O ex-ministro da Justiça Sergio Moro está sendo pressionado pela família a sair do Brasil. A ideia é que ele passe uma temporada dando aulas de Direito em outro país. E, assim, fique distante da política e de eventual projeto eleitoral de concorrer à Presidência.
Por Mônica Bergamo - colunista da Folha de são Paulo
O então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante entrevista coletiva, em Brasília - Marcelo Camargo - 14.fev.2020/Agência Brasil
JÁ DEU
A mulher dele, Rosângela Moro, tem repetido a interlocutores que o marido já deu a contribuição que tinha que dar ao país e que a política partidária, com seus embates selvagens, não seria para ele. Estaria na hora de novamente cuidar da vida pessoal e profissional.
OUTRO LADO
O próprio Moro também já disse a políticos que o visitam que não se sente inclinado a disputar um cargo eleitoral.
TOM
O ex-juiz baixou o tom nas redes sociais em relação a Bolsonaro —e até já disse, em conversas reservadas, que não deveria ter saído do governo da forma que fez: atirando.
FREIO
O movimento lava-jatista, do qual Moro é estrela, tem sofrido derrotas seguidas na esfera política. A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques para o STF (Supremo Tribunal Federal) é a mais recente delas —deixando o ex-ministro e seus seguidores cada vez mais isolados.
PRAZO
A segurança é outra preocupação da família do ex-ministro: neste mês ele acaba de cumprir a quarentena obrigatória desde que saiu do Ministério da Justiça, perdendo também o direito a escolta da Polícia Federal.
Ex-presidente é o destaque do horário eleitoral gratuito do partido
Por Ricardo Galhardo
O governador João Doria (PSDB) é o alvo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na estreia do programa de TV de Jilmar Tatto, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. O horário eleitoral gratuito começa nesta sexta-feira, 9. Lula gravou quatro participações para o programa de Tatto. Em uma delas faz uma provocação a Doria e ao PSDB. O ex-presidente será o destaque do programa do candidato petista.
“São Paulo precisa de um prefeito que trabalhe pelo povo do primeiro ao último dia de mandato”, diz o ex-presidente. É uma alusão discreta ao fato de que Doria deixou a prefeitura depois de apenas 15 meses de mandato para disputar o governo do Estado. No lugar dele assumiu o vice, Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição.
A crítica a Doria faz parte da estratégia do PT de vincular o governador – eleito em 2018 com a estratégia do “Bolsodoria” – ao presidente Jair Bolsonaro. Na campanha, o PT vai dizer que tanto Doria quanto o presidente, hoje adversários, fazem parte do mesmo projeto político de desmonte do estado e retirada de direitos dos trabalhadores.
O PT espera usar os programas iniciais do horário eleitoral para mostrar que o ex-secretário é o candidato do PT na cidade e, assim, alcançar o patamar mínimo de votos do partido na Capital, em torno dos 15%. Hoje Tatto tem apenas 1% das intenções de voto, segundo o Ibope.
Além disso, o PT pretende usar o capital político de Lula. Pesquisas mostram que apesar de ainda ter rejeição alta, o ex-presidente tem maior capacidade de influenciar o eleitor do que outros “padrinhos” como Bolsonaro e Doria.
O ex-prefeito Fernando Haddad também deve aparecer no horário eleitoral de Tatto. A ideia é usar Haddad para reivindicar o legado das administrações petistas na cidade e reforçar a estratégia de que o governo Doria/Covas retirou direitos criados por prefeitos petistas. Como exemplos o PT vai usar a redução do tempo para baldeações do Bilhete Único de quatro para duas horas e do programa Leve Leite.
Além disso, Lula deve usar o horário na TV para falar de temas nacionais e se opor a Bolsonaro, sempre usando a cidade como vetor do discurso.
Ala mais conservadora do eleitorado do presidente está incomodada com indicação de Kassio Marques para o STF
Com Agência Estado
A ala mais conservadora do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro segue protestando contra a indicação de Kassio Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os apoiadores do presidente, o desembargador seria "de esquerda". A escolha, que teve a benção do Centrão, desagradou diversas alas do governo, como militares e evangélicos.
Um jantar reunindo Bolsonaro e Marques na casa do ministro do STF, Dias Toffoli, na noite deste sábado (3) voltou a despertar a ira de parte do eleitorado nas redes sociais. Ex-presidente do Supremo, Toffoli é uma das figuras mais criticadas pelo bolsonarismo, por conta de seu passado como advogado do PT e advogado-geral da União durante o governo Lula.
Uma foto que mostra um abraço entre Toffoli e Bolsonaro viralizou nas redes sociais e inspirou o hashtag "#BolsonaroTraidor", que já uma das mais utilizadas no Twitter neste domingo. Nas postagens, pessoas que se dizem apoiadores do presidente se dizem decepcionados com a aproximação do capitão da reserva com o Supremo e o Congresso e com a falta de apoio à Operação Lava Jato.
Presidente já havia sido chamado de "petista"
O movimento Vem Pra Rua, que apoiou Bolsonaro nas eleições em 2018, impulsionou, na última sexta-feira (2), a hashtag #BolsonaroPetista por meio de um vídeo que lamenta a escolha e acusa o mandatário de tomar decisões que lembram os governos do PT. Horas depois da divulgação desse conteúdo, a hashtag alcançou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
Me expliquem como há filmagem desse encontro e não há dos encontros escondidos de Alcolumbre, Maia, Toffoli, Alexandre, entre outros? Quem chamou a imprensa queria que acontecesse exatamente isso que está acontecendo, uma divisão.pic.twitter.com/Hh8eNGF4Mz
— Diego Garcia⚡?? (@dimacgarcia) October 4, 2020
Na mesma linha, também se manifestaram contrários à decisão o líder, Paulo Ganime (NOVO-RJ), e vice-líder, Marcel van Hattem (NOVO-RS), do partido Novo, na Câmara. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado à igreja evangélica Assembleia de Deus, disse que o presidente desperdiçou metade de suas decisões voltadas ao Judiciário em seu mandato. Em 2021, Bolsonaro terá nova vaga aberta no STF para indicar um novo ministro após a saída de Marco Aurélio Mello.
A frustração do deputado Sóstenes é reverberada por praticamente todas as lideranças evangélicas, que apoiam Bolsonaro. Em 2019, o presidente havia prometido nomear alguém "terrivelmente evangélico" à Suprema Corte, o que não foi concretizado, ao menos nesta primeira indicação de Bolsonaro. Antes mesmo da confirmação de Kassio Marques para a vaga, o líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, iniciou uma campanha contra a indicação em suas redes sociais.
Nesta quinta-feira, 1º, o pastor publicou um vídeo afirmando ser "aliado de Bolsonaro, mas não alienado", e criticou Marques por suas supostas ligações com o Centrão e o governo da petista Dilma Rousseff. Hoje, Malafaia seguiu atacando a escolha de Bolsonaro. "O PT, toda esquerda, o Centrão, os corruptos e todos os que são contra a Lava Jato agradecem a nomeação de Bolsonaro para o STF", publicou o pastor.
Bolsonaro respondeu às críticas de Malafaia na manhã de hoje, em conversa com apoiadores. "Lamento muito que uma autoridade lá do Rio de Janeiro, que eu prezava muito, está me criticando muito, com videozinho me xingando de tudo o que é coisa. Essa infâmia em especial que essa autoridade lá do Rio de Janeiro está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque ele está fazendo isso porque queria que eu colocasse um indicado por ele". Malafaia, por sua vez, rebateu alegando que líderes religiosos e a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara "jamais pediram alguma nomeação para o STF".
* Com informações da Agência Estado
Com as eleições municipais chegando, é importante saber qual é a função de um vereador nos municípios. Especialistas explicam
Por Felipe Freitas
As eleições municipais - cujo primeiro turno está marcado para o dia 15 de novembro - já estão movimentando o dia a dia de 5.570 municípios pelo Brasil. Além de escolher o prefeito que irá comandar a cidade nos próximos quatro anos, os eleitores também vão escolher vereadores . O que eles fazem? Como eu posso escolher o melhor candidato, entre tantos nomes, para a minha cidade? O iG convidou especialistas para comentar a respeito.
Os vereadores fazem parte do Poder Legislativo. Eles discutem e votam matérias que envolvem impostos municipais, educação municipal, linhas de ônibus e saneamento, entre outros temas da cidade. Com isso, cabe ao vereador atuar na elaboração de leis que podem ser benéficas ao município , além de fiscalizar o poder executivo da cidade, ou seja, o prefeito.
São os vereadores que propõem, discutem e aprovam as leis aplicadas no município, entre elas, a Lei Orçamentária Anual , que define em que deverão ser aplicados os recursos dos impostos pagos pelos cidadãos do município.
Como um vereador atua?
Na Câmara Municipal (também chamada de Câmara de Vereadores ), os projetos de lei e resoluções têm de passar por comissões, para serem votados no plenário. Mesmo depois de aprovados, os projetos precisam ser submetidos à aprovação do prefeito , que pode vetá-los ou aprová-los. Quando há aprovação, o projeto é publicado no diário oficial da cidade e se torna lei.
Após isso acontecer, cabe aos vereadores fiscalizar se as ações que foram aprovadas pelo prefeito estão sendo cumpridas como deveriam.
Como já percebemos, não cabe a um vereador legislar sobre assuntos de âmbito nacional, como salário mínimo ou questões envolvendo orçamentos federais. A função do vereador é atuar como um fiscal dentro do próprio município, atuando perto da população e entendo quais as necessidades mais prioritárias, como a manutenção de vias públicas ou melhorias em sistemas municipais de ensino, por exemplo.
Redes sociais afastaram vereadores e população
“Mais do que ser um caminho, o vereador deve funcionar como filtro, ouvindo de perto a população e levando as demandas mais importantes para o Executivo”, afirma o cientista político Marcelo Di Giuseppe.
Ele complementa, porém, que, com o crescimento das redes sociais, a atuação mais próxima do vereador com a população se tornou mais rara, o que prejudica o trabalho.
“Após o surgimento das redes sociais, a classe política se afastou fisicamente da população, delegando à essas plataformas o contato com eleitor , bem como a busca de informações para tomadas de decisões pelas redes, o que é um grande erro”, complementa Di Giuseppe.
Outras atribuições de um vereador:
Mudança, criação ou extinção de tributos municipais;
Criação de bairros, distritos ou subdistritos dentro do município;
Estabelecer o chamado perímetro urbano (a área do município que é urbanizada);
Sugerir nomes de ruas e avenidas;
Aprovar o plano municipal de educação;
Estabelecer as regras de zoneamento, uso e ocupação do solo;
Determinar o tombamento de prédios como patrimônio público, preservando a memória do município.
Como escolher bem seus candidatos:
Após entender melhor o que um vereador deve fazer na sua cidade, é importante saber como escolher o melhor candidato , a fim de evitar promessas furadas ou que não são de competência de quem exerce esta função.
Para o jurista e professor universitário, Antonio Sávio da Silva Pinto, é necessário fazer pesquisar sobre o candidato na internet, com o objetivo de saber quais ações ele já tomou no passado.
“Uma boa prática para se escolher um candidato é através da análise de alguns dados relativos ao candidato . De início, é recomendável analisar o histórico pessoal dele. Uma simples pesquisa na internet poderá trazer informações valiosas sobre seu histórico. Além do histórico pessoal, caso o candidato já tenha exercido função política anteriormente, verifique também a trajetória política e o partido ao qual ele esteja filiado”, afirma.
"Pautas condizentes com suas crenças"
Além do histórico do candidato, é necessário também saber se ele possui a mesma linha ideológica e de pensamento que você, como afirma Marcelo Di Giuseppe.
“Em um segundo momento, o eleitor deve analisar se as pautas do candidato são condizentes com as suas crenças. Para isso, o eleitor deve pesquisar declarações e projetos de seus candidatos para entender como esse candidato pensa”.
E complementa: “Outro ponto fundamental para essa escolha é tentar buscar alguém que tenha muito relacionamento com a sua região para que o contato seja frequente e mais próximo”.
“Miséria deste século; não há muito eram as más ações que tinham de ser justificadas; hoje são as boas”.
ANDRÉ-GEORGES MALRAUX
Por Edson Rodrigues
Com a primeira eleição municipal sem coligações proporcionais e em meio a uma pandemia que prejudica a realização de comícios e grandes reuniões, a classe política, que já enfrenta uma rejeição monstruosa, com popularidades em índices rasteiros, muitos candidatos à reeleição acabaram “ressuscitados” pelos recursos do governo federal de Jair Bolsonaro, destinados ao enfrentamento da Covid-19.
