Número é liderado por atividades em imóveis rurais privados
Por Camila Stucaluc
Um levantamento do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), divulgado na quarta-feira (9), mostrou que a área com extração ilegal de madeira cresceu 19% na Amazônia em um ano. Ao todo, foram 126 mil hectares devastados entre agosto de 2022 e julho de 2023, ante 106 mil hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022.
O total equivale à retirada de madeira em 350 campos de futebol por dia sem autorização dos órgãos ambientais. Segundo o levantamento, a maior parte da extração ilegal (71%) aconteceu em imóveis rurais privados. Nessa categoria, estão envolvidos 650 imóveis, sendo que apenas 20 deles responderam por quase um terço dos ilícitos.
O segundo tipo de território mais afetado pela extração ilegal foram as Terras Indígenas (TI), com 16%, categoria mais atingida entre as áreas protegidas. As TI Kaxarari e Tenharim Marmelos lideram o ranking, já que estão localizados na zona de influência da BR-319 – única estrada que conecta Manaus ao resto do país, com planos de pavimentação.
André Vianna, diretor-técnico do Idesam, destaca que a exploração predatória afeta a oferta legal de madeira. “O produto ilegal compete com a madeira licenciada, prejudicando todo o setor, tanto pelo achatamento do preço quanto em termos reputacionais, o que dificulta o acesso a mercados que valorizam o produto e pagam mais por ele”, disse.
O cenário se agrava quando associado à constatação de uma queda de 17% na área de exploração autorizada, que passou de 288 mil hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 239 mil hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023. Para Leonardo Sobral, diretor Florestal do Imaflora, aumentar o manejo florestal responsável é o caminho para combater as ilegalidades na extração madeireira e gerar benefícios para o planeta.
“Com o acirramento das mudanças climáticas, o manejo florestal é fundamental para reduzir emissões e conservar a floresta em pé enquanto gera renda e desenvolvimento social. A extração ilegal leva à degradação, aumentando riscos de incêndios, perda de biodiversidade e conflitos fundiários”, explicou o especialista.
"O presidente Bolsonaro fez o que tinha que ser feito, no momento certo, e foi decisivo para o cenário em São Paulo. Se não fosse Bolsonaro, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno", disse o senador
Por Fábio Matos
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho de Jair Bolsonaro (PL), respondeu às críticas que o pastor Silas Malafaia fez ao ex-presidente da República pela suposta falta de apoio à candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB) à prefeitura de São Paulo (SP) nas eleições municipais deste ano.
Para Flávio, Bolsonaro “foi decisivo” para a ida de Nunes ao segundo turno do pleito, contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Embora não tenha participado ativamente da campanha, o ex-presidente manifestou apoio ao emedebista.
“O presidente Bolsonaro fez o que tinha que ser feito, no momento certo, e foi decisivo para o cenário em São Paulo. Se não fosse Bolsonaro, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno”, afirmou Flávio, em nota encaminhada ao jornal Folha de S.Paulo.
“Assim como foram decisivos Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo] e Malafaia, cada um na sua função, como um time de futebol que não ganha só com atacantes”, completou o senador.
Flávio Bolsonaro disse, ainda, que “roupa suja se lava em casa e não em público”.
“A fase agora é de distensionamento e, sem orgulho e vaidade, vamos juntos vencer a extrema-esquerda em São Paulo. 2026 já começou e precisamos ser mais racionais que emotivos”, concluiu Flávio.
“Omisso” e “covarde”
Também em entrevista à Folha, Malafaia acusou Bolsonaro de se omitir no pleito para a prefeitura de São Paulo por medo de ser derrotado pelo empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB).
Na conversa, Malafaia disse que Bolsonaro foi sua “maior decepção” nessas eleições e argumentou que um líder não pode se pautar exclusivamente pelas redes sociais.
“Ele [Bolsonaro] não é criança. Sabe o que ele fez? Jogou para os dois lados. Eu desafio: entra nas redes de Bolsonaro e dos filhos dele. Não tem uma palavra sobre a eleição de São Paulo. É como se ela não existisse. Que porcaria de líder é esse?”, indagou o pastor.
“Covarde, omisso, que se baseia em redes sociais e não quer se comprometer. Fica em cima do muro. Para ficar bem sabe com quem? Com seguidores“, disse.
Na entrevista, Malafaia disse que também se decepcionou com o senador Magno Malta (PL-ES) e os deputados Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG). Os três, na sua avaliação, também não teriam feito a lição de casa de apoiar Ricardo Nunes.
CPI vai investigar o crescimento dos jogos de azar online e a possível ligação com organizações criminosas
Por Hellen Leite
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), autorizou nesta terça-feira (8) a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os jogos de azar online, como, por exemplo, o “jogo do tigrinho”. O pedido foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), com o apoio de 31 senadores.
A CPI terá 11 membros titulares e sete suplentes, funcionando por 130 dias. Segundo o requerimento, a comissão vai investigar a influência e o crescimento dos jogos de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, a possível ligação com organizações criminosas envolvidas em lavagem de dinheiro e o uso de influenciadores digitais para promover essas atividades.
“O objetivo é analisar a evasão de divisas, lavagem de dinheiro, influência de personalidades brasileiras em mentiras e, além de tudo, como os programas funcionam e são feitos, para que as pessoas tenham êxito no começo e depois passem a ter prejuízo. Isso virou uma verdadeira pandemia, virou algo fora do nosso controle. Já perdemos bilhões e bilhões de reais”, afirmou a senadora.
Soraya também é autora de um projeto que proíbe o uso do cartão do Bolsa Família e de assistência social para realizar apostas online.
A preocupação com o crescimento das apostas online aumentou após a divulgação de um levantamento do Banco Central, que revelou que o gasto médio mensal dos brasileiros com Pix para essas atividades é de cerca de R$ 20 bilhões em 2024.
