não participou em nenhum momento da visita de Bolsonaro aos EUA.
Trump, como Bolsonaro, valoriza os laços familiares e costuma incluir sua filha Ivanka em eventos às vezes reservados apenas para autoridades.
Após o encontro, Eduardo Bolsonaro disse que o próprio Trump o chamou para participar da reunião.
Mas Araújo teria sentido que seus esforços na organização da visita, considerada bem-sucedida pelo entorno do presidente, não teriam sido valorizados.
Já Nestor Forster, diplomata que serve na embaixada e é próximo do chanceler, teria reforçado suas credenciais para ser o próximo embaixador em Washington após sua participação na organização da visita, considerada muito eficiente. Ele tem o apoio do guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, para ocupar o cargo.
Por Lucas Borges Teixeira
Os militares representam hoje metade dos gastos da Previdência entre o funcionalismo público, embora representem apenas 31% do quadro. Os dados são do último Relatório de Acompanhamento Fiscal, divulgado pela Instituição Fiscal Independente, do Senado Federal.
De acordo com o estudo, dedicado especialmente à reforma da Previdência, hoje a União gasta R$ 43,9 bilhões com pensões e aposentadorias para cerca de 300 mil militares e pensionistas, enquanto despende R$ 46,5 bilhões para 680 mil servidores do regime civil.
As Forças Armadas ficaram de fora da primeira proposta da reforma enviada ao Congresso pelo governo em fevereiro. É previsto que o governo envie hoje a proposta.
Segundo dados do Ministério da Economia, o déficit previdenciário do RPPS federal (Regime Próprio de Previdência Social), voltado aos servidores públicos, diminuiu em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), mas quase quintuplicou em 20 anos. Militares representam gasto proporcional maior.
Déficit saltou de R$ 20,8 bilhões (1,9% do PIB) em 1999 para R$ 90,3 bilhões (1,3% do PIB) em 2018
São 980 mil beneficiados pelo RPPS federal: 300 mil pensionistas e militares reformados e 680 mil são servidores civis
Militares e civis dividem o bolo em praticamente 50%: os militares consomem R$ 43,9 bilhões e os civis, R$ 46,5 bilhões
Bolsonaro aceitou pedido de Trump para que o Brasil renuncie posto em lista com tratamento especial na Organização Mundial do Comércio; informação foi confirmada em comunicado conjunto divulgado pela Casa Branca
Por iG São Paulo
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, firmou acordo com o americano Donald Trump para que o Brasil "comece a renunciar" aos benefícios que recebe por integrar lista de tratamento especial na Organização Mundial do Comércio (OMC), em troca do apoio dos Estados Unidos para ser incluído na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A informação foi confirmada em comunicado conjunto de Bolsonaro e Trump, divulgado no início da noite desta quarta-feira (19) pela Casa Branca – onde os dois presidentes se reuníram , mais cedo. "Trump saudou os atuais esforços do Brasil em relação a reformas econômicas, boas práticas, e marcos regulatórios nos padrões da OCDE . Em consonância ao seu status de líder global, o presidente Bolsonaro concordou que o Brasil irá começar a renunciar ao tratamento diferente e especial recebido em negociações na OMC, em linha com a proposta dos Estados Unidos", diz o comunicado.
A OCDE atua como um fórum para cooperação e discussão de políticas públicas e econômicas que guiam os países que dela fazem parte. Para participar da organização, são necessárias a implementação de uma série de medidas econômicas liberais, como o controle inflacionário e fiscal. Em troca, o país ganha um "selo" de investimento que pode atrair investidores do mundo todo.
O processo de entrada na organização é longo, podendo se estender por cerca de quatro anos. Atualmente, 36 nações integram o grupo, incluindo países como França, Japão, Alemanha, Reino Unido, Coreia do Sul, Canadá e Austrália. Na América do Sul, apenas o Chile faz parte dessa lista.
Atualmente, o Brasil consta de uma lista de países que recebem tratamento especial na OMC . Esse tratamento diferenciado dá ao Brasil vantagens tarifárias e também permite que o País, por exemplo, tenha mais tempo para cumprir acordos.
O governo americano é contra esse tipo de diferenciação entre as nações – não só para o Brasil – e, por isso, Trump condicionou o apoio ao pleito brasileiro à sua renúncia de benefícios.
O comunicado divulgado pela Casa Branca informa que Bolsonaro e Trump se comprometeram a "construir uma nova parceria entre as duas nações, focada em ampliar a prosperidade, reforçar a segurança, promover a democracia, a liberdade e a soberania nacional.
“É uma satisfação estar nos Estados Unidos, depois de algumas décadas de alguns presidentes antiamericanos, o Brasil mudou a partir de 2019”, disse Bolsonaro durante o encontro com Trump, em Washington.
