Esquema prometia favorecer clientes em resultados de levantamentos; PF apreendeu celulares, computadores, documentos e R$ 157 mil em espécie

 

 

Por Felipe Moraes

 

 

A Polícia Federal (PF) investiga suspeita de manipulação de pesquisas eleitorais de intenção de votos para prefeitos na região metropolitana de São José do Rio Preto (SP), no interior de São Paulo. A operação Erro de Tipo II cumpriu, nesta sexta-feira (4), mandado de busca e apreensão expedido contra um investigado que dizia representar instituto de pesquisas.

 

Esse suspeito, segundo a PF, teria abordado diversos candidatos a prefeito em cidades da região, "oferecendo seus serviços e prometendo 'ajustes' nos resultados das pesquisas, visando favorecer quem o contratasse".

 

Caso o cliente não aceitasse a proposta, o investigado dizia que iria oferecer serviços para candidatos rivais. Nas buscas, agentes apreenderam celulares, computadores, documentos e R$ 157 mil em espécie. Conforme a PF, o suspeito está sujeito a sanções por extorsão e pesquisa eleitoral fraudulenta.

 

O nome da operação, Erro de Tipo II, faz referência ao que acontece quando um teste estatístico — no caso da investigação, uma pesquisa eleitoral — leva a um resultado diferente da realidade.

 

O SBT mostrou nessa quinta (3), em reportagem exclusiva, que uma empresa é suspeita de fraude em pesquisas eleitorais para beneficiar candidatos. O esquema até forjava contratantes para registrar levantamentos na Justiça Eleitoral. Empresários de São Paulo descobriram que nomes e os dados deles foram usados indevidamente em notas fiscais.

 

Mensagens obtidas pela reportagem revelaram que a empresa cobrava valores altos pelos serviços: R$ 55 mil por pesquisa, R$ 180 mil pelo serviço completo durante a campanha e até R$ 360 mil por um "prêmio" em caso de vitória do candidato.

 

 

Posted On Sábado, 05 Outubro 2024 05:43 Escrito por

De acordo com imprensa baiana, ato foi feito por integrantes do PT local

 

 

Com site Terra

 

 

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), foi alvo de uma "ovada" durante uma carreata na cidade de Jeremoabo, no interior do Estado. De acordo com a imprensa baiana, os autores do ato foram integrantes do PT local. A diretoria do partido no Estado lamentou o caso. 

 

 

O caso aconteceu na manhã desta sexta-feira, 4. Nas imagens, que circulam nas redes sociais, é possível ver o governador em cima de um trio elétrico, ao lado de apoiadores, quando parece ser atingido por algo. Em seguida, ele desvia de um segundo objeto que é jogado em sua direção e olha assustado. 

 

Segundo o colunista do Metrópoles Igor Gadelha, os petistas da cidade estariam revoltados por conta do apoio do governador ao candidato de outro partido, Matheus de Neri, que é do PP, em vez do representante do PT na região, Fábio da Farmácia.

O Terra entrou em contato com a assessoria de Jerônimo Rodrigues para saber se ele foi atingido e confirmar se ele presta apoio ao candidato, mas ainda não obteve retorno. 

 

Em uma nota pública divulgada nesta tarde, o PT da Bahia lamentou a tentativa de agressão ao governador, repudiou os atos de violência e disse que as divergências devem ser tratadas com respeito, civilidade e nunca por atos violentos. 

 

“O direito ao contraditório e à divergência de ideias são fundamentais para a construção histórica do PT, mas nunca podem ser expressados na forma de ataque pessoal, político ou simbólico. [...] O companheiro Jerônimo Rodrigues é o governador em exercício que mais apoiou e se engajou em campanhas próprias do PT em disputa municipal", disse em nota. 

 

"Nossa tática eleitoral encontra enorme sintonia com o governador. Todavia, ele preside uma ampla coalizão de diversos partidos e é natural que pontualmente haja discordância com alguma definição eleitoral local. Contudo, reafirmamos que essas divergências devem ser tratadas com respeito, civilidade, e nunca por atos violentos. O Diretório Estadual do PT Bahia vai pautar, no âmbito do seu Estatuto, as instâncias internas para apurar o caso e tomar as medidas cabíveis”, acrescentou.

