Sucessão em Palmas

 

O Paralelo 13 “profetizou” em um artigo publicado em seu site que caso o prefeito o Carlos Amastha for reeleito, sua vitória representa um funeral coletivo de muitos políticos e que com sua  tal resposta social provocará um novo desenho no quadro político de palmas com efeitos colaterais na sucessão estadual de 2018.

 

Isso porque o resultado das eleições municipais, tem grande reflexo no processo eleitoral do estado, tendo em vista que em Palmas concentra-se atualmente o maior colégio eleitoral do Tocantins, eleitores estes que além de decisivos podem ser influenciadores na decisão do voto de eleitores de outros municípios para as funções de senador, governador e vice-governador, deputado federal e estadual.

No artigo, foi ressaltado ainda como um diagnóstico a campanha do ex-prefeito Raul Filho, candidato a prefeito pelo PR. Chamamos a atenção para a “Arca de Noé”, no qual Raul foi induzido a embarcar, no qual estão diversos dos, até então, seus adversários na vida política. Uma coisa é certa, o eleitor viu com estranheza a campanha de Raul Filho contar com a adesão de tantos políticos, que em um passado não muito distante já o criticaram.

Podemos dizer hoje, que nossa visão estava devidamente fundamentada e 98% dos que subiram na “arca” para sair na foto, nunca ligaram ou sequer atenderam qualquer ligação de Raul ou de sua coligação política, tampouco participaram das reuniões e caminhadas nos bairros organizadas pelo candidato.

A cena se repete quatro anos depois. Quando Marcelo Lélis foi candidato, em 2012 a prefeito, e em todas as pesquisas de opinião pública estava a frente dos demais candidatos. Lélis se afundou no mar de ilusão, perdeu as eleições para aquele que tinha o mínimo de chances, segundo as pesquisas mostravam, foi processado e tornou-se inelegível até 2020.

O Raul, seu partido e aliados tem um curto espaço de tempo para recuperar o leite derramado.

Hoje vemos acontecer na política sucessória o que já tínhamos dito “a divisão dos líderes de oposição em várias candidaturas enfraquecem as oposições e fortalecem os adversários. É notório que naquele período Carlos Amastha foi o grande beneficiado.

Hoje, em sua campanha pela reeleição Amastha segue com o mesmo discurso, e o mesmo cenário, o apoio de poucos políticos com mandato, enquanto os outros apoiam os demais na disputa. Caso reeleito, sua candidatura representará um enterro coletivo de muitos políticos, onde poucos sobreviverão neste processo. O tempo é o senhor de todas as respostas e quem sobreviver poderá acompanhar que em 2018 o cenário político tocantinense certamente contará com inúmeros novos personagens.

 

Posted On Domingo, 18 Setembro 2016 07:23 Escrito por O Paralelo 13

Uma Pesquisa de Opinião Pública, encomendada pela FIETO – Federação das Indústrias do Estado do Tocantins, registrada no Tribunal Regional Eleitoral, com o número 00617/2016, e realizada pelo Instituto GAUSS, no município de Porto Nacional, no dia 5 de setembro de 2016.

Da Redação

 

Nessa oportunidade em que foram entrevistados 330 eleitores, de 16 anos ou mais, e com as seguintes características: margem de Erro: 03 pontos percentuais, para mais ou para menos. Nível de confiança: 95%, apontou que o candidato a reeleição, Otoniel Andrade, no levantamento espontâneo, aparece com 41, 21%, –  12 pontos à frente do segundo colocado, Joaquim Maia, que pontuou com 29, 70%. O candidato Capitão Diógenes registou 2,42%. No quesito Rejeição, o levantamento captou que Otoniel Andrade tem com 21,52%; Joaquim Maia aparece com 18,18% e Capitão Diógenes pontuou com 21,52%. Não sabe e não opinou, somou 26, 67%

O levantamento realizado em Porto Nacional, encomendado pela FIETO e realizado pelo Instituto GAUSS, ainda apontou, desta feita usando a metodologia Estimulada, que Otoniel Andrade tem 46,6% de intenção de votos, enquanto o segundo colocado, novamente Joaquim Maia, aparece com 35,5%. Capitão Diógenes aparece com 2,73%. A Rejeição continua 21, 52% para Otoniel Andrade, 18,18% para Joaquim Maia e 21, 52% para Capitão Diógenes. Não Sabe e não opinou soma 14,55%.

 

Seriedade e transparência

Esta pesquisa, encomendada pela FIETO, já é uma tradição desta que é uma das mais importantes instituições do Estado, e que desde 2014 busca informar o eleitorado tocantinense como se encontra o processo sucessório nos municípios. Este ano os levantamentos foram realizados em Porto Nacional e Paraíso do Tocantins e ainda serão realizados em Palmas, Gurupi e Araguaína, sempre com a mesma seriedade, isenção e muita transparência, marcas registradas da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins, que desde a sua fundação tem prestado relevantes serviços ao povo tocantinense.

 

 

 

Posted On Quarta, 14 Setembro 2016 21:07 Escrito por O Paralelo 13

Por Edson Rodrigues

 

Governos municipais e estaduais aumentaram os chamados para que organizações sociais administrem suas unidades de saúde, segundo instituições do setor. "Cresceu principalmente em São Paulo, mas há um movimento de mais interesse de governos no Rio Grande do Sul e em Brasília", afirma o CEO do hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap. O instituto social criado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz acaba de assinar seu primeiro projeto de gestão, para gerir por cinco anos o Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos.

A contratação de organizações sociais de saúde passou a ser avaliada por mais governos após o STF decidir, em 2015, pela constitucionalidade do modelo, que vinha sendo questionada desde 1998. Outra vantagem que contribui para o maior interesse é a possibilidade de inaugurar serviços de saúde sem ferir a lei de responsabilidade fiscal, que limita a fatia dos gastos com folha de pagamento, avalia ChapChap.

"Com a queda da receita, é uma solução para contratar. É uma forma de tornar a gestão mais eficiente e de tornar mais ágil a contratação de recursos humanos, que são escassos em algumas regiões".

 

COMBATE AO “VÍRUS”

Para o Tocantins  essa receita de entregar a administração das unidades de Saúde ao setor privado pode representar a primeira dose do remédio para combater o “vírus” que abate todo e qualquer secretário de Saúde.

Como afirma o diretor do hospital Sírio e Libanês, de São Paulo, um dos melhores do País, as empresas privadas primam pela eficiência e pelo menor custo, o que evitaria negociatas, rombos e escândalos, como temos visto na Saúde do Tocantins nas últimas administrações.

O único cuidado que se deve tomar é na hora de escolher a instituição que irá gerir as unidades de saúde, fazendo uma pesquisa séria e rigorosa, para não comprar gato por lebre.

 

COMPENSAÇÃO

A administração das unidades de Saúde por empresas privadas no Tocantins pode solucionar um problema crônico que afeta o setor tanto quanto a corrupção.

Os esforços do governador Marcelo Miranda e de sua equipe para resolver os problemas da Saúde Pública no Estado sempre foram públicos e notórios, mas o rombo de 9 bilhões de reais, por mais recursos, avanços tecnológicos e profissionais especialistas que foram tentados, inviabilizou qualquer chance de recuperação do setor a médio ou a curto prazo.

Some-se a esse vírus da corrupção o fato de a Saúde Píblica do Tocantins atender a pacientes do Sul do Pará, Maranhão, Bahia, Mato Grosso, Piauí e do Norte de Goiás, a situação fica ainda mais insustentável.

Com a administração entregue à empresas privadas, quando se constata que a origem do paciente em outro estado, é feita uma guia para que os gastos sejam descontados nos repasses do SUS para o estado de origem do paciente, desonerando o Tocantins e criando uma relação mais equilibrada.

O setor da Saúde sangra há muitos anos no Tocantins.  Está na hora de estancar essa hemorragia e entregar nossas unidades para a iniciativa pricada, segundo os exemplos de São Paulo, Goiás e outros estados, pode ser o remédio certo!

Posted On Quarta, 14 Setembro 2016 20:48 Escrito por O Paralelo 13

DEMISSÕES E FUSÕES. É CHEGADA A HORA DA DECISÃO

 

Por Edson Rodrigues

 

Agora não tem outra opção. O governo Marcelo Miranda deve começar em breve as demissões de funcionários comissionados e terceirizados e as fusões e extinções de secretarias e autarquias para que os cofres do Estado tenham recursos suficientes para pagar o 13° salário. A ordem é enxugar os gastos em todas as vertentes, desde veículos públicos na capital e no interior, até material de escritório, combustível e diárias.

A queda do FPE continua empurrando os recursos do Estado ladeira abaixo e o país está, literalmente, em estado profundo de recessão, com o desemprego chegando à casa dos 13 milhões de pessoas, a inadimplência crescendo a galope, os preços da cesta básica em alta, levando o consumidor a diminui a intensidade das compras, os assalariados estão no limite de endividamento, a construção civil, praticamente parada, o comércio de um modo geral, já começou a demitir, o custo de água, energia, também estão nas alturas. Nem mesmo o governo federal consegue cumprir seus compromissos, e vem deixando de repassar verbas “carimbadas” aos estados, piorando a situação de todos.

O quadro nacional é desanimador. A queda na comercialização de máquinas e veículos zero, a maior nos últimos 30 anos, os bancos com linhas de créditos suspensas, importações e exportações em queda e o investimento em obras e ações básicas de Saúde e Infraestrutura andando em passos de formiga.  O Senado acaba de aprovar a diminuição de 36 para 29 ministérios, o que deve ser sancionado e acatado pelo presidente Michel Temer.

No Tocantins, a seca castiga o estado, o sofrimento das famílias de baixa renda é grande, para obterem água. O governo não tem como penalizar mais a população com aumentos de tributos, impostos. O país e os estados passam por uma das piores crises, no sistema de saúde, com os recursos minguados. O estado tenta minimizar a crise, mas o rombo nas contas da saúde é astronômico.

Segundo auditória realizada pela polícia federal (PF) e auditores do Sistema Único de Saúde (SUS), grande parte dessa situação foi provocada pelo rombo é de mais de R$: 9 bilhões de reais, perpetrado por coordenadores e diretores do sistema de Saúde dos governos passados. Os hospitais públicos regionais estão em situações caóticas, haja vista que não possuem crédito para comprar a prazo no comércio local, as concorrências não aparecem, todos com temor de vender e não receber pelos serviços prestados ao estado.

Na Assembleia Legislativa, deputados da oposição e da situação concordam que o corte nos gastos é a única saída para a crise e sempre que podem cobram essas atitudes do governo do Estado.

 

AÇÃO E ATITUDE

Os tempos são difíceis e turbulentos, com o País tentando reencontrar os rumos e a população descontente com a classe política e sobrecarregada com os impostos, pouco propensa a novos sacrifícios e descontente com a classe política.

É hora de ação, de retomar as rédeas e agir como verdadeiro líder, colocando os interesses da população como prioridade total e deixando de lado as vaidades e picuinhas políticas para tentar recuperar credibilidades e finanças.

Voltamos a dizer que o governador Marcelo Miranda, caso não faça o mencionado acima, até o dia 15 de outubro, minará a capacidade do Estado de ter condições de fechar o ano de 2016, em dia com os credores e fornecedores e, principalmente com o pagamento do funcionalismo estadual.

Somente com ação, com reação e com atitude o Tocantins poderá provar que é um Estado sério e que tem um governo capaz e digno do seu povo.

Este editorial é apenas um esboço de uma grande reportagem a ser veiculada na edição impressa de O Paralelo 13, ainda esta semana.

Aguardem!

 

Posted On Terça, 13 Setembro 2016 07:19 Escrito por O Paralelo 13

VEJA DIZ QUE GOVERNO QUER ABAFAR LAVA JATO.  ÉPOCA PERGUNTA QUEM TEM MEDO DE CUNHA E ISTOÉ FALA DE LULA, CADA VEZ MAIS COMPROMETIDO COM AS DELAÇÕES

 

VEJA

Governo quer abafar a Lava Jato, diz AGU demitido

Demitido por telefone pelo presidente Michel Temer na sexta-feira passada, o advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, resolveu quebrar o protocolo. Em vez de anunciar a saída com elogios a quem fica e sumir do mapa, ele decidiu pôr a boca no trombone. Em entrevista a VEJA no mesmo dia da demissão, Medina disse que sai do posto porque o governo não quer fazer avançar as investigações da Lava-Jato que envolvam aliados. Diz: “O governo quer abafar a Lava-­Jato”. Medina entrou em rota de colisão com seu padrinho, o poderoso ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Gaúchos, os dois se conhecem do Rio Grande do Sul, onde Medina foi promotor de Justiça, especializado em leis de combate à corrupção, e Padilha fez sua carreira política.

Medina conta que a divergência começou há cerca de três meses, quando pediu às empreiteiras do petrolão que ressarcissem o Erário pelo dinheiro desviado da Petrobras. Depois disso, Medina solicitou acesso aos inquéritos que fisgaram aliados graúdos do governo. Seu objetivo era mover ações de improbidade administrativa contra eles. A Polícia Federal enviou-lhe uma lista com o nome de catorze congressistas e ex-congressistas. São oito do PP (Arthur Lira, Benedito Lira, Dudu da Fonte, João Alberto Piz­zolatti Junior, José Otávio Germano, Luiz Fernando Faria, Nelson Meurer e Roberto Teixeira), três do PT (Gleisi Hoff­mann, Vander Loubet e Cândido Vaccarezza) e três do PMDB (Renan Calheiros, presidente do Congresso, Valdir Raupp e Aníbal Gomes). Com a lista em mãos, Medina pediu ao Supremo Tribunal Federal para conhecer os inquéritos. Recebida a autorização, a Advocacia-­Geral da União precisava copiar os inquéritos em um HD. Passou um tempo, e nada. Medina conta que Padilha estava evitando que os inquéritos chegassem à AGU, e a secretária encarregada da cópia, Grace Fernandes Mendonça, justificou a demora dizendo que não conseguia encontrar um HD externo, aparelho que custa em média 200 reais. “Me parece que o ministro Padilha fez uma intervenção junto a Grace Mendonça, que, de algum modo, compactuou com essa manobra de impedir o acesso ao material da Lava-Jato”, conta Medina. O ex-advogado-geral diz que teve uma discussão com o ministro Padilha na quinta-feira, na qual foi avisado da demissão. No dia seguinte, recebeu um telefonema protocolar do presidente Temer. Grace Mendonça, assessora do HD, vai suceder a ele.

O ministro Padilha, que se limitou a divulgar um tuíte agradecendo o trabalho de Medina, manteve distância da polêmica e não deu entrevistas. Exibindo mensagens em seu celular trocadas com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, e com o juiz Sergio Moro, Medina afirma que a sua demissão tem significado maior — o de que o combate à corrupção não está nas prioridades do governo Temer. “Se não houver compromisso com o combate à corrupção, esse governo vai derreter”, afirma ele. Ainda assim, Medina faz questão de dizer que nada conhece que desabone a conduta do presidente.

ÉPOCA

Eduardo Cunha, o homem mais temido de Brasília

Na manhã de quinta-feira, dia 8, Eduardo Cunha, o homem que derrubou Dilma Rousseff e encerrou os 13 anos do PT no Planalto, decolou do Rio de Janeiro rumo a Brasília com a missão política mais difícil de sua vida: evitar a própria queda. Chegou ao Santos Dumont pouco antes das 7 horas, acompanhado de um de seus advogados. “Doutor Eduardo, deixa que eu carrego a mala para o senhor!”, disse um funcionário do aeroporto, ainda na porta. Um homem se aproximou. “Estou com você!”, disse, sorrindo. Na fila para o raio X, um dos seguranças gritou: “Vem por aqui, deputado!”. Cunha não topou passar na frente dos demais. Na entrada do avião, num voo normalmente ocupado por executivos com negócios em Brasília, mais assédio. “Estou torcendo pelo senhor. Tenha fé”, disse um passageiro, estendendo-lhe a mão. No desembarque em Brasília, uma mulher e sua filhinha pediram um selfie com ele. “Você é meu malvado favorito”, disse um homem, antes que Cunha deixasse o aeroporto, sem receber vaias ou xingamentos. “Só você para ter coragem de tirar a Dilma.”

O malvado favorito jactou-se. “Virei celebridade”, disse ele depois, meio brincando, meio a sério. Um voo entre Rio e Brasília não fornece exatamente uma amostra estatística da aprovação de ninguém. As pesquisas nacionais, pelo contrário, indicam um alto índice de rejeição ao deputado afastado, em virtude das pesadas denúncias de corrupção que pesam contra ele. Para a esquerda, dentro e fora do Congresso, e setores da opinião pública, Cunha é um capiroto, o tinhoso em si: perverso, reacionário, chantagista, desalmado. Enfim, não é um político, nem sequer uma pessoa. É uma caricatura. (No outro extremo ideológico, a caricatura, o tinhoso, chama-se Lula.)

O episódio na quinta-feira não foi uma exceção. Nos últimos meses, Cunha recebeu constantes afagos da torcida anti-PT, em especial nos compromissos em São Paulo e em Brasília. Para essa turma, o apelido malvado favorito diz tudo: Cunha pode até ser corrupto, mas os livrou de Dilma – e esse ato político, se não o absolve, ao menos provoca gratidão neles. O mesmo sentimento apresenta-se, em outra medida, entre um número considerável, embora difícil de precisar, de deputados. Gratidão política, pois estavam cansados de um governo que não lhes dava espaço (cargos e emendas) como gostariam, ou acham que mereciam. E gratidão pessoal, pois Cunha acumulou poder distribuindo favores a muitos deles. Favores pequenos, como conseguir emprego para familiares. Favores grandes, como arrecadar dinheiro para campanhas.

Entre os políticos de Brasília, seja na Câmara, seja no Planalto, essa gratidão mistura-se ao medo de que as razões dela venham a público. Cunha detém os segredos de, ao menos, duas centenas de deputados – do PMDB, do PP, do PTB, do PR, do PSD e dos demais partidos que compõem o centrão. Detém, em especial, os segredos dos políticos do PMDB que ascenderam ao poder com a queda de Dilma. Hoje, graças em larga medida a Cunha, eles ocupam os melhores gabinetes da Esplanada. Cunha ocupa, provisoriamente, um apartamento funcional da Câmara, que precisou mandar reformar. Perdeu a ampla residência oficial da presidência da Câmara, símbolo do poder e domínio que exercia sobre seus pares. Todos eram obrigados a ir até ele, obedecendo à liturgia do poder: aquele que manda mais recebe aqueles que mandam menos. Agora, não pode nem mais receber. Precisa deslocar-se para reuniões políticas. O que será dos políticos que ascenderam com Cunha, caso ele perca até o apartamento funcional?

 

ISTOÉ

E agora, Lula?

Nos próximos dias, o ex-presidente Lula terá de enfrentar uma tempestade perfeita – expressão inglesa usada para designar uma combinação desfavorável de fatores que se agravam até constituir o pior cenário possível. Vão prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro o publicitário Marcos Valério, na segunda-feira 12, o ex-sócio da OAS, Léo Pinheiro, na terça-feira 13, e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva seu nome, na quinta-feira 15 de setembro. Todos têm potencial explosivo para detonar o petista: Léo Pinheiro cuidou da reforma do tríplex de Lula e é conhecedor dos segredos mais recônditos do ex-presidente. Marcos Valério operou a compra de parlamentares no esquema conhecido como mensalão e já se dispôs a detalhar a chamada Operação Portugal Telecom, um acordo endossado por Lula, em encontro no Palácio do Planalto, que teria rendido a ele, a José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares a soma de R$ 7 milhões. E a empresa de Marcelo Odebrecht não só fez reformas no sítio frequentado por Lula, como pode desnudar as nebulosas negociações envolvendo a construção do estádio do Itaquerão, em São Paulo – que atingiria Lula em cheio, podendo levá-lo à prisão.

 

As provas contra o ex-presidente petista se acumulam e o cerco se fecha a cada átimo de tempo. Lula já é réu na Justiça Federal do DF sob acusação de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que negociava um acordo de delação premiada e poderia revelar a relação do petista com o Petrolão. Este será o primeiro processo em que Lula vai se sentar no banco dos réus. O julgamento final não deve passar de novembro. Em despacho obtido por ISTOÉ, o juiz da 10º Vara do DF, Vallisney de Souza Oliveira, marcou para o dia 8 de novembro, às 9h30 da manhã, a primeira audiência de instrução e julgamento do processo contra o ex-presidente da República. Em geral, os réus costumam comparecer pessoalmente às audiências.  Além de Lula, também são réus nesta ação seu amigo pecuarista José Carlos Bumlai, o filho dele, Maurício Bumlai, o ex-controlador do banco BTG Pactual André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e seu ex-assessor Diogo Ferreira. Neste dia, Lula ficará frente a frente com integrantes do Ministério Público Federal e com o juiz Vallisney. Depois dessa etapa, a ação penal entra na reta final e Lula pode receber sua primeira condenação.

 

Os acusadores

Lista dos que envolvem Lula em flagrantes casos de corrupção e desrespeito à Justiça cada vez aumenta mais:

Renato Duque: O ex-diretor de Serviços da Petrobras declarou ter se reunido com Lula e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, a fim de debater divisão de propina em contratos da Petrobras

Léo Pinheiro: O ex-sócio da OAS depõe na terça-feira 13 ao juiz Sérgio Moro e complicará Lula de vez nos casos do tríplex e bens armazenados pela empreiteira em balcão, em 2010

Delcidio Amaral: Ouvido na quinta-feira 1 em Curitiba, Delcídio detalhou à força-tarefa da Operação Lava Jato como a Petrobras foi usada por Lula para garantir a governabilidade e a reeleição

Marcelo Odebrecht: Ex-presidente da empreiteira depõe na quinta-feira 15 ao juiz Sérgio Moro e fornecerá detalhes sobre a construção do Itaquerão, que contou com as digitais de Lula

Ivan Claudio Marx: O procurador do DF atribuiu ao petista o papel de “chefe da organização criminosa” para obstruir os trabalhos da Justiça

Cassio Roberto Conserino e José Carlos Blat: Os dois promotores do MP de São Paulo já pediram a prisão de Lula por lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio

 Marcos Valerio: Em depoimento na segunda-feira 12, o operador do mensalão detalhará a chamada Operação Portugal Telecom, que teria rendido R$ 7 milhões a Lula, Dirceu e Delúbio Soares

Teori Zavascki: Em depoimento na segunda-feira 12, o operador do mensalão detalhará a chamada Operação Portugal Telecom, que teria rendido R$ 7 milhões a Lula, Dirceu e Delúbio Soares

A ação tem como base a delação premiada de Delcídio. O ex-senador contou que participou da compra do silêncio de Cerveró a pedido de Lula. Foi por causa disso que o ex-líder do governo no Senado acabou preso, flagrado em um áudio no qual oferecia ajuda financeira à família do ex-diretor e até articulava um plano de fuga dele. Após abrir a boca, Delcídio deixou a prisão e delatou seus antigos companheiros de partido. O procurador Ivan Cláudio Marx, ao ratificar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, atribuiu ao petista o papel de “chefe da organização criminosa” para obstruir os trabalhos da Justiça. “Não se pode desconsiderar que, em uma organização criminosa, o chefe sempre restará na penumbra, protegido”. O próprio Lula confirmou em depoimento que se encontrou com Delcídio no seu instituto, em São Paulo, e que discutiram sobre a Lava Jato, embora negue que nunca conversaram sobre a compra do silêncio de Cerveró. A versão é completamente inverossímil, no entendimento dos procuradores. Ouvido na quinta-feira 1 em Curitiba, Delcídio reforçou que Lula tinha participação direta no esquema de loteamento político na Petrobras.

 

Não apenas os procuradores da República estão convencidos da atuação direta de Lula no sentido de atrapalhar o trabalho do Judiciário. Na última quinta-feira 8, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstrou ter pedido a fleuma ao se referir a Lula. Normalmente técnico e circunspecto, o ministro fez uma de suas manifestações mais contundentes. Acusou Lula de agir para “embaraçar” as investigações da Operação Lava Jato por ingressar com vários pedidos de transferência de competência dos processos hoje nas mãos de Moro. Como se nota pela sucessão de eventos capazes de encrencá-lo de vez, o medo do petista se justifica.

 

Às 9h do último dia 16, um oficial de Justiça bateu à porta do apartamento de Lula em São Bernardo para comunicá-lo oficialmente de que havia se tornado réu e lhe dando prazo de 20 dias para apresentar sua defesa. A defesa foi apresentada na última terça-feira 6. Nela, Lula alegou ausência de “demonstração da conduta individualizada” do ex-presidente nos fatos criminosos e pedindo a nulidade da ação. As justificativas do petista não são factíveis. A acusação contra Lula de obstruir a Justiça prevê pena de prisão de três a oito anos, além de multa. Mesmo assim, o petista flana a fazer política por aí como se intocável fosse.

Posted On Domingo, 11 Setembro 2016 18:56 Escrito por O Paralelo 13
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