Cerca de 800 mil aposentados e pensionistas mortos tiveram valores descontados ilegalmente por entidades associativas entre 2020 e 2025
Com SBT
Herdeiros de aposentados e pensionistas que morreram entre 2020 e 2025 poderão pedir a devolução de valores indevidamente descontados dos benefícios de seus familiares.
Segundo o INSS, cerca de 800 mil pessoas já falecidas foram vítimas de descontos ilegais feitos por entidades associativas, como parte de uma fraude bilionária revelada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) no início deste ano.
Quem pode pedir a devolução?
O direito ao ressarcimento vale para pensionistas que recebem pensão por morte e herdeiros legais de segurados que tiveram descontos após o falecimento
Os descontos eram relacionados a associações e serviços que nunca foram autorizados pelos segurados.
Como pensionistas podem solicitar o reembolso?
Quem recebe pensão por morte poderá fazer o pedido por três canais:
Aplicativo Meu INSS
Central telefônica 135
Agências dos Correios
O processo é simples e não exige comparecimento presencial ao INSS.
Herdeiros que não têm pensão por morte também poderão pedir a devolução, mas antes precisam ter sua condição reconhecida pelo INSS.
O reconhecimento pode ser feito pelo próprio aplicativo Meu INSS.
Depois disso, o herdeiro poderá solicitar o reembolso pelos mesmos canais: telefone 135 ou agências dos Correios.
O que aconteceu para gerar os descontos indevidos?
De acordo com o INSS, os valores foram descontados por entidades que se passavam por associações e clubes de serviços, sem autorização dos segurados.
A fraude levou ao desvio bilionário de recursos e atingiu milhares de famílias que só descobriram o problema após a morte do aposentado ou pensionista.
Alvo de busca da PF, José Carlos Oliveira é sócio de Edson Yamada. Juntos, eles assinaram 10 acordos com associações da farra do INSS
Por Ramiro Brites - Luiz Vassallo -Metrópoles
O ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira (à direita na foto em destaque) e seu sócio Edson Yamada (à esquerda), que foi dirigente do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), assinaram acordos com 10 associações investigadas no esquema bilionário de fraudes contra aposentados que arrecadaram R$ 1,9 bilhão com descontos indevidos.
Ambos foram alvo de busca e apreensão na última fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF) e que prendeu três ex-dirigentes do INSS, incluindo o ex-presidente Alessandro Stefanutto. Por ordem do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), Oliveira passou a usar tornozeleira eletrônica.
Dos 10 Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com entidades suspeitas, três foram assinados por Oliveira quando ele era diretor de Benefícios do INSS, departamento responsável por firmar as autorizações para as associações realizarem descontos.
Outras 7 entidades foram autorizadas a fazer descontos por Yamada, que ascendeu ao cargo quando Oliveira foi presidente do INSS e se manteve à época que o aliado foi ministro da Previdência de Jair Bolsonaro (PL) e até mesmo após seu mandato, durante os primeiros meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em investigação sobre a Confederação Nacional dos Agricultores e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), associação que desviou mais de R$ 640 milhões do INSS, a PF identificou atuações de Oliveira para a entidade e indícios de repasses recebidos por meio de pessoas interpostas.
Em julho de 2021, o órgão exigiu da Conafer documentos comprobatórios de filiações necessários ao acordo de cooperação técnica da entidade com o INSS. Oliveira era diretor de Benefícios à época e permitiu a liberação de R$ 15,3 milhões à entidade, sem a apresentação das comprovações exigidas.
O movimento, diz a PF, permitiu a inserção indevida de descontos nos contracheques de mais 650 mil benefícios previdenciários.
A PF encontrou planilhas do “núcleo financeiro” da Conafer. Em fevereiro de 2023, foi encontrado pagamento de R$ 100 mil vinculado ao codinome “São Paulo Yasser”. Os investigadores atribuem os apelidos a Oliveira, que é da capital paulista e convertido ao islamismo — recentemente, ele mudou de nome para Ahmed Mohamad.
No período do repasse, Oliveira não era mais ministro, mas Yamada ainda estava à frente da diretoria de Benefícios. Segundo a PF, Oliveira ainda agradeceu a Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como “operador financeiro” da Conafer, em uma mensagem do WhatsApp interceptada. O agradecimento, segundo a investigação, ocorreu após Oliveira receber um pagamento indevido. Em troca, ele teria ajudado a evitar a suspensão do acordo que permitiu a Conafer a fazer descontos de aposentados.