 

 

Posted On Sábado, 05 Outubro 2024 05:40 Escrito por

A dois dias das eleições municipais em Palmas, uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (FIETO) aponta que a candidata Janad Vacari, do PL, está liderando com 50% das intenções de voto, seguida por Eduardo Siqueira, com 27%, e Júnior Geo, com 19%. Lucia Viana aparece com 1%. Considerando apenas os votos válidos, Janad atinge 52%, o que indicaria uma vitória já no primeiro turno. A pesquisa foi realizada entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo TO-02987/2024

 

 

Da Redação

 

 

A pesquisa FIETO foi conduzida com uma amostra de 800 eleitores de Palmas, representando as diferentes faixas etárias, de instrução e renda do município. A margem de erro estimada é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95,45%. Os dados mostram que 46% dos entrevistados têm muito interesse pelas eleições municipais, enquanto 29% têm algum interesse.

 

O cenário atual, segundo os números da pesquisa, indica que Janad Vacari pode ser eleita prefeita já no primeiro turno, consolidando sua posição como favorita na corrida eleitoral. No entanto, ainda restam 72 horas para as urnas abrirem e, tanto Eduardo Siqueira quanto Júnior Geo, segundo e terceiro colocados, respectivamente, estão se mobilizando para tentar reverter o quadro e forçar um segundo turno.

 

No debate realizado na TV Anhanguera, afiliada da Globo, Eduardo Siqueira e Júnior Geo tiveram a oportunidade de apresentar suas propostas. No entanto, o que se viu foi um embate que, segundo análises, não trouxe grandes avanços para suas campanhas. Júnior Geo questionou Eduardo sobre o rombo no Igeprev e a operação da Polícia Federal que o envolveu, e Eduardo reagiu às acusações, mas os dois candidatos não conseguiram aproveitar a chance para levar uma mensagem mais otimista ao eleitorado palmense.

 

O foco, agora, está na mobilização da militância nas ruas e nas redes sociais. Janad Vacari, de acordo com especialistas, conta com um forte exército de candidatos a vereadores que estão engajados em garantir a vitória da candidata já no próximo domingo. Eduardo e Geo, por outro lado, precisam intensificar suas estratégias e angariar mais apoio nos últimos dias de campanha para evitar a vitória da líder das pesquisas.

 

Ainda que Janad esteja em vantagem, não há vencedores nem derrotados até o momento. Com as urnas se aproximando, cada passo da campanha pode ser decisivo. A pesquisa FIETO destaca a importância da militância e do engajamento dos eleitores, que poderão definir o futuro de Palmas nos próximos anos.

Posted On Sexta, 04 Outubro 2024 15:53 Escrito por

A USP segue como a melhor universidade no QS Latin America & The Caribbean Ranking, divulgado hoje, dia 3 de outubro, pela consultoria britânica Quacquarelli Symonds

 

 

Por Erika Yamamoto

 

 

USP mantém a liderança em ranking de universidades latino-americanas – Fotomontagem de Jornal da USP com imagens de Reprodução/QS Latin America & The Caribbean Ranking e Cecília Bastos/USP Imagens

 

A USP é a universidade mais bem classificada no QS Latin America & The Caribbean Ranking, publicado hoje, dia 3 de outubro, pela consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS). No segundo lugar está a Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC Chile) e, no terceiro, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

Nessa 14ª edição, o ranking avaliou e classificou 437 instituições de 23 países da região. O Brasil é o país com mais universidades ranqueadas, 96 no total, seguido do México, com 63 universidades, e da Colômbia, com 61. Além da USP e da Unicamp, outras duas instituições brasileiras ficam entre as dez melhores: a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na 5ª posição; e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), na 8ª.

 

 

QS LATIN AMERICA & THE CARIBBEAN RANKING
Classificação Instituição País
Universidade de São Paulo (USP) Brasil
Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC Chile) Chile
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Brasil
Tecnológico de Monterrey México
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Brasil
Universidade do Chile Chile
Universidade de Los Andes Colômbia
Universidade Estadual Paulista (Unesp) Brasil
Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) México
10º Universidade de Buenos Aires (UBA) Argentina

A USP também ficou na liderança em cinco dos oito indicadores avaliados: reputação acadêmica, artigos por docente, reputação entre empregadores, rede internacional de pesquisa e impacto na internet.

 

Mais informações sobre o ranking podem ser obtidas na página do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida) da USP.

 

Destaque internacional

 

A USP também conquistou posições de destaque em outros rankings divulgados pelo QS neste ano. No QS World, considerado um dos principais rankings universitários internacionais, a USP foi classificada na 92ª posição, permanecendo pelo segundo ano consecutivo na lista das 100 melhores.

 

No QS by Subject, divulgado no dia 10 de abril, a USP ficou entre as melhores universidades do mundo em 44 das 55 áreas específicas avaliadas – e em 16 áreas ela ficou entre as 50 melhores do mundo:

Odontologia (13ª posição); Antropologia (23ª); Engenharia de Petróleo (24ª); Agricultura e Silvicultura (32ª); Engenharia de Minas (34ª); Enfermagem (34ª); Engenharia Civil e de Estruturas (38ª); Arquitetura (39ª); Política Social e Administração (42ª); Sociologia (43ª); Arqueologia (44ª); Esportes (44ª); Farmácia e Farmacologia (44ª); Ciências Ambientais (44ª); Direito (45ª); e Línguas Modernas (46ª).

 

Em 28 áreas específicas a Universidade ficou entre a 51ª e a 100ª posição; em quatro áreas, entre as 150 melhores; e, em uma área, entre as 200 melhores.

 

As áreas específicas são agrupadas em cinco grandes áreas e a USP está entre as 100 melhores na classificação geral de todas as cinco: Ciência Social e Administração (41ª), Artes e Humanidades (46ª), Ciências da Vida e Medicina (44), Ciências Naturais (58ª) e Engenharia e Tecnologia (57ª).

 

 

Posted On Sexta, 04 Outubro 2024 14:29 Escrito por O Paralelo 13

Antista do Acordeom: o Sanfoneiro do Povo

 

 

Por Edivaldo Rodrigue

 

 

Foi aos oito anos de idade que Antista do Acordeon teve contato com os seus primeiros instrumentos musicais. Pela manhã, na busca vital da água, todos os  dias da sua infância ele tocava o jumentinho Dagalberto rumo ao açude da região de Cristino Castro, sua cidade natal, no sertão do Piauí. Ao puxar a corda, o jumento relinchava compassadamente feito cantiga de saudade. À noite, era a vez do sino da igrejinha da cidade, onde as repetidas badaladas construíam melodias diferentes a cada vergar da corda. De lá para cá, foi uma longa viagem, até chegar ao estrelato, através dos acordes de sua reluzente sanfona branca acalentada por sua bela e cativante voz.

 

Artista do Acordeon, que gravou vários discos profissionalmente, após 60 anos animando e encantando os amantes da boa música por todas as regiões do Brasil, é um sanfoneiro cantador genuinamente nascido no meio do povo. A sua música foi fruto deste contato espontâneo, inerente aos artistas oriundos das classes mais desprovidas, onde se acomoda o povo mais humilde da nossa sociedade. Daí a sua simplicidade, o seu profissionalismo, o seu carisma e o seu grande sucesso que chegou rebocado por alegres e hilariantes histórias acontecidas nessas mais de seis décadas de caminhadas pelas estradas deste país.

 

Já cansado do vai-e-vem da vida, Antista resolveu fazer  morada em Porto Nacional, após inúmeras paradas por dezenas de cidades deste Brasil continental. Foi destas pousadas que ele colecionou algumas das mais intrigantes histórias da sua vida de artista andante. Para manter viva a sua esperança de vitória neste concorrido mundo da música, ele teve que tocar em cabarés, velórios de prostitutas, portas de botecos, cemitérios, igrejas, sanatórios e até na cadeia. Uma caminhada digna de quem é verdadeiramente era um artista do povo.

 

Um dos acontecidos que mais marcou este músico ocorreu na sua fase de "tocar para comer". Em 1972, Antista foi contratado para tocar a festa do casamento de Antera Duarte,  filha caçula de Chico Dente de Ouro, matador afamado das bandas das Alagoas. A fazenda da festança ficava no município de Barreiras, na Bahia, sertão de difícil acesso. Um verdadeiro esconderijo do pistoleiro. Antista, abraçado à sua sanfona, pegou o caminho do trabalho montado no lombo de um burro manco e cismado. Vez por outra a montaria refugava  a estrada e era um Deus-nos-acuda para dar prosseguimento ao itinerário. E Antista reclamava: "Eu ainda largo a merda desta vida. Agora veja só. Tô correndo o risco de ser desmoralizado por este burro".

 

E não deu outra: o burro desta feita não quis atravessar um córrego. Deu três pulos de lado e um para traz. Antista ainda quis se equilibrar, mas no quinto salto ele foi atirado dentro d'água com sanfona e tudo. O burro bufou, balançou o rabo, relinchou e pegou o caminho de volta, deixando Antista e sua sanfona totalmente ensopados: "Eu toco esta festa nem que o Diabo não queira", disse o sanfoneiro decidido a concluir o resto da viagem à pé.

 

Ao chegar ao terreiro da fazenda, Antista foi recebido aos berros por Chico Dente de Ouro: "Num tô intendendo isso não, seu minino. Eu fiz trato com um home ou um saco de farinha?"  Antista, trêmulo e apavorado, explicou o acontecido e começou os preparativos para iniciar o forró. Arrumou um pandeirista da região, contratou um zabunbeiro e abriu a sanfona para animar a festa. A supresa foi geral: no lugar de som só saiu água. Chico Dente de Ouro chamou Antista num canto e determinou: "Cuma num tem mais arrudeio, o negócio é arremediá. Nós tem guardado na camarinha um pife de osso de canela de onça e um casco de tatu peba. Dá tuada, os dois. Iscói um desses instrumentos e dá proseguimento pá rompê a festa. Sem dança é que nóis num vai ficá. Tá prestando anssunto, pião?" Antista tremeu nas bases e quase não conseguiu pronunciar o "sim".

 

Foi festa a noite toda raspada no casco do tatu e soprada no pife de osso. Quando os festeiros já estavam cançados da tuada de um dos "instrumentos" Antista pegava o outro e dava novo tom na dança, acompanhado pelo pandeirista e zabumbeiro, cientes do perigo que estavam correndo naquele lugar. Chico Dente de Ouro, sentado de lado dos três músicos, com uma espingarda entre as pernas e cortando fumo com um punhal de quase um metro. Ele não tirava o ouvido do tom e vez por outra  resmungava: "Tá carecendo de animação". Depois desta enrascada Antista ficou quase um ano sem aceitar tocar festa de casamento.

 

No carnaval de 74, Antista e alguns amigos resolveram animar as noites de Muricilândia, bem ao norte do antigo norte goiano. A animação corria solta no cabaré de Vilma Brejão. Aquele dia a inspiração era tanta que sanfona parecia que queria falar. De repente, lá do fundo do salão ouvem se uma voz e três tiros: "Todo mundo vai dançar nu e toda despesa é por minha conta". Todos concordaram, menos Antista, que ainda não conhecia Zé Cemitério, o homem mais temido do sul do Estado do Pará. "Não tem problema. O senhor é o tocador e por isso merece o nosso respeito. Pode ficar vestido. Vou lhe pagar em dinheiro vivo, mas o senhor só vai tocar prá mim. Tá combinado?", disse o valentão. Antista concordou e naquele momento iniciou a festa mais longa de toda sua vida.

 

Já havia completado um dia e meio de música, bebedeira e medo. Naquele cabaré ninguém saia e nem entrava, pois Zé Cemitério não permitia. Antista, exausto, sem voz e forças para abrir e fechar a sanfona resolveu tocar uma música romântica para acalmar os ânimos, no momento, exaltados. Buscou ar nos pulmões e soltou a voz cantando "A Carta", de WaldikSiriano. Foi a conta. Zé Cemitéiro deu um salto para a frente e sorrindo deu dois tiros entre os pés do sanfoneiro e pediu: "Meu amigo, tem muitos anos que eu não escuto esta melodia. Ela só me traz alegrias. Eu já matei cinco homens por causa desta música. Toque de novo, meu amigo. Toque. Não deixe eu ficar furioso" Antista do Acordeon, naquele dia, repetiu por 23 vezes os versos de Waldik Soriano que diziam:  "...minha querida, saudações, não espere os senões...".

 

Cada vez que ele terminava de executar a música, Zé Cemitério carregava novamente o revólver e, cheio de alegria, disparava três ou quatro tiros entre os pés do sanfoneiro. E foi assim por longas e intermináveis horas. Depois do terceiro dia de farra, Zé Cemitério pagou todas as contas e foi embora. Antista dormiu uma semana seguida e prometeu que nunca mais tocava num cabaré.

 

Já famoso, viajando pelo Brasil e tocando na companhia de importantes nomes da música popular brasileira, foi que Antista do Acordeon passou o maior medo da sua vida. Em 1991, ele e a Banda Ciclone foram contratados para animar o tradicional Baile dos Velhos em Cristalândia. Clube lotado, muita descontração e alegria estampada nos rostos mais importantes daquela comunidade. A Banda Ciclone iniciou o baile e o animou até as duas da manhã, quando chegou a vez de Antista dar o recado. A sanfona branca e sua voz melodiosa  acordaram os que já começavam a sonhar. O salão lotou novamente e a animação revigorou.

 

No meio da música "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, um senhor bem vestido, carregando um litro de whisky debaixo do braço e um copo derramando pelas beiradas  na mão esquerda, aproximou do palco e pediu: "Antista, toca 'Mulher de minha vida', de Bartô Galeno, e ofereça para minha namorada que quer me abandonar". Sem deixar o ritmo cair, o sanfoneiro disse ao pedinte, com muita educação, que conhecia o repertório daquele cantor, mas não sabia cantar nenhuma de suas músicas. O senhor não gostou, fez um sinal obceno com o dedo e disse que ele ia ter, na hora certa, a resposta que merecia.

 

A partir daquele momento Antista ficou apavorado. Aonde o senhor ía, ele o acompanhava com os olhos, sem deixar de passar os dedos nos teclados. Na sua cabeça navegavam mil pensamentos: "Será se depois de tanta dificuldade, tanta luta e tantos sonhos ainda por realizar eu vou morrer por uma besteira desta?". O baile corria animado e ele de olho no senhor que já tinha esvaziado o litro de whisky e agora, encostado no balcão, bebia cerveja. "Este cabra tá bebendo para criar coragem. Ele quer me pegar". Vez por outra ele olhava pra Antista e levantava a mão espalmada e fazia um sinal de ameaça. Antista gelava, mas não podia fazer nada, pois se parasse de tocar, o baile ía esfriar e muitos dos presentes podiam se retirar e a festa corria o risco de acabar. Este fato seria constrangedor profissionalmente se ocorresse sob a sua responsabilidade de animador.

 

 Voando nestes pensamentos ele esqueceu das ameaças e soltou a voz, cantando "Vaca Estrela e Boi Fubá", de Raimundo Fagner. Lá do Balcão o senhor deu o recado gritando bem alto: "Esta é boa, Antista, mas você tá fudido comigo. Vou te lascar em bandas". Antista já não sabia a que santo recorrer e apelou em pensamentos: "Espero que todos os santos de plantão me acudam nesta dificuldade". Ele estava com muito medo de morrer ali naquele palco.

 

A sanfona branca chorava a "Triste Partida", de Luiz Gonzaga, quando Antista notou que o senhor caminhava em sua direção carregando uma garrafa de cerveja em cada mão. Ele pensou em parar de tocar, mas as mãos não atenderam; pensou em gritar, mas já não tinha voz; pensou em correr, mas não tinha pernas e também  era tarde, o homem já estava a seu lado. Tremendo, ele continuou tocando e cantado e de repente sentiu os pés molhados. O senhor ameaçador, derramou uma garrafa de cerveja em cada sapato do sanfoneiro, encharcando os seus pés. Terminado o serviço, ele olhou para Antista e disse sorrindo: "Esta é a minha vingança por você ter deixado a minha namorada me abandonar".

 

Aliviado e sorrindo da situação, Antista correu os dedos mágicos sobre o teclado e esquentou o forró. Quando ele aproximou os lábios do microfone para cantar: "É aí que pega fogo", de Dominguinhos, todo os presentes no salão ouviram um grito medonho e ao mesmo tempo um barulho ensurdecedor de caixas, sanfona, microfones e um corpanzil descontrolado desabando sobre tudo. Antista do Acordeon havia desabado do palco, pois acabara de levar o maior choque elétrico de sua vida, causado pela molhadeira  nos seus pés.

 

Fim de baile e Antista novamente promete que nunca mais tocaria naquela cidade. Mas uma vez ele não cumpriu a promessa. Como um sanfoneiro do povo ele continuou  tocando em cabarés, em casamentos, em velórios, em botecos e nos mais importantes salões de bailes espalhados por este Brasil gigante, principalmente no Tocantins e em especial em Porto Nacional.

 

Pelo amor que nutria pela sua querida Cristalâdia, pediu em vida, “se” morresse, queria ser velado no Clube dos Violeiros e sepultado na terra dos cristais. E assim aconteceu, ao som das sanfonas e acordeons ele partiu para a casa do Pai Celestial.

 

Posted On Sexta, 04 Outubro 2024 11:30 Escrito por O Paralelo 13
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