O presidente americano seguiu discurso parecido: "O Brasil e os Estados Unidos nunca tiveram tão próximos quanto estão agora”, declarou.
VEJA TRAÇA PERFIL DOS AUTORES DO MASSACRE EM SUZANO. ISTOÉ RESSALTA O VALE-TUDO PARA A APROVAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA E ÉPOCA TRAÇA O PERFIL DE OLAVO DE CARVALHO
VEJA
Barbárie planejada
É um desses eventos que ao mesmo tempo exigem e desafiam explicações. Na manhã da quarta-feira (13), Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e Guilherme Taucci Monteiro, de 17, entraram numa locadora de automóveis e depois na escola que ambos frequentaram em Suzano, no interior de São Paulo, e chacinaram oito pessoas — o dono da revendedora de carros, duas funcionárias do colégio e cinco alunos, cujas vidas foram tão precocemente ceifadas.
Guilherme entrou na escola e passou a atirar a esmo, como mostram as imagens captadas pelas câmeras. Luiz Henrique, sem arma de fogo, agiu como um escudeiro do amigo, tentando deter alunos que fugiam — com uma machadinha deu golpes em corpos já no chão e depois a cravou em um dos alunos, que sobreviveu.
Uma tragédia que chocou o Brasil, um país que, desgraçadamente, começa a conviver com perturbadora frequência com um mal que se imaginava quase exclusivo dos americanos. “Uma monstruosidade”, tuitou o presidente Jair Bolsonaro, depois de um longo silêncio de seis horas.
A dupla de assassinos concentrava elementos comuns aos que cometem esse tipo de barbárie: eles se ressentiam da zombaria dos colegas de escola, não tinham perspectiva profissional e viviam em isolamento social, jogando videogames e frequentando fóruns de internet nos quais se compartilham ódios variados — e dicas de como obter armas, tema que exercia fascínio sobre os assassinos.
No entanto, conhecidos e vizinhos não notaram que as frustrações acumuladas dos dois estavam para explodir da forma mais vulcânica e brutal. Houve indícios de que preparavam um show de horrores, mas ninguém os levou a sério — até ser tarde demais
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ISTOÉ
Bolsonaro tenta o armistício político
Ao final do café da manhã do presidente Jair Bolsonaro com um grupo de jornalistas na quarta-feira (13), o chefe do Gabinete Institucional da Presidência, general Augusto Heleno, não escondia o regozijo. “Essas conversas são fundamentais”, comemorava o general para um grupo de assessores militares que atua na área de comunicação da Presidência da República.
“A maioria deles não conhece o presidente. E acaba tendo uma visão equivocada sobre ele”, comentava. Na verdade, a recíproca, não mencionada por Heleno, era também verdadeira: o presidente não conhece a maioria dos jornalistas e, por isso, cultiva uma visão equivocada a respeito deles e do trabalho da imprensa. Ao incluí-los na roda de conversas, Bolsonaro ampliou o grupo de interlocutores. “Estou buscando um casamento com vocês”, declarou o presidente adotando um tom inédito desde a posse ou mesmo antes dela.
Essas mesas de diálogos deverão se tornar rotineiras daqui em diante, mas não se restringirão à imprensa, por óbvio. Fazem parte da estratégia que o mandatário começa a compreender como vital — longe da contenda ideológica travada via redes sociais — para deslanchar a parte mais necessária e ao mesmo tempo mais espinhosa e intrincada da agenda governamental: a reforma da Previdência.
Para aprová-la, ele propõe, à sua maneira, hastear uma bandeira branca. O primeiro grande armistício mundial foi responsável por cessar a chamada Grande Guerra em 11 de novembro de 1918. O armistício que Bolsonaro quer levar adiante, neste caso, constitui o início de sua primeira guerra pessoal, a batalha pela reforma. Para vencê-la, o presidente convoca ao debate não apenas os meios tradicionais de comunicação, como também empresários, o sistema financeiro e os políticos do Congresso Nacional.
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ÉPOCA
Tudo sobre o nada
Meu grande ídolo é Sócrates, não ofi lósofo, o meia-direita. Mas fiquei curioso quando Época me sugeriu que eu virasse aluno de Olavo de Carvalho por três meses.
Imaginei que, além de me matricular no Curso On-Line de Filosofia, criado por ele e frequentado por dezenas de pessoas que conquistaram poder político neste ano, eu deveria fazer como os discípulos do Sócrates grego: seguir seus passos por aí. No caso deles, era pela praça mais badalada do Mediterrâneo, a Ágora, vendo o chefe mitar em debates com os poderosos de Atenas. No meu, o plano era seguir o mestre pelas caminhadas nas redes sociais, que fazem um registro quase que hora a hora do que passa por sua cabeça.
