Instabilidade do clima também altera comportamento de alérgenos, como fungos, ácaros e pólens
Por Caroline Vale
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) alertou na COP30 sobre os reflexos das mudanças climáticas e os efeitos que já se manifestam na saúde respiratória. O aumento das temperaturas, a poluição e a instabilidade climática têm provocado um crescimento expressivo nas crises de rinite, sinusite e asma.
"Os principais vilões são a poluição, o ar seco, o calor intenso, as mudanças bruscas de temperatura e as queimadas. Esses fatores irritam a mucosa respiratória, o nariz, a faringe e os pulmões deixando-a inflamada e mais sensível", explica a otorrinolaringologista Roberta Pilla, integrante da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
A médica observa que o clima instável também altera o comportamento dos alérgenos, como fungos, ácaros e pólens. "O calor e a umidade ajudam fungos e ácaros a se multiplicarem, enquanto a poluição danifica a mucosa do nariz, que é uma das principais barreiras naturais de defesa", completa.
Gatilhos por região
De norte a sul, os gatilhos variam, mas o resultado é o mesmo: mais crises e desconforto respiratório. Confira:
Norte e Centro-Oeste: queimadas e fumaça são os principais agravantes;
Sudeste e Sul: poluição e frio ressecam o ar e irritam as vias respiratórias.
Nordeste: calor extremo e ar seco favorecem crises prolongadas.
"Hoje, as crises são mais longas e intensas, com menos intervalos de pausa. Antes, elas se concentravam no inverno; agora, surgem em várias épocas do ano, inclusive no calor", destaca Roberta Pilla. "Cuidar da saúde do nariz e das vias respiratórias nunca foi tão importante."
Para a otorrinolaringologista Maura Neves, da Universidade de São Paulo (USP), as mudanças climáticas têm um impacto direto sobre o sistema respiratório e já estão alterando o padrão das doenças alérgicas.
"O que mais pesa hoje é a combinação entre calor intenso, poluição crescente e instabilidade do clima. O ar mais quente favorece a circulação de alérgenos e irritantes, enquanto a poluição fragmenta os pólens, tornando-os menores e mais agressivos", explica.
Como se proteger?
Segundo a especialista, o problema vai além da saúde individual e exige ações de saúde pública. "Controle da poluição, combate efetivo às queimadas e ampliação de áreas verdes nas cidades são medidas urgentes. Também precisamos de campanhas educativas que mostrem como o clima interfere na saúde respiratória e ensinem práticas preventivas, como a lavagem nasal", reforça Maura Neves.
Algumas dicas incluem:
Fazer lavagem nasal diária com soro fisiológico para remover poluentes;
Manter-se hidratado e usar umidificadores ou bacias com água nos dias de ar seco;
Evitar ambientes com fumaça, mofo e poeira;
Reduzir o uso contínuo de ar-condicionado e evitar choques de temperatura;
Ventilar os ambientes e, quando possível, plantar árvores ou manter áreas verdes ao redor de casa.
"As doenças respiratórias são um dos termômetros das mudanças climáticas. E o que já vemos hoje é preocupante: crises mais longas, intensas e menos sazonais. A saúde do planeta e a nossa respiração estão intimamente ligadas", conclui.
Presidente da comissão que investiga, no Congresso, a fraude contra segurandos da Previdência, senador diz que parlamentares de 17 estados são suspeitos
Com Jornal O Tempo
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou, em entrevista exclusiva a O TEMPO, que ao menos 20 políticos são investigados por suposto envolvimento no esquema de descontos ilegais em benefícios de segurados da Previdência. Segundo ele, há indícios da participação de senadores, deputados estaduais e federais. Três deles, afirma Viana, são representantes de Minas Gerais no Congresso Nacional. A fraude provocou rombo de ao menos R$ 6 bilhões.
Há pelo menos três senadores com nomes citados, deputados federais e deputados estaduais. Nós temos perto de 20 parlamentares que foram citados nas várias ações no país todo. Esses são só os que se identificou com depósito, assessor que recebeu dinheiro…”, declarou o presidente da CMPI, na entrevista que foi ao ar, neste sábado (15/11), no canal de O
Viana explicou que há parlamentares de ao menos 17 estados listados na investigação como possíveis beneficiados pelo esquema criminoso. Entre os suspeitos está o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG). A nova fase da operação Sem Desconto, da Polícia Federal, deflagrada na última quinta-feira (13/11), apontou que Pettersen teria recebido R$ 14,7 milhões em propina da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). A entidade é uma das citadas como autora de descontos ilegais nos benefícios do INSS.