40 anos de carreira no INSS
Oliveira é servidor do INSS desde 1985, à época o órgão se chamava INPS. Ao longo da carreira foi acumulando poder no órgão, em especial no estado de São Paulo, onde foi gerente-executivo e superintendente. Depois, ele se tornou diretor de Benefícios. Na sequência, foi presidente do INSS e chegou a comandar o Ministério da Previdência, cargo que ocupou até o fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL).
Na semana passada, mesmo sob investigação, Oliveira foi aposentado do INSS. A aposentadoria levantou suspeitas entre servidores que desconfiavam da aposentadoria como uma forma de ele se livrar das consequências do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que estava em andamento na Controladoria-Geral da União (CGU). O INSS diz que não tinha conhecimento da aposentadoria de Oliveira.
O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Oliveira, mas não obteve retorno. A reportagem também tentou falar com Edson Yamada. O espaço segue aberto para manifestações.
Segundo investigações, Carla Ariane Trindade atuou em defesa dos interesses da Life Tecnologia Educacional
Com Antagonista
A Polícia Federal identificou indícios de superfaturamento na venda de livros didáticos a prefeituras do interior paulista pela Life Tecnologia Educacional. Segundo as investigações, Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Lula, atuou em defesa dos interesses da empresa tanto em Brasília quanto em prefeituras no interior de São Paulo.
Ainda de acordo com a PF, a empresa teria revendido exemplares de livros didáticos por valores até 35 vezes acima do preço pago aos fornecedores.
Em um dos casos analisados, um livro adquirido por R$ 2,56 foi repassado a um município por R$ 41,50.
“O sobrepreço praticado pela empresa é evidente, alcançando até 35 vezes o preço de aquisição da mercadoria”, afirma o relatório da PF.
Carla Ariane Trindade foi casada por vinte anos com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho de Marisa Letícia, adotado por Lula.
Contratos milionários
A Life Tecnologia Educacional fechou contratos que somam R$ 111 milhões com as prefeituras de Sumaré, Hortolândia, Morungaba e Limeira.
A PF diz que a empresa revendia livros comprados por valores entre R$ 1 e R$ 5 por até R$ 80.
Em dezembro de 2021, a companhia entregou 2.264 exemplares de A garota que queria mudar o mundo por R$ 41,50 cada. A compra desses livros só ocorreu dois dias após a venda ao município.
“O que se conclui da análise ‘fria’ das notas fiscais é que a Life Tecnologia teria lucrado pelo menos 50 milhões de reais com a venda de livros a essas prefeituras”, diz o documento.
A polícia afirma ainda que a empresa “nunca demonstrou ter porte para o volume financeiro dos contratos”.
A investigação aponta ainda que Carla Ariane teria atuado para liberar recursos do Ministério da Educação (MEC) para a Life Tecnologia Educacional.
De acordo com os investigadores, viagens feitas por ela à capital federal foram custeadas pelo dono da empresa, André Gonçalves Mariano.
A PF afirma que Mariano operava uma “rede complexa” de corrupção, que incluía diretores municipais, servidores e intermediários com influência política.
Para se referir ao pagamento de propina, o empresário usava o termo “café”, registrado ao menos 104 vezes entre 2021 e 2024, segundo a investigação.
A Operação Coffee Break, deflagrada na última quarta-feira, resultou na prisão de Mariano, de secretários municipais e de dois doleiros. Também foi detido o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César.
A PF diz que o empresário buscava expandir o esquema e tentava abrir portas em outros órgãos públicos, como Petrobras e Denatran, além de prospectar contratos em outros países, entre eles Angola.
Instabilidade do clima também altera comportamento de alérgenos, como fungos, ácaros e pólens
Por Caroline Vale
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) alertou na COP30 sobre os reflexos das mudanças climáticas e os efeitos que já se manifestam na saúde respiratória. O aumento das temperaturas, a poluição e a instabilidade climática têm provocado um crescimento expressivo nas crises de rinite, sinusite e asma.
"Os principais vilões são a poluição, o ar seco, o calor intenso, as mudanças bruscas de temperatura e as queimadas. Esses fatores irritam a mucosa respiratória, o nariz, a faringe e os pulmões deixando-a inflamada e mais sensível", explica a otorrinolaringologista Roberta Pilla, integrante da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
A médica observa que o clima instável também altera o comportamento dos alérgenos, como fungos, ácaros e pólens. "O calor e a umidade ajudam fungos e ácaros a se multiplicarem, enquanto a poluição danifica a mucosa do nariz, que é uma das principais barreiras naturais de defesa", completa.