O texto que começa na próxima página é um registro disso, o mais sincero de que fui capaz. Procurei me comportar como acho que um aluno deve se comportar: me abri para aprender, tomei notas, li vários livros, fiz um monte de perguntas. Convivi com outros alunos pelas redes sociais, por vezes fui tomar café com eles. Como regra, não identifico os alunos no texto pelo nome, para não causar problemas para ninguém. Não me escondi: usei meu nome verdadeiro, respondi a verdade para quem me fez perguntas (por exemplo, que pago minhas contas fazendo programa como jornalista).
Enquanto eu seguia Olavo, ele estava no centro do Brasil. Viu o pai de um aluno virar presidente da República, nomeou dois ministros, brigou com quase todos os outros, brigou com o partido do presidente, com os oficiais de patente mais alta que a do presidente, com o próprio ministro que havia indicado, viu dezenas de alunos seus ir trabalhar em setores estratégicos do Brasil, encontrou-se com Steve Bannon — líder do movimento populista nacionalista mundial —, varou noites postando ironias, palavrões e filosofia nas redes sociais, pediu dinheiro aos fãs para pagar dívidas, mandou os alunos pedir demissão do governo e ir estudar.
Foi assunto todo dia, às vezes tratado com raiva, às vezes com desprezo, às vezes com veneração, quase sempre na capa dos jornais e revistas. Pediu em público a censura à imprensa, a proibição à expressão, o cancelamento de assinaturas, chamou a imprensa e a universidade de inimigas do Brasil, acusou-as de fraude, de crime, acusou o PT de narcotráfico, Jean Wyllys de ser mandante de assassinato, criticou Albert Einstein, Charles Darwin e Stephen Hawking. E deu 14 aulas on-line até certo ponto defilosoa, às quais assisti com atenção, todo sábado à noite.
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Manifestações mobilizaram público abaixo do registrado em atos anteriores do MBL; grupos cobraram apoio de petistas na revolta contra decisão do STF
iG São Paulo
No dia em que a Operação Lava Jato completa cinco anos , manifestantes foram às ruas de várias cidades do País para expressar apoio às investigações. Os atos, no entanto, tiveram baixa adesão neste domingo (17).
Organizados por grupos como Nas Ruas – encabeçado pela agora deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) – e Movimento Brasil Livre (MBL), os atos em apoio à Lava Jato foram agendados para ocorrer em mais de 50 cidades em 22 estados, mais o Distrito Federal.
Em São Paulo, o protesto foi marcado para as 14h da tarde, na Avenida Paulista em frente ao Masp. Atrapalhada pela chuva na capital paulista, a manifestação teve público tímido, bem abaixo dos registrados em atos anteriores organizados pelos mesmos grupos.
A Polícia Militar não divulgou estimativa de público no ato, informando apenas que a manifestação transcorreu de forma pacífica. O MBL também não apresentou estimativa de engajamento no ato, limitando-se a dizer que "milhares de paulistas" participaram.
O mesmo cenário de esvaziamento foi registrado também em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, conforme apontaram imagens publicadas nas redes sociais.
O principal mote das manifestações deste domingo foi a decisão proferida dessa semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou que a Justiça Eleitoral tem a competência de julgar crimes comuns (como corrupção e lavagem de dinheiro) desde que estes estejam ligados ao crime de caixa dois. A sede do tribunal foi o palco da manifestação em Brasília (também sem grande adesão).
Os manifestantes levaram às ruas cartazes com críticas ao STF e aos seus ministros. Alguns fizeram referência à polêmica frase dita pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre "bastar um cabo e um soldado para fechar o STF".
Conhecido pela oposição ao Partido dos Tralhadores, o MBL chegou a cobrar apoio de petistas por meio de mensagens lidas em carros de som e publicadas nas redes sociais. "Cambada de petista que tá vindo agora falar de Queiroz: se ele tiver culpa no cartório, já falou que mexeu na grana para ajudar reeleição de Flávio. O processo dele vai ser livrado também", publicou o grupo no Twitter, referindo-se a investigações envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) Fabrício Queiroz.
"Não só o Queiroz, mas todos os 'laranjais' do PSL e até aquele 'caixa 2' dos robôs do Bolsonaro na eleição: todo mundo livre, leve e solto. E aí? Vão Deixar o STF fazer isso mesmo?", completou o MBL.
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol fez apelo nesse sábado (16) por apoio popular à operação frente à decisão do Supremo. "Cabe à sociedade brasileira, por meio de seus posicionamentos, do Congresso e do governo federal, decidir que país quer para si", disse Dallagnol.