Com raríssimas exceções, todos os candidatos, seja a um novo mandato, seja à reeleição para prefeito ou para vereador, estavam de olho no Fundo Partidário de Campanha para “salvar suas vidas" e poder fazer uma campanha dentro dos parâmetros antigos.
Ledo engano!
Trocando em miúdos, após o próximo dia 15 de novembro, a grande “depuração” estará feita na política brasileira, com muita gente sendo obrigada a mudar de rota em pleno voo.
O ditado popular que mais se encaixa na situação é aquele que diz que “pai não é quem faz, mas quem cria”.
O CENÁRIO PÓS PANDEMIA
Os prefeitos eleitos e reeleitos, ao tomar posse em primeiro de janeiro de 2021, novamente com raríssimas exceções, encontrarão um cenário de terra arrasada, com pátios cheio de máquinas sucateadas, veículos sem condições de uso, servidores sem 13º, prestadores de serviço com notas a receber e, o pior, a administração sem acesso aos talões de cheque da prefeitura e certidões negativas que impedirão o município de receber recursos de emendas impositivas de parlamentares federais e estaduais e de firmar convênios com a União.
Aqueles que, porventura, tiverem o apoio do senador Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, e da deputada federal Dorinha Seabra, os dois políticos tocantinenses com maior trânsito entre ministros, gabinetes e órgãos federais, poderão, sim, ter o privilégio de poder tocar suas administrações com menos “desespero” e com maiores possibilidades de acesso a recursos federais.
Já os que forem aliados dos demais parlamentares federais, esses estarão “no pau da goiaba”, pois seus aliados fazem parte da oposição ao governo Federal e, dificilmente, conseguirão flexibilidade em suas tratativas por recursos da União.
PESQUISA IBOPE
A pesquisa do IBOPE, encomendada pela TV Anhanguera e divulgada na última sexta-feira (2), que aponta a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro na primeira colocação nas intenções de voto sejam espontâneos, sejam estimulados, como deputado estadual portuense Jr. Geo em segundo lugar, é apenas o pontapé inicial de um jogo que dura 45 dias.
É bom todos os candidatos a prefeito da Capital botarem suas barbas de molho, pois a pesquisa mostra apenas o início do jogo, e muitas jogadas, ensaiadas ou não, ainda podem acontecer até que o juiz apite o fim da partida.
Os resultados dessa pesquisa não levam em conta os debates que irão acontecer, a reação dos eleitores ao Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV e as centenas de reuniões políticas que estão por acontecer até o fim da campanha. Logo, ainda é muito cedo para alguém “cantar de galo” ou se achar derrotado.
Ninguém pode subestimar nenhum dos candidatos e ainda não há dados suficientes para dizer quem vai polarizar, na reta final, com a líder das pesquisas, Cinthia Ribeiro.
FUNDO ELEITORAL: SUPRESAS E DECEPÇÕES
Muitos candidatos a prefeito e a vereador, como dissemos, sonhavam com um gordo Fundo eleitoral Partidário para tocar suas campanhas, e planejaram as ações contando com essas cifras. Mas, muitos deram de cara com a dura realidade, mesmo os que têm alguém a apoiá-los no Congresso Nacional.
Quem esperava três milhões de reais, vai receber em torno de um milhão e duzentos mil. Tinha gente aguardando cinco milhões, e a cúpula nacional de sua legenda já avisou que vai mandar 700 mil, ou seja, será pouco milho para muita galinha.
É bom que se esclareça que esses recursos são para todos os candidatos a prefeito e a vereador. Em muitos municípios, serão diversas desistências de candidaturas por causa do baixo valor à disposição, e estamos falando de candidatos a vereador e a prefeito.
Essa é apenas a primeira radiografia “oficial” das eleições municipais de 2020, quando o futuro político de muitos estará sendo avaliado e colocado a prova, dependendo, única e exclusivamente, do resultado das urnas. Principalmente dos que pretendiam postular um cargo de deputado estadual ou federal em 2022, que estavam se utilizando desta eleição municipal para avaliar suas forças, pois as eleições majoritárias também não terão coligações proporcionais.
Ou seja, será cada um por si.
Por hoje é só. Até breve!