Gatilhos por região
De norte a sul, os gatilhos variam, mas o resultado é o mesmo: mais crises e desconforto respiratório. Confira:
Norte e Centro-Oeste: queimadas e fumaça são os principais agravantes;
Sudeste e Sul: poluição e frio ressecam o ar e irritam as vias respiratórias.
Nordeste: calor extremo e ar seco favorecem crises prolongadas.
"Hoje, as crises são mais longas e intensas, com menos intervalos de pausa. Antes, elas se concentravam no inverno; agora, surgem em várias épocas do ano, inclusive no calor", destaca Roberta Pilla. "Cuidar da saúde do nariz e das vias respiratórias nunca foi tão importante."
Para a otorrinolaringologista Maura Neves, da Universidade de São Paulo (USP), as mudanças climáticas têm um impacto direto sobre o sistema respiratório e já estão alterando o padrão das doenças alérgicas.
"O que mais pesa hoje é a combinação entre calor intenso, poluição crescente e instabilidade do clima. O ar mais quente favorece a circulação de alérgenos e irritantes, enquanto a poluição fragmenta os pólens, tornando-os menores e mais agressivos", explica.
Como se proteger?
Segundo a especialista, o problema vai além da saúde individual e exige ações de saúde pública. "Controle da poluição, combate efetivo às queimadas e ampliação de áreas verdes nas cidades são medidas urgentes. Também precisamos de campanhas educativas que mostrem como o clima interfere na saúde respiratória e ensinem práticas preventivas, como a lavagem nasal", reforça Maura Neves.
Algumas dicas incluem:
Fazer lavagem nasal diária com soro fisiológico para remover poluentes;
Manter-se hidratado e usar umidificadores ou bacias com água nos dias de ar seco;
Evitar ambientes com fumaça, mofo e poeira;
Reduzir o uso contínuo de ar-condicionado e evitar choques de temperatura;
Ventilar os ambientes e, quando possível, plantar árvores ou manter áreas verdes ao redor de casa.
"As doenças respiratórias são um dos termômetros das mudanças climáticas. E o que já vemos hoje é preocupante: crises mais longas, intensas e menos sazonais. A saúde do planeta e a nossa respiração estão intimamente ligadas", conclui.
Presidente da comissão que investiga, no Congresso, a fraude contra segurandos da Previdência, senador diz que parlamentares de 17 estados são suspeitos
Com Jornal O Tempo
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou, em entrevista exclusiva a O TEMPO, que ao menos 20 políticos são investigados por suposto envolvimento no esquema de descontos ilegais em benefícios de segurados da Previdência. Segundo ele, há indícios da participação de senadores, deputados estaduais e federais. Três deles, afirma Viana, são representantes de Minas Gerais no Congresso Nacional. A fraude provocou rombo de ao menos R$ 6 bilhões.
Há pelo menos três senadores com nomes citados, deputados federais e deputados estaduais. Nós temos perto de 20 parlamentares que foram citados nas várias ações no país todo. Esses são só os que se identificou com depósito, assessor que recebeu dinheiro…”, declarou o presidente da CMPI, na entrevista que foi ao ar, neste sábado (15/11), no canal de O
Viana explicou que há parlamentares de ao menos 17 estados listados na investigação como possíveis beneficiados pelo esquema criminoso. Entre os suspeitos está o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG). A nova fase da operação Sem Desconto, da Polícia Federal, deflagrada na última quinta-feira (13/11), apontou que Pettersen teria recebido R$ 14,7 milhões em propina da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). A entidade é uma das citadas como autora de descontos ilegais nos benefícios do INSS.
Em nota, Pettersen declarou estar à disposição das autoridades. Afirmou ainda ter passado por outras investigações, sem especificar quais. "Em uma delas, fui absolvido e, na outra, o Judiciário sequer recebeu a denúncia por falta de provas que comprovassem qualquer prática criminosa".
Convocação de parlamentares depende de provas, diz Viana
Questionado sobre a possibilidade de convocação dos parlamentares para que estes prestem esclarecimentos à CPMI, Viana pontuou que a decisão precisa ser pautada por provas. “Para chamar um parlamentar, eu preciso de provas, porque isso gera, naturalmente, uma discussão até da imagem da pessoa. Então, nós precisamos de provas. Há uma delação em andamento de um dos envolvidos, e um segundo também quer fazer delação. Essas delações é que vão nos basear e vão nos dar a capacidade de chamar quem for necessário para a gente não prejudicar a imagem de ninguém”, avaliou.