Em nota, Pettersen declarou estar à disposição das autoridades. Afirmou ainda ter passado por outras investigações, sem especificar quais. "Em uma delas, fui absolvido e, na outra, o Judiciário sequer recebeu a denúncia por falta de provas que comprovassem qualquer prática criminosa".
Convocação de parlamentares depende de provas, diz Viana
Questionado sobre a possibilidade de convocação dos parlamentares para que estes prestem esclarecimentos à CPMI, Viana pontuou que a decisão precisa ser pautada por provas. “Para chamar um parlamentar, eu preciso de provas, porque isso gera, naturalmente, uma discussão até da imagem da pessoa. Então, nós precisamos de provas. Há uma delação em andamento de um dos envolvidos, e um segundo também quer fazer delação. Essas delações é que vão nos basear e vão nos dar a capacidade de chamar quem for necessário para a gente não prejudicar a imagem de ninguém”, avaliou.
Redução geral foi de 10% e produtos do Brasil ainda enfrentam 40% de taxa; medida ocorre sob pressão de norte-amerianos afetados por alta de preços
Com SBT
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva nesta sexta-feira (14) que reduz as tarifas de reciprocidade impostas a quase todos os países sobre carne bovina, tomates, café e bananas. A redução está relacionada aos 10% de sobretaxa geral imposta à vários países exportadores em abril deste ano.
Anteriormente, havia uma dúvida se a redução do tarifaço valeria para os 40% adicionais impostos ao Brasil por razões políticas. No início da noite, porém, a agência Reuters confirmou que a redução que já está valendo é apenas de 10% .
A medida ocorre em um momento em que os eleitores norte-americanos se mostram cada vez mais cautelosos em relação à economia. Desde agosto, o Brasil, maior fornecedor de café para os EUA, e um dos principais de carne, enfrenta sobretaxa de 50% sobre seus produtos aplicada pelo governo norte-americano. Ambos os produtos enfrentam alta nos preços nos mercados dos EUA.
Na ordem executiva, Trump afirmou ter determinado que "é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca". A decisão foi tomada com base em "informações e recomendações" de funcionários, "o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda interna atual por certos produtos e a capacidade interna atual de produzir certos produtos, entre outros fatores."
Um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato para falar sobre a ordem executiva, disse que Trump está cumprindo sua promessa de negociar acordos comerciais e depois ajustar as tarifas conforme necessário. Outra fonte, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, acrescentou que a medida se encaixa na estratégia mais ampla de Trump de criar isenções tarifárias para setores e bens essenciais.
"Agora é o momento certo para, você sabe, liberar alguns desses itens que o presidente disse que iria liberar", declarou Greer. "Isso é um desdobramento natural exatamente do que o presidente sinalizou, e é isso que ele está fazendo hoje."
Trump e autoridades de seu governo têm rejeitado as críticas de que suas políticas comerciais aumentaram o custo de vida. O presidente insiste que quaisquer custos mais altos foram desencadeados por decisões promulgadas pelo ex-presidente Joe Biden, e não por suas próprias diretrizes tarifárias.
Medida é anunciada após encontro de EUA e Brasil
A medida é anunciada um dia depois que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que resolução sobre as tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros virá "muito proximamente". A declaração veio após o chanceler brasileiro se reunir, na noite de quinta-feira (13), com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para discutir as questões bilaterais entre os dois países.
Esta foi a terceira vez que Vieira voou para Washington para conversar com Rubio sobre o tarifaço. Dessa vez, teve aperto de mão diante das câmeras de TV e até sorriso do secretário de Estado. Os dois se encontraram na sede do Departamento de Estado e tiveram duas reuniões na sequência — uma particular e a outra com integrantes das equipes dos dois países.
"O secretário de Estado disse que [o governo americano] está examinando [a resolução] com toda a atenção e todo o tempo, que quer resolver rapidamente as questões bilaterais com o Brasil e que a resposta virá muito proximamente, amanhã ou na próxima semana", afirmou Vieira.
"É importante dizer que há demonstração do interesse do governo americano e do secretário de Estado em solucionar todas as questões ainda pendentes na relação com o Brasil (...), de virar essa página e de se aproximar do Brasil", acrescentou.
Evento também marca os 95 anos do Ministério da Educação. Presidente anuncia a inauguração de mais universidades ainda este ano — entre elas, as voltadas para os indígenas e para os quilombolas
Com Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condecorou, na tarde desta sexta-feira (14/11), a primeira-dama Janja com a medalha de Ordem Nacional Mérito Educativo. Além dela, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos), foram reconhecidos por, na avaliação do governo, ações em prol do desenvolvimento da educação.
Realizada no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília, o evento em que Lula condecorou políticos e personalidades — como o influenciador digital Gil da Vigor — também marcou os 95 anos do Ministério da Educação (MEC). Ao todo, foram 262 nomes homenageados nos graus de grã-cruz, de grande oficial, de comendador e de cavaleiro.
Ao discursar, Lula enalteceu o ministro da Educação, Camilo Santana, e anunciou que o governo vai inaugurar novas universidades neste ano. "Vamos criar uma universidade de esporte, a universidade indígena e, possivelmente, para quilombolas", garantiu.
Lula destacou ser o presidente que mais investiu em educação e na criação de universidades. "Sou o único presidente que não teve acesso universidade, mas tenho orgulho de ser presidente que mais fez universidades, institutos federais e investimentos na educação", afirmou.

Ao lado do presidente da República estavam, além de Camilo Santana e Gil do Vigor, o imortal da Academia Brasileiria de Letras Ailton Krenak, Rodrigo Mendes (ativista da educação inclusiva), Fernando Morais (escritor), Nina Abramo Corrêa (neta de Zilah Wendel Abramo, cientista social eu uma das fundadoras do PT), Joana Maria de Oliveira Santos (filha de Nego Bispo, escritor, líder quilombola e ativista), Mikhail Cancellier (parente de Luis Carlos Cancellier, ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina) e Fernanda Moraes Barros (filha de Elisabeth Tenreiro, professora).
Investigação indica que Alessandro Stefanutto usava empresas de fachada para ocultar valores e manter convênios irregulares
Por Natália Martins
A Polícia Federal revelou, em relatório obtido pela reportagem, que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia uma ‘mesada’ de R$ 250 mil mensais da organização criminosa investigada na Operação Sem Desconto.
Segundo o documento, os repasses ocorreram entre junho de 2023 e setembro de 2024, com parte dos pagamentos disfarçada em contratos de consultoria e honorários técnicos.
O valor, de acordo com a PF, foi reajustado após Stefanutto assumir a presidência do instituto. As propinas eram pagas por meio de empresas de fachada ligadas ao operador financeiro Cícero Marcelino de Souza Santos, entre elas a Stelo Advogados e Associados, a Delícia Italiana Pizzas e a Moinhos Imobiliária.
O relatório aponta que Stefanutto atuava como facilitador institucional dentro do INSS, aprovando e mantendo convênios irregulares entre o órgão e a Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais).
Mesmo após alertas técnicos sobre irregularidades e falsificação de autorizações de desconto, ele autorizava o processamento de cadastros de filiação sem a checagem da manifestação dos beneficiários.
As investigações identificaram também o envolvimento de Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-chefe do INSS, que teria recebido R$ 6,57 milhões em propinas entre 2022 e 2024.
Ele é apontado como um dos principais beneficiários do esquema comandado por Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer.
Operação Sem Desconto
A Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (13) pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), cumpriu 63 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão preventiva em 15 estados e no Distrito Federal.
Entre os alvos está também o ex-ministro da Previdência Ahmed Mohamad Oliveira, que deverá usar tornozeleira eletrônica.
A investigação apura crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, estelionato previdenciário, inserção de dados falsos em sistemas oficiais e lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, o grupo fraudava descontos em aposentadorias e pensões sem o consentimento dos beneficiários, desviando valores estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Stefanutto presidia o INSS quando a primeira fase da operação foi deflagrada, em abril deste ano, e foi exonerado no mesmo dia. A PF afirma que os repasses a ele representavam o elo entre a cúpula do instituto e os operadores do esquema.