Carta será enviada aos chefes dos Três Poderes. Documento alerta para agravamento da pandemia no Brasil e diz que políticas públicas devem se basear em evidências científicas

 

Por G1 — Brasília

 

Centenas de economistas, entre eles ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central, como Armínio Fraga, Pedro Malan, Ilan Goldfajn e Afonso Celso Pastore, assinam uma carta de alerta sobre o agravamento da pandemia no Brasil e cobram vacinação e distanciamento social como medidas de combate à Covid-19.

 

A informação sobre a carta foi publicada pelo colunista do jornal O Globo Merval Pereira. O documento será entregue a representantes dos Três Poderes.

 

O documento “O País exige respeito; a vida necessita da ciência e do bom governo - carta aberta à sociedade referente a medidas de combate à pandemia” lembra que o Brasil é, hoje, o epicentro mundial da Covid-19 e reforça a necessidade de que as políticas públicas se baseiem em evidências cientificas.

 

“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas”, afirmam.

A carta cita dados econômicos como a contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 e a elevada taxa de desemprego e afirma que a situação só será superada com o controle da doença. “Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal”.

Os economistas que assinam a carta afirmam que a saída da crise requer vacinação em massa e que infelizmente o Brasil está atrasado. O documento também cobra o reforço urgente de medias de distanciamento social enquanto se busca aumentar o número de doses de vacina disponíveis e pedem o incentivo ao uso de máscaras.

 

Nas últimas semanas membros da equipe econômica, chefiada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, vêm defendendo a vacinação em massa como saída para a retomada da economia.

 

Auxílio emergencial


A carta reforça que medidas como auxilio emergencial se fazem necessária” “Em paralelo, não devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no sistema de proteção social, visando aprimorar a atual rede de assistência social e prover seguro aos informais”.

 

O documento também a necessidade de outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas.

 

Na quinta-feira (18) o governo enviou ao Congresso Nacional a medida provisória com as regras para o pagamento da nova rodada do auxílio emergencial.

 

A MP, segundo o governo, permitirá que 45,6 milhões de famílias sejam contempladas na nova rodada do auxílio. O texto define que:

a nova rodada terá quatro parcelas;

a primeira parcela será paga em abril;

o valor de cada parcela vai variar de R$ 150 a R$ 375, de acordo com a composição de cada família.

 

Confira a integra da carta

O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo - Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia

 

O Brasil é hoje o epicentro mundial da Covid-191, com a maior média móvel de novos casos. Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados, com insuficiente número de leitos de UTI,

respiradores e profissionais de saúde. Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera pelo atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença.

 

A situação econômica e social é desoladora. O PIB encolheu 4,1% em 2020 e provavelmente observaremos uma contração no nível de atividade no primeiro trimestre deste ano. A taxa de desemprego, por volta de 14%, é a mais elevada da série histórica, e subestima o aumento do desemprego, pois a pandemia fez com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas.

 

A contração da economia afetou desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e vulneráveis, com uma queda de 10,5% no número de trabalhadores informais empregados, aproximadamente duas vezes a queda proporcional no número de trabalhadores formais empregados.

 

Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia.

 

Sabemos que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. Infelizmente, estamos atrasados. Em torno de 5% da população recebeu ao menos uma dose de vacina, o que nos coloca na 45ª posição no ranking mundial de doses aplicadas por habitante. O ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022. As consequências são inomináveis.

 

No momento, o Brasil passa por escassez de doses de vacina, com recorrentes atrasos no calendário de entregas e revisões para baixo na previsão de disponibilidade de doses a cada mês. Na semana iniciada em 8 de março foram aplicadas, em média, apenas 177 mil doses por dia. No ritmo atual, levaríamos mais de 3 anos para vacinar toda a população.

O surgimento de novas cepas no país (em especial a P.1) comprovadamente mais transmissíveis e potencialmente mais agressivas, torna a vacinação ainda mais urgente. A disseminação em larga escala do vírus, além de magnificar o número de doentes e mortos, aumenta a probabilidade de surgirem novas variantes com potencial de diminuir a eficácia das vacinas atuais.

 

Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020.

 

Vacinas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo. Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para isso. Em 1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em apenas um mês.

 

Na campanha contra a Covid-19, se estivéssemos vacinando tão rápido quanto a Turquia, teríamos alcançado uma proporção da população duas vezes maior, e se tanto quanto o Chile, dez vezes maior.

 

A falta de vacinas é o principal gargalo. Impressiona a negligência com as aquisições, dado que, desde o início da pandemia, foram desembolsados R$ 528,3 bilhões em medidas de combate à pandemia, incluindo os custos adicionais de saúde e gastos para mitigação da deteriorada situação econômica.

 

A redução do nível da atividade nos custou uma perda de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%, aproximadamente R$ 58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em 2 trimestres. Nesta perspectiva, a relação benefício custo da vacina é da ordem de seis vezes para cada real gasto na sua aquisição e aplicação. A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação.

O quadro atual ainda poderá deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de mobilidade. Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social. Da mesma forma é essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos.

 

A controvérsia em torno dos impactos econômicos do distanciamento social reflete o falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável. Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de Covid-19. A experiência mostrou que mesmo países que optaram inicialmente por evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do agravamento da pandemia – é o caso do Reino Unido, por exemplo. Estudos mostraram que diante da aceleração de novos casos, a população responde ficando mais avessa ao risco sanitário, aumentando o isolamento voluntário e levando à queda no consumo das famílias14 mesmo antes ou sem que medidas restritivas formais sejam adotadas. A recuperação econômica, por sua vez, é lenta e depende da retomada de confiança e maior previsibilidade da situação de saúde no país. Logo, não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia descontrolada.

 

O efeito devastador da pandemia sobre a economia tornou evidente a precariedade do nosso sistema de proteção social. Em particular, os trabalhadores informais, que constituem mais de 40% da força de trabalho, não têm proteção contra o desemprego. No ano passado, o auxílio emergencial foi fundamental para assistir esses trabalhadores mais vulneráveis que perderam seus empregos, e levou a uma redução da pobreza, evidenciando a necessidade de melhoria do nosso sistema de proteção social. Enquanto a pandemia perdurar, medidas que apoiem os mais vulneráveis, como o auxílio emergencial, se fazem necessárias. Em paralelo, não devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no sistema de proteção social, visando aprimorar a atual rede de assistência social e prover seguro aos informais. Uma proposta nesses moldes é o programa de Responsabilidade Social, patrocinado pelo Centro de Debate de Políticas Públicas, encaminhado para o Congresso no final do ano passado.

Outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas também se fazem necessárias. A experiência internacional com programas de aval público para financiamento privado voltado para pequenos empreendedores durante um choque negativo foi bem-sucedida na manutenção de emprego, gerando um benefício líquido positivo à sociedade. O aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios durante a pandemia amplifica essa necessidade. A retomada de linhas avalizadas pelo Fundo Garantidor para Investimentos e Fundo de Garantia de Operações é uma medida importante de transição entre a segunda onda e o pós-crise.

 

Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive.

 

Medidas indispensáveis de combate à pandemia: a vacinação em massa é condição sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos.

 

1. Acelerar o ritmo da vacinação. O maior gargalo para aumentar o ritmo da vacinação é a escassez de vacinas disponíveis. Deve-se, portanto, aumentar a oferta de vacinas de forma urgente. A estratégia de depender da capacidade de produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de pré-contratar doses prontas, como fez o Chile e outros países. Perdeu-se um tempo precioso e a assinatura de novos contratos agora não garante oferta de vacinas em prazo curto. É imperativo negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses. Tendo em vista a escassez de oferta no mercado internacional, é fundamental usar a política externa – desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos – para apoiar a obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores seja nos países que têm ou terão excedentes em breve.

A vacinação é uma corrida contra o surgimento de novas variantes que podem escapar da imunidade de infecções passadas e de vacinas antigas. As novas variantes surgidas no Brasil tornam o controle da pandemia mais desafiador, dada a maior transmissibilidade.

 

Com o descontrole da pandemia é questão de tempo até emergirem novas variantes.20 O Brasil precisa ampliar suas capacidades de sequenciamento genômico em tempo real, de compartilhar dados com a comunidade internacional e de testar a eficácia das vacinas contra outras variantes com máxima agilidade. Falhas e atrasos nesse processo podem colocar em risco toda a população brasileira, e também de outros países.

 

2. Incentivar o uso de máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa. Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso de máscaras no início da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o número de óbitos. Mesmo se um usuário de máscara for infectado pelo vírus, a máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes – máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 – como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, explicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid.

 

Máscaras com filtragem adequada têm preços a partir de R$ 3 a unidade. A distribuição gratuita direcionada para pessoas sem condições de comprá-las, acompanhada de instrução correta de reuso, teria um baixo custo frente aos benefícios de contenção daCovid-19. Considerando o público do auxílio emergencial, de 68 milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Center for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do gasto estimado mensal com o auxílio emergencial. Embora leis de uso de máscara ajudem, informar corretamente a população e as lideranças darem o exemplo também é importante, e tem impacto na trajetória da epidemia. Inversamente, estudos mostram que mensagens contrárias às medidas de prevenção afetam a sua adoção pela população, levando ao aumento do contágio.

3. Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com coordenação nacional. O termo “distanciamento social” abriga uma série de medidas distintas, que incluem a proibição de aglomeração em locais públicos, o estímulo ao trabalho a distância, o fechamento de estabelecimentos comerciais, esportivos, entre outros, e – no limite – escolas e creches. Cada uma dessas medidas tem impactos sociais e setoriais distintos. A melhor combinação é aquela que maximize os benefícios em termos de redução da transmissão do vírus e minimize seus efeitos econômicos, e depende das características da geografia e da economia de cada região ou cidade. Isso sugere que as decisões quanto a essas medidas devem ser de responsabilidade das autoridades locais.

 

Com o agravamento da pandemia e esgotamento dos recursos de saúde, muitos estados não tiveram alternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de todas as atividades não-essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo federal e dos seus apoiadores. Para maximizar a efetividade das medidas tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos federais. Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados ou mesmo a entrada de estrangeiros no país. A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração.

 

Ademais, é necessário levar em consideração que o acréscimo de adesão ao distanciamento social entre os mais vulneráveis depende crucialmente do auxílio emergencial. Há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente.

 

Dentre a combinação de medidas possíveis, a questão do funcionamento das escolas merece atenção especial. Há estudos mostrando que não há correlação entre aumento de casos de infecção e reabertura de escolas no mundo26. Há também informações sobre o nível relativamente reduzido de contágio nas escolas de São Paulo após sua abertura.

 

As funções da escola, principalmente nos anos do ensino fundamental, vão além da transmissão do conhecimento, incluindo cuidados e acesso à alimentação de crianças, liberando os pais – principalmente as mães – para o trabalho. O fechamento de escolas no Brasil atingiu de forma mais dura as crianças mais pobres e suas mães. A evidência mostra que alunos de baixa renda, com menor acesso às ferramentas digitais, enfrentam maiores dificuldade de completar as atividades educativas, ampliando a desigualdade da formação de capital humano entre os estudantes. Portanto, as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em um esquema de distanciamento social. Há aqui um papel fundamental para o Ministério da Educação em cooperação com o Ministério da Saúde na definição e comunicação de procedimentos que contribuam para a minimização dos riscos de contágio nas escolas, além do uso de ferramentas comportamentais para retenção da evasão escolar, como o uso de mensagens de celular como estímulo para motivar os estudantes, conforme adotado em São Paulo e Goiás.

 

4. Criar mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional – preferencialmente pelo Ministério da Saúde e, na sua ausência, por consórcio de governadores – orientada por uma comissão de cientistas e especialistas, se tornou urgente. Diretrizes nacionais são ainda mais necessárias com a escassez de vacinas e logo a necessidade de definição de grupos prioritários; com as tentativas e erros no distanciamento social; a limitada compreensão por muitos dos pilares da prevenção, particularmente da importância do uso de máscara, e outras medidas no âmbito do relacionamento social. Na ausência de coordenação federal, é essencial a concertação entre os entes subnacionais, consórcio para a compra de vacinas e para a adoção de medidas de supressão.

O papel de liderança: Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de 2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando, notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação dos indivíduos e influenciado o comportamento social.

Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre.

 

O país pode se sair melhor se perseguimos uma agenda responsável. O país tem pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias. O Brasil exige respeito.

 

 

Posted On Segunda, 22 Março 2021 06:09 Escrito por

“Algumas pessoas são tão sensíveis que se sentem desprezadas se uma epidemia não as contaminar” 

KIN HUBBARD

 


EDITORIAL

 

Por Luciano Moreira e Edson Rodrigues

Se alguém ainda tem alguma dúvida, eu não. A Covid-19 é uma criação do homem. Não em sua gênese, em sua origem, mas no seu crescimento, no seu desenvolvimento, na sua crueldade e na sua propagação injusta.

Sim, pois foi o homem quem lhe deu asas, quem lhe deu meios de se locomover, de se infiltrar e, finalmente, de se instalar em nosso habitat.

Verdade que prenderam o prefeito chinês que demorou para gritar, afinal, ele e os que mandavam em Wuham deveriam ter “wuhado” aos quatro ventos o quão perigosa era aquela partícula de laboratório que se travestiu de gripe e tomou o mundo de assalto, deixando para mostrar sua face mais nefasta a partir do 15º dia, passando os 14 primeiros brincando com as defesas do organismo dos humanos frágeis, reunindo forças para, de mutação em mutação, tornar-se cada vez mais letal, vil e sombrio.

E o vírus foi ganhando o mundo e vencendo batalha após batalha, abatendo seres humanos dos mais sadios aos mais vulneráveis, num exemplo puro de diversidade perversa, pois não se importou com sexo, raça, credo cor, classe social, orientação sexual, afinal, os vírus são seres microscópicos constituídos de DNA ou RNA e protegidos por uma capa formada de proteínas. São considerados parasitas intracelulares e, por isso, suas funções só podem ser desempenhadas quando entram em uma célula viva para utilizar todos os seus recursos.

 

Entenderam porque a COVID-19 é uma criação humana?

Usem máscara! Evitem o contato corporal! Cuidem da higiene pessoal! Fiquem em casa!

NEGACIONISMO

Era simples acabar com esse ser abjeto lá, no começo de 2020, mas o homem, do comunista ao capitalista, preferiu pagar para ver. E o vírus quebrou a banca!
Os negacionistas, aqueles que não acreditam na letalidade do vírus, vieram com argumentos tão estúpidos quanto tacanhos. Quando as mortes começaram a se multiplicar e os exemplos de boas administrações apontavam o lockdown como melhor solução, veio o “argumento irrefutável”: “ora, se fecharmos o comércio a economia para, haverá muitos desempregados, não arrecadaremos impostos!”

Agora, o que não se pode mais fechar são os cemitérios – houve 3 enterros por minuto em São Paulo no dia 12 de março de 2020! – não se podem fechar as vagas para contratação de profissionais de Saúde, muito menos as fábricas de vacina.

Sim, há vacina! Chinesa, americana, russa, indiana... mas, onde está a capacidade de produção para atender à demanda? Onde está a mão de obra para acelerar a fabricação das doses salvadoras? Infelizmente estão nas reuniões festivas, nas raves clandestinas, nas festas em chácaras e mansões particulares, nos iates, nos batidões do funk.... sem máscara, sem humanidade, sem empatia e sem se preocupar com seus amigos e familiares a quem contaminarão depois.

DESCASO

Os pioneiros no combate à pandemia ou estão exaustos ou foram vencidos pelo vírus. Aliás, o primeiro médico a se manifestar sobre os riscos do “novo coronavírus” morreu infectado, após ser preso por divulgar informações sigilosas e, agora, as ôtoridades que furam fila para tomar vacina dizem que não há profissionais da Saúde para suprir a demanda... Ora, não foram essas ôtoridades que permitiram o Carnaval – a festa do povo – em 2020?

São as mesmas pessoas que, ante a nova onda de mortes que elevara o Brasil a “epicentro mundial” da Covid-19 neste mês de março, ainda titubeiam em mandar fechar tudo, pois vem aí a páscoa. “É preciso vender ovos de chocolate!”.

Esse descaso, essa ineficiência e essa inoperância dos gestores, do nacional aos estaduais e municipais, criaram uma situação exemplar. No dia 11 de setembro de 2001, o mundo parou para chorar os mais de 2.900 mortos no ataque terrorista às torres gêmeas, em Nova York. No Brasil não foi diferente. O País parou para acompanhar o sofrimento americano.
Pois, nos dias atuais, a média de mortos por dia, no Brasil, é como se fosse um “11 de setembro” por dia, aqui, no Brasil.... e ninguém liga, ninguém para para “chorar” esses mortos da forma adequada, que é se conscientizando a fazer o que é recomendado pelas autoridades mundiais de saúde.

DOR SEM FIM

E o que nos resta fazer senão chorar as perdas e enfrentar o luto que causa uma dor infinita? Afinal, nem velar nem enterrar nossos entes queridos podemos, pois essa praga se apossa da vida que tirou e fica mais forte para levar quantas outras puder. Uma vez que a pessoa infectada entra no hospital (quando há leitos disponíveis), se não sair vivo, a família nunca mais a verá, pois são proibidos os velórios e os enterros com a presença de parentes.

Pois bem. Feito o desabafo, me pergunto: será que todas essas pessoas que insistem em negar o coronavírus, em participar de festas, de frequentar aglomerações, em não usar máscaras e em ignorar o distanciamento social não tiveram nenhuma perda na família?

Não desejo que ninguém sofra, mas esse comportamento só aumenta minha ira, pois os que amamos estão-se indo, e os que não amam nem a si mesmo permanecem incólumes. É, no mínimo, injusto.

Mas, como cobrar justiça, justamente da raça humana, dos mesmos que condenaram Jesus e libertaram Barrabás...

E então, o coronavírus é ou não é uma “criação humana”?

 

Posted On Domingo, 21 Março 2021 07:25 Escrito por

A BandNews TV faz 20 anos e, em comemoração à data, realiza entrevistas especiais com autoridades do Brasil. O ex-presidente Michel Temer falou sobre a pandemia e a situação econômica do país ao canal

 

Da redação com BandNews

 

Temer vê o início de 2021 como uma oportunidade para Bolsonaro mudar os rumos do combate ao coronavírus e vê com esperança a troca no Ministério da Saúde. "Todo o currículo do ministro nomeado diz respeito a alguém que dedicou a sua vida ao tema da saúde. Há uma esperança no ar, uma esperança no futuro", afirma.

 

Para o ex-presidente, a palavra do chefe do executivo tem imensa importância em como a população vai reagir à pandemia. "O comportamento, os gestos servem como exemplo para os seguidores", opina ele.

 

Temer pede união nacional para definir as políticas públicas e acredita que Bolsonaro poderia ser considerado um herói nacional caso encampasse uma forte campanha de vacinação. "Seria extremamente útil para o país se o presidente se vacinasse", acredita.

 

Ele vê o país se recuperando economicamente e cita os 260 mil empregos com carteira assinada criados em janeiro para sustentar sua tese. Para Temer, esse é o momento de focar na luta contra a Covid-19: "A economia é recuperável, a vida vai embora e não volta".

 

Eleições 2022

Apesar de todos os atritos recentes entre os três poderes, o ex-presidente diz que as instituições estão funcionando: "Nós não temos perigo de uma quebra institucional".

 

Temer pede que o tema eleitoral fique para 2022, mas prevê que a elegibilidade de Lula desenha dois campos radicalizados entre Bolsonaro e o petista. O curioso é que o próprio Temer foi vice da presidente Dilma Rousseff (PT), que era candidata de Lula, e só se tornou presidente depois do impeachment.

 

O ex-presidente ainda acredita na possibilidade de uma terceira candidatura que possa competir com esses dois polos. Para ele, tudo deve ser definido somente no ano que vem.

 

 

Posted On Domingo, 21 Março 2021 07:20 Escrito por

Presidente do Incor afirma que distribuição de imunizantes precisa ser mais intensa e mais rápida para evitar mortes

 

Da CNN, em São Paulo

 

A vacinação rápida e em massa é a única opção que o Brasil tem para reduzir os recordes diários de mortes por Covid-19. A avaliação é do cardiologista e presidente do Instituto do Coração (InCor), Roberto Kalil Filho, que apresentará o CNN Sinais Vitais na CNN Brasil.

 

"A única arma contra o vírus é a vacinação. Há uma queda de internação e gravidade dos casos entre as pessoas vacinadas. Mas por enquanto o número de vacinados no país é ínfimo, pífio, muito longe do que desejávamos. O que precisa é vacina. Isso não vai parar, isso não vai ter fim e essa tragédia vai continuar diuturnamente. Milhares de pessoas vão continuar morrendo por dia", prevê.

O cenário da pandemia da Covid-19 hoje é de agravamento, explica Kalil.

 

"Estamos atingindo o pico do pico do pico de uma tragédia nunca vista. Os hospitais estão colapsando, os profissionais da saúde entrando em fadiga, nunca vivemos uma situação dessa. Estamos no pior momento da pandemia nesse país".

As pessoas precisam fazer sua parte, ressalta o presidente do Incor. "A população tem que colaborar evitando aglomerações, todas as medidas protetivas, mas muita gente não está colaborando e isso está contribuindo para quase três mil mortos por dia".

 

Posted On Domingo, 21 Março 2021 07:10 Escrito por

O Tocantins voltou a contabilizar 20 mortes por Covid-19 em um único dia. Brasil registrou 2.730 novas mortes pela covid-19 na sexta-feira, 19

 

Com Agências

 

O Brasil registrou 2.730 novas mortes pela covid-19 nesta sexta-feira, 19. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, bateu recorde pelo 21º dia consecutivo e ficou em 2.178. Pela primeira vez, o País passou a marca de 15 mil mortes em uma semana:a soma de óbitos por coronavírus chegou a 15.249.

 

Com transmissão descontrolada do vírus, o País tem visto o colapso de várias redes hospitalares, com morte de pacientes na fila por leito e falta de remédios para intubação. Governadores e prefeitos têm endurecido restrições ao comércio na tentativa de frear o contágio.

 

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, continua como forte crítico das medidas de isolamento social, recomendadas por especialistas, e afirma temer efeitos negativos na economia. Nesta quinta-feira, 18, ele acionou a Justiça contra medidas de toque de recolher em três Estados. Nesta semana, ele também anunciou a troca do comando do Ministério da Saúde pela terceira vez durante a crise sanitária: sai o general Eduardo Pazuello e chega o cardiologista Marcelo Queiroga.

 

O número de mortes vem batendo recorde no Brasil e o número de casos também vem aumentando. Nesta sexta-feira, o número de novas infecções notificadas foi de 89.409. No total, o Brasil tem 290.525 mortos e 11.877.009 casos da doença, a segunda nação com mais registros, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 10.339.432 pessoas estão recuperadas.

 

O Estado de São Paulo registrou nesta sexta-feira mais uma vez um número alto de mortes por coronavírus, com 620. Outros seis Estados também superaram a barreira de 100 óbitos no dia: Rio Grande do Sul (390), Paraná (268), Minas Gerais (237), Bahia (143), Rio de Janeiro (135) e Santa Catarina (134).

 

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.

 

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 86.982 novos casos e mais 2.724 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 11.780.820 pessoas infectadas e 287.499 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.

 

Tocantins 

O boletim da Secretaria de saúde do Tocantins desta sexta-feira (19) confirmou 1.319 novos diagnósticos de coronavírus. Ao todo, 530 pessoas estão internadas em leitos públicos e particulares no estado. O Tocantins voltou a contabilizar 20 mortes por Covid-19 em um único dia nesta sexta-feira (19). Esse é o terceiro dia seguido que o estado alcança esse número de óbitos. Os pacientes morreram entre os dias 13 e 17 deste mês, mas só tiveram os resultados confirmados hoje pelo boletim epidemiológico estadual. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), também foram diagnosticados 1.319 casos novos de coronavírus. Com as atualizações, o estado passou a somar 130.824 casos positivos e 1.775 óbitos.

 

Hospitalização

 

O boletim epidemiológico nº 369 informa que 530 pessoas estão hospitalizadas no Tocantins. Deste total, 314 estão em leitos públicos, sendo 177 em leitos clínicos e outros 137 em UTIs Covid. Já nos leitos privados, são 114 em clínicos e 102 em UTIs Covid, totalizando 216.

 

No Portal Integra Saúde Tocantins pode ser conferida a taxa de ocupação de leitos de cada unidade hospitalar sob gestão estadual.

 

Posted On Sábado, 20 Março 2021 06:47 Escrito por