A estimativa é de que, em agosto, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em jogos e apostas online.
Apostas esportivas
O Senado já iniciou uma CPI para investigar apostas esportivas, com foco específico na manipulação de resultados em jogos de futebol no Brasil.
Nesta terça-feira (8), o colegiado aprovou requerimentos de convocação para Bruno Tolentino, tio de Lucas Paquetá, jogador da seleção brasileira e do West Ham (Inglaterra), e para a empresária, advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra.
Paquetá está sob investigação na Inglaterra por suspeita de forçar cartões para favorecer apostas. Já Deolane foi presa sob suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro relacionado a apostas. Ela nega as acusações.
Economista irá assumir comando da autoridade monetária em 1º de janeiro de 2025, substituindo Roberto Campos Neto
Por Davi Valadares
O Senado aprovou nesta terça-feira, 8, a indicação do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025. Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o economista foi sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) antes de receber o aval do conjunto de senadores no Plenário.
Galípolo foi aprovado no CAE por unanimidade -- 26 votos. No Plenário, recebeu 66 votos favoráveis e 5 contrários. Ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, o economista irá substituir Roberto Campos Neto, que está no posto desde 2019 por nomeação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na sabatina, que durou mais de quatro horas, Gabriel Galípolo disse não ter desavenças nem com Roberto Campos Neto, nem com o presidente Lula. O indicado do petista brincou que poderia ter decepcionado os espectadores por não ter entregue, durante seu período como diretor de Política Monetária do BC, nenhum tipo de polarização ou rivalidade.
"Eu sinto que eu gerei uma grande frustração na expectativa que existia de que ao entrar no Banco Central fosse começar um grande reality show com grandes disputas ali dentro. E, infelizmente, eu tenho uma informação chata para dar para todos: a minha relação com o presidente é a melhor possível, com o presidente Lula e com o presidente Roberto", disse.
Durante a sabatina, Gabriel Galípolo também reforçou que deve chegar ao cargo sem amarras. Em sua fala de abertura, ele buscou arrefecer os boatos de que poderia haver alguma interferência do presidente Lula no BC em seu mandato como presidente do órgão.
"Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões, e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Que cada ação e decisão deve, unicamente, ao interesse do bem-estar de cada brasileiro", afirmou.
Copom
Galípolo também mostrou estar alinhado às decisões tomadas pelo Conselho de Política Monetária Nacional (Copom) nesta gestão, que foram alvo de críticas pelo governo Lula. Segundo o indicado de Lula, "a atuação do Banco Central tem sido inequívoca na perseguição da meta de inflação".
Na sessão, Galípolo ressaltou as preocupações do BC com fatores que impactam a inflação, reafirmando recomendações de cautela na condução dos juros básicos, atualmente em 10,75% ao ano.
O diretor afirmou que o trabalho da autarquia é buscar a meta de inflação definida pelo governo eleito e que o BC tem sido inequívoco na busca pelo atingimento do alvo. Galípolo acrescentou que a meta é de 3% e que a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual serve para absorver choques eventuais, não para reduzir o esforço da política monetária.
Bets
Provocado a falar sobre a regulação das apostas esportivas, as chamadas bets, no País, Galípolo disse que a autoridade monetária não tem “qualquer tipo de atribuição” sobre o assunto. A resposta ocorreu depois que o senador Omar Aziz (PSD-AM) defendeu a suspensão das plataformas de apostas esportivas (bets) até que elas sejam regulamentadas. “O Banco Central não versa ou não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets, não é o papel do Banco Central”, disse aos senadores.
Operação de fiscalização encontrou seis pessoas em condições precárias de trabalho em uma de suas fazendas, em Goiás
Por Iasmim Albuquerque*
O cantor Leonardo, batizado como Emival Eterno da Costa, foi incluído na lista suja de trabalho análogo a escravidão do Ministério de Trabalho e Emprego nesta segunda-feira (7). O cadastro do nome do cantor se dá por uma fiscalização realizada na Fazenda Talismã, em Goiás, neste ano. Durante a ação, foram encontrados seis trabalhadores em condições precárias de trabalho. O R7 tentou contato com a defesa do cantor, mas até a última atualização desta reportagem não obteve resposta.
A lista suja foi criada para cadastrar empresas que submetem trabalhadores a condições de escravidão. Ela é atualizada semestralmente, e atualmente tem 727 nomes cadastrados. No Código Penal, o trabalho análogo à escravidão é considerado por elementos que que caracterizam a redução de um ser humano, como a submissão a trabalhos forçados ou jornadas exaustivas, sujeição a condições degradantes de trabalho e a restrição de locomoção do trabalhador.
O cantor tem 61 anos, com mais de 40 de carreira, e é um dos percussores da música sertaneja no país. Ele também é conhecido pela influência no agronegócio, setor que possui diversos investimentos, incluindo três fazendas .
A fazenda Talismã está avaliada em R$ 60 milhões e faz referência a um dos maiores sucessos da dupla com Leandro, seu irmão. O local possui área de lazer com piscina, lago, criação de gado e até uma pista de pouso para aviões. Em entrevista recente para a RECORD Brasília, o cantor abriu o coração e falou sobre o crescimento da família, e reforçou o seu trabalho com o agronegócio, e nos palcos.
Trabalhadores resgatados
Em três anos, o Brasil conseguiu resgatar 6.761 pessoas em condições análogas à escravidão, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2023, o país bateu o recorde de casos, com 3.240 trabalhadores retirados dessa situação, número um pouco maior que 2022, quando foram contabilizados 2.587 casos. Ainda de acordo com a pasta, até agosto deste ano foram 934 resgates, sendo um dos casos o de uma idosa de 94 anos.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles