Variante mais contagiosa e aumento de jovens doentes embasam projeção da pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo

 

Ana Lícia Soares e Stéfano Salles

 

Depois de ter previsto com acerto que março seria o mês mais triste e letal da pandemia de Covid-19, a pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) segue pessimista com o mês abril, iniciado nesta quinta-feira. Isto, pela disseminação das variantes de preocupação do novo coronavírus, principalmente, da amazônica (P1), mais contagiosa, e pelo aumento do número de casos provocados pelas interações sociais do verão.

 

Março deixou um saldo de 66.868 mortos em todo o país. Mais que o dobro registrado em julho de 2020, quando o país alcançara o ápice da primeira onda, quando 32.912 brasileiros perderam a vida para a Covid-19. No Rio de Janeiro, a prevalência da variante amazônica já chega a 83%, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde.

 

Esse cenário faz a pesquisadora projetar um mês difícil. “O mês de abril será o mais triste de nossas vidas, pelos mesmos motivos (que março). Esperamos que a sociedade colabore. Dessa vez, ainda mais jovens estão ficando doentes”, lamenta a pesquisadora.

Abril começa também com uma herança delicada. No último dia de março, o país registrou o maior número de óbitos confirmados em um intervalo de 24 horas: 3.950. O número se aproxima da marca projetada pelo pesquisador Márcio Watanabe, professor da Faculdade de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, Região Metropolitana do Rio, e pós-doutor em Epidemiologia.

 

Em sua pesquisa “Detecção precoce da sazonalidade e predição de segundas ondas na pandemia de Covid-19”, Watanabe avaliou, por meio de um modelo matemático-epidemiológico feito a partir da evolução da curva de casos e óbitos diários em 50 países, que a situação tende a se agravar no outono. Entre abril e o início de maio, é possível que seja alcançado o pico de cinco mil mortos.

 

“Infelizmente, o ritmo de crescimento é rápido. A tendência maior é que, se chegarmos a cinco mil mortos, isso aconteça já na próxima semana. Algumas medidas têm sido tomadas. Rio e São Paulo, por exemplo, adotaram feriadão de dez dias. Isso vai dar uma achatada no crescimento nos dois estados, mas eu não acredito que só o feriadão seja suficiente para fazer os casos caírem em São Paulo. A tendência é que esse crescimento comece a desacelerar, já que os dois estados são os responsáveis pela maior parte dos óbitos”, avalia.

 

Na quarta-feira, último dia de março, São Paulo atingiu o recorde estadual de mortes provocadas pela doença: 1.209. No Rio de Janeiro, as 294 vidas perdidas representam o terceiro maior número diário desde o início da pandemia.

 

 

Posted On Sexta, 02 Abril 2021 10:43 Escrito por

País voltou a registrar média móvel recorde e terceiro maior número de mortes em um dia

 

Por Nathallia Fonseca, da CNN, em São Paulo

 

Pela primeira vez desde início da pandemia de Covid-19, a média móvel de mortes em virtude da doença no Brasil superou a marca das três mil vítimas. Com os 3.769 novos óbitos registrados nesta quinta-feira (1º), a média móvel de mortes nos últimos sete dias chegou a 3.117, dando sequência à renovação de recordes nesta métrica, o que já ocorre diariamente desde 25 de março.

 

Os óbitos registrados nesta quinta-feira fizeram deste o terceiro dia mais mortal desde o começo da pandemia. Nas últimas 72 horas, o Brasil perdeu 11.418 vidas para a Covid-19, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

 

Esta é a primeira vez que mais de 10 mil mortes ocorrem em um período tão curto. No total, segundo o painel do Conass, o Brasil registra 325.284 óbitos por Covid-19.

12.839.844 casos foram confirmados, sendo 91.097 nas últimas 24 horas. São Paulo é o estado mais atingido pela pandemia em números absolutos, com 2.496.416 casos notificados. Em seguida, estão Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

 

O estado de São Paulo ainda registrou um recorde nesta quinta-feira, com 26.567 casos confirmados em 24 horas. No mesmo período, 1.082 mortes foram causadas pela doença. De acordo com boletim divulgado pela secretaria estadual de saúde, o estado registra, nesta quinta-feira, 89,8% de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

 

Outro recorde ocorreu no Rio de Janeiro, com maior número de mortes em 24 horas. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), o estado contabilizou 387 óbitos rem um dia, superando o recorde anterior, que havia sido de 324 mortes em 3 de junho de 2020.

 

 

Posted On Sexta, 02 Abril 2021 10:42 Escrito por

Intenção é atender idosos de 65 a 79 anos, trabalhadores de saúde e parte de profissionais de segurança e pessoal das Forças Armada

 

Por Lisandra Paraguassu

 

O Ministério da Saúde começa nesta quinta-feira a distribuição de mais 9,1 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 aos Estados, com a intenção de atender idosos de 65 a 79 anos, trabalhadores de saúde e parte de profissionais de segurança e pessoal das Forças Armadas que trabalham no combate à pandemia.

 

De acordo com nota do ministério, ainda outras 2 milhões de doses, produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz, devem estar disponíveis até o final de semana.

 

Do total de doses a serem distribuídas a partir desta quinta, 8,4 milhões são da vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac e envasada no Brasil pelo Instituto Butantan. O restante, da AstraZeneca, envasada pela Fiocruz.

 

A previsão do ministério é que parte das doses sejam usadas como reforço da vacina em idosos e trabalhadores de saúde, mas a maior parte servirá para ampliar a vacinação para as faixas de 65 a 69 anos e para incluir trabalhadores das forças de segurança, além de militares que estejam trabalhando no combate à covid-19.

 

De acordo com dados do ministério, 14,9 milhões de pessoas no país já receberam a primeira dose de vacina - cerca de 6,5% da população - e 4,2 milhões tiveram a segunda dose, o que representa 1,8% dos brasileiros.

 

 

Posted On Sexta, 02 Abril 2021 10:40 Escrito por

Intenção é atender idosos de 65 a 79 anos, trabalhadores de saúde e parte de profissionais de segurança e pessoal das Forças Armada

 

Por Lisandra Paraguassu

 

O Ministério da Saúde começa nesta quinta-feira a distribuição de mais 9,1 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 aos Estados, com a intenção de atender idosos de 65 a 79 anos, trabalhadores de saúde e parte de profissionais de segurança e pessoal das Forças Armadas que trabalham no combate à pandemia.

 

De acordo com nota do ministério, ainda outras 2 milhões de doses, produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz, devem estar disponíveis até o final de semana.

 

Do total de doses a serem distribuídas a partir desta quinta, 8,4 milhões são da vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac e envasada no Brasil pelo Instituto Butantan. O restante, da AstraZeneca, envasada pela Fiocruz.

 

A previsão do ministério é que parte das doses sejam usadas como reforço da vacina em idosos e trabalhadores de saúde, mas a maior parte servirá para ampliar a vacinação para as faixas de 65 a 69 anos e para incluir trabalhadores das forças de segurança, além de militares que estejam trabalhando no combate à covid-19.

 

De acordo com dados do ministério, 14,9 milhões de pessoas no país já receberam a primeira dose de vacina - cerca de 6,5% da população - e 4,2 milhões tiveram a segunda dose, o que representa 1,8% dos brasileiros.

 

Posted On Quinta, 01 Abril 2021 15:55 Escrito por

País estava fora do levantamento desde 2014; projeções apontam que quase 10% da população brasileira está subalimentada

 

Da CNN Brasil 

 

A palavra fome voltou a assombrar os brasileiros mais pobres. Além do recrudescimento da pandemia e do impacto com as quase 4 mil mortes diárias pela Covid-19, há uma tempestade perfeita nesse caos que coloca em risco também sua segurança alimentar: inflação alta, desemprego e ausência do auxílio emergencial – ao menos num nível que permita a compra de uma cesta básica.

 

O Brasil deixou o chamado Mapa da Fome em 2014 com o amplo alcance do programa Bolsa Família – estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) baseado em dados de 2001 a 2017 mostrou que, no decorrer de 15 anos, o programa reduziu a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%. No entanto, o país deve voltar a figurar na geopolítica da miséria no balanço referente a 2020.

O Mapa da Fome é um levantamento feito e publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a situação global de carência alimentar. Um país entra nesse levantamento quando a subalimentação afeta 5% ou mais de sua população. Venezuela, México, Índia, Afeganistão e praticamente todas as nações africanas apareceram no mapa referente a 2019.

O Brasil tem ficado fora, embora dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrassem que, já em 2018, após anos de turbulências políticas e crescimento econômico pífio, a fome voltava a se alastrar. Agora, com a eclosão da pandemia e suas consequências econômicas e sanitárias, vai ser difícil escapar.

 

 

De acordo com Daniel Balaban, representante no Brasil do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) e Diretor do Centro de Excelência contra a Fome, a situação brasileira é muito preocupante. Ele projeta que o Brasil esteja próximo dos 9,5% de sua população com subalimentação.

 

“A condição do Brasil vinha se deteriorando antes da pandemia, por conta dos cortes orçamentários de políticas sociais, crises políticas e econômicas. A pandemia só apressou e piorou essa situação”, disse Balaban à CNN.

 

Medidas para arrecadar alimentos se espalham pelo país entre poder público, empresas, igrejas e organizações da sociedade civil. Como exemplos recentes, há o da Prefeitura de Porto Alegre, que iniciou uma campanha de coleta nas filas de drive-thrus da vacinação contra a Covid e o do time do São Paulo, que iniciou nesta quarta-feira (31) coleta de doações no Morumbi.

 

Além disso, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Sesi (Serviço Social da Indústria) criaram uma campanha no interior de São Paulo; a ONG Banco de Alimentos tem realizado trabalho diário de coletas; e dioceses espalhadas pelo país também têm arregimentado contribuições entre fiéis. O movimento Tem gente com fome, apoiado pela Anistia Internacional e diversas outras ONGs, usa as redes sociais de artistas para clamar por ajuda. São iniciativas que não eram vistas há muito tempo no Brasil e remontam a campanhas anteriores aos anos 2000.

 

Aprovado pelo Congresso, o auxílio emergencial sancionado em abril de 2020 pelo presidente Jair Bolsonaro, de R$ 600 mensais, ajudou a população de baixa renda a enfrentar o risco da fome no ano passado. Segundo estudos do pesquisador Daniel Duque, do Instituto de Estudos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), com o auxílio para as camadas mais pobres o país chegou a ver uma redução importante da miséria e pobreza extremas. Isso porque a reposição de renda foi, para muitos, acima do que era o rendimento médio.

 

Mas o benefício acabou no fim do ano – as contas fiscais do país não permitiam, segundo o governo, a extensão do pagamento. Passados três meses sem o benefício, o Brasil mergulhou de vez, segundo Duque, em um cenário de elevação da pobreza extrema pior do que se encontrava em 2019. “Já estamos vendo um aumento dramático de pobreza e pobreza extrema nesse começo de 2021, ainda que não seja fome”, afirma o pesquisador.

 

Com o empobrecimento veloz e uma segunda onda mais letal da pandemia, o governo, impactado pela forte queda em índices de popularidade, assinou no dia 18 de março três Medidas Provisórias que recriaram o benefício, com um valor inferior, de R$ 150 a R$ 375, mas que deve ao menos evitar a fome de quem receber o auxílio, aponta Duque. O pagamento dessa nova leva será feito em quatro parcelas e começa no dia 6 de abril.

 

Balaban, da ONU, acrescenta que, sem uma política em longo prazo contra a fome, o risco de insegurança alimentar é permanente. “O auxílio é fundamental e esse atraso na aprovação coloca a situação em risco. Mas o problema é que tudo vira artificial. São necessárias políticas públicas perenes de combate à miséria, independentemente do governo, ou o país é um cachorro correndo atrás do rabo”, diz Balaban.

 

Duque antevê ainda que, com a piora do quadro da pandemia, uma nova onda de demissões deve acontecer, e pessoas que não precisaram do auxílio no ano passado irão precisar agora. “Essas pessoas podem passar por uma situação mais dramática”, explica o pesquisador.

 

 

A massa salarial, um indicador que mede o bolo de rendimentos relativos a trabalho recebidos pela população, sem incluir benefícios como o auxílio, já teve em janeiro a segunda redução mensal consecutiva, de acordo com dados do IBGE. Além disso, a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no grupo alimentos, em 12 meses, foi de 15% - quase o triplo do índice geral.

 

“Com a alta nos preços de alimentos e o preço do botijão de gás chegando a R$ 100, para muitas pessoas a escolha foi feita entre comprar comida e cozinhá-la”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. “Sob qualquer ponto de vista, se torna uma situação catastrófica para as camadas mais pobres, já que as altas de preços se concentram em produtos essenciais e com peso maior para esses estratos sociais.”

Dificuldades históricas

Para Marcelo Medeiros, professor da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador visitante da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o Brasil historicamente nunca deixou de ter problemas importantes de segurança alimentar, ainda que na última década o flagelo da fome tenha entrado em um momento de redução.

 

“A fome, no sentido extremo da palavra, havia caído bastante. Mas a nova fome passou a ser a obesidade e a má alimentação: mais ou menos um terço da população brasileira vivia sob insegurança alimentar, e esse número provavelmente aumentou na pandemia”, diz Medeiros.

 

Segundo o professor, a pandemia é a origem da crise na economia e, sem controlar a crise sanitária, a economia seguirá mal. “Para reverter isso, programa de garantia de renda, distribuição gratuita de máscaras e, o mais óbvio, levar a vacinação a sério.”

 

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP), que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2020, é a maior agência humanitária do mundo, atuando por meio da assistência e de projetos de segurança alimentar e nutricional. O órgão estima que 272 milhões de pessoas já estão – ou estão prestes a entrar – em uma situação de insegurança alimentar aguda pelo mundo, em decorrência dos efeitos da crise da Covid-19.

 

Um número recorde de 235 milhões de pessoas vão precisar de assistência humanitária e proteção em 2021, o que significa um aumento de cerca de 40% em relação a 2020, segundo levantamento do WFP.

 

Programas governamentais

De acordo com o Ministério da Cidadania do governo federal, que operacionaliza os pagamentos do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial, foram disponibilizados no ano passado R$ 365 bilhões para os programas sociais, o que ajudou a reduzir a pobreza extrema em 80%.

 

O governo anunciou nesta quarta-feira (31) que o novo auxílio emergencial deve beneficiar 45,6 milhões de famílias de baixa renda pelo país com aportes de R$ 44 bilhões e início dos pagamentos em abril, se aproveitando do trabalho de cadastramento dos beneficiados realizado no ano passado.

 

O ministério diz ainda que realiza cruzamento contínuo dos dados e ações de controle e fiscalização para evitar pagamentos indevidos. Em paralelo, o governo alega ter aumentado a previsão orçamentária para o pagamento do Bolsa Família neste ano, o que demonstraria um compromisso de “garantir e ampliar continuamente o atendimento nas ações de proteção social”.

 

“Cabe informar ainda que o ministério também tem trabalhado na reformulação do Bolsa-Família. A nova proposta, além de ampliar o número de famílias contempladas, prevê, por exemplo, reajuste nos valores dos benefícios pagos atualmente e mais eficiência no gasto do dinheiro público”, afirma o ministério em resposta à CNN Brasil.

 

A nota do ministério também aponta procedimentos de distribuição de alimentos a localidades que tenham decretado situação de emergência ou calamidade pública e o programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar como iniciativas para combater a fome no país.

Moradores do centro do Rio de Janeiro tentam encontrar alimentos em caminhão de lixo logo depois de funcionários de supermercados descartarem sobras

Posted On Quinta, 01 Abril 2021 15:45 Escrito por